Capítulo 5

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Infelizmente não pude descobrir nada, graças ao barulho de alguém batendo na porta.

— Volto depois — Serena sussurrou e desapareceu no ar.

— Pode entrar — autorizei, me jogando na cama macia.

— O Sr. Lee pediu para que eu trouxesse roupa de banho e algumas peças novas para a senhorita vestir. — informou a senhora Ling.

— Muito obrigada! — Levantei rapidamente e me curvei em agradecimento.

Ela acenou com a cabeça timidamente e saiu do quarto. Tomei uma ducha rápida, vestindo o roupão rosa e felpudo, sentindo sua maciez contra minha pele. Fiquei alguns segundos pensando em tudo o que aconteceu naquele dia, antes de mentalizar que devia chamar Serena de volta.

Até que ouvi um grito de dor na direção do escritório do Jong-Suk. Não pensei duas vezes, corri até lá como estava, de roupão. O encontrei sentado desajeitadamente no chão, encostado na parede com a porta aberta.

— O que houve? — perguntei, ajoelhando-me em sua frente.

— Eu não sei, estava saindo para o meu quarto. Quando me desequilibrei e acabei caindo... — Ele fez uma careta. — Acho que machuquei o pé.

— Onde dói? — Toquei de leve em seu tornozelo direito, notando que estava começando a inchar. — Como faço para chamar o médico?

A senhora Ling surgiu diante de nós preocupada, então após a orientação dele foi chamar o doutor.

— Pode me ajudar a levantar, por favor? — perguntou, fiz que sim e apoiei seu peso em meu ombro.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             — Meu Deus, a culpa é minha!

— Claro que não — negou de pronto. — Foi uma fatalidade.

— É o feitiço...

— Não, não é — revidou, tentando levantar sem forçar o pé machucado.

O que acabou colocando peso demais sobre mim e como eu não estava totalmente apoiada escorreguei. Quando me dei conta estava por cima dele, no chão.

Ouvi um barulho e deduzi que fosse a cabeça do coitado batendo no piso... Me apavorei.

— Você precisa se afastar de mim, eu vou acabar te matando! — exclamei aos gritos, pensando que Jong-Suk fosse me chutar dali.

Ao contrário, ele riu.

Ainda de olhos fechados, como se tentasse se livrar da dor.

Tentei me afastar, temendo tê-lo machucado ainda mais. Contudo, suas mãos presas na minha cintura não permitiram.

— Só fica mais um pouquinho aqui... — sussurrou, como se buscasse energia para levantar. — Não é todo dia que uma garota cai em cima de mim, sem que eu precise pedir. Sabe como é. — maliciou cobrindo os olhos em um gesto adorável.

Meu rosto começou a esquentar horrores!

— Não sabia que você fazia o tipo sem vergonha. — devolvi, levantando toda desengonçada.

— Só estou tentando descontrair, meu pé dói muito e agora minha cabeça também — Jong-Suk levantou com dificuldade, apalpando a nuca. — Você é realmente um risco para a minha segurança.

Não entendi o duplo sentido da frase.

— Já falei que pode se livrar de mim facilmente, me levando pra casa. — Lembrei.

— E eu já disse que não quero me livrar facilmente de você. — retrucou emburrado.

Nesse ponto a senhora Ling retornou, informando que já tinha chamado o médico que cuidou de mim anteriormente.

Com a ajuda da senhora Ling consegui erguê-lo sem mais dificuldades.

Uma hora depois, para o meu desespero, o médico informou que ele tinha sem sombra de dúvidas torcido o tornozelo e que precisaria colocar uma tala. Por duas semanas!

— Não posso, começaremos as gravações nos próximos dias... — Jong-Suk passou a mão direita pelos cabelos, agora demonstrando nervosismo. — Não tem como eu tomar um analgésico ou antiinflamatório somente?

— Inviável, se fizer isso o senhor corre o risco de agravar o quadro. — decretou o médico, empurrando os óculos de grau para cima do nariz.

— Então o jeito vai ser eu pedir para adiar as gravações... — refletiu preocupado.

— Eu preciso ir embora, vou estragar sua vida, carreira e sei lá mais o que tem para ser estragado! — Tornei a me desesperar, fazendo menção de sair do quarto.

— Não — Jong-Suk pegou meu pulso com sutileza. — Você fica.

O doutor pareceu sem graça com essa demonstração minúscula de afeto e finalizou o atendimento. Confirmando que ele precisava mesmo ir ao hospital para um raio-x e possivelmente uma tala.

Jong-Suk suspirou, mas sem soltar meu pulso.

— Vá descansar, vou pedir para o meu motorista me levar ao hospital. — explicou, em seguida liberou o doutor Kim.

— Não, eu fico com você. — afirmei de imediato.

Ele sorriu, concordando com a cabeça.

— Está certo.

Fui trocar de roupa, imaginando o que ainda poderia dar errado se eu continuasse naquele apartamento. Quando estava pronta, saí em busca do meu ator de dorama favorito. Ele estava sentado no sofá, com um homem sério ao lado, que eu julguei ser o motorista.

Fiz menção de ajudá-lo a levantar, mas o homem alto já tinha se adiantado. Quando estávamos no banco de trás do carro, comecei a ficar ainda mais nervosa. E se acontecesse alguma coisa? Tipo igual no filme premonição, quando as pessoas se livram da morte só para acabarem mortas logo depois?

— Você não está com medo? — indaguei receosa. — Em um dia te fiz machucar o pé e a cabeça, vai saber o que te espera nos próximos se não me devolver.

— Sempre gostei de fortes emoções. — descontraiu, rindo com os olhos fechados.

Coisa mais linda do universo.

Resistir ao impulso de tocar seu rosto e ajeitar seu cabelo, que agora caia meio desgrenhado sobre a testa, foi a coisa mais difícil naquele momento.

Bocejei sem querer, virando o rosto para o lado oposto. Nem percebi que estava tão cansada, no entanto, procurei disfarçar.

— Você não sabe do que está falando. — murmurei apoiando a mão no queixo.

— Está com sono? — questionou atencioso.

— Um pouco — Não consegui mentir. — Mas está tudo bem, não se preocupe.

Então do nada suas mãos tocaram minha cabeça muito gentilmente, me puxando para o seu peito. Encostei ali e fiquei em choque por vários segundos, com o coração batendo descompassado.

O que estava acontecendo?

— Pode descansar aqui até chegarmos. — anunciou em um tom de voz baixo e afável.

Fechei os olhos, mentalizando que não queria em hipótese alguma me afastar dele.

Eu não queria saber sobre o feitiço do caos ou se a nossa vida corria o risco de virar uma loucura.

Só queria ficar ali o quanto eu pudesse.


A culpa é da fada!Where stories live. Discover now