Capítulo 4

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O jantar foi tão tranquilo e divertido, que não notamos os jornalistas se amontoando na saída. Antes de irmos embora, ele colocou novamente o boné e o óculos — apesar de ser super estranho alguém usar óculos à noite — mas, infelizmente, as coisas começaram a se complicar.

— Sr. Lee… — Flashes e luzes atingiram meus olhos, tampei o rosto tentando me proteger. — Quem é a senhorita? Sua atual namorada? — perguntavam de todas as direções.

Jong-Suk abaixou a cabeça e tocou minha cintura, impulsionando meu corpo para o estacionamento. Enquanto tentava me proteger dos fotógrafos também.

Eu estava nervosa com tanta gente rodeando o restaurante, câmeras apontadas para nós. Então travei literalmente, pensando que Jong-Suk fosse me largar sozinha e correr para o carro. Ou seja, eu acabaria engolida pela imprensa da Coréia.

Mas não, ele retirou o boné que o protegia bem parcialmente e o colocou na minha cabeça. Como eu tinha muito cabelo, aproveitei para cobrir um pouco meu rosto. Enquanto tentava devolver o boné, afinal, o famoso era ele, não eu.

Contudo, não foi possível. Senti sua mão segurando a minha, a outra presa firmemente na minha cintura. Como se ele quisesse me estabilizar no chão, em seguida me guiou cuidadosamente para o onde o carro ficou estacionado.

— Eu cometi um erro, você precisa se afastar — Serena surgiu por alguns segundos durante a correria. — Feitiço do caos, se você se afastar o feitiço perde a força… — Então ela desapareceu como em um passe de mágica.

Olhei ao redor, esperando que alguém a visse. Que Jong-Suk também a visse e entendesse que eu não estava inventando uma fada madrinha. Contudo, ele parecia extremamente concentrado no ato de me colocar em segurança no banco do carona.

— Um erro? Como assim? Me explica, Serena! — exclamei para a fada, já dentro do carro.

Ele me olhou de lado, confuso. Entretanto, não esperou explicação, em questão de segundos estávamos ganhando a rua.

— Com quem estava falando? — perguntou, após estarmos o suficiente longe de todos os jornalistas.

— A fada estava aqui, ela disse para eu me afastar de você. — Contei, ignorando o medo que senti de ele pensar que eu definitivamente precisava de algum tipo de tratamento mental.

— Olha, essa coisa toda de fada está me deixando preocupado — ponderou, parecendo nervoso. — Não entendo como nos acharam, tomei todas as providências.

— Desculpe, eu não devia estar aqui com você — argumentei pesarosa. — Não sei onde estamos exatamente, mas pode me deixar em casa. — pedi, mesmo que meu coração doesse ao cogitar essa possibilidade.

— Não vou deixá-la ainda, não agora. — contrapôs sério.

— Preciso entregar as fotos da coletiva e receber meu pagamento. — informei, apreciando o fato de ele querer continuar próximo a mim.

— Pode fazer tudo isso do meu apartamento, os jornalistas viram o seu rosto. Vão te perseguir em busca de informação ao meu respeito, é melhor ficar comigo por um tempo. — explicou, tentando me passar calma.

— Eu estou te causando problemas… — observei, lembrando do que a fada disse. — Você pode não acreditar, mas algo realmente aconteceu mais cedo na coletiva e envolve você. A fada apareceu pra mim quase agora e disse que eu preciso me afastar, porque o feitiço deu errado. Já ouviu falar sobre feitiço do caos? — indaguei, confusa e preocupada.

— Isso é uma lenda… — mencionou, ao mesmo tempo em que pareceu refletir sobre algo. — Dizem que quando duas pessoas estão predestinadas a ficarem juntas e uma força cósmica ou mágica age a favor, isso atraí o feitiço do caos. É ridículo, acho que eu li sobre em um livro infantil quando era criança.

A culpa é da fada!Onde histórias criam vida. Descubra agora