Carmesim | Lésbico

By LilyMDuncan

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Maddie Bewforest é uma jovem excepcional. Ingressou à Universidade de Glasgow, Escócia, com apenas treze anos... More

Apresentação
Prólogo
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By LilyMDuncan

Novembro, 17

Eu não entraria novamente na Universidade de Glasgow, mas trabalharia para a Alquimia Roux, mais precisamente para a própria Roux em carne e osso.

Eu tomaria o posto de médica-chefe da Ala Hospitalar. Sem mais nem menos. Seria responsável por tratar dos membros da Academia Roux e, de quebra, da fundadora também. Era um cargo importante que quebrava todo o calendário anual, pois não tinha datas específicas para fazer as coisas. Por exemplo, eu já estava sendo convidada para conhecer o terreno da Mansão Roux, pois começaria dali a duas semanas a trabalhar oficialmente. Antes mesmo dos membros daquela edição serem selecionados. Eu tinha de me fixar em seu casarão, uma vez que residiria sob o mesmo teto que muitos outros funcionários.

Eu precisava me mudar de Edimburgo e acomodar-me sob o mesmo teto da minha inimiga de vida.

Eu tinha de morar com Genesis Roux.

Obrigaram-me a falar com o pessoal maluco novamente. Genevieve Welch dizia a todo instante que eles saberiam me preparar para o inevitável. Explicamos toda a situação em um fôlego único. Hunter Gorst, que ficava extasiado com tudo o que eu fazia, ainda mais do que seu pai, meu fã número um, fizera questão de comprar quinhentas roupas para que eu me apresentasse melhor. Ele queria que eu fosse uma madame, embora eu houvesse avisado que não conseguia fingir.

Mas as roupas, o carro que quebraria um galho e todos os equipamentos especiais, como notebook e celulares extras com rastreamento, haviam caído em excelente oportunidade. Sentia-me mais segura tendo noção de que eles saberiam onde eu estava em todos os segundos. Se eu acionasse o contato de emergência, eles me buscariam com um exército (ou eles me fizeram acreditar que sim, embora fosse fácil comprar algumas pessoas para trabalhos do tipo).

Consegui, inclusive, colocar Esther Fogg como minha “agente”. Bom, ela estava lá apenas para quebrar alguns pulsos e me defender se algo desse errado. Havia dito primeiramente para Genevieve vir comigo, mas ela e os demais acharam mais sensato que Fogg, que possuía treinamento para guarda-costas e afins, acompanhasse-me.

A desculpa para minha família também teve de ser convincente, porque eles esperavam que eu ficasse mais tempo na fazenda. Mas prometi que apareceria mais vezes, afinal estava ali próxima. Também passaria o Natal com eles; isso não tinha discussões. Eles não precisavam se preocupar. Bardolf, meu caçulinha, incentivara-me demais enquanto me ajudava com a última mala, mostrando que sua Madame Mermaid estava de volta. E minha sorte também?

Agora eu precisava agir com toda naturalidade possível. Genevieve estaria instalada com os Gorst, a poucos minutos da Mansão Roux, mas eu não estava feliz com aquilo. Eu ainda não confiava neles, mesmo com todos os presentes ultra caros que havia ganhado — eu não seria comprada assim. Mas a minha amiga de infância, sempre centrada e sábia, prometera que os observaria também.

Tudo havia virado de cabeça para baixo muito de repente. Eu estava me corroendo dos dedos dos pés até a minha nuca. Não pensei que aquelas coisas, tudo o que eu mais esperava, acontecesse assim. Sequer sabia que Genesis Roux precisava de uma médica para suas instalações! Se soubesse, certeza que meu currículo daria conta. E ela não me temia, senão não me colocaria dentro da sua própria casa. Ou, talvez, ela quisesse me ter como sua aliada.

Pena que eu já pensava em mil e uma maneiras de matá-la com venenos.

Ela seria tão burra assim?

Apresentei-me na portaria. Eu nem precisei entrar definitivamente para saber que o local parecia um shopping, ou até um vilarejo, de tão grande. Possivelmente não seria tão simples assim me encontrar com Roux pelos cômodos, e podia ser que eu ficasse longe de seus aposentos, mas era melhor do que nada. Se antes eu tinha muitas dúvidas, agora eu tinha muitas certezas. Tinha de aproveitá-las.

Uma mulher loira me recepcionou. Usava um vestido justo e seu olhar parecia gelo, mas ela me explicava muito bem onde ficava tais lugares importantes, como a Ala Hospitalar (após o Portão 4), meu próprio quarto, nosso estacionamento para funcionários, as cozinhas, a biblioteca... O último local me encheu os olhos, mas ainda era cedo para partir em uma investigação. Agradeci pelas informações prévias e acomodei-me no meu quarto, que mais parecia uma casa de tão grande.

As malas maiores seriam retiradas do meu carro pelos seguranças. Eu falei que podia fazer mais de uma viagem, mas eles alegaram que estavam fazendo apenas o seu trabalho. Havia entrado pelo Portão 2 para chegar naquela parte, então ficava me perguntando o que mais encontraria nas demais entradas. Contabilizei quatro portões. Roux estava em algum deles, mas sabia que me falariam em breve. Eu não queria parecer desesperada também.

Pela janela do quarto, notei que se tratava de uma residência comum, embora gigantesca. Ali fora, bem de frente à sacada, encontrava-se um campo com algumas árvores e uma estufa pousada no centro. Assim sendo, julguei ter entrado na República dos Colaboradores. Eu já havia lido sobre. No espaço, todos os funcionários conviviam e nunca houve uma polêmica em relação àquilo. Mas, talvez, os jornais tenham sido comprados também. Nunca se sabia. Ainda havia a Mansão Roux e a Alquimia Roux, cuja sede era ocupada pelos escolhidos da Universidade de Glasgow, os quais morariam durante o ano da edição.

Os outros portões podiam dar para os lugares pensados. Todo o terreno parecia mesmo um condomínio extremamente luxuoso. Mas hoje, na verdade, focaria apenas no meu quarto.

Era um aposento descomunal. As paredes eram claras, os móveis vinham na mesma tonalidade e os lençóis estavam esticados como em um comercial. Alguns tons de azuis também apareciam, enquanto a cama, parada no meio e tomando centímetros extras, dava a cor necessária ao quarto. Suas cabeceiras praticamente brilhavam e sentia-me em um conto de fadas.

Meu castelo.

Abri as cortinas cor de creme, como o sorvete de baunilha, enquanto era recebida pelo forte vento. Eu tinha uma ampla visão de outra parte da propriedade, mas não sabia ao certo o que podia encontrar do outro lado. Havia uma construção gigantesca com duas torres no encontro dos dois pontos, mas nada de interessante surgia, apenas algumas janelas bem fechadas.

Tomei um susto com a porta se abrindo de repente sem uma batida prévia. Virei meu corpo e o espanto aumentou, pois havia uma criança na entrada. O menino tinha orelhas grandes, o nariz comprido e sardas beijando suas bochechas, ao passo que seus cabelos eram platinados como de um idoso. Ela devia ter por volta da idade de Bardolf, mais ou menos sete anos, porém era mais alto do que meu irmão.

— Oi! Meu nome é Billy — ele cumprimentou.

Eu fiquei receosa de princípio, porque desconfiava de tudo e de todos ainda, mas ele era muito fofo para que eu o imaginasse sendo um pequeno espião de Roux.

— Oi, Billy. Eu sou Maddie.

— Eu sei. — Ele sorriu com seus olhos cinzentos cheios de ingenuidade.

Ele sabia?

Antes de mais perguntas, uma mulher igualmente loira entrou no quarto de supetão. Ela estava um pouco vermelha e ofegante. Suas vestes, brancas impecáveis com um jaleco bordado, só mostravam que ela trabalhava na Ala Hospitalar. Mas eu esperava, sinceramente, que o jaleco só fosse um mero enfeite. E a higiene?

— Billy! — exclamou a mulher. Pela movimentação, provavelmente o pequeno havia fugido do seu alcance. — Eu já não disse para não atrapalhar os residentes?

— É a Maddie, mamãe. — Apontou a criança, ignorando o sermão. Bom, eu também faria o mesmo.

Eu não surtaria antes da hora. Se ele, novinho assim, tinha tanto interesse no meu nome, conhecendo-me daquela forma, então os adultos haviam falado sobre mim. Eu deveria me preocupar, procurar saber mais, porém me mantive quieta. Meu sorriso seria a única coisa vista naquele dia.

Ainda era cedo.

— Maddie! — a mulher falou, um pouco alarmada. Ela passou a mão na roupa e tentou ajeitar seus fios desengonçados. Seu filho me fitava com firmeza, sorrindo de maneira muito fofa, mas já entregava a mão para ser levado. — Dra. Bewforest, muito prazer. Eu sou Anastasia Howard. Desculpe o incomodo do meu filho. Ele é muito curioso.

— Tudo bem. — Fiz um gesto displicente. Eu estava sendo simpática até demais, porém não deixaria minhas defesas caírem. Eles tinham de acreditar que eu me sentia segura. — Como sabe o meu nome?

— Ah, eu comentei que a senhorita seria minha nova chefe, e ele quis saber sobre tudo. Muito conversador — contou, tentando sorrir. Ela estava realmente envergonhada. — Muito curioso.

Chefe. E eu era mais de dez anos mais nova. Não era um grande problema depois que você se acostumava, mas a reação imediata sempre era de novidade. Sempre parecia que nunca havia acontecido, embora eu fosse mais nova em quase todos os ambientes que eu frequentava.

— Nós somos iguais, Maddie — Billy falou, cheio de entusiasmo. Eu sorri, mas não o estava entendendo. Depois de tudo, ainda me surpreendia.

— Dra. Bewforest, Billy! — corrigiu a mãe. Olhou para mim em seguida. — Desculpe por isso.

— Tudo bem. — Balancei a mão no ar com despreocupação. Eu sabia como crianças poderiam ser imprevisíveis se quisessem. — Fico feliz, Billy. Se somos iguais, então tenho que dizer para evitar bebida alcoólica. E dormir cedo, porque no dia seguinte você ficará muito cansado.

— Bons conselhos. — Anastasia Howard riu. Ela segurou a mão do pequeno na altura da sua barriga. — Dê tchau agora, Billy. E jamais tente fazer isso de novo. Você me mata de vergonha!

Eu sorri, imaginando o seu estado. Ela realmente não precisava entrar em choque. Eu não usaria o fato contra a mulher mais tarde.

— Prometo que, assim que nos virmos novamente em algum cômodo da casa,   finjo que isso não aconteceu — avisei.

Anastasia Howard suspirou. Ela me retribuía o sorriso, mas as tensões em suas bochechas me mostravam que o ato era um pouco forçado. De qualquer forma, eu não podia cobrá-la de agir normalmente. Eu era a sua chefe, e seu filho invadira o meu quarto, sem nem mesmo me conhecer.

— Tchau, Maddie! — Billy acenou.

— Dra. Bewforest! — A mulher tentou novamente, mas o menino estava mais vidrado em me olhar.

Eles não se demoraram, porém, como um incenso poderoso, a presença dos dois se manteve. Eu sentia mesmo que éramos iguais, ainda que fosse coincidência demais. Pelo menos, eu teria um amigo com quem contar lá dentro.

Meu bebê apareceu! Billy é muito anjinho mesmo. Quero muito saber o que acham dele. A coisa mais preciosa desse mundo! Eu amo crianças nas histórias ai ai...

O que estão achando de tudo? Sempre pergunto hehehe. Tô aqui, tô nas mensagens. Vou respondendo! O que precisarem, mamãe disponibiliza. Menos spoiler, claro.

Espero que tenham passado ótimos o final de semana. Até sexta-feira! Até lá, quero novidades rsrs.

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