14 │ Iluminação Catastrófica

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Vernik estava morto.

No fundo, só isso bastava. Os soldados poderiam ser um problema, mas eu já tinha dado conta deles no acampamento. O principal problema, que era ter alguém colado em mim e no vielium, tinha sido resolvido.

Depois de mais alguns minutos no transporte, consegui ver a entrada principal da caverna à distância. Era a primeira vez que eu visitava o local desde que eu tinha detonado aquela entrada, e a visão não desagradou. As pedras enfraquecidas que desmoronaram ainda tampavam tudo, mas uma boa porção da camada mais exterior tinha sido removida em uma tentativa falha de acessar o interior da caverna. As rochas retiradas estavam à beira da estrada improvisada.

Posso dizer que dei um belo trabalho para eles, porque, como Vernik dissera, o novo acesso à caverna só foi possível por causa de uma entrada lateral feita às pressas, assim como a estrada mal feita que ligava a principal até a nova entrada.

Girei o volante e o transporte respondeu. Bem mais íngreme que a original, a estrada recente também mal tinha luzes de sinalização. Não que isso fizesse alguma diferença ao meio dia, mas, sem muita experiência, seria mais difícil de manobrar o transporte à noite. O bom é que era curta e só contornava uma das laterais expostas da caverna.

Mais perto da nova entrada, vi o caos que rolava solto dentro do centro de mineração. Mineradores corriam de um lado para o outro organizando suas coisas, e alguns deles já estavam andando para fora da caverna. A maioria só ficou olhando o meu transporte chegar.

Foi aí que me lembrei: a explosão das naves auxiliares fora extremamente alta. Com certeza fora bem audível mesmo ali, no centro de mineração. Não me lembrei de nenhum aviso correndo nos canais de emergência, então entendi o porquê de eles estarem me olhando. Sem Vernik para avisá-los, estavam sem direção. No momento, os soldados obedeciam apenas ao almirante e, com a explosão das naves, não estavam preocupados com a situação dos mineradores.

De qualquer forma eu teria que tirá-los da caverna para seguir com o meu plano, mas devo admitir que a situação ajudou bastante. Claro que os soldados tinham pedido para que qualquer um que me visse avisasse sobre o meu paradeiro, mas isso não aconteceria em uma emergência. Eu estava contanto com o mínimo de confiança que os mineradores teriam em mim.

Passei os canais até encontrar o da central de mineração e, com a voz mais calma que consegui no momento, comecei o chamado:

— Isso não é um teste de evacuação. Deixem a caverna imediatamente e dirijam-se ao acampamento. É uma emergência! Deixem o local imediatamente!

Coloquei a mochila nas costas, saí do veículo e continuei:

— Usem o meu transporte. O resto deve ir andando. Rápido!

Assisti enquanto alguns corriam para fora da caverna e outros subiam no transporte, desesperados para sair do local.

— Vocês receberão mais instruções assim que chegarem lá — continuei.

Alguns deles me olhavam enquanto saíam, como se quisessem saber o porquê de eu não estar me movendo. Pelo menos não esperaram muito e continuaram a sair da caverna. A explosão das naves auxiliares foi bem potente.


♦♦♦♦♦


Depois de uns seis minutos, todos tinham saído; eu estava sozinha.

Com a caverna mais calma, consegui observar mais atentamente o ambiente.

Tudo estava basicamente do mesmo jeito que vi quando apareci por lá da última vez. A maior diferença era o veio de vielium, que não existia mais. Assim como uma pegada na lama prediz a existência de um animal, ninguém precisava ver o vielium extraído para saber que as paredes daquela caverna um dia abrigaram uma das maiores quantidades já vistas do minério. Os grossos caminhos cavados e perfurados eram o suficiente para mostrar que algo fora removido de lá.

O QUE CAIU NO ESQUECIMENTOWhere stories live. Discover now