Capítulo 12

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Eu estava dentro de um avião, enquanto Jong-Suk continuava sem poder sair da Coreia por tempo indeterminado. Pelo menos até finalizar o inquérito sobre a sonegação de impostos.

Eu não tinha mais lágrimas para chorar, mesmo após ele garantir que iria me trazer de volta e me beijar apaixonadamente como se nos conhecêssemos há muito mais tempo.

— Lavínia, não precisa chorar — Jong-Suk me consolou um pouco antes de eu embarcar no avião, beijando meus cabelos em seguida. — Vai dar tudo certo, eu não vou deixá-la sair da minha vida.

— Como se eu estarei do outro lado do mundo e ainda existe a questão do feitiço se concretizando? — devolvi sem esperanças.

— Seus sentimentos por mim vão desaparecer por causa da distância ou por que essa droga de caos existe? — perguntou, acariciando meu rosto.

— Claro que não! — exclamei, agarrando sua cintura. — Quero ficar com você.

— Posso dizer o mesmo sobre mim — afirmou apaixonado. — Escuta, eu preciso resolver isso. Todos os tabloides estão noticiando o que aconteceu e seu nome está envolvido — Jong-Suk tocou meu queixo. — Não quero que fique aqui com tantos jornalistas curiosos sobre você. Pensa pelo lado positivo, quando eu voltar poderemos ficar juntos. Eu vou te buscar no Brasil, acredita em mim? — Seus olhos encontraram os meus.

— Como posso acreditar se a Serena afirmou que é impossível ficarmos juntos por causa dessa maldição? Você vai acabar me odiando, ou no mínimo esquecendo de mim de qualquer jeito — lamentei, sabendo que não teria como aquela utopia dar certo.

Em quais casos uma fã ficou com o ídolo no final de tudo? Mesmo sem a magia que permeia nosso efêmero relacionamento, seria ilusão imaginar que eu ficaria com Jong-Suk.

— Você é especial demais para eu permitir que acabe desse jeito — afirmou, segurando meu rosto para si. — Faz poucos dias que te conheço e sei que é prematuro falar sobre sentimentos. Mas eu quero descobrir o que sinto por você, Lavínia. Acredite em mim — completou de um jeito sério.

Forcei um sorriso pois não poderia fazer mais nada diante daquela despedida. Então trocamos nosso último beijo e agora eu estava voltando para o Brasil, deixando nossa relação em suspenso, porque não tinha esperanças de que ele pensasse mais em mim. Seria apenas uma lembrança distante, a fã estrangeira que deu mais trabalho do que qualquer outra. Pelo menos a viagem foi tranquila, imaginei que alguma coisa terrível pudesse acontecer. Contudo, ao que parece, o caos só agia quando estávamos juntos. Aliás, mesmo que Jong-Suk embarcasse em um avião amanhã mesmo, não chegaria a tempo de impedir que o feitiço se concretizasse. Passado dez dias acabaríamos separados para sempre e nada poderia mudar isso.

(...)

Eu acompanhava as notícias sobre Jong-Suk na Coreia há semanas, vi quando informaram sobre ele sonegar impostos e quando publicaram uma errata alegando que Jong-Suk foi absolvido. Soube quando ele assinou um outro contrato e começou as gravações para um novo dorama. Observei quando surgiram novos rumores sobre ele estar namorando seu par romântico na novela e percebi que realmente o que vivi foi apenas um sonho. Algo maravilhoso que aconteceu, mas que tinha prazo definido para acabar. Éramos de realidades diferentes e estava claro que jamais poderíamos ficar juntos, mesmo se não existisse uma força maior contribuindo para dar tudo errado entre nós.

Ao menos ganhei uma amiga, Serena permanecia comigo, tentando me consolar e pedindo desculpas por ter estragado minha vida. Ela agora não poderia mais aplicar feitiços, eu não entendia muito bem como funcionava às regras do mundo dela. Ainda assim entendia que ela também foi punida pelo que aconteceu, então eu não poderia piorar tudo ficando com raiva de um ser tão fofo como a Serena.

Bruna soube em detalhes o que aconteceu e queria contar para todo mundo que eu "peguei" o Lee Jong-Suk. Foi difícil fazê-la desistir da ideia, porque ninguém acreditaria e me julgariam como louca. Além disso, eu não queria explanar sobre nosso relacionamento, o que tivemos foi íntimo e precioso para sair explorando dessa forma. Principalmente porque ele era famoso e se estava tudo bem com Jong-Suk na Coreia, eu deveria aceitar. 

(...)

Eu trabalhava em um estúdio de fotografia há dois meses e apesar de sentir um aperto no coração sempre que via o sorriso do Jong-Suk na tela do celular, continuava assistindo os doramas que ele atuou um atrás do outro. Agora mesmo eu assistia Romance is a bonus book no meu intervalo. Até ouvir uma colega dar um gritinho agudo e vir até mim completamente perplexa.

— Lavínia, pelo amor de Deus! — exclamou em choque.

Levantei num átimo pensando ter feito alguma coisa de errado e ser um cliente querendo estrangular meu pescoço. Quando notei aquele homem lindo bem ali, na minha frente. Não cogitei a possibilidade de estar sonhando e Jong-Suk ser uma miragem. Eu apenas me joguei em seus braços, sentindo quando ele me abraçou carinhosamente de volta, fazendo meu coração palpitar.

— Você voltou — sussurrei com lágrimas nos olhos.

— Eu disse que voltaria para você, por você — completou em coreano, com aquela voz de barítono que eu senti tanta falta. — Pensou que eu não viria? — ele tomou meu rosto em suas mãos.

— Sim, pensei que não viria — admiti olhando em seus olhos.

— Tive que resolver muitas coisas, inclusive aquele trabalho que você ficou de fazer, lembra? — ironizou e então me dei conta de que eu seria a fotógrafa de um evento e que não pude comparecer.

— A culpa não foi minha se me mandaram de volta sem que eu quisesse! — devolvi rindo.

— Por todas essas coisas você não pode reclamar por eu ter demorado tanto, eu precisava organizar tudo para poder te buscar — revelou, agitando meu coração.

Jéssica acompanhava nossa interação, parecendo não acreditar no que via. Eu apresentei a ela o mundo dos doramas e então Jéssica conhecia Jong-Suk das novelas. De qualquer forma, eu achava que ela cairia dura a qualquer momento, porém essa era a menor das minhas preocupações.

— Como assim me buscar? — perguntei aérea.

— Você não vem comigo? Sei que já deve estar instalada aqui no seu país, mas eu gostaria de tê-la ao meu lado — declarou, puxando meu corpo ainda mais para si.

— E o feitiço do caos?

— Acabou, Lavínia — afirmou, abrindo um sorriso. — Eu sou seu de agora em diante.

— Meu? — perguntei, tentando assimilar o que ouvi.

— Todo seu, se me quiser. — Tornou a confirmar.

Minhas pernas fraquejaram.

— Eu quero que você seja para sempre meu — declarei, envolvendo seu pescoço.

Jong-Suk se inclinou para mim e selou nossos lábios em um beijo terno e apaixonado.

— Ai meu Deus! — Jéssica exclamou atrás de nós.

Obviamente eu não dei muita atenção, porque só pensava no quão sortuda eu era por ter conquistado o coração do meu ator de dorama favorito.

Fim.

Como eu disse no início, essa era uma shortfic despretensiosa e simples pra distrair a cabeça e acabou. Eu pensei em fazer um epílogo, mas depende se alguém vai ler esse último capítulo haha então se gostaram da fanfic e quiserem ler um epílogo comentem aqui 💜

A culpa é da fada!Where stories live. Discover now