Capítulo 37 - O peso da responsabilidade

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Com a tocha, Isa iluminou uma inscrição na parede.

“Segui este caminho primeiramente ->”

- Quem poderia ter escrito isso? – perguntou Celine, forçando a vista para notar os detalhes da inscrição.

- Pelo relato do senhor Dario – respondeu o mago Mondegärd –, acredito deva ter sido o aventureiro Meriedro.

- Concordo. Não acredito que muitos tenham passado por aqui. Vamos olhar o outro caminho da bifurcação e ver se tem algo escrito.

Todos consentiram com o capitão e, na medida do possível e da luz disponível, ajudaram a procurar por inscrições nas paredes.

- Nada aqui... Aparentemente ele seguiu aquele caminho e não retornou – concluiu Mondegärd. Dario então comandou:

- Perfeito. Seguiremos o caminho indicado na parede e qualquer problema retornamos.

O grupo aprontou-se e seguiu a trilha indicada pela inscrição. Poucos passos além, entretanto, Celine interrompeu a caminhada:

- Espere, Dario.

- O que foi, Celine?

- Tem algo errado nisso...

- O que foi?!

Dario normalmente não era ríspido, mas o frio e a escuridão eram cada vez mais intensos. Em breve a noite cairia por completo e a possibilidade do frio tornar-se insuportável preocupavam o príncipe, e este se sentia responsável pela vida daqueles oficiais. Seu senso de responsabilidade o martirizava cada vez mais, principalmente após o ocorrido com Gerolt.

- Ah... – assustou-se Celine. – É que... Meriedro era um aventureiro muito conhecido, não é?

- É, sim. E daí?

- Será que ele realmente precisaria escrever na parede uma sinalização para saber por qual caminho seguira?

As palavras de Celine foram inteligentes. Todos passaram a pensar no significado daquela inscrição.

- O que você está pensando, senhorita? – perguntou Mondegärd, interessado.

- Não sei... Isso apenas passou pela minha cabeça...

- Não, esperem! – pediu Adriel. – Como Meselson sabia desta entrada? Como ele sabia dos passos de Meriedro? Provavelmente o mago colocou pessoas para o vigiar. Talvez a intenção de Meriedro ao escrever aquela sinalização fora justamente despistar aqueles que seguiam seus passos.

Dario pensou por um tempo e, por fim, respondeu:

- Vocês estão certos. Mas não temos tempo para ficar estudando todos os “poréns”. Tenho medo que o frio torne-se insuportável. Entendo suas aflições, mas precisamos prosseguir. Se não apresentarem razão contundente de que o melhor caminho é outro, então pretendo seguir esta trilha.

As palavras de Dario foram firmes e todos passaram a perceber mais o frio depois delas.

- O comandante está certo. A magrelinha aqui está tremendo... – cutucou Isa. Celine quis negar balançando a cabeça, mas seus braços abraçavam o corpo involuntariamente.

Ver a amiga nessas condições apenas aumentou a aflição de Dario, que acelerou o passo. Não fosse a pressa e o turbilhão de pensamentos amargurados, com certeza o príncipe teria visto o mecanismo à sua frente. Entretanto, chutou uma fina linha e um estalo foi ouvido sobre eles.

- O que foi...

Todos olharam para cima e viram uma forte luz, seguida de um estrondo a reverberar pela fenda. Uma explosão derrubou rochas sobre eles e não havia lugar para fugir.

- Vamos em frente! – berrou Dario.

Todos seguiram o capitão correndo o máximo que podiam. O caminho escuro e acidentado dificultava a locomoção. Na fuga, Dario acabou ativando outros mecanismos e mais estalos seguidos de explosões foram ouvidos e sentidos.

À frente do grupo uma rocha de mais de dois metros impedia o caminho, mas apenas o comandante – o primeiro da fila – pôde vê-la. “Que esta rocha não seja inquebrável, deuses”, orou em grande desespero. Levantou sua espada e invocou chamas mágicas na lâmina. Aproveitando a alta velocidade em que se encontrava, saltou forte para frente e golpeou a rocha com toda sua força, estraçalhando-a.

Os outros só puderam ver as chamas da espada alastrando-se pelas paredes e o brilho do impacto iluminando toda a fenda por um breve instante.

- O que foi isso?! – gritou Celine, sendo atingida por pedaços da rocha despedaçada.

- Não importa! Apenas corram!

Assim o fizeram por um tempo que lhes pareceu durar toda uma hora. Por conta do desespero, os guerreiros demoraram para perceber que a fenda havia se alargado; Celine já havia ultrapassado Dario e um grande espaço havia ao lado dos dois. O barulho continuava, mas a chuva de pedras havia ficado para trás.

- Con... seguimos! – comemorou Adriel sem ar.

- Estão todos... Esperem! Cadê o Monde?! – assustou-se Isa. Todos olharam para os lados, para trás e até para frente, mas não encontraram o velho mago.

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Era Perdida: O Globo da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora