Capítulo 12- Inocente
Já era 2 horas da madrugada, Hoseok tinha ido para casa, pois morava mais longe, Olivia e Taehyung estavam no quarto do rapaz tentando acessar os pen drives que foram roubados da casa de Yoongi.
— Como eu imaginei, os dois têm senha, não dá pra simplesmente abrir os arquivos, não acho que vou conseguir descobrir como acessar hoje, Olivia.
— Mas é possível ter acesso? — Perguntou a menina esperançosa.
— Sim, só vai um pouco de trabalho qubrar o código.
— Mas é algo interessante, pode ter qualquer coisa nesses pendrives — disse a menina que estava morrendo de curiosidade para saver do conteúdo.
Olivia suspirou e se jogou na cama, estava cansada demais para continuar pensando, seus cabelos se espalharam pelos lençóis, Taehyung ficou nervoso ao pensar que o cheiro dela ficaria por ali em sua cama.
Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, nunca havia tido amigas mulheres, e Olivia era muito legal, inteligente, bonita e a mais popular da escola, era estranho a presença dela junto a ele que era visto como um nerd qualquer na escola.
— Desculpa — ele disse de repente.
Olivia voltou a se sentar, lado a lado ela o encarava seriamente.
Ela sabia que Taehyung estava se desculpando pelo episódio de interrogação sobre sua mãe. Eles ainda não tinha falado sobre.
— Tudo bem, eu também peço desculpas.
— Você não precisa...
— Vamos deixar assim, Taehyung — ela o interrompeu, não queria voltar a ter discussões sobre feridas do passado que em nada mudariam.
Os dois se encaravam agora em silêncio, no quarto mais escuro, o coração de Taehyung acelerava o ritmo, era como se estivesse correndo, mas estava apenas encarando os olhos de Olivia.
A menina sorriu levemente ainda encarando os olhos castanhos do rapaz, ele era muito bonito, pensou ela, desajeitado, mas bonito.
— Preciso ir — ela disse interrompendo seus próprios pensamentos.
— Tem certeza? Já é tarde.
— Você que eu durma aqui? — Ela disse chegando mais perto do menino, sabia que aquilo o deixaria sem graça e de alguma forma, era divertido provoca-lo — Com você?
Apesar de ser uma brincadeira, Olivia não contava que seu coração ia disparar ao chegar tão perto do menino. Ela reparou em suas feições, delicadas, mas fortes ao mesmo tempo.
— Tem o quarto de hóspede — Taehyung disse se desviando do assunto, ele estava nervoso.
— Inocente ou lerdo? — Olivia perguntou para si mesma em voz alta sem perceber que fazia.
— Han?
— Nada — ela disse se levantando da cama, por mais tentador que fosse fugir de sua própria casa, ainda tinha a consciência de que sua mãe precisava de seus cuidados. —Te vejo amanhã na escola, a gente podia fazer algo mais leve, não sei.
Taehyung assentiu.
— Combinado, amanhã seremos adolescentes normais, preocupados apenas com fofocas do twitter — disse o rapaz.
Olivia riu.
Ela se sentia aliviada por ter alguém como Taehyung ao seu lado.
— Ou pelo menos a gente vai tentar ser normal — ele comolementou.
— Pelo menos tentar — ela disse saindo pela janela.
***
Olivia estava sentada na arquibancada da piata de corrida, acompanhava o treino das colegas de equipe, sentia tristeza por não estar participando.
Todo dia era a mesma coisa, bronca do trienador de manhã, fisioterapia e assistir aos treinos nos intervalos das aulas. Chato.
Taehyung apareceu ofegante em sua frente, com mais esforço ele subiu a arquibancada até alcançar Olivia.
— Uau! Você está realmente sedentário —a menina disse encarando a cena do menino tentando recuperar o fôlego.
—Posso falar com você?— Taehyung respirou pesadamente — em particular.
Olivia olhou para a amiga, a moça entendeu o recado e se retirou.
— Consegui decifrar os pendrives, quer dizer mais ou menos, na verdade tô trabalhando nisso —o menino sentou se jigando ao lado da moça.
— Conseguiu ou não?
— Não, na verdade eu pedi ajuda para um amigo, Namjoon, ele é muito inteligente e mexe com essas coisas de programação, talvez ele saiba como ajudar, mas só talvez.
— Tae, a gente não pode ficar expondo essas coisas para qualquer um — Olivia sussurrou —Tem certeza de que ele é confiável?
Taehyung assentiu.
— Eu fiquei sabendo que abafaram o caso novamente na polícia, eu tenho certeza de que o pai do Yoongi está envolvido, ele é o chefe, tem poder pra isso, ou seja, a situação só fica mais suspeita pro lado dele.
— Pode ser, não podemos afirmar nada.
— E é isso que me estressa — desabafou Olivia — Eu vi o Jae há alguns dias atrás.
O coração de Taehyung disparou, ele ficou ansioso e não sabia exatamente o porquê. Ele continuou encarando em silêncio esperando que a amiga desse explicações por si mesma, não queria cometer o mesmo erro que tinha feito com a história de sua mãe.
— Ele estava em casa e vi uma oportunidade de checar o que tinha acontecido, mas Tae, ele não está normal, tem tomado algumas medicações, as mesmas que a minha mãe toma, são muito pesadas, e ele está mais agressivo, tem algo muito errado com ele, já não é a mesma pessoa que conheci.
— Bom, ele perdeu o pai, a morte muda as pessoas.
— Pode ser.
— Se ele estava internado no mesmo lugar que a sua mãe, o hospital psiquiátrico, com certeza ele ficou muito mal, ninguém vai passear em um lugar desses.
— Você acha que podemos descobrir os detalhes? Não é algo comum internar alguém em fase de luto.
— A gente pode tentar — Taehyung não queria dar esperanças a Olivia, mas ver os olhos dela fazia com que ele quisesse ajudar.
— Mas a gente precisa realmente ter mais cuidado, ninguém na cidade está ligando para os assassinatos, se a gente ficar insistindo em fazer perguntas por aí, podem vir atrás de nós — Taehyung alertou.
— Você tem razão.
— Será que seu pai empresta o carro para você?
— Eu não tenho carteira.
— E desde quando a polícia funciona nessa cidade fim de mundo? Nem pra rwsolver crime sério eles prestam. Eu sei dirigir, confia em mim?
Taehyung não devia, mas ele confiava.
***
Olivia chegou em casa no final da tarde, pegou um pedaço de bolo que havia sido preparado pela enfermeira de sua mãe, ela meio que tinha assumido a função de cuidadora da menina também.
— Hm... De chocolate — disse a menina feliz enquanto mastigava. Andar com Taehyung e Hoseok tinha trazido uma alegria a mais para a vida dela, mesmo que por motivos sombrios como investigar assassinatos.
Olivia subiu as escadas até o segundo andar, bateu duas vezes na porta, e apesar de saber que era inútil, era um hábito que não deixaria de ter em respeito à mãe.
— Mãe? — A menina abriu a porta do quarto devagar. Entrando, ela já sabia o que esperar, a mãe em silêncio, sentada na janela olhando a rua vazia, todos os dias era a mesma coisa.
A vontade de chorar nunca passava, ver ela como um vegetal era a pior sensação que ela podia sentir.
Ela se aproximou da cadeira de rodas onde a mãe sentava, apesar de conseguir andar, ela preferia pela locomoção.
— Estou em casa, vou fazer o dever da escola e deitar, esse fim de semana sairei com uns amigos que fiz — Olivia disse beijando a cabeça da mãe que não se moveu.
A menina deu meia volta, estava preparada para sair do quarto.
— Filha — o coração de Olivia gelou, era raro, mas acontecia, sua mãe às vezes falava uma frase ou outra.
A menina se virou lentamente.
— Cuidado com a vizinha, ela é mais perigosa do que o marido que morreu.
Um frio percorreu a espinha de Olivia. A menina saiu e foi em direção ao quarto, pegou o celular e mandou mensagem no grupo que havia Taehyung, Hoseok e Kylie.
"Precisamos resolver logo essa merda."
***
— Porque você não vai com a gente? — Olivia perguntou para Hoseok.
O menino arrancava as pétalas de uma flor que tinha tirado do canteiro da casa de Taehyung.
— Ao contrário de vocês dois riquinhos, eu tenho que trabalhar, eu me sustento e ajudi em casa.
Olivia e Taehyung se sentiram mal na mesma hora, eles sabiam que Hoseok não tinha a mesma condição social que eles.
— Se precisar de algo... — Taehyung começou a dizer.
— Nem começa, você sabe que não gosto de pedir nada emprestado, principalmente dinheiro, não to passando fome — Hoseok disse sério.
— Ok — desculpou-se o amigo.
— Seu pai emprestou o carro? — Olivia perguntou animada.
— Ele disse que podemos pegar o mais velho e temos que voltar domingo à noite no máximo.
A menina concordou.
— Ele desconfiou de algo? —Olivia perguntou.
— Meu pai confia em mim.
Olivia continuou encarando o amigo, algo não estava certo.
— Ok, ele acha que vamos passar um fim de semana romântico.
Olivia arregalou os olhos.
— E você não desmentiu? —ela disse com o tom de voz mais alto do que gistaria.
— É melhor ele pensar isso do que saber que estamos investigando assassinatos!
Olivia cruzou os braços, ele tinha razão.
— Uuuh vocês vão dormir juntinhos — Hoseok brincou.
Os dois tinham achado um hostel que ficava perto do hospital, muitas pessoas se hospedavam lá quando tinham parentes internados.
Olivia revirou os olhos e mostrou um olhar de desdém para Hoseok, para ela não era nada demais dormi junto, mas para Taehyung que nunca havia compartilhado quarto nem com uma prima, era algo para se estar super nervoso.
Os dois se despediram de Hoseok e entraram no carro.
— Você sabe dirigir não é? — Disse Taehyung colocando o cinto.
— Claro que sei Taehyung, eu morei nos Estados Unidos, lá você tira a carteira de motorista com 16 anos, estamos quase fazendo 18.
— Você tem carteira?
— Não a coreana — Olivia deu um sorriso brincalhão.
Taehyung suspirou alto.
— Não corre muito — pediu ele enquanto checava novamente o cinto de segurança.
Olivia assentiu, ela meio que gostava dessa fragilidade que ele tinha em relação a ela, diferentes dos meninos da escolas que estavam sempre competindo para ver quem era o mais machão, Taehyung ia na direção contrária.
Taehyung estava nervoso, mas ele não sabia o que estava deixando ele mais tenso, a investigação de um assassinato ou o fato de ter que dividir um quarto com uma garota. O rapaz parou para pensar, e naquele momento só tinha uma resposta.
Definitivamente passar a noite no mesmo quarto que uma garota, ainda mais uma garota linda como Olivia.
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Nota da autora:
Adoro um clichezinho, bom demais!