Nosso Impossível

By josianisz

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Tony Stark quer tirar férias de sua vida, cansado dos negócios em sua grande empresa e em suas festinhas que... More

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By josianisz

--- Droga--- Tony diz em um resmungo irritado enquanto passava a mão pelo cabelo de uma maneira nervosa. --- Droga, droga droga.--- Diz resmungando e fechando os olhos fortemente.

--- O que está havendo, Tony?--- Pepper pergunta preocupada. Até a ideia se desenrolar de sua mente.--- São os parentes dele, não é?--- Ela pergunta já sentindo um bolo na garganta.

--- Sim--- Tony responde em um longo suspiro. Era muito visível a preocupação que vinha dele, algo perceptivo até de muito longe.

--- Já organizei tudo senhor.--- Jarvis diz.--- A equipe de resgate vai trazer os corpos para o enterro. Também já estou providenciando tudo para o enterro amanhã.

Tony olha espantado para o teto, como se olhasse para o rosto de Jarvis em busca de explicações.

--- Amanhã? Está ficando louco, Jarvis? Como o enterro pode ser ainda amanhã? Como eu vou preparar o garoto para isso tão em cima  da hora?--- Tony pergunta quase rosnando de irritação e pânico.

--- Eu sinto muito senhor. Mas a equipe de resgate entrou em contado e disse que seria melhor realizar o velorio o mais rápido possível, já que as mortes aconteceram tem alguns dias e os corpos já estão entando em trabalho de decomposição. A funeraria está fazendo o máximo que consegue para conservar os corpos até amanhã, mas seria indicado que o velorio não atrasasse para não ser obrigatório o caixão fechado.

A cada palavra Tony sente como se vergalhões estivessem perfurando seu corpo. Pensar nos corpos dos tios de Peter o estava deixando enjoado, e só piorava ao saber que os corpos estavam entando em trabalho de decomposição e necessitaria a antecipação do velorio. Tony estava em pânico, toda aquela situação o estava deixando nervoso e ansioso. O que ele iria fazer com Peter? Ele tinha que receber a noticia do encontros dos corpos para ir ao enterro, droga, Tony não tinha a minima ideia de como contaria aquela noticia tão terrível ao garoto. O Stark pensou como Peter reagiria a noticia, ele não quis pensar, mas era inevitável, ele imaginou Peter chorando copiosamente e ele sem saber o que fazer, imaginou Peter dizendo que queria morrer novamente e isso o assustava ainda mais. Tony estava se sentindo sufocado.

--- Tony!Ah meu Deus, por favor respira.--- A voz de Pepper entra nos ouvidos de Tony de forma preocupada.

Tony não se deu conta que estava tão ofegante, não se deu conta de que tinha uma mão apoiada no balcão da cozinha e a outra agarrada ao peito onde seu coração batia perigosamente rápido. Ele estava se sentindo sufocado, não conseguia respirar direito e seu coração doía de tão rápido que batia. Tony sentia que todo o ar que entrava em seus pulmões não eram o suficiente para o manter vivo. Ele não sabia como fazer aquilo parar.

--- Tony, por favor se acalme. Tente respirar com calma, por favor respire com calma.--- Pepper diz com a voz calma e doce, apesar de seus olhos estarem arregalados de pânico. Ela tocava a mão de Tony onde estava agarrado ao proprio peito.--- Respire com calma, Tony.

Tony não via sentindo em respirar com calma sendo que ele fazia força para puxar o ar, que parecia não vir da forma que deveria. Mas mesmo com isso ele tenta fazer o que ela falou. Aos poucos ele foi acalmando sua respiração e seu coração parecia não bater tanto a ponto de explodir. A voz calma e doce de Pepper que o pedia para respirar também serviu como ancora para o tirar do pânico. Depois do que parecia uma eternidade, ele finalmente conseguiu respirar normalmente, mas ele não conseguiu se acalmar totalmente.

Pepper o encara com os olhos preocupados, e não era para menos, seu chefe teve uma especie de ataque de pânico bem na sua frente, ela ficou simplesmente apavorada. Tony ainda estava com a respiração pesada, mas nada comparado ao que aconteceu momentos antes.

--- Droga. O que eu faço Pepper?--- Tony pergunta com a voz meio rouca e sem folego.--- Eu realmente não sei como vou entrar naquele quarto e dizer que as coisas ainda não acabaram, que ele ainda vai ter que lidar com enterro e vai ter se despedir para sempre de seus tios no velorio. Como eu vou falar isso para um garoto de 12 anos?--- Ele pergunta com a voz derrotada.

Pepper também estava se sentindo preocupada com aquela ideia. Ela não tinha ideia do quanto Peter tinha chorado pelas mortes dos tios antes de vir, mas ela sabia que a noticia seria o suficiente para fazer voltar toda aquela tristeza. E Pepper não queria ver aquele garoto chorando.

--- Quando meus pais morrera, eu chorei muito, Pepper, muito mesmo, e eu era mais velho que ele. O que vai acontecer com ele então? Ele é mais novo, mais sensível, vai ser muito pior para ele. E eu não sei se vou conseguir dar essa noticia e ve-lo despedaçar ainda mais depois disso.--- Tony diz com uma voz cheia de preocupação e temor.

--- Tony, escuta, eu sei que deve ser muito difícil, mas em algum momento ele vai precisar saber. Você não poderia fazer o enterro e não o deixar sabendo que sua única familia já estava enterrada.--- Pepper diz tentando convencer o homem que por mais que aquilo fosse doloroso, era necessário.

Tony solta um longo suspiro enquanto encarava o teto de sua casa. Ele volta a encarar a bela mulher que estava na sua frente. Ele sabia que teria que encarar a realidade e contar tudo para Peter, mas ele também sabia que não poderia fazer aquilo sozinho.

--- Por favor, Pepper, me ajude a contar para ele. Eu não sei se consigo sozinho.--- Tony diz com a voz meio baixa.

Pepper se surpreende, ela nunca tinha visto Tony pedir ajuda em algo, que dizer, em algo que não fosse assumir o lugar dele na empresa. Mas ela sabia que o Stark tinha seu certo orgulho de achar que conseguiria fazer tudo sozinho, como se ele fosse feito de ferro. Essa era a primeira vez que Tony tirava essa armadura arrogância e se deixava ser ajudado.

--- Eu te ajudo, Tony. Eu não vou deixar você fazer isso sozinho--- A mulher responde com um fraco sorriso.

Tony sente um certo alivio em seu peito. Saber que ele não precisava encarar aquela situação sozinho era reconfortante e o ajudava a não sentir falta de ar ou pânico. Ele imaginava o quanto devia dar mais valor para aquela mulher a sua frente, que ele sabia que fazia tudo e o ajudava sempre, muitas vezes sem ele pedir. Tony imaginava que Pepper merecia ter o chão beijado onde ela pisa por ser tão incrível e maravilhosa. Ás vezes ele se perguntava se ele realmente merecia ela. mas ele também não estava disposto a te-la longe.

--- Obrigado Pepper, você é a melhor.--- Tony diz com um fraco sorriso. Na verdade ele ainda estava nervoso com a noticia.

--- Eu sei--- Pepper diz sorrindo, provocando um sorriso ainda maior de Tony.

Pepper repara depois de um tempo que sua mão ainda estava pausada sobre a de Tony, e ele também nota isso no mesmo momento que ela. Pepper logo afasta a mão de uma maneira constrangida. Tony iria dizer que ela poderia continuar tocando sua mão, e o quanto gostava de seu toque, mas ele tinha receio de a afasta-la e por isso não disse nada. 

--- Jarvis, como Peter está agora?--- Tony pergunta tentando esconder seus sentimentos em relação a Pepper.

--- Ele está dormindo, senhor. Talvez acorde daqui a uma ou duas horas.

Tony suspira fortemente, ele não sabia se foi um suspiro de alivio ou nervosismo. Ele não sabia dizer qual era o melhor, se preparar melhor e contar toda a verdade só dali a uma ou duas horas, ou contar tudo o mais rápido possível. Ele estava pensando que talvez as duas posições fossem horríveis, de uma maneira ou de outra Peter iria sofrer, mais sedo ou mais tarte.

--- Quando ele acordar, você me avisa, Jarvis.--- Tony diz em um suspiro cansado. Ele sentia como se um predio estivesse em suas costas.

--- Sim senhor.

--- Já está tudo preparado para o enterro?--- Tony pergunta sentindo as palavras pesarem em sua boca.

--- A funeraria está cuidando dos corpos e dos preparativos, os melhores caixões e flores já foram escolhidos. O local também está sendo preparado para acontecer tudo bem amanhã. Cuidei de tudo para o senhor não ter que se preocupar, senhor.

Tony suspira.

--- Obrigado amigo.--- Tony diz em um fraco sorriso.

--- Ao seu dispor.

Tony fica um pouco pensativo e vai até a sala onde se senta no sofá. Ele passar os dedos pelos cabelos de maneira frustrada e ansiosa. Ele realmente não sabia lidar com tudo aquilo, ele nunca teve que lidar com nenhuma criança, muito menos ter que lhe dar uma noticia tão terrível como o encontro dos corpos de seus únicos parentes restantes. Tony sabia que Peter já tinha passado por coisas piores lá na Tailandia, ele sabia que o garoto tinha visto os corpos de seus tios naquele chão enlameando, mas dizer que o garoto teria que presenciar tudo aquilo novamente, e dessa vez ser de fato a ultima despedida, isso era muito difícil de se fazer. Tony nica mais tinha ido em um enterro depois da morte de seus pais, esse seria o primeiro depois daquilo. Ele não achava que teria que ir a um enterro depois daquilo, ele achava que ele iria morrer antes das pessoas que conhecia, afinal, a vida dele não era a as mais saldáveis. Mas agora ele teria que ir e um e ele teria que ser forte, porque um garoto de 12 anos precisava dele nesse momento. E isso era assustador.

Tony sentiu a mulher se sentar ao seu lado no sofá. Pepper não disse nada, somente ficou ao seu lado. Apesar de ser pouco, Tony se sentiu mais calmo, apesar dos pensamentos ainda parecessem rodopiar por sua mente em uma grande espiral confusa e turbulenta.

--- Sabe o que mais me assusta em falar tudo para ele?.--- Tony pergunta olhando fixamente para a tv da sala, que estava desligada e mostrava seu reflexo.

Pepper fica em silencio durante uns segundos até finalmente responder.

--- O que?--- Ela pergunta sentindo um estranho nervosismo.

--- Que ele queira desistir de tudo novamente, que ele queira morrer novamente, e o pior, que ele realmente conseguisse isso.--- Tony diz sentindo um bolo de desespero em sua garganta.

Pepper está com a respiração pesada. E ela não sabia o que dizer.

--- Eu sei como é esse sentimento, de solidão e vazio. Você se sente sozinho, mesmo quando algumas pessoas parecem estar de seu lado. Você se sente vazio, como se ninguém ou nada pudesse preencher esse vazio. Você sente que nada vale a pena, que nada importa de verdade e que nada tem graça. Você se sente vazio por completo e deseja a morte na esperança de por um fim nisso.--- Tony diz com as palavras baixas enquanto ainda encarava a tv desligada.

Pepper sente seu coração disparar com cada palavra de Tony. Ela não consegue respirar direito e as palavras parecem presos em sua garganta. Ela nunca imaginou que Tony se sentisse assim, ela sempre o via sorrindo, brincando, fazendo piada das pessoas, sempre em festas e parecendo estar se divertindo. Mas agora ela não deixava de pensar que toda aquela aparência de felicidade e diversão, não passava de uma grande fachada para esconder a verdadeira dor em seu peito. E era desesperador para Pepper saber que ele tinha algo assim dentro de si, mas ela nunca notou, e ela se sentiu terrível por isso.

--- Mas é muito pior nesse momento, ele é apenas uma criança, não devia estar sentindo esse tipo de sentimento.--- Tony diz com a voz embargada, tentando o seu máximo para conter aquela tristeza.--- Talvez eu merecesse sentir isso, sei que não sou das melhores pessoas, mas ele é só uma criança, não merece sentir esse vazio. --- Tony diz com os olhos um pouco marejados, se contendo para as lagrimas não caírem.

--- Tony--- Pepper diz com a voz maiscalma e doce do mundo--- Ninguém merece sentir algo assim, nem Peter, nem você nem ninguém.--- Diz com um olhar firme. Ela tinha puxado o rosto dele para a encarar. As lagrimas no rosto de Tony acabaram caindo e ela as limpou rapidamente com a ponta dos dedos.--- Não pense que você merece sentir essa dor e esse vazio, porque você não merece, e você não é uma pessoa ruim. A prova disso é aquele garoto que está dormindo no quarto de hospedes e as centenas de pessoas que você está ajudando na Tailandia.

Tony absorve cada palavra doce da mulher e cada toque dela em seu rosto. Tony sentia como se ela fosse um calmante, um conforto, como se suas caricias e voz angelical acariciasse seu coração dolorido e desse um leve concerto. Ele queria muito que ela jamais se afastasse.

--- Eu sinto muito que eu não tenha notado essa sua dor durante todo esse tempo. Mas agora você pode contar comigo, eu vou te ajudar a ser forte, e nós dois vamos ajudar Peter a superar essa dor. Está bem?--- Ela pergunta com um sorriso fraco, mas com os olhos levemente marejados. Ela ainda sentia o coração doer ao imaginar Tony desejando a morte.

---Está bem--- Tony diz com a voz meio rouca de emoção

Pepper abraça Tony, fazendo sua cabeça se apoiar em seu peito. Pepper sabia muito bem que isso era o tipo de coisa que apenas uma secretaria não faria com seu chefe. Mas naquele momento, ela estava longe de ligar para isso, ela só queria acalmar o homem e o ajudar a expulsar suas preocupações e dores. Ela o amava, ela sabia disse, apenas não queria admitir, mas ela não o deixaria em uma situação como aquela, mesmo que ela soubesse que teria o risco de ter o coração partido mais tarde.

Tony estava se sentindo confortável, suas lagrimas tinham secado e ele fechava os olhos sentindo a delicada mão de Pepper acariciando seus cabelos. Céus como ele a amava, ele gostaria de a ter sempre ao seu lado, era impressionante como sua presença o fazia se sentir bem. Ele desejava ardentemente poder se inclinar um  pouco para cima e beijar aqueles lindos e doces labios, ele ainda se lembrava da sensação de toca-los quando eles se reencontraram na Tailandia, um beijo doce e macio. Mas ele temia estar abusando da situação e a Potts ficasse ofendida e se afastasse, afinal, ela estava apenas o acalmando, não era?

--- Senhor, Peter está acordado. No momento ele está mexendo um pouco no novo celular.--- Jarvis diz.

Tony olha confuso para o teto e se afasta um pouco de Pepper, que também estava um pouco confusa.

--- Mas já? Ele não dormiu quase nada--- Tony diz surpreso e um pouco preocupado.

--- Parece que o sonho dele foi agitado, ele se remexia enquanto dormia e logo acordou. Suspeito que ele possa ter tido um pesadelo.

Tony solta um longo suspiro e massageia levemente os olhos com os dedos na esperança de aliviar um pouco a frustação. Como ele contaria sobre um enterro logo após um pesadelo do garoto? Tony achava que as coisas só estavam piorando, e ele estava apavorado com o que teria por vir.

--- Nós temos que ir lá falar com ele.--- Tony diz com uma voz meio arrastada.

--- Eu sei, eu vou com você, não se preocupe tanto.--- Pepper diz com uma mão pousada em seu ombro.

--- Gostaria que fosse tão simples.--- Tony diz com um sorriso sem graça.

Os dois se levantam e andaram em direção ao quarto onde Peter estava. Mil e uma possibilidades de reações de Peter rodeavam a cabeça do Stark, e quase todas terríveis, e ele tentava ao máximo ignorar. Ele odiava que sua mente fosse tão trágica e pesimista.

Em frente a porta, Pepper a abre, o que foi bom, Tony não sabia dizer se teria sido capaz. Quando eles entraram viram Peter deitado em silencio na cama enquanto encarava a tela do novo celular. Seus dedos pequenos e magros passavam pela tela enquanto ele lia alguma noticia que estava circulando pela internet, a maioria sobre Tony Stark, o desastre na Tailandia e o garoto misterioso que veio junto com o bilionário. Peter se perguntava até quando aquelas pessoas ficariam tão interesadas em sua identidade.

Pepper bate na porta para chamar a atenção do garoto, que logo nota a presença dos dois e os olha e fecha o celular.

--- Não conseguiu dormir direito, querido?--- Pepper pergunta com um leve sorriso.

--- Acho que perdi o sono, devo ter descansado o suficiente hoje de manhã--- Peter diz com um sorriso.

O casal sabia que isso era uma mentira, Jarvis tinha dito que seu sonho foi agitado e que provavelmente tinha sido um pesadelo. Os dois não sabiam o que aquela mentira significava exatamente, se Peter estava apenas desconfortável com o sonho, ou se ele estava escondendo sua dor, e se fosse isso, que outras coisas dolorosas ele andava escondendo?

--- Querido, precisamos conversar por um momento.--- Pepper diz já sentindo a garganta se apertar.

Peter engole em seco. Ele já imaginava o que poderia ser, provavelmente os dois haviam se dado conta o quanto seria trabalhoso cuidar dele por mais tempo e estavam ali para o avisar que ele logo iria para o orfanato mais próximo. Apesar de Peter estar com o coração quase saindo pela boca, ele consegue manter a calma e apenas confirmar com a cabeça.

Pepper e Tony se aproximam, ambos sentam na ponta da cama de Peter. Eles estavam nervosos, e Peter estava preocupado. Mas mesmo assim Tony abre a boca para falar.

--- Eu... contratei uma equipe de resgate uns dias atrás para procurar por pessoas na Tailândia--- Tony diz já sentindo a garganta ficar seca pelo nervosismo.

Peter fica levemente confuso até se dar conta que eles provavelmente não estavam ali para dizer que eles iriam embora, mas ele continuou atento, ele tinha uma sensação não muito boa sobre o que iria por vir.

--- Uma das equipes de resgate encontraram os corpos de seus tios.--- Pepper diz no lugar de Tony, sabendo que o homem não conseguiria desferir essas palavras.

Peter não diz nada, só sente o ar em seus pulmões parar de entrar e o coração bater desesperadamente. Não era o que ele esperava, e sinceramente, ele não achava que era uma noticia melhor. Sim, agora ele teria como fazer o enterro de seus tios, mas esse era mais um lembrete de que eles de fato estão mortos e que nunca voltaram, mas um lembrete de que ele não teria mais nenhuma familia. Peter sentia seus olhos marejados. Por mais vergonhoso que possa parecer, lá no fundo ele tinha esperança de encontrar seus tios vivos. Ele tinha esperança de que aqueles corpos que tinha encontrado na Tailândia não eram seus tios, que ele estava tão ferido e cheio de dor que tinha confundido aqueles corpos com os de seus tios, e que na verdade eles estavam vivos em algum lugar. Mas com a revelação do encontro dos corpos servia para confirmar que pensamentos assim não passavam de uma fantasia. 

---Infelizmente o enterro não pode ser além de amanhã. Sinto muito por não ter muito tempo para você se preparar para isso.--- Tony diz sentindo as palavras pesadas em sua boca seca. Ele obviamente escondeu o motivo do enterro ter que ser tão apresado.

Peter não diz nada, apenas fica em silencio enquanto encarava a coberta azul que o cobria. Ele sentia seus olhos arderem, e não demorou muito até seus olhos transbordarem de lagrimas. Ele queria acreditar que aquelas pessoas não eram realmente seus tios e que Ben e May estavam em algum lugar, bem e seguros. Mas ele sabia que não poderia continuar alimentando aquela esperança descabida, seus tios estavam mortos, isso era um fato que não poderia ser mudado. Ele tinha que se conformar que agora ele era oficialmente um órfão sem ninguém ao seu lado. 

Mas isso doía.

Doía muito mesmo. 

Peter sentia seu peito se rasgar com ideia de que ele não tinha mais sua familia. Seus olhos não paravam de transbordar lagrimas e ele estava sentindo falta de ar, tamanho era os soluços e choros. Os soluços eram altos, dolorosos e acompanhado com muitas lagrimas. Os adultos estavam sentindo seus corações se apertarem em angustia a cada choro e soluço de Peter, que já estava com o rosto avermelhado e com a respiração pesada. 

Tony decide tomar uma atitude e abraça o garoto na esperança de trazer consolo. Apesar do abraço espantar uma parte do vazio que Peter tinha no peito, ele ainda sentia a dor, então ele não parou de chorar e soluçar. Mas Tony continuou com ele em um abraço, o rosto de Peter estava enterrado em sua camisa, provavelmente a enchendo de lagrimas, mas o bilionário não ligava. Pepper também decidiu em algum momento se aproximar mais dos dois e começou a acariciar as costas do garoto na esperança de o acalmar. Graças a camisa fina que Peter usava, ele sentia o delicado carinho em suas costas que parecia acalmar too seu corpo. Ele mal se deu conta quando parou de soluçar e passou a somente deixar as lagrimas caírem silenciosamente por seu rosto. Peter sentia seu corpo se amolecer com o bom toque em suas costas. Ele também não notou quando pegou no sono depois de poucos minutos no abraço de Tony e com as caricias de Pepper.

Os dois permaneciam da mesma maneira até uns dois ou três minutos para ter certeza que Peter estava adormecido. Pepper se afastou um pouco e Tony apoiava Peter na cama com cuidado. Os olhos estavam fechados e o rosto vermelho com muitas marcas de lagrimas, o Stark tinha medo do que aconteceria quando ele acordasse, temia acontecer coisa pior.

--- Isso foi horrível.--- Tony diz com um longo suspiro olhando o garoto deitado na cama.--- Teve horas que pensei que ele iria parar de respirar com tantos soluções de choro.

--- Poderia ter sido pior, Tony, mas não foi porque estávamos aqui para o ajudar. Se ele tiver pessoas ao seu lado, ele vai conseguir resistir a toda essa dor.--- Pepper diz tocando no ombro de Tony. Ela queria falar sobre o destino de Peter e sobre a provável adoção que o Stark queira fazer, mas ela se dava conta de que não era o melhor momento para isso.

--- Assim eu espero--- Tony diz encarando Peter dormindo. E ele esperava que o garoto acordasse bem melhor de como ele dormiu.

***

Tony e Pepper tiveram que sair do quarto. Ambos tendo que organizar últimos preparativos do velorio e o enterro. Eles infelizmente não podiam ficar ao lado de Peter durante seu despertamento, mas eles pediram a Jarvis que os chamasse quando Peter estivesse prestes a acordar. E assim foi feito.

Peter acordou sentindo uma dor na cabeça, assim que abriu os olhos ele também os sentiu doloridos. Ele demorou alguns segundos para lembrar o que tinha levado aquela dor. Peter logo sentiu a tristeza o invadir. Agora era oficial, ele estaria sozinho no mundo, isso era algo tão assustador que sua mente não queria acreditar. Ele sabia que tinha a Srta.Potts e o Sr.Stark com ele naquele momento, mas só estavam a seu lado por um determinado tempo, eles não estariam com ele pelo resto de suas vidas, assim como uma familia. Ele sabia que Tony cumpriria a promesa que fez naquele hospital na Tailandia, e por essa promesa que Peter não se permitiria morrer, ele não queria que o esforço de Tony para o livrar a morte fosse recompensado daquela maneira. Mas sabia que em algum momento Tony e Pepper iriam embora e ele ficaria sozinho, ele receberia ajuda, assim como o Stark disse, mas ele sabia que Tony Stark logo ficaria ocupado demais para dar atenção a um garoto órfão. Talvez Peter o encontrasse de vez em quando, mas ele sabia que não seria todos os dias, talvez uma vez na semana, talvez menos, ele não sabia ao certo. Peter pensava que talvez ele devesse ser grato, muitas outras crianças em orfanatos estão completamente sozinhas, e ele teria Tony Stark para o visitar e o ajudar com seu futuro, mesmo suas visitas não sendo tão frequente. Sim, ele deveria ser grato, mas isso não tirava o aperto em seu peito.

A porta do quarto é aberta e Peter vê Tony e Pepper parados nela. Ele não deixa de notar o olhar preocupado dos dois sobre ele, e isso o provoca uma sensação familiar de quando ele estava doente e de cama e seus tios foram até seu quarto com aquele mesmo olhar. Peter engoliu em seco, talvez ele esteja imaginando coisas onde não tem.

--- Querido, eu sinto muito que você tenha que lidar com algo assim nesse momento.--- Pepper diz com insegurança, ela temia muito piorar a situação com suas palavras. Os dois se aproximam de Peter quando notam que ele deixava algumas lagrimas silenciosas caírem por seu rosto.

--- E-está tudo bem--- Peter diz, mesmo sabendo que não estava.--- Eu sabia que em algum momento eu teria que encarar o enterro deles, mas eu só não esperava que fosse tão cedo.--- Peter diz deixando as lagrimas escorrerem por seu rosto, ele deixa um leve fungar com o nariz.

Tony se aproxima com relutância, mas consegue por a mão sobre a cabeça do garoto e pentear seus cabelos castanhos para trás. Isso relaxava Peter, mesmo algumas lagrimas ainda escorrendo por seu rosto. 

--- Eu só... não sei se vou conseguir encarar eles daquele jeito mais uma vez.--- Peter diz fechando os olhos com força ao imaginar o caixão com seus tios dentro.

--- Vamos estar com você, garoto. Você vai nos ter do seu lado amanhã, e vamos te ajudar a lidar com tudo isso.--- Tony diz tentando mostrar um sorriso gentil, que visivelmente precisava de pratica.

--- Obrigado.--- Peter diz com um fraco sorriso de agradecimento. Ele ainda sentia seu peito apertado, mas estava melhor sabendo que ia ter pessoas ao seu lado naquele momento, mesmo se fosse por pouco tempo.

***

Durante o resto do dia Pepper teve que cuidar dos preparativos para o enterro, incluindo seguranças para manter a segurança de Peter. Tony ficou no quarto de Peter sentado na poltrona ao lado da cama, ele não queria deixar o garoto sozinho em um momento como aquele, por varios motivos que ele não gostava de pensar. Pepper também gostaria de ter ficado, mas sabia que alguém teria que cuidar do enterro, e esse cargo ficou com ela, infelizmente, mas Tony não seria a melhor opção para algo assim. 

Tony ficou assistindo filmes com Peter por um bom tempo na tv. Filmes que em sua maioria Tony não pegava para assistir, como animações e filmes de super heróis. No inicio Peter estava relutante em escolher esse tipo de filme já que o Stark iria assistir junto com ele, mas Tony deixou claro que Peter poderia escolher o filme que quiser que ele não se incomodaria. O Stark realmente não se incomodou, ele até pode dizer que tinha gostado, apesar de não querer admitir para outras pessoas.

Peter obviamente estava triste, afinal, no dia seguinte ele tinha que encarar o enterro de seus tios, o que ele não estava pronto para ir, talvez ele nunca ficaria pronto para algo assim. Mas mesmo triste ele tentava mostrar a Tony que ele estava bem, Peter até ria um pouco em um cena engraçada do filme, e ele esperava que isso fosse o suficiente para convencer o Stark de que ele não pensaria mais em sua morte assim como na Tailandia. Na verdade, Peter não pensava mais nisso, apensar de ás vezes sentir aquela vontade de desaparecer da face da terra. Mas o garoto sabia no fundo que seus tios não gostariam de sua morte prematura. Apesar da perda da vontade de viver, Peter sabia que iria ter que encarar isso, iria ter que viver, mesmo se não quisesse naquele momento.

A sessão de filmes entre os dois teve que ter uma pausa graças a chegada da doutora que veio verificar Peter. A doutora teve que trocar os curativos do ferimento na perna de Peter, o que fez o garoto sentir certa dor, mas nada comparado com o que era antes. A medica também analisou seus batimentos cardíacos e sua pressão, que estava normal para sua idade. Depois de todo o checape e a saída da doutora, Pepper chegou no quarto. A mulher anunciou que já tinha chegado a hora do jantar e perguntou a Tony se levariam Peter até a sala de jantar ou se ele comeria no quarto.  O Stark optou por ser no quarto para não gerar muito esforço para Peter ter que sair do quarto, afinal, no dia seguinte ele já teria emoções demais.

Os três acabaram comendo no quarto. Peter se sentia mal pelos dois adultos por sempre tenso que estar ao lado dele durante todo aquele tempo. Peter não queria ir para o orfanato tão cedo, mas ele também não gostava de continuar fazendo os dois adultos terem todo aquele esforço com ele. Enquanto comia e via um filme de animação na tv, Peter pensava no enterro de seus tios, mas também pensava em como seria estar em um orfanato. Peter esperava ter sorte e ir para um lugar onde as crianças são legais e os adultos tratam bem as crianças. A ideia de ir para um orfanato ficava mais desagradável quando ele lembrava de como os filmes costumavam retratar o local, nunca de uma forma boa, Peter esperava que isso não passasse de uma ficção.

Depois que acabaram de comer, tinha chegado a hora de Pepper ir para sua propria casa. Ela iria ficar, mas o enterro seria no dia seguinte e ela não podia permanecer com aquelas roupas, e ela teria que estar lá, assim como havia prometido. Mas ela estava disposta a voltar bem cedo na manhã seguinte.

--- Eu vou indo. Amanhã bem cedo eu estou aqui. Até a manhã Peter.--- Pepper diz sorrindo e pousando um beijo no topo da cabeça de Peter, o que o deixa meio constrangido.

--- Até amanhã Srta.Potts.--- Peter diz

--- Até amanhã, Tony.--- Pepper diz e beija o topo da cabeça de Tony, quase na testa. Foi algo tão no altomatico que ela só notou que tinha feito depois de fazer.--- hmm, até amanhã.--- Diz se retirando apressadamente do local com o rosto meio vermelho.

--- A-até amanhã, Pepper.--- Tony diz também se sentindo constrangido.--- Ela bem que poderia der dado nos labios--- Diz em um murmurio quando a mulher já tinha sumido de vista. Mas Peter escutou e sorriu um pouco. Peter gostava da ideia de ver os dois juntos.

Depois de mais uma hora de um filme de super herói na tv, Tony anuncia que já estava tarde e que já era hora de Peter dormir, o que o garoto não contestou, principalmente por ele também estar se sentindo cansado. Tony achava estranho ele dizer que estava tarde e que estava na hora de dormir, sendo que em uma hora dessa ele estaria longe de ir dormir em um dia comum, mas ele sabia que tinha que dar o exemplo para o garoto.

--- Eu já estou indo para meu quarto, qualquer coisa é só chamar o Jarvis, minha IA, que ele vai me chamar. Boa noite garoto.--- Tony diz se afastando e indo em direção a porta. 

--- Boa noite, Sr.Stark.--- Peter diz com uma voz um pouco cansada e já se acomodando na cama para dormir.

Tony sorri fracamente na porta, apaga as luzes e fecha a porta. Peter fecha os olhos naquela escuridão. Ele pensava em como estava assustado com o dia seguinte, ele não sabia o que esperar, mas algo ele tinha certeza, seria muito doloroso. Peter fecha os olhos fortemente e deixa algumas lagrimas caírem no travesseiro macio. Ele gostaria de não ter que acordar no dia seguinte, mas ele sabia que isso teria que acontecer. Ele esta com medo do futuro desconhecido, mas ele não tinha outra opção além de encarar esse futuro, por mais assustador que fosse.

***

Quando Peter acordou no dia seguinte, seu cerebro logo lhe deu a informação que o enterro de seus tios seria naquele dia. Peter não fez nada, apenas ficou deitado na cama olhando para o teto. Ele sabia que a ultima vez que esteve em um enterro foi quando seus pais morreram, ele não se lembrava por já fazer bastante tempo, então ele não sabia o que esperar daquele dia.

A porta do quarto é aberta e Peter vê Tony e Pepper parados na porta. Os dois já estavam arrumados para o enterro, o que fez ele perceber que aconteceria dali a pouco tempo. Pepper estava com uma bandeja de café da manhã, que Peter não precisou pensar muito para saber que era para ele.

--- Que bom que está acordado, trouxe seu café da manhã.--- Pepper diz com um sorriso simpatico enquanto se aproximava da cama com a bandeja.

--- Obrigado--- Peter diz se sentando na cama, para a Potts logo depositar a bandeja com apoiador em seu colo.

Peter olha para a bandeja que tinha um prato de ovos com bacon, torradas e um suco de laranja. O garoto não sabia dizer se estava com apetite, mesmo a comida parecendo estar muito apetitosa, mas ele se obrigou a começar a comer, ele não queria preocupar os dois. Peter começou a levar uma garfada de ovos mexidos a boca, era uma sensação meio desconfortante os dois o observando. Mas Peter sabia o porque. era porque o velorio e o enterro seria a poucos minutos ou horas e eles não estavam confortáveis em mencionar isso para ele.

--- Peter, o velorio está marcado para começar aqui a uma hora e meia.--- Tony diz com as palavras apreensivas .

Peter não diz nada por longos segundos, ele mastiga os ovos mexidos de maneira mecânica e lenta até estar digerido o suficiente para ser engolido. Por alguma razão Peter nãosentiu gosto de nada, mesmo a aparência estando perfeita, e ele tinha certeza que o problema não era com a comida.

--- E-eu entendo.--- Peter diz com uma voz fraca. Ele não estava conseguindo encarar os dois adultos, ele tinha certeza de que cairia no choro assim que fizesse isso, por esse motivo Peter apenas encarava o prato de comida.

--- Você acha que está bem para ir?--- Pepper pergunta com uma voz preocupada.

Peter não diz nada, só confirma fracamente com a cabeça.

Peter escuta um longo suspiro quando ele volta a comer o café da manhã. Ele sabia que tinha vindo de Tony. Peter sentia muito que estivesse agindo de uma maneira grosseira, mas ele não estava entendendo as proprias atitudes e os proprios sentimentos. Ele estava sentindo raiva, tristeza, angustia e medo. E tudo isso parecia emoções demais para ele saber lidar.

Peter sente que Tony se afasta e vai até o closet. Ele vê o homem voltar com o que parecia terno preto, só que obviamente não era dele, era do tamanho de Peter. Peter sabia que o Stark tinha comprado algumas roupas para ele, ele não estaria estaria vestido se não fosse isso, mas Peter não imaginava que isso incluía um terno para o enterro.

--- Você pode se vestir depois de acabar de comer. Vai querer ajuda, eu ou Pepper podemos te ajudar a se vestir se não conseguir sozinho.--- Tony diz e Pepper confirma com suas palavras.

Peter para de mastigar a comida por um momento. Ele jamais permitiria que eles o ajudassem a se vestir, só de pensar nisso Peter já ficava envergonhado. Ele sabia que tinha 12 anos, idade suficiente para saber que já é grande demais para ter ajuda de adultos para o ajudar a se vestir. Peter sabia que ainda não estava 100% curado e que seria trabalhoso se vestir sozinho daquela maneira, mais ele preferia muito mais o esforço do que a vergonha, já bastava a vez que a enfermeira teve que o ajudar a se vestir no hospital, ele não queria que algo do tipo se repetisse.

--- Está tudo bem, eu consigo me arrumar sozinho. --- Peter diz já sendo capaz de encarar o dois.

--- Tudo bem, vamos estar lá na sala. Pode chamar Jarvis quando terminar de se arrumar que logo vamos te ajudar a sentar na cadeira para podermos ir.--- Tony diz com um tom de voz tentando ser mais simpatico.

Peter apenas confirma com a cabeça, em seguida os dois se retiram do quarto. Peter termina de comer o mais rápido que conseguia, o que não era tão rápido assim já que seus movimentos pareciam lentos, talvez por conta da tristeza que ele estava sentindo em seu peito. Depois de comer ele começa a se vestir, o que não foi nem um pouco fácil devido a seu estado, mas ele se negava a ter que precisar de ajuda de alguém para se vestir. Já vestido Peter avisou a Jarvis, que logo tratou de avisar os dois adultos, que logo entraram no quarto.

--- Que bom, você conseguiu se vestir muito bem.--- Tony diz com um fraco sorriso enquanto se aproximava da cama. Peter não correspondeu o sorriso, o que o homem pode compreender devido a ocasião.

Tony pega Peter da cama com a ajuda de Pepper e o coloca na cadeira de rodas. Peter fica em silencio enquanto eles saem do quarto, o que deixa os dois adultos apreensivos. O silencio do garoto se seguiu durante todo o percurso, na casa, no elevador e até quando eles finalmente entraram no carro. O silencio estava deixando Tony e Pepper cada vez mais aflitos e preocupados. Até quando Tony entregou o boné e os óculos para Peter, o garoto não disse nada, apenas ficou com a cabeça abaixada e os colocou.

Na entrada do local do velorio não tinha ninguém da mídia, o que deixou Tony aliviado, mas ele esperava que também fosse assim no local do enterro. Com o devido cuidado Peter foi retirado do carro e posto novamente na cadeira de rodas. Apesar de não dizer nada, Peter estava cada vez mais apreensivo conforme se aproximava do local onde provavelmente estaria seus tios dentro de caixões. A cada segundo ele sentia sua respiração ficar mais acelerada e o coração disparar. 

Pepper para e pergunta o local para uma das pessoas, que logo responde e aponta para um salão lá no fundo que parecia muito grande. Peter sentia seu coração quase sair pela boca de tanto que estava batendo conforme se aproximava, até que ele estava realmente dentro daquele salão e podia ver os dois caixões de seus tios a poucos metros, um ao lado do outro. Peter sente sua respiração parar por alguns segundos, seu coração parecia ainda mais acelerado que antes. 

---Você está pronto para ir até lá?--- Tony pergunta com um voz calma.

--- S-sim--- Peter responde, mesmo não tendo muita certeza disso.

Peter se aproxima cada vez mais dos caixões que já estavam abertos, Tony empurrava sua cadeira de rodas até ficar bem próximo dos dois caixões. Os caixões estavam um pouco mais abaixo do normal garças ao pedido de Pepper por saber que Peter teria que estar na cadeira de rodas, assim Peter podia ver sem problemas os rostos dos tios.

Peter dirige um pouco a cadeira até onde estava a brecha que separava seus tios. O garoto ficou lá por alguns segundos, olhando para sua tia em um lado, e seu tio de outro. Tio Ben estava usando terno, algo que Peter não costumava ver, Tia May estava com um vestido branco, ambos de olhos fechados e com a aparência de quem estava dormindo, se não fosse os cortes em seus rostos provocado pelo Tsunami que a maquiagem não pode esconder.

Aqueles dois pareciam seus tios, tanto que as vezes Peter chegava a pensar que eles acordariam em algum momento  e dissessem que tudo iria ficar bem e que eles logo iriam para casa, ma obviamente não foi isso que aconteceu, eles permaneceram parados, estáticos em seu lugar sem demostrar um único movimento. Eles pareciam com seus tios, mas não eram eles de fato,os verdadeiros May e Ben Parker não estavam mais naquele mundo, aquilo que estava a sua frente não passava de uma casca oca e sem alma, seus tios não estavam mais ali, mas isso não o impedia de sentir uma grande tristeza em seu peito.

Peter começou a chorar, chorar tanto que seus soluções faziam seus ombros tremerem. Pepper e Tony não sabiam o que fazer, eles sentiam seus corações despedaçarem com a visão da dor de Peter. O garoto tirou os óculos e o boné e começou a chorar mais, já que o salão era fechado e privado.

--- Eu sinto muito--- Peter diz entre soluços. Pepper estava quase chorando também.

Peter chorava muito enquanto tocava na mão de sua tia, que estava fria, bem diferente do toque caloroso que costumava ser, isso fazia Peter chorar ainda mais. Ele pedia desculpas mentalmente, na esperança de que onde quer que eles estivessem, eles o pudessem escutar. Peter toca na mão de seu tio, que estava tão fria quanto de sua tia. Peter se lembrava de como seu tio era bom com ele e como ele lhe dava bons conselhos, mesmo Peter não os pedindo.  Ele também se lembrava em como sua tia o abraçava fortemente quando ele estava triste e lhe dava um beijo caloroso em sua testa que parecia dizer para ele que tudo iria ficar bem, e como ele queria aquele beijo em sua testa novamente. Mas agora ele nunca mais teria esses momentos novamente.

--- O que vai ser de mim sem vocês?--- Peter pergunta em choro,, mesmo sabendo que não receberia resposta.

Peter sente uma mão pousar em seu ombro, o que Peter sabe ser Tony.

--- Você vai ficar bem, eu prometi isso, não prometi?--- Tony pergunta com uma voz gentil. 

De fato, Peter sabia que ele tinha prometido. Mas ele não sabia o que ficar bem significaria naquele comento. Será que Tony considerava estar em um orfanato como ficar bem?

--- Vocês tem mais um minuto até eles serem levados para o enterro.--- Um senhor na funeraria diz para eles.

Peter suspira, ele estava chorando tanto e lembrando de tanta coisa que não percebeu que já devia ter passado da hora do velorio se encerrar e começar o enterro. Peter deixa as lagrimas ainda caírem de seu rosto, essa seria definitivamente a ultima vez que ele veria os tios sem ser por fotografias, seria a ultima despedida. Como resumir tantos anos juntos em somente mais um minuto?  Peter suspira longamente até finalmente escolher as palavras corretas.

--- Obrigado por cuidarem de mim durante todo esse tempo.--- Peter diz ainda deixando as lagrimas caírem.--- Eu amo muito vocês--- Diz com as lagrimas mais intensas. 

Tony se abaixa e abraça o garoto que chorava enquanto os homens da funeraria frechavam os caixões e os levavam para a vam até o local do enterro. Peter chorava bastante no abraço de Tony, o que cortava o coração dos dois adultos, Pepper limpava os vestigios de lagrimas do canto de seus olhos.

Quando Peter finalmente consegue se recompor o suficiente Tony se afasta um pouco e limpa as lagrima no rosto do menino.

--- A gente está aqui com você, está bem?--- Tony pergunta ainda limpando as lagrimas no rosto do garoto.

Peter concorda lentamente com a cabeça. Com as lagrimaras contidas o suficiente eles se preparam para sair dali e ir até o cemitério onde seria o enterro. Na saída Tony resmunga zangado por ver que já tinha reportes e paparazzis do lado de fora. Alguém provavelmente os viu e avisou a mídia de sua presença ali. Novamente Peter teve que colocar os óculos e o boné. Ele particularmente já estava cansado disso, mas sabia que Tony estava querendo manter sua identidade o mais longe possível das pessoas, e era isso que ele tinha que fazer então.

Enquanto eles voltavam para o carro as pessoas que o cercavam foram decentes o suficiente para permanecerem uma certa distancia deles, mas mesmo assim eles tiraram fotos e gravaram sua saída. Já dentro do carro Happy foi dirigindo até o cemitério onde o carro funerario já estava indo logo a frente deles.  Eles permaneceram andando de carro por algum tempo, o carro ficou em silencio e só se escutava o choro fraco de Peter, que agora estava com a cabeça apoiada no ombro de Tony a pedido dele enquanto sua mão acariciava os cabelos castanhos do garoto, isso parecia acalmar Peter mesmo que fosse pouco. Tony estava tentando permanecer firme, mas no fundo ele estava apavorado com tudo que estava acontecendo e esperava não piorar ainda mais com sua falta de inteligencia emocional.

Eles chegaram no local do enterro. Peter foi colocado novamente na cadeira de rodas e levado onde já estava os caixões, e as covas já cavadas. Peter sentia seu estomago se revirar ao ver as covas que logo estaria preenchida com o caixão de seus tios. Isso era algo angustiante, as vezes não parecia real, parecia que ele estava em um longo e terrível sono e que logo tudo viraria fumaça e ele acordaria em sua cama no quarto de seu apartamento, mas isso obviamente não ia acontecer.

O lugar estava praticamente vazio, os dois adultos não conheciam os dois Parker para contatar outros parentes ou amigos de familia, apesar de Tony saber que provavelmente eles não teriam nenhum parente próximo, assim como Peter disse. O pastor que foi chamado pela Potts estava recitando algumas doces palavras para o consolo dos parentes, o que não estava dando muito certo com Peter, que só conseguia pensar no quanto estava se sentindo sozinho nesse momento.

Tony estava se sentindo triste por Peter, mas ao mesmo tempo ele estava se sentindo zangado por ter varios reportes ao redor do cemitério registrando todo o enterro. O Stark achava uma falta de respeito tantas pessoas estarem os seguindo como abelhas com mel enquanto estavam em um momento tão delicado como aquele.

Depois de terminar suas doces palavras e a benção sobre os falecidos, o pastor se afastou um pouco para dar espaço para os coveiros colocarem os caixões nas covas e logo começarem a por a terra sobre os caixões. Peter não se conteve e começou a chorar novamente. Tony se abaixou e o abraçou de lado, enquanto Pepper acariciava as costas do menino tentado o acalmar. Com os caixões já enterrados, só restava os três no cemitério. Peter ficou um logo tempo encarando as lapides dos tios enquanto ele chorava. Na lapide de seu tio dizia Ben Parker, esposo e tio amado. No de sua tia dizia May Parker, esposa e tia amada. Sim, eles eram amados, eram as pessoas que Peter mais amava no mundo, mas agora eles se foram. 

Demorou longos minutos até Peter estar preparado para sair do cemitério. Eles logo entraram no carro em direção a casa de Tony. Os repórteres felizmente não fizeram nenhuma pergunta durante o percurso, apesar de isso não aliviar a raiva que Tony estava tendo deles. Peter ainda chorava em silencio no carro, por mais que ele quisesse evitar e já estivesse com a cabeça doendo por causa disso.

Os repórteres também estavam do lado de fora da mansão de Tony. Eles entraram direto pela garagem e seguiram até o elevador para ir para a cobertura. Os dois adultos sabiam o quanto Peter devia estar exausto por tantos acontecimentos naquele dia, que nem ao menos tinha acabado. Eles sabiam que Peter precisaria de descanso depois de tudo aquilo.

As portas do elevador se abrem e os três entram entram no local. Tony para de empurrar a cadeira de Peter quando nota que tinha uma mulher no meio de sua sala de estar sentada em seu sofá. Tony não conhecia a mulher então logo ficou em alerta.

--- Quem é você? --- Tony pergunta com uma voz autoritária para a mulher que se levantava do sofá e ia em sua direção.--- Jarvis, como você deixou ela entrar?--- Tony pergunta aborrecido.

--- Ela revelou sua identidade e eu o comprovei com uma pesquisa. Imaginei que o senhor iria querer ouvir o que ela tem a dizer.--- Jarvis diz.

Tony suspira. Peter já estava sem os óculos e o boné e olhava meio confuso com toda situação. Pepper também parecia preocupada.

--- Perdoe minha intromissão, mas as pessoas do meu trabalho receberam a noticia que Peter Parker estava com o senhor, então me encarregaram de averiguar e resolver esse assunto.--- A mulher morena e diz com educação.

Tony olha para ela desconfiado.

--- Como soube disso?--- Tony pergunta desconfiado.

--- Já está circulando nos jornais a verdadeira identidade do garoto que veio com o senhor da Tailandia. Parece descobriram no enterro de May e Ben Parker, e quando soubemos da morte deles, me encarregaram para ver como Peter Parker estava.--- A mulher diz com delicadeza.

Tony resmunga ao se dar conta de que já haviam descoberto a identidade do garoto, tudo em tão pouco tempo. provavelmente assim que saíram do cemitério os reportes já foram verificar quem era as pessoas que Tony estava no enterro, e disso até chegar no único parente do casal que se encaixava na descrição de Peter deveria ser um pulo. Ou quem sabe alguém durante o velorio teria liberado a informação. Realmente a mídia era um bando de abutres. Tony teve todo aquele esforço em manter Peter fora dos holofotes, mas aquilo acabou não adiantando muita coisa no fim.

--- Mas você ainda não disse quem é você e onde você trabalha.--- Tony diz voltando sua atenção para aquela mulher.

--- Perdoe me por ter esquecido. Sou Helen Miller e trabalho no conselho tutelar infantil. Eu estou aqui para verificar a atual situação de Peter Parker e definir o futuro dele em um lar. --- A mulher diz em tom profissional, mas simpático.

8.300 palavras ufa 😵

Obrigada por lerem.
Comentem o que estão achando e votem💫

Desculpe por ter postado um pouco tarde. Eu estava vidrada no novo dorama True Beauty. Nunca fiquei tão confusa em um shipp😣 Os dois meninos são tão maravilhosos, fico indecisa.

Até a próxima.
Deus abençoe vocês.❤

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