Desperte

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Naquele dia, Sam e Jacob levaram o lobo ferido até os Cullens o mais rápido que conseguiram. Seu coração batia ritmado, mas sua situação ainda era grave e seus ossos já começavam a se restaurar de forma errada. Esme teve de improvisar instalações para o quileute, optando por deixá-lo no antigo quarto de Edward, aliviada pelos demais estarem caçando e não a impediriam de abrigar um lobo tecnicamente "fedido".

No fim das contas, Carlisle precisou estabilizar os sinais vitais e a respiração do quileute antes de quebrar-lhe alguns ossos novamente, para fazê-los calcificarem de maneira correta. E agora, lá estava ele no antigo aposento do leitor de mentes, finalmente abrindo os olhos depois de horas e mais horas de sono.

O sol escondido pelas nuvens estava alto e marcava o meio dia, mas, por mais que tenha dormido, Embry sentia-se uma verdadeira carne moída, dolorido e um pouco confuso também, como se um ônibus o tivesse atropelado, seguido por um caminhão, um trator, um trem e um navio. Ele retira as cobertas de seu corpo ainda nu, pouco a pouco se lembrando da briga no dia anterior, sentindo novamente a satisfação pelo que fizera a Gregory.

Olhando o cômodo, Embry logo localiza as roupas dobradas numa cadeira perto da porta, provavelmente deixadas por Jacob, já que o cheiro enjoativo denunciava o lugar como sendo a casa dos Cullens. Lentamente Embry se arrasta para fora da cama, sentindo as pernas e os braços um pouco estranhos, já que antes estavam quebrados e moles.

― Santa magia de lobo – sussurra ele, agradecendo interiormente pela cura perfeita e tocando suas costelas para saber se estavam realmente firmes e no lugar.

― Você está inteiro, Embry – garante a voz angelical de Alice do outro lado da porta. – Agora se vista e venha comer alguma coisa, Jacob trouxe comida extra para que você não roube o estoque de Nessie.

― Não tenho fome – murmura, não conseguindo falar num tom mais alto.

― Vai sentir quando colocar o primeiro pedaço de comida na boca, agora pare de retrucar comigo e obedeça imediatamente, mocinho!

Ele torce a boca. Quem aquela miniatura de mulher pensava que era para mandar nele daquela forma? O quileute obedece somente no que dizia respeito às roupas, pois, ao abrir a porta, seu olfato aguçado fora chicoteado com o perfume tão familiar, que fazia seus pulmões formigarem e seu coração acelerar.

Colocando seus sentidos para trabalhar, Embry ouviu o coração batendo e o rufar do vento entrando e saindo de pulmões humanos, Andy estava ali, em algum daqueles cômodos, e ele não hesitou em desviar seu caminho para procurá-la.

― Aqui, cachorro! – comunica Alice, denunciando sua localização.

Embry segue sua voz e entra no quarto claro e de decoração monótona, logo avistando a vampira sorridente, que estranhamente tricotava uma peça de roupa. É claro que ele não se prendeu a este estranho detalhe, preferindo correr os olhos pelo quarto, composto por alguns aparelhos médicos e uma cama hospitalar. E na cama estava ela: Andy, ligada a tubos de oxigênio, um medidor cardíaco e protegida por cobertores grossos e elegantes.

O quileute não estava sorrindo e certamente não conseguiria fazê-lo. Ele estava feliz por seu imprinting ainda estar vivo, por ainda ser humana e por seu plano ter dado certo no final, mas a alegria de revê-la morreu diante da situação em que se encontrava.

― Ela é muito bonita – sussurra Alice. – Você teve sorte...

― É, eu tive – confessa, sentindo a tristeza travar-lhe a garganta por tudo o que havia feito a ela.

― Ela está bem, Embry. Carlisle garantiu que ela ficará bem.

― E você, não garante? - pergunta ele, olhando a vampira que não tirava a atenção de seu passatempo.

Olhos de VidroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora