Capítulo 11

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As luzes voltaram a acender com os fogos de artifícios que iluminavam lindamente o céu. Ouvi os aplausos dos alunos ecoarem pelo ambiente. Mas eu não estava interessada neles, meu olhar só tinha espaço para Dylan que parecia paralisado. Ele tirou os olhos de mim fitando o chão e quando avancei um passo em sua direção ele respirou fundo me fitando.

— Dylan? – chamei sua atenção avançando em sua direção novamente. – Ouviu o que eu...

— Tudo bem – disse em voz alta, desviando seus olhos dos meus.

— Hã? Você está bem? – perguntei confusa. Ele olhou ao nosso redor e dei mais um passo. Parecia que ele havia visto algum fantasma.

— Dylan! Lisa! O que fazem aí!? – A voz de Alice ecoou pelo pátio e antes mesmo que eu percebesse Dylan correu ao seu encontro.

— Dylan! – chamei, mas ele não me ouviu.

— Devia estar na cama, vamos, te levo para casa! – falou enquanto ia ao encontro de sua irmã.

— Ah não... Quero ficar um pouco mais.

— Vamos, Alice! – ele falou já próximo a ela.

— Dylan?! – gritei seu nome quando ele desapareceu.

Agora quem estava paralisada era eu. O que havia acontecido aqui? Me declarei para ele que... Fugiu? Sinto alguns pingos de chuva em meus cabelos e corro para a quadra encontrando-me com Mary.

— Onde você estava?

— Por aí... Escuta, acho que já vou para casa. Parece que a chuva vai engrossar daqui a pouco.

— Se começar a chover forte eu te levo, Lisa, se preocupa não.

— É que eu não estou me sentindo muito bem também.

— Está sentindo o quê? — pergunta preocupada.

— Uma dor de cabeça.

— Quer remédio? Eu tenho aqui.

— Não Mary, obrigada. Mas acho melhor ir para casa.

— Ah... – suspira triste. – Então está certo, Lisa. Feliz Ano Novo, amiga.

— Feliz ano novo, Mary e diz para as meninas que eu mandei um beijo.

— Claro! Até!

Peguei um dos táxis estacionados perto da escola, voltando para casa. A chuva forte havia começado e por várias vezes o simpático motorista tentou conversar comigo, mas a atitude de Dylan não saía de meus pensamentos. "Eu gosto de você!" e "Tudo bem.", se repetiam incansavelmente. Meia hora depois me joguei na cama, cobrindo meu rosto com o travesseiro e novamente a frase de Dylan ecoou.

— Eu levei um fora? – questionei confusa.

Não! Não pode ter sido isso.

***

Não consegui dormir direito.

Eu ficava me perguntando o que havia feito de errado, se interpretei errado as ações de Dylan, se eu realmente havia levado um fora, mas eu não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas.

— Ei, Lisa! – gritou tia Emma do andar de baixo. – Vá varrer o quintal! Não viu que está cheio de areia por causa da chuva de ontem?

Não reclamei. Ocupar a mente era melhor que ficar parada. Desci as escadas sem ânimo e, após varrer voltei para meu quarto. Da janela de meu quarto observava a livraria. Respirei fundo tomando uma decisão. Eu não podia ficar aqui me remoendo. Tirei meu pijama e desci as escadas saindo de casa. Percebi tia Emma me olhar com um ar de preocupação, mas não me importei. Eu queria falar com Dylan, encurralá-lo na parede e perguntar qual era a dele. Mas, ao chegar na livraria e chamar por ele várias vezes, desisti. Ele não estava lá.

Até Que O Inverno AcabeWhere stories live. Discover now