Uma Nova Oportunidade

By nywphadora

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[Tradução de "Una Nueva Oportunidad"] A segunda guerra bruxa terminou, mas levou muitas vidas, entre elas a d... More

Prólogo
Conversa com Dumbledore, e o primeiro jantar
Começando com a atuação
Entre verdades e lembranças
Rubores à vista e "O que significa isso?"
Um descuido muda um pouco as coisas
Muitas perguntas para nenhuma resposta
Passo a passo
Momentos especiais
Muita paz é pedir muito
Lembranças e mal entendidos
Retrocesso
Verdades
Uma história a contar - parte 1
Uma história a contar - parte 2
Uma noite com imprevistos
Ao estilo maroto
Suspeitas e planos
Traições que doem
O peso das palavras
Aproximações
A última horcrux
Isso não é um adeus
Epílogo
Prévia

O caminho escolhido

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By nywphadora

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a JK Rowling. Esta fanfic é uma tradução autorizada de "Una Nueva Oportunidad" postada em 2014 no Potterfics por leona19.

O caminho escolhido.

O sábado seguinte chegou rapidamente para o gosto de alguns. James, Remus e Sirius estavam nervosos, ansiosos e assustados igualmente. Era o dia combinado para descobrir de uma vez por todas o caminho escolhido por Peter.

Lixo: essa foi a palavra que mais rondava sua cabeça. Tudo isso era o mais completo e absoluto lixo, o mais aterrorizante... E o pior que ele jamais teria imaginado nem em seus piores pesadelos para seu futuro próximo. E mesmo que custasse e não quisesse admitir, tinha medo, o medo mais puro e real que poderia sentir nunca.

Os pensamentos revoltos em seu cérebro se voltaram novamente para Peter: Peter e sua traição... Peter e o futuro desastroso que tinha escolhido, condenando assim seus amigos a horrores inimagináveis. Sirius preso injustamente por 12 anos em Azkaban... Remus sozinho, deprimido... Perdido sem sua alcateia. E Lily... Lily e ele mortos nas mãos de Lord Voldemort. Harry cresceu como órfão, solitário, desprezado... Longe de sua família, longe das pessoas que o amavam.

Esses pensamentos faziam com que a bile subisse por sua garganta, que suas mãos quisesse arrancar pedaço por pedaço a vida de seu ex-amigo, mas principalmente o fazia se sentir doente por pensar tais coisas.

Sabia que não era um assassino. E sem dúvidas o que mais doía era perceber que nunca poderia ser. Pelo menos não com Peter, não com a pessoa que ele tinha acreditado conhecer durante sete anos.

E além do mais, sua parte racional, que estranhamente tinha a voz de Remus, lhe dizia que independentemente do que Harry e Tonks lhe contaram sobre a traição de Peter, naquele momento ele ainda não tinha feito nada. Era parte de seu futuro, um futuro que tinha sido destruído, grande parte por sua causa.

James suspirou e virou-se de lado, apoiando o rosto na palma da mão, seu olhar ainda perdido.

A semana não tinha sido boa.

Pensando nisso, bufou ironicamente, já que era um eufemismo. Tinha sido de longe a pior semana de sua vida desde o dia que escutou acidentalmente a conversa de Sirius, Harry e Tonks.

Tinha passado a maior parte do tempo cuidando dos detalhes minuciosos do plano, ao mesmo tempo que os viajantes do tempo tinham contado o que aconteceu durante os anos de Harry em Hogwarts, além de descobrir sobre a família que seu filho tinha crescido.

E nada disso tinha sido bom.

Na noite anterior, tinham terminado de contar sobre a Batalha... As mortes... A destruição de suas vidas, literalmente.

Uma das coisas que mais os afetou foi saber que em 1998, nenhum dos marotos estava vivo.

Essa revelação foi chocante, monstruosa e incrivelmente dolorosa. Talvez seria pelo fato de que tudo isso parecia tão próximo, tão real, que tinha sido difícil demais para assimilar. Pelo menos, para Lily, Remus e ele.

O que melhor tinha levado a notícia de sua morte, talvez, tinha sido Sirius, e James pensou que era porque ele já sabia. Com Remus, foi tudo diferente, e inclusive a história era pior porque ele não apenas tinha partido, como deixou para trás esposa e filho. E isso doeu tanto quanto quando descobriu que Harry não os conheceu... que Harry tinha crescido sem eles.

Não era justo. Nada disso era. E ter esse pensamento não o fazia se sentir melhor.

Remus, seu corajoso e grande amigo, aquele amigo de ouro que sempre estava ali não importando as circunstâncias, aquele amigo que tinha sofrido o inexplicável durante a vida, aquele amigo que era bondoso, doce, gentil, amável, leal, e mais forte do que qualquer pessoa que James já tinha conhecido. Aquele amigo que tinha ficado completo e absolutamente solitário durante mais de uma década, pensando que não tinha pelo quê lutar, nada pelo que viver.

Teve que conviver 12 anos longe de Harry, sem poder ter contato com ele, longe da sua única ligação com Lily e ele. Então, teve a chance de conhecê-lo, a sorte voltou ao seu favor, recuperando a amizade de Sirius... para perdê-la definitivamente 2 anos depois.

Isso, segundo Tonks, o levou à beira do precipício de novo, e tomando a decisão de não sofrer mais, afastou-se de tudo que importava na vida: ela e Harry, de certa forma também. Graças a Merlin e a todos os santos, tinha recuperado os sentidos e aceitado que amava a Tonks, dando-lhe uma oportunidade para o amor.

Um casamento... um amor que deu seus frutos... e de novo as malditas dúvidas voltaram. E sem dúvidas, Remus fez algo estúpido, a cois amais estúpida que podia ter feito em toda a sua vida: abandonar sua esposa grávida. Abandoná-la "para seu próprio bem".

E (de novo) graças a Merlin, Harry esteve naquele momento, representando James, Sirius e Lily para dar uma merecida bronca. Remus precisava dele mais do que nunca na vida. Considerando o que seu sobrinho disse, Aluado tinha sido suficientemente inteligente para voltar para sua esposa e ver seu filho nascer, vivendo assim os meses mais felizes de toda a sua vida.

Mas a maldita guerra levou essa felicidade como uma onda gigante, arrastando tudo o que podia ser bom consigo. E o dia da Batalha Final chegou, e Remus foi a Hogwarts para lutar por um futuro melhor para Teddy.

E lutou, deu o melhor de si.

E Bellatrix se encarregou de deixar claro que nem tudo pode ser bom.

Remus enfrentou-a para tentar proteger sua esposa, sabendo que a odiava, que faria qualquer coisa para machucá-la e que não hesitaria em matá-la, e isso não era algo que podia permitir.

Preferia morrer do que deixá-la morrer.

E essa parte foi sem sombra de dúvidas a pior que tiveram que escutar, e não tinha sido nada fácil para Tonks contar, já que tinha sido tão recente para ela, e cada pedaço da dor continuava cravada em sua alma como no primeiro dia.

E talvez uma das coisas mais chocantes era se dar conta de que, assim como Harry se culpava pela morte de Sirius, ela se culpava pela de Remus.

James voltou a suspirar, olhando para a cama vazia de seu amigo. Percebeu que Remus não estava ali, e supôs que já estava se vestindo para começar mais um dia. Podia ouvir os roncos de Sirius, assim como a respiração de Harry.

Harry. Isso fez o seu coração apertar dolorosamente.

Seu filho também perdeu muito naquela noite. Remus, o único laço direto com Lily e ele, sua melhor amiga, sua namorada, outros de seus amigos próximos.

A vida não era justa.

Maldita guerra, maldito destino, e maldito Voldemort. Ele e só ele tinha a culpa de tudo o que ia acontecer, e não entendia como podia existir tanta maldade no mundo.

Foi tirado de seus pensamentos pelo som da porta do banheiro abrindo.

Virou-se para olhar para Remus, que saía do banho com o cabelo molhado, completamente arrumado para o dia. As grandes olheiras embaixo de seus olhos diziam que, assim como ele, não teve uma boa noite.

— Bom dia — tentou sorrir, mas acabou saindo como uma careta.

— Bom dia, James. Está péssimo — disse sem rodeios.

— Nossa, obrigado, amigo — respondeu ironicamente — Você não está muito melhor.

Remus revirou os olhos enquanto se penteava.

— Não — admitiu depois de um longo silêncio — Ainda não consigo tirar essa história da minha cabeça.

— Não é o único — respondeu James, levantando-se e espreguiçando-se.

— Não posso acreditar no quão idiota eu fui e no que fiz...

— Às vezes, o medo nos leva a fazer coisas idiotas — foi a observação dele.

— Me irrita que tenho agido de uma forma tão... covarde — ele abaixou o olhar.

— Olha para mim — exigiu James com a voz autoritária — Você não é covarde — destacou cada sílaba para provar o seu ponto.

Remus bufou, discordando, mas não disse nada.

— Só tomou uma decisão ruim no começo, mas pôde consertar as coisas — continuou James, em um tom de voz baixo — Você escolheu o seu caminho, estava junto da sua esposa e filho.

Mas parecia que Remus só tinha escutado a primeira parte do discurso.

— Decisão ruim? — repetiu, incrédulo — Foi a coisa mais vil e baixa que eu pude fazer em toda a minha vida.

— Mas você percebeu e pôde se redimir. É o que deveria importar — tentou acalmar seu amigo — Além do mais, ela te perdoou — acrescentou.

O lobisomem assentiu, sentindo-se estranhamente reconfortado.

Não tinha sido bom saber os erros que seu eu futuro cometeu, mesmo que para ele fosse revelador perceber que Tonks tinha sido capaz de perdoar suas idiotices, e perceber que apesar de tudo o que fez e disse, ela ainda o amava com os seus defeitos e qualidades.

Saber que poderia ser feliz sendo um lobisomem, e que uma mulher jovem e linda tinha se apaixonado por ele, mesmo que tivessem 13 anos de diferença, ser consciente de que tinha lhe dado a maravilhosa possibilidade de ser pai era o que tinha acalmado seu coração por completo.

E então Remus entendeu com um sobressalto que independente do que acontecesse, apesar do futuro mudar, ele amaria Nymphadora Tonks sem importar as circunstâncias.

— Mas a parte boa disso tudo é incrível — disse James, o início de um sorriso marcado no rosto — Digo, Harry e Lily no meu caso, Teddy e Tonks no seu.

Remus assentiu, apoiando sua mão no ombro do amigo.

Ambos suspiraram, perdidos em seus próprios pensamentos.

— Eu vou descer — disse Remus, depois de um tempo em silêncio.

Pegou um livro e uma barra de chocolate do seu baú.

— Está bem. Só vou acordar os garotos e nos vemos lá embaixo.

— Boa sorte com isso — respondeu o castanho, antes de fechar a porta atrás de si.

Estava concentrado na leitura de seu livro, e por isso não percebeu a presença de Tonks até que o sofá ao seu lado desceu um pouco, assim que ela se sentou. Respirou fundo e sentiu o seu perfume invadir as suas fossas nasais, acalmando um pouco sua ansiedade.

— Oi — ela disse quase em um sussurro, se inclinando para beijá-lo na bochecha.

— Bom dia — respondeu, olhando-a de soslaio, enquanto fechava o livro.

— Dormiu bem? — a pergunta saiu de seus lábios antes que pudesse se deter.

— Na verdade, não — suspirou — Podemos conversar? — perguntou depois de um tempo em silêncio.

Ela o olhou com curiosidade por um instante e então concordou.

Remus levantou-se, estendendo a mão e guiando-a até a entrada da Torre.

— Vamos para um lugar mais reservado — explicou diante de sua expressão confusa.

Ela apenas assentiu, seguindo-o.

Acomodaram-se em um silêncio um pouco incômodo, pensativos. Ele ia contemplando o que diria, enquanto que ela pensava nas probabilidades do que ele queria falar. O conhecia muito, o que estava o incomodando tanto?

Continuaram com esse silêncio até chegar à Sala Precisa. Uma vez lá dentro, acomodaram-se em uma cadeira. Na realidade, foi Tonks quem sentou-se. Remus passeava sem parar diante dela, passando uma mão pelo cabelo de segundo em segundo.

Começou a sentir-se enjoada com a movimentação e reconheceu os sinais de conflitos nos gestos dele, os viu muitas vezes no seu tempo. Remus queria dizer algo que estava incomodando, mas não sabia como dizer o que sentia.

— O que houve, Remus? — perguntou em voz baixa.

Ele se deteve, surpreso, como se tivesse se esquecido de que ela estava lá. Olhou-a diretamente nos olhos, e ela pôde ver as emoções que se dispersaram através de seus olhos normalmente tranquilos: vergonha, confusão, medo e arrependimento.

Surpreendeu-se quando ele a puxou para um abraço apertado.

— Me desculpe — murmurou em seu cabelo, com a voz quebrada, e pôde sentir como as lágrimas escorriam de seus olhos verdes.

Seu coração apertou-se dolorosamente ao vê-lo desse jeito, mas conseguia entender sua angústia.

— Remus — sussurrou, apertando mais o abraço, acariciando suas costas e cabelo.

— Me desculpe, Dora — voltou a repetir, sem soltá-la.

— Shh. Não tem o que perdoar, está tudo bem.

— Não é verdade — ele afastou-se dela, olhando-a nos olhos de novo — Eu falhei contigo, falhei com vocês dois — desviou o olhar.

— Remus — ela o chamou firme, enquanto estendia a mão até seu rosto para obrigá-lo a olhá-la — Não falhou, nem comigo, nem com Teddy. Estava com medo... Pensou que era o melhor para nós, e mesmo que tenha doído, eu entendo — foi interrompida.

— Como faz isso? — perguntou com a voz embargada.

— Faço o quê?

— Isso. Me entender, saber o que dizer... Como consegue me amar depois do que eu fiz? — pôde ver o remorso que sentia.

Ela o puxou para o sofá e apertou-se contra ele, rodeando seu pescoço com seu braço.

— Escuta, Remus — pediu — A primeira coisa que quero que pense é que eu te amo, e muito.

Ele deu um pequeno sorriso, que não chegou aos olhos.

— A segunda coisa — continuou antes que fosse interrompida de novo — é que eu sei que é difícil. E que nada disso é justo, mas foi assim que aconteceu. E, Remus, eu não me arrependo. Não me arrependo nem um pouco de te amar, nem de me casar contigo, e muito menos do Teddy — finalizou, olhando-o nos olhos para que visse que estava sendo sincera.

Os olhos de Remus refletiram diferentes emoções, mas manteve-se em silêncio para que ela continuasse falando.

— Ninguém é perfeito. Todos temos qualidades e defeitos, e você não é exceção da regra. Mas sabe? Foi isso que me fez me apaixonar por ti. Em todo o tempo que te conheci, nunca me escondeu os seus defeitos, sempre foi consciente do que podia dar ou não. Eu não estava atrás de um homem perfeito, eu só queria amor, compreensão, amizade, alguém que me quisesse pelo que sou, e não pelo que poderia chegar a ser.

Algumas lágrimas caíram por seus olhos, mas ela não fez nada para interrompê-las.

Remus abriu a boca e voltou a fechá-la, já que não saiu nenhum som. Em vez disso, moveu sua mão até seu rosto, limpando as próprias lágrimas.

— Foi muito difícil admitir meus sentimentos — ela continuou falando, e Remus teve a sensação de que ela nunca comentou sobre isso, nem mesmo com o seu eu futuro — E me assustava muito tudo isso... Eu nunca... prometi que nunca me apaixonaria, que não deixaria que meu coração fosse partido de novo.

Remus levantou o olhar, e percebeu que ela parecia longe dali, em alguma lembrança do passado que não era boa.

Tonks respirou fundo e então continuou.

— Sabe o que é ser um metamorfomago, Remus?

— Sim, embora não sejam comuns — foi sua resposta.

Não entendia onde ela queria chegar, mas não interrompeu.

— Ser metamorfomago é uma habilidade, mas também tem suas desvantagens. Tive muitos problemas na época de escola. Os primeiros 5 anos foram cheios de insultos ao meu cabelo, sempre me chamavam de esquisita por causa da minha aparência, e não posso esquecer do quão desastrada eu era. Os deboches, os sussurros, os insultos, os olhares de nojo eram parte do meu dia a dia. Mas quando os hormônios dos garotos começaram a aparecer, os olhares mudaram. Perceberam que podiam me usar como... o seu brinquedo sexual. Imagine só! Poder fazer com que eu me transformasse em uma modelo perfeita de capa de revista!

Os olhos de Remus se estreitaram, e Aluado se agitou no seu interior.

Queria... Não, não era queria, precisava protegê-la... Precisava machucar quem a fez sofrer.

Respirou fundo para se controlar, concentrando-se de novo na mulher ao seu lado.

— Começaram a se aproximar de mim, a me procurar... Mas não era Nymphadora Tonks que eles queriam, era a minha capacidade de me transformar. Tinha um garoto que eu gostava, ele tomou vantagem disso. Me fez sua namorada para descobrir que não gostava do meu cabelo colorido, nem da minha forma de me vestir, ou minha personalidade. Me usou, e eu não queria perceber isso. Pensava que era lógico, e mudei por ele. Cedi aos seus pedidos, às suas exigências sem protestar, cumprindo tudo o que me pedia, mesmo que soubesse que era errado. Quando percebi o que estava acontecendo, já era tarde, e eu já estava péssima.

Remus a abraçou para tê-la mais perto. Como alguém podia fazer isso com ela? A mais doce e linda mulher que ele conheceu em sua vida.

— E isso me trouxe inseguranças — continuou, era como se não pudesse parar, como se precisasse tirar isso tudo do seu coração e da sua mente — Foi doloroso, muito, e eu prometi que não deixaria que ninguém me usasse de novo, nunca mais. Atrás da minha personalidade alegre e divertida, mantive o amor bem longe, me concentrando na minha carreira como auror, em qualquer coisa, deixando isso completamente de lado.

Estava hipnotizado, escutando com atenção o que ela dizia.

— E então eu te conheci. Acho que desde a primeira vez que te vi na reunião da Ordem, senti algo de diferente em mim. Não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que era diferente, único, que podia confiar a minha vida a você. Começamos a nos conhecer aos poucos e se tornou uma parte importante da minha vida em poucos meses. E por mais que tentei me convencer de que éramos só amigos, de que não tinha nenhum tipo de sentimento além da amizade, eu não pude ignorar que, em silêncio, destruiu todas as minhas barreiras. Não sabe o quanto isso me assustou — admitiu — Não sabe como me senti quando percebi o que estava acontecendo, quando percebi que me apaixonei por você.

Ficou em silêncio, escolhendo o que diria a seguir.

Queria que Remus entendesse exatamente o porquê tinha se apaixonado por ele.

— Fez a diferença, Remus — sussurrou — Você conseguiu chegar ao meu coração, conseguiu que abrisse meu coração sem nem pensar, que deixasse de lado todo o meu passado, e que me apaixonasse por você. Com suas virtudes e defeitos, com tudo o que poderia significar, mesmo as suas inseguranças. Mas sem dúvidas, o que mais me cativou em você foi sua capacidade de ver as pessoas pelo que realmente são. Não viu a jovem desastrada do cabelo colorido, viu além das minhas roupas esquisitas, as minhas palhaçadas e loucuras. Sempre acreditou em mim, mesmo que eu mesma duvidasse, às vezes. Devolveu minha confiança, me fez acreditar em mim mesma e no amor. Entendeu agora o porquê eu te amo, Remus?

Isso calou fundo no coração do castanho, que apenas a abraçou. Queria senti-la perto, seu perfume, seu cabelo...

— Eu sinto muito pelo que aconteceu. Não merecia isso, esse idiota não tem ideia da mulher que perdeu — ele disse, depois de alguns minutos em silêncio, ainda abraçados — Mas ainda bem que fez isso, por mais que isso soe super egoísta — confessou avergonhado.

E inexplicavelmente, Tonks começou a rir.

— Do que está rindo? — perguntou, afastando-se dela para olhá-la.

— Me desculpe... Foi a mesma coisa que me disse quando te contei no futuro — confessou, conectando seu olhar de novo com o dele — Tinha o mesmo olhar — acrescentou, esticando sua mão para acariciar sua bochecha.

— Que olhar? — retrucou.

— Protetor, carinhoso.

Ele corou.

— Obrigado — murmurou depois de um tempo.

— Por quê?

— Por abrir o seu coração, por me contar essas coisas — respondeu, beijando sua mão e então a sua bochecha.

— Eu confio em você, e quero que entenda o porquê eu te amo.

Remus suspirou, voltando a abraçá-la.

— Eu também te amo, Dora. Espero que saiba disso — sussurrou com seus lábios roçando sua bochecha novamente — E sei que, no fundo do meu ser, aconteça o que acontecer, meu coração será sempre o seu.

Então virou o rosto para beijá-la.

Foi um beijo suave, doce, que tentou transmitir o amor que sentia. Tonks retribuiu o beijo com a mesma intensidade. Rompeu o beijo lentamente, e apoiou sua testa contra a dela.

— É linda, Nymphadora Tonks, e amo o seu cabelo rosa, azul, verde, vermelho, roxo, de qualquer cor que quiser usar, porque essa é a sua forma de ser — acrescentou, abaixando a cabeça para beijá-la de novo — Além do mais — acrescentou, depois de se afastar, beija muito bem. E é minha Nymphadora. Nunca se esqueça disso.

— Não me chame de Nymphadora — foi um protesto débil.

Entre beijos, respondeu:

— Não entendo... porque... se seu... nome... é... tão lindo... quanto... você...

Depois de alguns minutos, que dedicaram a sentir os lábios do outro.

— Deveríamos ir comer.

— Estou bem aqui — suspirou com um beicinho que o fez sorrir.

— Eu também, amor, mas os garotos devem estar nos procurando — respondeu, enquanto pressionou a boca em seu cabelo.

Tonks murmurou algo que soou como "metidos intrometidos", o que o fez gargalhar, e foram até o Salão Principal, sentindo que uma barreira invisível tinha se desfeito entre eles.

O plano estava em andamento.

No quarto do sétimo ano da Gryffindor, sete garotos estavam sentados no chão, comendo e bebendo. Principalmente bebendo.

— Quer mais whiskey, Rabicho? — ofereceu James com um sorriso.

O garoto assentiu.

— É minha vez — exclamou Lily, cambaleando até a garrafa.

—Ei, Lils, por que tem duas de você? — perguntou Remus, arrastando as palavras.

Uma gargalhada escapou de Harry, Tonks, James e Sirius.

— Porque está bêbado, Aluado — pôde dizer James, depois de tomar ar.

— Isso não é verdade — resmungou irritado.

Lily voltou ao lado de James para se sentar com as bochechas coradas pelo álcool.

— Isso está ótimo! — exclamou Peter, bebendo o copo que Lily estendeu para ele.

— Que bom que gostou, amigo — pronunciou Sirius, e só Harry pôde ver sua expressão de satisfação.

— Remi! Me dá meu copo? — pediu uma Tonks já bêbada.

— Foi mal, não tenho mais — foi sua resposta, enquanto apoiava-se pesadamente sobre Almofadinhas para manter o equilíbrio.

— Ei! — ele reclamou — Por que ela pode te chamar de Remi? E eu não sou uma mesa para você se apoiar! — protestou, tropeçando nas palavras.

— Que cruel, Almofadinhas. Aluado só gosta de você um pouco — se meteu James com a cabeça pendendo sobre o ombro de sua namorada, que apoiava sua cabeça na dele com um copo na mão e uma garrafa na outra.

Harry se esticou, tirando o whiskey da mão de sua mãe, e ganhando um protesto.

— Tenho uma ideia! — exclamou Tonks, cantarolando.

— Isso é horrível! — gritou Harry, dramático — Que ideia? — completou, curioso, enquanto servia bebida em seu copo.

— Vamos jogar algum jogo!

— Que jogo? — resmungou Remus, puxando-a para beijá-la.

— Ei! Ainda estamos aqui! — reclamou Sirius, quando viu que não se soltavam.

— Se não gosta, não olha — respondeu antes que Tonks atraísse sua atenção de novo.

— Que jogo é esse? — perguntou Peter quando se afastaram.

— Eu nunca!

James, Sirius e Peter ficaram com cara de paisagem, mas Harry, Lily e Remus se animaram.

— Grande ideia! — declarou a ruiva — E o melhor é que eu tenho Veritaserum para deixar tudo mais emocionante.

— Genial! — Harry tentou se levantar, mas caiu no chão no processo, recebendo algumas gargalhadas.

— Tudo certo? — perguntou James quando se acalmou.

— Sim, sim — ele fez um gesto de desdém com a mão.

— E deveríamos contar como foi a experiência. Tipo, se a Lily diz "eu nunca comi muito chocolate", e ela tomar um gole, vai ter que contar como foi.

Todos concordaram.

— Vou buscar a poção — disse Lily.

— E por que não convoca? — sugeriu Sirius, claramente instável.

— Nossa! Que surpresa! O pulguento sabe pensar! — cantarolou.

A ruiva seguiu o seu conselho, enquanto escutavam-se mais risadas.

— Vamos começar! — exclamou Tonks, assim que elas se encarregaram de configurar o jogo — Quem vai primeiro?

— Eu! — exclamou James, escandalosamente.

— Tá, vai — suspirou Lily.

— Eu nunca, nunca... Bebi álcool até ficar sem sentidos!

Absolutamente todos beberam seus copos.

— Lily? — perguntou James, curioso.

— Deve ter sido aquela noite ano passado com Marlene, Mary e Alice! Aquela que disse que gostava do James desde o terceiro ano! — lembrou-se Remus, rindo.

— Escutaram isso? — ela perguntou envergonhada.

— Tudinho — cantarolou Sirius.

Ficou totalmente vermelha e concordou.

— Sua vez, Sirius — disse Tonks.

— Eu nunca, nunca, tive fantasias sexuais com alguém que estivesse nessa festa — disse com um sorriso malicioso.

Remus, James e Tonks gemeram audivelmente, enquanto começavam a ficar em um tom vermelho bastante potente.

— Pervertido — murmurou Lily, completamente corada até as orelhas.

James, Lily, Remus, Tonks e Peter tomaram um gole.

— Uau! — exclamou Sirius ainda com um sorriso.

Harry apontou para Peter.

— Com quem? — perguntou, tentando manter o nojo e a raiva fora de sua voz.

O garoto fez uma careta e tentou não responder, mas a poção fez o seu trabalho.

— Com a Amy — admitiu depois de tentar lutar.

Lily empalideceu, James estreitou seus olhos, Sirius o olhou furioso, Harry rosnou, Tonks estremeceu notavelmente, e Remus apertou possessivamente o braço que tinha em sua cintura, rosnando desde o fundo de sua garganta.

— Gosta da Amy? — perguntou Sirius, assim que conseguiu se controlar.

Peter o olhou com os olhos arregalados, e então desviou o olhar para a metamorfomaga.

— Eu a desejo — disse sem pudor.

A mulher voltou a estremecer. Não estava preparada para essa revelação, e não gostava nada do fato de que o traidor a olhasse como se fosse um objeto sexual, não gostava que ele a olhasse de jeito algum.

— Não vai se aproximar de você — sussurrou Remus em seu ouvido, tentando acalmá-la.

— Vamos, Matt, sei que é a sua prima, mas não vai me negar que é muito atraente. E além do mais, sabe todas as fantasias que poderia cumprir com uma metamorfomaga?

Isso foi demais para Remus.

— É da minha namorada que você está falando! — rosnou — E caso não tenha percebido, estamos aqui!

— Você fica sensual quando está irritado — Tonks tentou brincar, antes de puxá-lo para um beijo.

James, Sirius e Harry sorriram maliciosamente quando Peter afastou o olhar do casal que continuava se beijando, alheios à situação.

Harry pigarreou, conseguindo que se soltassem.

— Obrigado pela atenção. E Lupin, não esquece que é a minha prima que está beijando.

Tonks deu de ombros, mostrando que não se importava, e puxou Remus para outro beijo, apenas para provar seu ponto.

Não ajudou que James e Lily estavam na mesma situação.

— Não comam na frente dos pobres! — exclamou Sirius.

— Se está tão incomodado, por que não vai atrás da Marlene? — retrucou Remus, separando-se um momento de Tonks.

O moreno corou profundamente e resmungou algo como "acho que vou te escutar".

Alguns beijos depois, os casais estavam prontos para continuar.

— Minha vez! — declarou Lily — Eu nunca traí um amigo!

Peter voltou a tomar, assim como Sirius.

Viraram-se para o moreno.

— Traí Aluado quanto levei Snape ao Salgueiro Lutador — resmungou com notável vergonha.

Todos concordaram, sabendo ao que se referia.

Decidiram continuar o jogo, sem perguntar ao outro.

Era a vez de Harry, e a continuação do plano.

— Eu nunca concordei com as ideias de Voldemort!

Instintivamente, Peter estremeceu e exclamou:

— Não diga seu nome!

Em seguida, sem poder fazer nada, tomou um gole do seu copo, sem perceber o que Remus, com uma rapidez incrível, tinha deslizado na bebida.

Um silêncio atônito seguiu as ações de Peter.

O resto dos marotos se pôs sob controle com impressionante habilidade, e foi Sirius que começou a falar.

— Acredita em todas as ideias de supremacia de sangue que Voldemort propaga?

O garoto voltou a estremecer e tentou não responder.

— Sim, acredito.

Foi a vez de James.

— Acha que trouxas são inferiores aos bruxos?

— São escória que merecem ser pisados por nossos sapatos! — declarou energicamente.

Os olhares de dor, incredulidade, traição e repulsa cruzaram os olhos de James, Sirius, Remus e Lily, enquanto Harry e Tonks olharam com expressões frias.

Era a vez de Remus perguntar.

— Acha que filhos de trouxas não deveriam ter magia?

— É claro! São só uns sangues ruins.

Só o firme controle de Lily sobre James fez com que ele não pulasse no pescoço ou amaldiçoasse o seu ex-amigo.

— Se uniria aos Comensais da Morte?

O quarto ficou em um tenso silêncio à espera do que Peter diria.

— Não — começou, e por um segundo respiraram de alívio, até ele continuar — Eu já tenho a marca.

Antes que pudessem reagir, um feitiço atordoante não-verbal disparou da varinha escondida de Tonks, deixando Peter fora de combate.

O choque e a realidade se precipitaram sobre James, Remus e Sirius. Se tinham tido esperanças de salvar seu amigo, foram por água abaixo após essa confissão.

Lily abraçou James, enquanto Tonks pôs um braço reconfortante nos ombros de Remus e Sirius.

Enquanto os marotos retomavam o controle de suas emoções, Harry aproximou-se da figura desacordada de Peter. Levantando a manga esquerda, pôde ver claramente a tatuagem de serpente em seu braço.

— Aqui está — murmurou.

Um ofego horrorizado de Lily, uma inalação brusca de James, Sirius e Remus, e um suave juramento de Tonks lhes fez entender que os outros também tinham visto.

E foi nesse momento que os marotos enfim entenderam a verdade. Essa marca não deixava espaço para dúvidas.

Não tinham escolha além de admitir que Peter Pettigrew, seu amigo durante 7 anos, tinha escolhido seu caminho.

Um caminho que não tinha volta.

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