Dirty Laundry ✅

By ohlulis

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Nina Houston-Löwe tinha uma grande meta para seu semestre na Oak: se tornar a melhor no seu curso e voltar pa... More

intro
google.com/oak
prólogo
1. there's a new girl in town
2. starboy
3. big three
4. cool kids
5. don't call me angel
6. so much that we could've said, so much that we never said
7. i guess i'm lying cause i wanna
8. i got issues, but you got 'em too
9. momma, I'm so sorry, I'm not sober anymore and daddy, please forgive me
10. make it two and we got a deal
11. i say don't let me go and you say why can't we be friends?
12. guess nothing in life's a mistake cause all wrong turns lead to you
13. it's just medicine
14. your right is wrong... but love never leaves a heart where it found it
15. another love
16. dry your smoke-stung eyes so you can see the light
17. if i knew how to hold you i would
18. i'm so into you i can barely breathe
19. are you scared of what's to come?
20. tell me I've been lied to, cryin' isn't like you pt. 1
22. it's like I'm fighting behind these walls and hiding through metaphors
23. are you going to age without mistakes?
24. don't you dare look out your window, darling, everything's on fire
25. where do we go? tell me my fortune, give me your hope
26. oh you're in my veins and i cannot get you out
27. and now, it's time to leave and turn to dust
epílogo

21. tell me I've been lied to, cryin' isn't like you pt. 2

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By ohlulis

Leo nunca pensou muito em sua mãe até completar doze anos de idade. Quando as festas do colégio se tornaram estranhas e a pergunta 'onde está sua mãe' estava em todos os lugares.

Quando isso aconteceu, ele começou a pensar em Emma com muita frequência. Sempre que via uma foto dela pela casa — com olhos escuros como os seus e um sorriso que o recordava muito do seu próprio — imaginava o contexto em que tinham sido tiradas. Sua preferida era a que sua mãe sorria para câmera — ou para Sean, atrás dela — com os olhos quase fechados e um vestido florido no corpo. Adorava aquele sorriso. Gostava de vê-lo no reflexo e sempre se perguntava o que mais tinha em comum com Emma. Alguma mania? Gosto musical? Senso de humor refinado? Eram perguntas sem respostas.

Aos treze, os pesadelos começaram. Foi quando Leo começou a pensar sobre como tinha sido o fatídico dia que ele tinha chegado ao mundo — e que Emma tinha deixado. A cena era sempre a mesma: uma sala de operação como nos filmes — era o único cenário que conhecia —, um bebê quieto nos braços de Emma — que tinha as feições das fotos — e Sean parado ao seu lado, observando os dois. Tudo acontecia rápido demais. Alguém puxava Leo dos braços de Emma, um choro agudo explodia na sala — dele, obviamente — e retiravam Sean da sala antes que ele pudesse chegar até a esposa. Às vezes, Leo se questionava se tinha como aquela ser uma memória do seu subconsciente ou se aquilo era impossível. E, mesmo ao descobrir que era impossível para ele guardar qualquer memória logo após ter nascido, era a cena que ele jurava ter acontecido.

Toda vez que acordava daqueles pesadelos — muito suado e com as mãos trêmulas —, Sean estava parado ao lado da sua cama. Nunca fora bom com palavras, mas colocava o filho de volta na cama, o cobria com seu cobertor favorito e deixava a luz do abajur acesso prometendo que aquilo manteria os pesadelos longes. Quando Leo tinha aqueles pesadelos, porém, havia sempre uma pergunta na ponta da sua língua que sempre saía com pouquíssima força em direção ao pai: "onde está ela, papai?"

A resposta de Sean era sempre a mesma. "No céu, Leo. Sua mãe é uma estrela. Sua estrelinha".

Sempre repetia as palavras do pai em silêncio quando ele deixava o quarto. E, ao encarar as estrelas luminosas do seu quarto, sorria sozinho e voltava a dormir em paz. Não tinha o que temer. Sua estrelinha estava ali. Sua estrelinha sempre estaria ali.

Leo encarava, agora, as mesmas fotos da mãe na parede, enquanto Sean esperava que ele falasse alguma coisa — qualquer coisa. Não era só o sorriso que Leo carregava da mãe. Nem os olhos escuros. Ele também carregava aquela doença que o impediria de realizar todos os sonhos que um dia ele tivera.

— Ela sempre soube? — Leo perguntou, sem encarar o pai sentado no sofá a sua frente. Era amargo que aquele segredo tinha sido guardado por tanto tempo. — Você sempre soube?

— Sua mãe descobriu quando era pequena — Sean explicou, engolindo em seco. As palmas das mãos suavam e suas sobrancelhas estavam arqueadas em preocupação. — Ela me disse desde o começo. Em uma das primeiras vezes que nós saímos, na verdade. Ela me disse 'eu tenho uma doença e provavelmente vou passar para nossos filhos, então fique a vontade para dar um passo para trás agora'.

A simplicidade da frase — e o peso que ela carregava — fez Sean sorrir, incrédulo, no momento. Quando percebeu que não era uma brincadeira de Emma, sua expressão ficou séria. Apertou a mão dela e a avisou que não iria a lugar nenhum.

O caso de Emma não era tão grave como o de Leo. Ela precisava tomar as injeções recomendadas periodicamente, mas sua grande paixão não trazia risco a sua vida: Emma gostava de tocar piano, cuidar das flores da sua casa e tirar fotos. A hemofilia não impedia que ela fizesse todas essas coisas e ainda beijasse Sean durante os intervalos.

Foi só quando eles se casaram e Emma disse que queria ter filhos que a preocupação tomou conta da casa pacata em Boston. Sean foi contra desde o começo, não porque não queria ter filhos — sonhava com pequenos com seus traços e os traços de Emma correndo pelo jardim —, mas conhecia os riscos. Não só do filho deles herdar o gene hemofílico como também de perder Emma.

Os pais dela também foram contra. Donos de grandes imóveis na cidade e com um patrimônio milionário, proibiram a filha de sequer pensar nessa possibilidade. A relação de Sean e Emma com os pais dela estremeceu quando ela anunciou a gravidez e acabou de vez quando ela faleceu. Os dois culpavam Sean como se a decisão tivesse sido dele e, por tabela, nunca quiseram conhecer o único neto.

— Sua mãe queria uma família, então começamos a pensar em adoção. Eu estava bem com isso e ela também, mas quando decidimos começar a ver os documentos ela descobriu que estava grávida de você — Sean contou, os olhos presos em Leo enquanto buscava uma reação. O fato dele estar completamente apático não era agradável. — Não pense que você não foi desejado, Leo. Foi o dia mais feliz da vida dela.

Durante todos os meses de gestação, Emma escolheu não saber o sexo. Por Emma possuir os dois genes recessivos para a doença, a genética era clara: se fosse homem, iria herdar o gene hemofílico. Se fosse mulher, havia a possibilidade de apenas ter o gene, mas não expressar a doença. Depois que o médico explicou isso para os dois, em uma das primeiras consultas, Sean começou a pedir todos os dias durante a noite para que fosse uma menina. Sonhava com isso quando fechava os olhos. Imaginava o quarto, as roupas, os adereços cor de rosa. Enquanto Emma, ao contrário, tinha dito desde o dia que descobrira a gravidez que era um menino. O seu menininho. Não porque ela queria que ele tivesse a mesma doença que ela — nunca se perdoaria por deixá-lo com aquela herança —, mas porque seu sexto sentido era mais forte que qualquer outra coisa.

"Se for um garotinho, eu quero que se chame Leo". Ela tinha dito em uma das noites em claro, enquanto acariciava a barriga e tinha a companhia do esposo. "Ele vai ser muito forte, sabia? Eu consigo sentir isso. E ele será bondoso, cheio de sonhos como a mãe dele. E forte como o pai". Repetia no escuro, enquanto Sean continuava em silêncio.

Quando sua bolsa estourou — um pouco antes do planejado —, correram ao hospital mais próximo. Fizeram os primeiro exames: queda dos fatores de coagulação e plaquetas com contagem baixíssimas. Risco para Emma. Risco para o bebê. Tinham dito a ela que precisavam tirá-lo dali, mesmo antes da hora. Ela assentiu, mas agarrou a mão do médico e pediu que salvasse o seu menininho. Seu coração sempre soube que seria um.

Seu último suspiro foi com Leo ainda em seus braços. Os olhos estavam marejados, a feição muito abatida enquanto os médicos faziam o máximo para reverter aquele quadro de coagulação intravascular disseminada. Emma já sabia. Enquanto cantava baixinho para seu pequeno, para seu Leo, ela sabia que não teria muito tempo com ele. Deixou um beijo demorado nos seus pouquíssimos cabelos antes que alguém o tirasse dos seus braços e a sua visão escurecesse de vez. Seu menininho. Seu Leo.

Sean não conseguiu acreditar quando a notícia chegou até ele. Achou que era uma brincadeira de mau gosto. Um pesadelo, como os outros que aconteciam quando ele sonhava que seria um menino. Emma estava ali, esperando por ele. Ela não podia ter deixado os dois sozinhos.

Demorou para ter coragem de ver o bebê pelo vidro do berçário. Temia não conseguir amá-lo depois de tudo. Temia olhar para ele e lembrar sempre dos últimos momentos de Emma, antes que tivessem obrigado-o a se retirar. Mas quando colocou os olhos naquele pequeno — ainda mais que os outros ao seu redor — sabia que iria protegê-lo até o último dia da sua vida. Leo. Leo Hawkins, como Emma tinha dito que seria.

— Por que você nunca me disse? — a voz de Leo saiu baixa e, só nesse momento, ele voltou os olhos para o pai. Tinha as mãos atrás do corpo, os olhos vermelhos cheios de lágrimas. — Por que você nunca me falou que não queria que eu estivesse no gelo por isso?

— Eu queria que você tivesse uma vida normal — foi sincero, apesar das palavras vacilantes. — Eu queria que você não tivesse que se preocupar com genética antes da hora. Eu não queria que você fosse privado de fazer nada, mas eu tentei evitar ao máximo que você se machucasse. Proibi o hóquei pelo tempo que pude e prometi a mim mesmo que iria contar assim que você saísse da faculdade. Quando você voltasse para casa.

— Mas eu nunca tive planos de voltar para casa — Leo respondeu, sentindo seu tom de voz aumentar um pouco. Os punhos fechados, um pigarro insistente na garganta. Sabia que estava em seu limite. — Conversei semana passada com um olheiro. Eu tinha um contrato profissional, pai.

Aquele foi, fácil, um dos dias mais felizes da vida de Leo. Ele guardou o segredo por toda a semana, mesmo que estivesse ansioso como uma criança pequena na véspera de ir para um parque de diversões. Toda vez que fechava os olhos para dormir se imaginava em uma Arena lotada, representando um grande time de hóquei em Nova Iorque. Iria contar pai o pai em Boston. Iria contar para Nina em Boston e, depois do fim de semana, contaria aos seus amigos.

Era seu sonho. Tinha se preparado a vida inteira para isso.

Agora, sabia que era impossível. Não porque o contrato não chegaria nas suas mãos, como acontecia frequentemente com outros jogadores com quem treinava. Porque ele sabia, agora, que não sobreviveria se essa fosse sua escolha.

— Por que você escondeu? — perguntou, novamente. Não queria aquela explicação lógica. Queria algo que fizesse seu coração parar de latejar dentro do corpo. — Por que não me disse desde o começo, pai? Se eu soubesse que nunca poderia chegar até lá, doeria menos. Se eu nunca tivesse sonhado com isso, não acharia que minha vida inteira tinha sido em vão.

Sean passou as mãos pelo rosto assim que a primeira lágrima escorreu, abaixando os olhos para o chão para que Leo não visse seu choro. Não era uma conversa fácil. Nunca pensou que fosse ter que encarar seu erro com Leo — o maior de todos — daquela forma.

Ele nunca desejara um menininho como Emma. Toda vez que ela falava que sentia que em um menino ou conversava com ele chamando pelo nome já escolhido, Sean se apavorava. Tinha medo. E, vinte e dois anos depois, tinha vergonha do seu próprio comportamento.

Envergonhava-se de todas as vezes que não ficou ao lado da esposa quando ela falara sobre seu pressentimento. De todas as vezes que não repetiu para ela — só para que Emma nunca se esquecesse — que amaria aquele pequeno que ela o daria. Nunca esqueceria que o amor da sua vida tinha ido embora achando que Sean não conseguiria amar Leo por algo que ele carregava que viera dela.

Sean Hawkins amou seu filho desde o primeiro dia. Desde o primeiro olhar, o primeiro colo e o primeiro sorriso involuntário que ele dera em sua direção. Mas ele não sabia como se virar sozinho. Ele não sabia como lidar com Leo.

Fez tudo o que podia. Forneceu tudo o que o filho precisaria para ser feliz, observando-o à distância. Fingiu que a doença dele não existia, dizendo a si mesmo que as manchas escuras que apareciam no corpo de Leo eram machucados normais que crianças tinham. Manteve-se distante todas as vezes que a culpa o assolava pelas coisas que não tinha feito quando Emma estava lá. Por não ter amado Leo quando sua esposa o amou. Por ter desejado, tantas vezes, que ela tivesse carregado uma menina.

Preferia que seu filho não carregasse aquele peso. Que nunca na vida soubesse que não tinha sido desejado por ele. Que, além de tudo, não achasse que era um fardo carregar aquele gene por causa do que acontecera com sua mãe.

As coisas tinham saído do seu controle. Leo não se contentou com uma profissão comum, ele queria seguir seu sonho. Assim como Emma e seu piano. E agora, com os exames jogados no meio da mesa da sala, Sean sabia que a doença de Leo ainda era mais grave que a da mãe. E que ele também não conseguiria conquistar seus sonhos como sua mãe não conseguira entrar para uma grande orquestra.

— Eu nunca soube que sua vida estava em risco — Sean falou, juntando as sobrancelhas ao levantar o rosto para Leo. — Sua mãe não tinha grandes problemas. Leo, se eu soubesse...

— Mas você sempre soube que eu tinha isso, pai — Leo aumentou o tom de voz, mordendo com força o lábio inferior para evitar que ele começasse a tremer com o choro que estava na porta da sua garganta. — Você não tinha o direito de ter mantido isso escondido.

— Eu errei...

— Muito, pai. Você errou pra caralho comigo — interrompeu suas palavras, sentindo as grossas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Nem se deu o trabalho de escondê-las.

— Me perdoe, filho — Sean implorou, levantando-se do sofá e indo em direção a Leo. — Pelos meus erros. Eu não sabia o que fazer. Eu nunca soube, Leo. Sua mãe...

— Não está aqui — o cortou mais uma vez, sentindo seu pescoço doer tamanha a rigidez que colocava em seus músculos naquela conversa. — Ela nunca teve a chance de estar aqui.

O silêncio preencheu toda a sala quando Leo se calou. Podiam ouvir os automóveis passando pela rua do outro lado da parede. Uma buzina. Pedestres que passavam conversando pela calçada. Os latidos altos do cachorro do vizinho. Leo continuou em silêncio, sem esperar por uma resposta. Sean continuou em silêncio, sem saber o que falar.

— Eu preciso de um tempo para assimilar tudo isso — Leo informou, puxando uma grande quantidade de ar para os pulmões antes de continuar, controlando sua voz falha. — Vou voltar para Silvermount.

— Por favor, Leo...

— Não me peça para ficar, pai, pelo amor de Deus — Leo implorou, apertando os lábios em uma fina linha para conter um soluço desesperado. Chorava há tanto tempo que seus olhos já estavam mais inchados do que ele achava possível. — Só me deixe ir.

Sean não falou mais nada. Apenas assistiu o filho — seu menininho — dar as costas e desaparecer pela escada, fechando a porta do quarto — onde Nina esperava em silêncio — com força.

Quando a porta do quarto se abriu com um empurrão, Nina fazia carinho entre as orelhas de Mozart. O cachorro, espalhado pelo assoalho de madeira do quarto de Leo, nem abriu os olhos pelo barulho inesperado. Apenas o fez quando Nina parou o cafuné para encarar Hawkins, parado bem a sua frente.

Ela tinha feito o máximo para não escutar a conversa. Durante os primeiros minutos, colocou fones nos ouvidos para dar mais privacidade a Leo e Sean, mas uma hora cansou de fingir que estava tudo bem. Deixou os fones caírem e amaldiçoou o fato das paredes da casa serem tão finas. Sentiu sua garganta apertar quando ouvia a voz marejada de Leo. Seu coração praticamente parava quando o silêncio era mais alto que as palavras dos dois.

Leo não disse muito, mas pela expressão em seu rosto ela sabia que a conversa não tinha sido agradável. O tomou nos braços, mais uma vez, e o apertou com toda a força que tinha enquanto ele chorava em silêncio, um pouco antes de avisá-la que eles iriam voltar para Silvermount em vinte minutos.

A viagem de volta foi tão silenciosa que nem parecia que eram os dois dentro daquele carro. Leo não reclamava das músicas de Nina. Nina não dizia que ele tinha um gosto questionável para músicas. A paisagem, que passava rápido pelos dois, não era interessante como na ida.

Leo tinha tantos planos para aquele fim de semana. Queria levar Nina para conhecer o parque de diversão da cidade, onde tinha passado parte das suas noites de sábado quando era pequeno. Disputar no carrinho de bate-bate, dividir uma maçã do amor e ganhar um urso para ela. No dia seguinte, tinha planejado uma visita ao mercado de rua de Boston, onde compraria para a alemã as flores amarelas mais bonitas que ela já vira e a beijaria antes do sol se pôr. Durante a noite, a levaria para patinar no gelo na pista onde tinha aprendido a ficar de pé nos patins. Leo a provocaria a dar os giros que aprendera com ele e pediria para ela repetir a coreografia do teste. Nina faria com perfeição e o jogador a beijaria antes de terminar todos os movimentos. Não resistiria.

Por fim, repetiriam dezenas de vezes a mesma coisa que fizeram na primeira noite. Até ela cansar. Até ele estar exausto. Até os dois estarem uma mistura de suor, cansaço e as palavras de amor estarem suspensas por todo o quarto. Até Leo assumir, no escuro e no silêncio, que estava mesmo apaixonado por ela.

A realidade da viagem tinha sido tão diferente que Leo mal se recordava de todos seus planos. Tudo parecia uma eternidade atrás. Os beijos de Nina, a noite que passara com ela, o contrato, a felicidade de ver seu pai finalmente se importando com algo. Tudo era passado. Agora, suas terminações nervosas estavam afloradas, em um emaranhado de pensamentos que o pertubava. Sua vida nunca mais seria a mesma. Seu sonhos nunca seriam realizados.

— Eu quero ficar sozinho hoje — Leo pediu com a voz falha graças ao silêncio, fugindo do olhar de Nina assim que passaram pela placa da entrada da cidade. — Por favor.

— Eu não acho que você deve ficar sozinho.

— Mas eu quero — repetiu, enchendo o seu pulmão com ar. — Eu prometo que ficarei bem, Nina, eu só preciso ficar sozinho pela noite. Eu prometo falar com você amanhã.

A alemã assentiu, a contragosto. Assim que Leo parou no alojamento da Kappa Gamma — parcialmente vazio por ser começo de noite de um sábado — Nina o agarrou pelo pescoço e o beijou com força, esperando que aquilo fosse suficiente para que ele pedisse que ela ficasse.

Leo, ao contrário do esperado, mal reagiu ao gesto. Não abraçou sua cintura ou afundou seus dedos nos cabelos loiros dela. Não acariciou seu rosto, não sentiu seu coração bater agitado pela proximidade. Na verdade, ele mal correspondeu a qualquer estímulo que ela procurou ativar nele.

— Fale comigo se precisar de qualquer coisa — Nina murmurou baixinho ao se separar dele, buscando os olhos castanhos inchados com os seus. — Fale comigo, Leo. Não me deixe no escuro.

Assentiu, mecanicamente. Quando ela depositou mais um selinho nos seus lábios e desceu do carro, olhando para trás a todo momento, ele se sentiu como a pior pessoa do mundo. Nina estava bem ali. Nina se importava com ele. Mas, naquele momento, nem ela conseguia tirar algum sentimento dele. Estava vazio, uma bagunça. Uma mistura entre não sentir absolutamente nada e sentir tudo ao mesmo tempo.

Não falou com ela ao chegar em casa. Nem atendeu nenhuma das suas ligações ou respondeu qualquer uma das diversas mensagens que ela o enviara em um curto espaço de tempo.

Apenas se jogou na sua cama, com a mesma roupa que vestia desde cedo, e passou a noite em claro olhando para o teto branco do seu quarto, desejando ver estrelas luminosas ali.

Mas não havia nenhuma.

Nem suas estrelas luminosas de Boston, nem sua estrelinha. 

Capítulo curtinho, só para fechar as pontas que estavam soltas do último! Queria dar um pouco essa visão do mundo da parte do pai do Leo e de toda a culpa que ele carrega (que explica um tantinho o comportamento dele com o filho). Óbvio que não tira a culpa dele ter escondido esse segredo, mas são tantas coisas! Cada personagem tem uma bagagem pesada nessa história e estou tentando mostrar um panorama de todos.
Espero que vocês tenham gostado! Eu fiquei hiper emocionada nesse capítulo e com o Leo ughhhh eu quero proteger esse mocinho de tudo! Não sei se vou conseguir dar outra atualização pra vocês antes dos feriados, mas espero que sim. De qualquer forma já agradeço pelas leituras, votos e comentários. Acreditem em mim quando eu digo que DL não seria nada sem vocês. Basta eu entrar aqui e ver todo o carinho que vocês me dão que me sinto taaaaao amada e fico morrendo de vontade de escrever atualização o mais rápido possível pra vocês hahaha então muito obrigada por terem tornado meu 2020 mais especial. Não seria nada sem vocês!
Quero saber o que vocês estão achando de tudo! Próximo capítulo já voltamos para Silvermount! Vamos rever os personagens secundários que fugiram da cidade no capítulo 19. Espero conseguir atualizar em breeeeve! Essa parte final me dá um pouco mais trabalho pra escrever porque eu tenho que ir dando os pingos nos i's hahahaha
Obrigada por tudo ❤ vocês são incríveis!
(twitter: ohlulis | instagram: lulisescreve)

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