Eu estava ajeitando meu travesseiro quando a porta do quarto abriu e Ângela apareceu. Reparei que a garota de cabelo colorido segurava um buquê de rosas, o que me fez sorrir.
- Achei que não fosse aparecer. - exclamei, sentando na cama para conversar melhor com ela.
Hoje eu tinha acordado um pouco melhor e minha cabeça não estava doendo tanto. Levando em consideração a conversa que tive com o médico ontem, eu não ia demorar para ter alta.
Isso me acalmou um pouco porque a saudade que eu sentia das minhas filhas era grande, e só fazer chamadas de vídeo não estava ajudando.
- Eu queria ter vindo ontem a tarde, mas seu noivo ficou bancando o macho Alpha falando que você estava cansada demais. - contou, me entregando as flores.
- Bruno bancando o macho Alpha? Me diga uma novidade. - falei, aproximando meu rosto das rosas para sentir o cheiro delas.
- Eu ouvi isso. - meu noivo exclamou de dentro do banheiro.
Ele estava se arrumando para ir para casa. Lá ele ficaria um pouco com nossas filhas e descansaria. Mas era por insistência minha que ele estava indo.
Ver ele o dia inteiro nessa poltrona para acompanhantes me deixou preocupada. Podia ser até confortável, mas nada comparado a nossa cama.
Ângela pegou o buquê das minhas mãos e colocou em cima da cômoda ao lado da cama.
- Você está bem? - ela perguntou, me olhando.
- Eu estou.
- Isso é verdade ou é uma resposta automática?
Sorri com suas palavras.
- É sério. Eu me sinto bem, apesar de tudo que aconteceu. - expliquei.
Ela assentiu e sentou do meu lado ficando perto.
- Beatriz está preocupada. - disse. - Eu queria ter vindo ontem por causa dela, a mesma não parava de me ligar.
- Bem a cara dela mesmo. - falei. - Eu não estou mexendo muito no meu celular, só falei com meu pai para contar do acidente. Mas daqui a pouco eu mando uma mensagem para tranquiliza-la.
- É bom mesmo, porque depois quem tem que aturar o mau humor sou eu.
- Por que eu sinto que você até gosta?
Mas antes que ela pudesse responder, Bruno saiu do banheiro e caminhou na minha direção. Ângela se afastou para nos dar privacidade.
- Vai ficar com ela? - meu noivo perguntou para minha amiga.
- Vou sim, não se preocupe. - Ângela respondeu.
Parecendo satisfeito, Bruno me olhou.
- Não vou demorar. - prometeu.
- Sei que não vai, mas tenta descansar um pouco pelo menos.
Ele segurou meu rosto me dando um rápido beijo nos lábios.
- Tudo bem. - disse, me soltando. - Qualquer coisa me liga. Eu te amo.
- Eu também te amo. - respondi.
Depois de se despedir da minha amiga, Bruno saiu do quarto fazendo Ângela voltar a sentar do meu lado.
- Sabe quando vai ter alta?
Balancei a cabeça da forma negativa.
- Não, mas estou confiante que logo. - falei, lembrando da minha conversa com o médico. - Com tudo isso esqueci de te entregar a chave da minha antiga casa.
- Não se preocupe com isso agora. - falou. - Eu posso esperar.
Ignorando ela, peguei meu celular que estava perto do travesseiro e mandei uma mensagem para o Bruno.
"Quando você voltar não esquece de trazer a chave da nossa antiga casa. Já quero entregar ela para a Ângela"
- Me fala que eu posso comer aquela gelatina? - Ângela disse, quando bloqueei meu celular.
Olhando para a cômoda, vi a gelatina de uva que a moça que passava para pegar a bandeja da comida deixou para trás.
- Claro que pode.
Levantando, Ângela pegou a gelatina. Mas quando ela foi comer, seu celular começou a tocar.
- Deve ser minha mãe. - disse, com uma careta. - Vou lá fora atender. Assim te poupo dos gritos dela.
Saindo do quarto com a gelatina, Ângela me deixou sozinha. Encostei minhas costas no travesseiro e fechei os olhos.
Estava pensando em tirar um cochilo quando ouvi o barulho da porta. Ficando curiosa, abri os olhos para saber quem era.
- Damon. - exclamei, vendo o pai do meu noivo.
Ele andou até a frente da cama e colocou suas mãos nos bolsos da sua calça social.
- Achei que o Bruno estaria aqui. - disse, quando percebeu que eu estava sozinha.
- Ele estava, mas precisou ir para casa ver as meninas e tomar um banho. - contei.
- Então está sozinha?
- Não, Ângela saiu para atender uma ligação, mas ela já volta.
Assentindo, ele deu mais alguns passos em direção a cama até que parou na minha frente.
- Como está se sentindo?
Dei de ombros.
- No momento bem.
- Isso é bom. Eu dei uma olhada nas fotos do acidente, o carro ficou irreconhecível.
Só de lembrar do dia do acidente eu sentia um frio na barriga.
Heloísa escolheu aquele momento para entrar no quarto, e reparei que a mesma também segurava um buquê de rosas.
- Uma bela mulher mandou te entregar. - a enfermeira disse, sorrindo. - Boa tarde, Damon.
- Heloísa. - ele acenou com a cabeça em forma de cumprimento.
Meu sogro se afastou e Heloísa me entregou o buquê.
- É o segundo que recebo. - falei, apontando para o que estava em cima da cômoda. - Quem era a mulher?
- Não sei, mas ela deixou um cartão. - a filha da Lúcia respondeu, também parecendo curiosa. - Mas posso dizer que ela é linda.
Pegando o cartão, li o que estava escrito querendo saber quem tinha me enviado as flores.
"Que você tenha uma boa recuperação, enfant. Pessoas como você são como luzes, mas luzes que brilham ainda mais que as estrelas."
- Foi a Sophie. - falei, reconhecendo o apelido. - A mulher que te entregou as flores é loira e tem olhos claros?
- Sim. - Heloísa respondeu.
Damon se aproximou da cama e percebi que seu cenho estava franzido.
- Posso ver? - perguntou, para o bilhete nas minhas mãos.
Entregando o bilhete, eu reparei que ele parecia tenso.
- Como disse que era o nome dela?
- Sophie. Ela foi na minha casa uma vez em um dia de tempestade.
- Bruno viu ela?
- Não, ele não estava em casa.
Me devolvendo o bilhete, Damon olhou as flores ainda incomodado.
- Bom, só vim saber como está mesmo. Se precisar de alguma coisa é só me ligar. - com essas palavras, meu sogro saiu do quarto em passos rápidos.
Encarei Heloísa ainda sem saber o que pensar. Damon sempre foi um pouco estranho, mas dessa vez tinha sido diferente.
- O que foi isso?
- Não faço ideia. Mas eu também preciso ir, tenho outros pacientes para ver.
Quando Heloísa saiu, Ângela voltou e ela não estava de bom humor.
- Minha mãe me odeia. - ela exclamou, se jogando na poltrona.
- Mães são complicadas.
Ângela então começou a desabafar e por mais que minha atenção estivesse nela, eu não parei de pensar na reação estranha que o Damon teve quando leu o bilhete.
Desculpa pela demora. Andei um pouco ocupada. Aqui está mais um capítulo e prometo não demorar tanto para voltar.
Até a próxima.