Capítulo X

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[...]

Annie viu a carruagem de Dominic se aproximar e, pela décima vez no dia, quis se socar.

Isso porque ainda nem eram dez horas da manhã.

Por que mesmo tinha aceitado ir na carruagem dele? Ah, sim. Precisavam mostrar que estavam apaixonados e chegar em carruagens separadas não condizia muito com essa imagem.

Mas isso não amortecia sua vontade de matar Dominic.

O veículo parou em sua frente, trazendo a poeira e o ar gelado da manhã consigo. O cocheiro desceu, abriu a porta para que ela entrasse e ofereceu a mão para apoiá-la na subida.

Olhando para dentro da carruagem, Annie viu Dominic.

Com relutância e fazendo a pior expressão que podia para o loiro, a morena aceitou a mão do cocheiro e tomou impulso, sentindo dificuldade por conta das várias camadas de tecido na saia do vestido.

– O senhor que deveria estar aqui me ajudando, querido noivo – a acidez saltava de sua boca através de seu tom de voz afiado.

Dominic a olhou com tédio.

– Ainda não estamos na frente da rainha.

A morena rolou os olhos, finalmente se sentando no banco de frente para Dominic.

– Um bom dia para você também.

– Foi a senhorita quem começou.

A porta da carruagem foi fechada. A viagem seguiu em completo silêncio.

(...)

O palácio real, iluminado pela luz da manhã, era um colírio para os olhos.

Annie estaria aproveitando a vista maravilhosa de um dia lindo de primavera se a presença de Dominic não estivesse fazendo sua mente entrar em parafusos. A discussão que tiveram no dia anterior ficava passando e repassando em sua mente, fazendo sua raiva aumentar.

Porém, ao mesmo tempo que sentia vontade de socar aquela cara bonita, sentia vontade de acabar com a briga apenas para poder conversar normalmente com ele outra vez.

Odiava essa sensação. Odiava pensar que era a única que valorizava a pequena relação que tinham construído. Odiava sentir que era a única que sentia falta do toque e dos beijos que trocaram.

Mas o que poderia esperar? Dominic era um homem experiente, provavelmente já tinha conhecido dezenas de mulheres na intimidade. Pensando nisso, o que Annie poderia oferecer a ele? Absolutamente nada, e pensar nisso fazia seu peito doer de um jeito que ela não estava preparada para lidar.

Talvez tivesse sido melhor desse jeito. Colocando limites no que estavam fazendo as coisas ficavam mais claras e mais fáceis de administrar: Dominic tinha acabado com sua pouca esperança de construírem algo além do acordo, portanto ela não precisava mais se preocupar com sentimentos inúteis.

Mas, ao mesmo tempo, precisava garantir que nunca, em hipótese alguma, se apaixonaria por ele.

A carruagem finalmente parou, fazendo-a despertar de seus pensamentos. A porta foi aberta e, quando fez menção de se levantar para descer com a ajuda do cocheiro, foi impedida.

– Espere – Dominic pediu, se adiantando.

Annie o observou descer da carruagem com facilidade e dispensar o cocheiro. Em seguida, ele a olhou, estendendo a mão para ajudá-la.

– O que foi? Acha que a rainha está em uma das janelas do palácio espiando aqui fora? – a morena resolveu provocar, amarga.

Dominic respirou fundo, mas não baixou seu braço.

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