— Sinto que meus planos estão estagnados. Tudo está dando errado e é apenas segunda-feira — Arthur resmungou para seu amigo, Edgar. — Devo estar metendo os pés pelas mãos. Será se não terei as devidas respostas de como deterei Nicholas e a sua superficial vilania? E quanto a ti, Ed? Belo investigador és, não?!
Edgar olhava concentrado para a neve que caía pela janela do escritório de Arthur, escutando as picuinhas do amigo, e volveu-se com uma expressão de quem fora gravemente insultado.
Era Natal. Época de comemorações e confraternizações calorosas, mas Arthur ainda jazia imerso no rancor.
— Desta forma como falas, meu amigo, sinto que está desprezando todo o meu árduo trabalho.
— Eu não ficaria aborrecido, se você fizesse a sua parte. Alguma pista sobre esse possível parente de Nicholas que lhe deixou uma fortuna?
— Pelo o que pude investigar, não encontrei nada relacionado a este tal parente.
— Perfeito! Então o patife mentiu. Eu sabia que um órfão mentiroso jamais herdaria uma fortuna de um parente que nunca ouvira falar. E tem esta revista bajuladora — Arthur atirou o Diário da Dama Desabrochada sobre a mesa abarrotada de papéis. — Falando sobre Nicholas como se ele fosse uma espécie de rei, quase um santo homem. Será se ele pagou os editores desta revista para que lhe construíssem uma boa reputação?
— Mas, tem mais uma coisa, Arthur. Fiz mais algumas descobertas durante estes dias. Espero que isto lhe chame a atenção. Apesar da falta de comprovação da existência de um parente ridiculamente rico, há uma pessoa nesta história que não faz o menor sentido para mim. Acabei por descobrir uma mulher misteriosa que sempre proveu por ele. Desde que ele era criança e convivia com os Floyd, ela sempre o visitava em seus aniversários. Ademais, através de terceiros, ajudou Nicholas a acumular algum dinheiro, sustentando-o sem que o mesmo soubesse disto.
— Isso é muito estranho. Por que uma pessoa faria algo em secreto por tantos anos? E quem seria esta mulher que sempre esteve no percalço dele?
— A identidade dela é um mistério para mim. Contudo, creio piamente que ela é a chave que precisamos para desencadear esta charada sobre Nicholas Whitehouse e sua vida suspicaz.
— De resto, devo continuar confundindo a Srta. Kingstone a respeito do que sente por Nicholas. Quanto mais eu a mantiver afastada dele, melhor será para ela. Jamais permitirei que aquele canalha se case com uma dama da qual roubará sua fortuna.
— E se por um acaso, Arthur, o Sr. Whitehouse realmente estiver apaixonado por ela? Considero pensar que talvez alimentem sentimentos sinceros um pelo outro.
— Inacreditável no que estou escutando. Achas mesmo que aquele ordinário amaria verdadeiramente alguém? Ed, meu caro Ed, ele só está enganando-a, usando-a para no fim descartá-la. Ele já fez isso antes e fará de novo.
— Ainda acho que estejas exagerando quanto a este rapaz, mas quem sou para discordar.
— Tudo está preparado para o fim dele, meu caro Ed. As engrenagens estão girando para maquinar o começo de sua queda.
— Temo que suas artimanhas em desmascará-lo possam causar um mal maior a ti.
— É melhor aceitar os males conhecidos do que buscar refúgio em outros ainda desconhecidos¹.
Tampouco Arthur e Edgar conseguiram terminar aquela deprimente conversa, porque Alden irrompera pela porta do escritório, esbanjando um ar de contagiante felicidade. Havia uma coroa de tranças sobre a cabeça, com alguns cachinhos que escapavam cobrindo as orelhas. Trajava um confortável e aquecido vestido púrpura, próprio para os dias de frio e usava um spencer da mesma cor, tinha as mãos enluvadas para evitar que os dedos ficassem gelados. Tomou as mãos de Arthur e o incitou a levantar-se de sua cadeira.
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Colina dos Ventos Verdes
Historical Fiction"Ele é o meu noivo!" Foi esta a frase que selou o destino de Alessia. Uma pequena mentira que logo seria uma grande dor de cabeça. Alessia Victoria Kingstone sofre pressões por parte de sua madrinha, uma lady muito rígida, e de suas amigas nada leai...