Capítulo XIV

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[...]

O caminho até a mansão Boorman foi uma tortura quase insuportável.

Cavalgando o mais rápido que podia, o ar frio da noite ricocheteando contra seu rosto e dorso, Dominic exigia mais e mais do cavalo.

Sua mente girava em torno dos piores cenários possíveis, torturando-o. Sua cabeça latejava enquanto seu coração parecia querer sair pela boca.

Não era possível. Uma garota tão saudável quanto Annie não poderia...

Ele não conseguia concluir seus pensamentos. Tudo o levava apenas ao pior desfecho possível, algo que ele não queria, não poderia encarar.

Durante todo o tempo que a conhecia, lutava constantemente contra seu coração. Desde o primeiro momento que havia fixado seus olhos sobre ela, ainda na cerimônia de apresentação à rainha, sabia que jamais seria o mesmo. Alguma coisa nela, nos olhos cor de mel, no rosto de expressão fechada e nos lábios cheios e avermelhados o fez pensar que tinha achado algo que procurava há muito tempo. No começo, pensava que era apenas atração física, afinal, Annie era uma jovem e linda mulher enquanto ele era um homem no auge de seus trinta anos. Porém, quanto mais a conhecia, mais queria beber dela, conhecê-la, desvendá-la, ter sua companhia.

E isso o assustou completamente.

Desde muito novo havia estabelecido o pensamento de que não precisava encontrar sua própria felicidade desde que sua família estivesse feliz. Sua mãe e sua irmã se tornaram sua total prioridade assim que seu pai morreu, e por muito tempo Dominic se escondeu atrás da desculpa de que precisava colocá-las em primeiro lugar.

Uma doce mentira que disfarçava o seu pavor de amar.

Então Annie apareceu, brigou com ele, balançou sua vida, foi entrando sem nem mesmo pedir licença e ele se sentiu tão invadido... Como aquela garota tinha coragem de desafiá-lo dessa forma? Como ela se atrevia a monopolizar seus pensamentos e tomar seu coração?

Por isso, resolveu afastá-la. Annie era uma moça que merecia mais do que um homem quebrado.

Mas agora ela estava doente. Ardendo em febre, correndo risco de vida. E na última conversa que tinham tido, ele a havia feito chorar.

Mordeu sobre os dentes, o peito se apertando com a lembrança.

Só espero que quando perceber o quanto está sendo tolo, não seja tarde demais.

As palavras dela invadiram sua mente, lhe rasgando o peito.

Se nunca mais tivesse a oportunidade de pedir desculpas a ela, se culparia eternamente por sua idiotice.

(...)

Chegou na mansão Boorman afobado.

Saltou de seu cavalo, largando-o no pátio de qualquer jeito, subindo os degraus da casa correndo como um louco.

Bateu na porta com tanta força que seus dedos arrebentaram.

Quem atendeu foi uma das empregadas, os olhos arregalados.

– Senhor Wannell? – ela perguntou num tom assustado.

– Me deixe entrar – pediu, agoniado.

A moça apenas deu um passo para o lado, sem questioná-lo.

Dominic entrou como um furacão. Seus olhos corriam pela casa em busca de qualquer mínimo sinal. Ao não encontrar nada, correu na direção que lembrava ficarem as escadas.

Subiu correndo, desesperado. Parecia que dias haviam se passado desde que saíra de sua casa.

– O quarto da senhorita? – perguntou a uma das empregadas com quem cruzou no andar de cima.

DiamanteWhere stories live. Discover now