Carmesim | Lésbico

By LilyMDuncan

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Maddie Bewforest é uma jovem excepcional. Ingressou à Universidade de Glasgow, Escócia, com apenas treze anos... More

Apresentação
Prólogo
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By LilyMDuncan

Novembro, 21

Eu já havia me enfiado em uma boa quantidade de álcool. Um líquido renovador. Sentada entre pessoas desconhecidas, mas estranhamente simpáticas, minha cabeça pendia em diferentes lados para acompanhá-los em suas conversas descontraídas. Eu sorria, acenava e incluía-me apenas quando achava necessário, tirando a atenção de mim.

Por sorte, Margot Hitt, especialista em História Antiga e Medieval na Universidade de Glasgow, acomodava-se no meu encosto. Eu tinha assuntos que coincidiam com sua área, então não me sentiria tão deslocada assim. A bebida me deixava mais simpática do que o costume, mas também havia um fator que me fazia cumprimentá-los como uma pessoa normal. Eu tinha de me encaixar, ainda que lutasse bastante para aquilo. 

— Gostei muito da sua palestra no Grand Dith, Prof. Hitt. — Estava procurando quase desesperadamente por um assunto que não envolvesse editoras de livros, porque quase não sabia nada a respeito e todos os outros estavam bem inteirados naquele tópico. — Infelizmente passei mal naquele dia e precisei sair antes da finalização.

A mulher, diferentemente da última vez, vinha com os cabelos loiros transformados em cachos elegantes. Seu vestido não era cheio de rendas, mas acentuava muito bem seu corpo bonito. Eu não precisei olhar muito para constar os detalhes mais sedutores. 

— Ah, obrigada! Foi algo muito sério? — perguntou a mulher. Ela tamborilava os dedos contra a taça. — Eu posso te passar o material da apresentação depois. Um grande privilégio poder falar um pouco do meu trabalho em um teatro daquele porte.

— Sim, com certeza. Mas não se preocupe. Mal estar é algo recorrente, mas nada grave. Agora me preocupo com outros afazeres. — A sinceridade era manifestada. — A senhorita e Madame Roux são amigas de longa data?

Claro que entraria naquela indagação. Eu não era boba, uma vez que Genesis Roux não estava nem perto de escutar o que falávamos. Não me manteria no jantar se não pudesse arrancar informações valiosas dos presentes. Ainda havia muito o que perguntar também. Outros convidados, os quais já estavam entorpecidos igualmente, aguardavam-me.

— Sim, sim. Nós temos uma amizade diferente, se me entende bem. Mas, acima disso, as duas se respeitam bastante — informou-me. Ela estava vacilante, mas eu não custei em empurrar um pouco mais de bebida. Eu mesma já estava um pouco alterada. — E a senhorita e ela?

Eu nem sabia responder. Se eu voltasse com a sinceridade, a mulher loira poderia pensar que eu era uma espécie de psicopata — até eu suspeitava acerca daquilo. 

— Eu trabalho para ela. E só — respondi com moderação.

Margot Hitt moldou seus lábios pintados em um gesto de bondade. Afeição. Eu podia não conhecê-la, mas nós estávamos no caminho certo de uma amizade — quase — honesta. 

— Com o tempo, você perceberá que Genesis Roux é mais do que uma chefe. Espero que possam se dar bem.

Eu pensava da mesma forma, porque assim seria mais fácil de enganá-la. Madame Roux não fazia aquilo com os outros?

A própria surgiu em nosso alcance. Ela sorria, muito aberta à conversa, pondo a taça vazia sobre a mesa. Eu tive vontade de recuar, como estava acontecendo com muita frequência já, mas forcei um sorriso de volta.

— Bewforest! Gostaria de me ajudar com um drink?

Eu não podia negar. Manejei a cabeça em concordância e pedi licença a professora que havia sido muito gentil comigo. 

— A senhorita anda me sequestrando demais — falei, impulsivamente. Ok, eu deveria começar a culpar o álcool em excesso no meu organismo. — O que temos para hoje?

Ela puxou a porta de correr e indicou uma passagem diferente daquela que usamos para cozinha. Mas, antes que eu pensasse bosta, a mesa retangular cheia de ingredientes para drinks apareceu. 

— O que sabe fazer? — Roux apontou para as dezenas de frutas e bebidas diversas organizadas em cima daquela estrutura. — Surpreenda-me.

— Tem certeza de que deseja isso? 

— Eu nunca tenho certeza de nada. Apenas da morte, porque, como o clichê já mostra, é a única verdade que temos em vida — respondeu, instruída. Ela encostou em uma das pilastras. — A senhorita pode me surpreender de múltiplas formas, mas também não saberá qual acertou até o resultado final. Mas não se preocupe, pois lhe direi.

— E qual a certeza que tenho sobre isso? Quem me garante que a senhorita me dirá? — provoquei. 

Era o nosso jogo, e eu não o deixaria passar, ainda mais sendo competitiva. Precisava vencê-la. Todo desafio era bem acatado por mim.

— Você não tem — respondeu a mais velha, simplesmente.

Eu parei um minuto. Seria errado me envolver assim se a escritora não fosse o próprio demônio em Terra. Eu só estaria devolvendo todo o mal que ela havia causado não apenas aos Bewforest, mas também a outras famílias. Genesis Roux entrara na minha vida sem que eu pedisse, cortando quem eu amava, sem exceção. O sangue ainda escorria, o ferimento apodrecera, mas ela permanecia impune.

A falta de ética e moral existia, ironicamente, para criar uma justiça que poucos tinham coragem de usar.

Debrucei-me, portanto, naquela mesa viva com tanta cor e alimentos saudáveis, os quais seriam picados e misturados com vodka pura. Não me demorei no processo, porque era uma amante de bebidas alcoólicas, e despejei o líquido pronto, parcialmente rosado, dentro de uma taça ali perto. Entreguei a mulher.

— Para combinar com seus lábios.

Ela sorriu mais. Talvez fosse tão competitiva quanto eu, porque não recuava. Mas havia um malassombramento em cima de mim que eu somente não entendia. Observei-a derrubar pouco a pouco a bebida sobre a língua. Desconfiei que pararia na metade, mas ela, fisgando-me com o seu azul-piscina, bebeu todo o conteúdo. 

— Lembrou-me baile de escola, montanha-russa e primavera. É adocicada, mas não tanto. Senti a queimação da vodka no fim, meu estômago se exibiu sob cortesia e tive vontade de repetir todo o processo — derramou. Ela passava a língua em uma lentidão calculada sobre os lábios, sem medo algum de manchá-los.

— Uma crítica completa — falei, fissurada em sua imagem. — E eu nem pude me defender.

Ela riu. Gargalhou, na verdade. Saiu do seu encosto ainda me lançando a risada e bloqueou novos passos antes que fosse engolida pelos meus olhos. 

— Não pensei que a senhorita fazia o tipo piadista.

— Não pensei que a senhorita fazia o tipo divertida.

A força da aproximação me deixava mais tonta do que se eu tivesse virado toda a vodka original. Ela não parecia oscilar em nenhum momento: suas íris estavam muito fixas em mim. As minhas, por outro lado, corriam sua face por completo. Eu sentia o calor das respirações se confundindo. 

— Sabe por que a coloquei como responsável pela Ala Hospitalar? 

— Seria minha próxima pergunta.

Eu ardia em expectativa, mas eu não podia saber o que se passava em sua expressão inabalável.

— Porque o Destino me fez escolhê-la.

Daquela vez, eu mesma precisei rir. Ela não havia perdido o entretém, mas não me acompanhava no som.

— Não faz sentido.

— Não tenha tanta certeza disso, Madison.

A dona daquela residência milionária usara meu nome de propósito, pois sabia que me balancearia. A minha pressão despencou e precisei deslizar as duas palmas uma na outra, ansiando retomar a consciência normal. Aquilo não se conectava de nenhum jeito, mas eu já retrucava com o Destino há mil anos. 

— Então tudo tem um desígnio? 

— Tudo, mas qualquer situação pode ser mudada pelo Destino, e nunca entenderemos o porquê. Por isso não temos certeza de nada — explicou-me com a voz baixa, próxima de um sussurro. — Nem quando dois mais dois se formam quatro, porque, apesar da soma concentra, pode vir uma subtração qualquer e mudá-lo. 

O que havia na bebida para que ela estivesse falando assim? Antes que eu perdesse o controle dos joelhos e despencasse em seus pés, uma atitude descontrolada, recuei alguns passos. 

— Eu vou aprender em algum momento? — eu disse. Estava trêmula, mas não cairia.

— Espero que o tempo lhe diga. — Suspirou umas duas vezes. O que a mulher estava querendo falar que não podia ser clara comigo? Como se algo houvesse instalado em seu corpo, Roux alertou-se novamente. — Vamos, Bewforest. Ainda tenho de cantar para os convidados. 

A Genesis não brinca em serviço. Maddie está mantendo a boa linha, mas é fato que a Eva Green (o avatar da Genesis kakaka) deixa as pernas bambas. Maddie só não pode desviar do foco. Ou vai?

Gente, como falei no mural, está complicado a rotina e afins. Mas estou me esforçando para sempre vir aqui e terminar as postagens, para que vocês consigam acompanhar além da Amazon. Em breve, vou colocar gratuito lá, mas aviso antes.

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