Capítulo 92 - O escravo

452 4 9
                                    

Estava na beira do lago pescando trutas para levar para nosso assentamento. O cesto estava quase cheio, o sol estava tão bonito, fazia calor, não corria um vento, eu me deitei na relva macia e acabei adormecendo na sombra de um enorme bordo.

Enquanto eu dormia, fui emboscado por três caçadores de escravos. Eles eram tão jovens como eu, mas eram muito maus e fedidos. Eles estavam me seguindo há horas e eu não percebi. Eram como cobras sorraterias esperando o momento certo para me atacar, queriam alguém do norte, desprotegido e jovem como eu. Jovens do norte, fortes, com boa saúde, ainda selvagens, podem valer muito dinheiro nos mercados de escravos dos brancos. Na época eu nem sabia o que era dinheiro ou escravidão. O meu povo foi escolhido pelo povo deles para sermos escravos. Tomam nossas terras e derrubam nossas árvores e queimam tudo... Para ser franco, jamais havia visto homens brancos antes. Não sabia que cabelos podiam ser amarelos e olhos podiam ser azuis como o céu. Só havia ouvido falar na maldade dos homens brancos em mitos e lendas. Portanto imaginava o que eles queriam e iriam fazer comigo. Eles iam me levar embora para sempre. Sentia muito medo.

Os caçadores tinham armas, espadas afiadas, roupas de ferro, capacetes, eles conheciam técnicas de assalto e me pegaram desprevenido, não pude me defender, nem correr para o lago ou para a mata. Eu fui golpeado na cabeça, pelas costas, laçado e dominado. Para comemorar a minha captura, eles urinaram em mim, arrancaram minhas roupas de peles, fizeram uma fogueira com elas, me atiraram na lama e chutaram meu rosto. Eles roubaram meu peixe, comeram, beberam minha bebida, enquanto me deixaram ferido, jogado na lama, na beira do lago.

Nunca mais vi meus pais, nem os meus amigos do assentamento e a Nina. A Nina... A minha linda namorada se foi como a esperança e a inocência. Perdi a minha futura esposa, a minha vida foi roubada de mim naquela tarde de verão. Se eu não tivesse ido pescar talvez ainda estivesse livre... Eu vi o pôr do sol no Lago das Trutas pela última vez.

Marchamos rumo ao sul

Eu não falava a língua deles e nem eles a minha. Os três malditos caçadores me bateram muito, a violência era a mensagem que eles queriam me passar e eu consegui entender. Os caçadores me imobilizaram com as mãos para trás usando cordas de ferro inescapaveis, indestrutíveis, desconfortáveis e pesadas, que eles chamavam de algemas, colocaram nos meus tornozelos me impedindo de correr e no meu pescoço também. Amarraram seus pesados fardos de couro nas minhas costas e peito. Eles me forçaram a carregar para eles, para me domar como se eu fosse um cavalo, para me humilhar, cansar e me acostumar com o trabalho forçado. Enquanto eu andava eles me batiam com chicote por diversão. Os brancos se divertem batendo e fazendo maldades.

Andamos o dia todo no sol quente rumo ao sul. Nunca havia andado tão ao sul antes. Os dois caçadores se revezavam o tempo todo me vigiando e agredindo quando eu caia no chão ou se andasse muito rápido ou muito devagar. As Minhas pernas ficaram todas lanhadas dos golpes do chicote.

Finalmente chegamos na borda da floresta e começamos a caminhar na savana. Escureceu e tivemos que parar. Os caçadores retiraram os fardos, me prenderam em um pinheiro seco com uma corda de ferro (corrente) e montaram um acampamento improvisado. Faltava cinco dias de caminhada para alcançar a cidade dos brancos. Eles fizeram uma fogueira comeram o resto do peixe mas não me deram a minha comida que agora era deles. Eles não me alimentaram para me enfraquecer. Apenas me deram alguns goles de água misturada com um líquido preto com gosto horrível, muito amargo que eles chamavam de café.

Dois deles me soltaram da árvore e me deitaram em uma rocha. Eles me deram uma bebida transparente, muito forte que queimou a minha garganta e o meu nariz. Eu tossi e eles riram de mim. Eles me forçaram a beber outro copo. Fiquei zonzo. Eles chamaram a bebida de aguardente e também beberam. Cortaram um galho de árvore e amarraram na minha boca para me calar e me forçaram a ficar de joelhos. O terceiro deles chegou por detrás de mim, me segurou e me estuprou. Depois foi a vez dos outros dois fazerem o mesmo comigo. Eu fiz tudo para não chorar, mas não consegui. Quando ficaram satisfeitos me prenderam no pinheiro e eu passei a noite amarrado pelo pescoço, ajoelhado e sem roupas. A noite de verão é fria por aqui, eu quase congelei. Fui devorado por formigas e urtigas que eles esfregaram em mim. Pela manhã eles me deram mais um pouco do líquido preto, estava ainda mais amargo, frio e insuportável. Eles me forçaram a tomar mais um copo cheio do tal aguardente. Depois me amarraram aos pesados fardos e me obrigaram a caminhar.

Os brancos sabiam que na minha cultura quando um homem se ajoelha passivamente para outro homem na frente dos demais, ele se torna sua propriedade e não pode mais se casar ou ter filhos. Ele se torna propriedade do outro homem para sempre. Era isso que eles queriam me mostrar, que eu pertencia a eles. Que eu era deles. Mas eu não escolhi isso, eu fui forçado, mas eles queriam quebrar a minha mente.

Antes de partir eles me deitaram na pedra e me estupraram novamente até me machucar. Depois que acabaram, me levantaram e me forçaram a caminhar para o sul carregando seus fardos pesados. Eles só levavam as armas.

Cruzamos um riacho e eu fingi que cai na água para beber um pouco e me limpar deles, tirar o cheiro deles mim. Mas os caçadores se irritaram e bateram muito em mim e eu vomitei toda a água que eu bebi. Eles me forcaram a continuar caminhando. Eu não sabia que eu era tão forte. Mas o sol estava a pino, fazia muito calor, deveria ser meio dia. Não havia mais árvores, nem relva, apenas areia fina e pedras. Eu fui ficando tonto e cai desmaiado.

Eles me acordaram mijando no meu rosto, me forçaram a beber um pouco, mas eu resisti assim que despertei e senti o gosto salgado e amargo. Assim que eu recobrei as forças, eles me puseram de pé para caminhar. Eles estavam apressados, me forçaram a andar mais rápido e eu caí diversas vezes. Andamos acelerados, sem parar, até escurecer. Novamente eles soltaram os fardos, me prenderam em uma pedra, comeram, beberam e voltaram abusar de mim mais uma vez. Dessa vez eles me bateram até eu desmaiar. Ele me deram os restos deles para comer, ossos, gordura, café frio e tudo que eles não queriam mais. Eu comi uma fruta estranha, dura que eles chamavam de pão. Eles me amarraram de volta na pedra e eu dormi exausto me sentindo sujo. Eles me estupraram todas as noites até que chegamos na cidade dos brancos. Preferia morrer do que viver assim, mas a sede de vingança era maior do que a sede de água e eu resolvi deixar o ódio me tomar. Estava pronto para lutar e matar quando tivesse uma chance...

+100 Nano Contos Eróticos e Fetichistas V. 2Where stories live. Discover now