WILDFLOWER - taekook

By fixtaekook

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[CONCLUÍDA] Quando o advogado Jeongguk precisa se infiltrar naquela zona de Seul para concluir um de seus tra... More

capítulo 1.
capítulo 2.
capítulo 3.
Inspiração para Wildflower

capítulo 4;

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By fixtaekook

Jeongguk entrou pela porta da frente da boate que ainda estava em seus preparativos abrir. Tinha marcado um horário com Han. Há seis dias ele havia recebido aquela mensagem e por todo esse período não conseguiu pregar os olhos por muito tempo e por conta disso reuniu todas as suas forças para estar ali, ele não deixaria mais ninguém se meter no seu caminho. Estava cansado de tudo aquilo e queria mais do que nunca colocar um ponto final naquilo.

— Jeonggukie. – ouviu assim que Han o viu entrar pela porta do escritório.

— Oi Han. – levantou a mão e seu corpo tremia por completo, percebeu que apenas os dois estavam na sala e suspirou aliviado. – o que eu tenho para falar pra você é sério, eu peço que não deixe o Jaehwan nem a Jiwoo entrarem nessa sala, caso eles estejam por aqui. – disse sério, Han franziu os olhos e levou o charuto até a boa. Ele findou concordando e Jeongguk fechou a tranca da porta.

— O que seria tão importante? – Jeongguk abriu a sua maleta e começou a colocar todas as suas fotos, arquivos e fitas que tinha recolhido naquelas semanas na mesa. Han largou o charuto no cinzeiro e pegou com os seus dedos grandes uma das fotos. – que porra é essa Jeongguk? – sua voz tinha mais descrença do que raiva propriamente dita. Eram fotos que Jeongguk tinha penado para conseguir, e eram a sua última esperança de se livrar logo daquilo.

— Há mais ou menos um mês e meio, Jaehwan me pediu para investigar a Jiwoo, ele me disse que precisava saber do histórico dela, que ele suspeitava que ela estivesse aqui dentro com você apenas sendo um bode expiatório. – narrou. – só aceitei porque ele me confirmou que esse seria o meu último de verdade, que depois disso me tornaria o que sempre deveria ter sido pra vocês, invisível.

— Ele comentou Jeongguk, já está tudo certo a cerca disso, não descumpro minha palavra. – Han falou e o homem concordou com um pouco de esperança no peito.

— Então depois dele me explicar, eu fiz o que normalmente faço, pesquiso e começo a ir atrás de pistas ou provas plausíveis para eu apresentar, no fim das contas ele tinha razão, ela estava se envolvendo com alguém da sua gangue rival de verdade. – apontou para a foto. – acho que você sabe quem é... – sussurrou olhando o homem que tinha o nariz franzido e ele sabia que aquilo era sinal de que Han estava com raiva, na verdade pior, com puro ódio. – depois disso eu pensei que teria acabado, mas então eu descobri algo muito maior e ao mesmo tempo muito duvidoso.

— Como assim?

— Jaehwan me mandou procurar as coisas sobre Jiwoo, se ele sabia que eu estava investigando ela, porque ele se meteria no meio. – apontou pra foto onde se podia ver os dois. – eu coloquei uma escuta no apartamento dela, e gravei eles conversando sobre alguns assuntos, eles querem derrubar você. E eu realmente não sei se o Jaehwan é muito burro ou muito inteligente para estar bolando um plano em cima do meu. Mas ele basicamente quer matar você e assumir o poder da Keens. – disse e os dois ficaram em silêncio.

— Ele é burro. – Han confirmou bufando mexendo o rosto com descontentamento, mas como se já esperava algo daquilo. – na verdade ele é esquecido, provavelmente esqueceu que te pediu esse trabalho e atirou no próprio pé fazendo isso. – pegou a fita nas mãos. – Jeongguk você está fazendo acusações sérias.

— Eu sei, e eu sei que isso deve estar sendo uma merda de ouvir, eu sei que Jaehwan é seu amigo, mas eu não aguento mais isso aqui Han. E por esse motivo eu estou colocando tudo isso na mesa. Eu não quero mais a minha vida aqui e eu não arriscaria tudo envolvendo a minha vida por uma mentira. – falou. – eles tem planos com a JHYU, sobre o depoimento do líder dela, eles tem acordos para que ele não falar nada da Keens se conseguirem cumprir o plano de tirar você do caminho. – pegou as fitas. – está tudo aqui. – o mostrou.

— Aquele filho da puta do Jaehwan e essa Jiwoo. – respirou fundo. – e o seu esforço valeu a pena, eu queria a sua confirmação, eu já sabia...

— O quê? – Jeongguk que ficou confuso. Han riu e acendeu um charuto.

— Jeongguk eu estou nesse lugar tem muito tempo, eu sei quando um dos meus começa a agir diferente ou tenta me derrubar, só que eu não sou bom em procurar provas, eu os confronto e se eles gaguejarem eu sei que estão errados. Você facilitou muito o meu trabalho. – ele riu. – nessa última viagem eles queriam a todo custo me fazer assinar uns papéis sem ler, mas se tem uma coisa que eu aprendi na vida é 'nunca assine papéis sem ler antes' e eu nunca faço isso.

— Realmente. – Jeongguk como advogado sabia bem daquilo também.

— Você foi corajoso.

— Não, eu não sou corajoso, eu só estou cansado de me envolver com os assuntos de vocês. – soltou sério. – meu irmão morreu aqui, nessa sala. – comentou. – e eu não posso mais fazer isso, vocês me prenderam por muito tempo e eu acho que já paguei a dívida, então eu peço que por favor me libere. Está tudo aí, tudo. – se levantou e tirou a arma da cintura. – e aqui a arma que você me deu, nunca precisei usar. – suspirou.

— Levou boas surras e não a usou, realmente você merece um prêmio. – Han disse, e ele sabia que Jeongguk era uma boa pessoa, que não era que nem os que pediam pra sair e iam correndo para rivais. Jeongguk queria se livrar daquilo, o mais rápido o possível de preferência. – sinto muito pelo seu irmão, Jaehwan e eu mesmo na época não fomos nenhum pouco bons com aquele assunto. – disse aquilo pela primeira vez. Jeongguk olhou para baixo lembrando do seu irmão e respirou fundo.

— Ok. – disse quase sem voz. – mas como isso funciona? Eu só vou embora? – no mesmo momento que falou aquilo ouviram batidas na porta e aquilo assustou Jeongguk que apertou as mãos.

— Han, por que a sua porta está trancada seu pervertido? – a voz de Jaehwan e a risada dele foram ouvidas em bom som. – abre logo essa merda!

— Está tudo bem, fique calmo. – Han disse e apontou para arma. Jeongguk a pegou, levou sua mão para atrás de seu corpo e a prendeu em sua calça. Han foi até a porta e abriu com o rosto sério e Jaehwan sorrindo passou pela mesma logo dando de encontro com Jeongguk em pé o encarando.

— E ai Gukie. – ele disse, naquele momento sua mente estalou e após olhar as coisas em cima da mesa, tudo veio como uma bola de neve e atingiu a sua cabeça. – o que você está fazendo aqui? – perguntou agora com a voz um pouco mais baixa. Han voltou a sua cadeira e sentou.

— E você não pode responder essa pergunta Jaehwan? Pois acho que você sabe bem qual é a resposta. – o chefe falou e sorriu. Naquela hora Jaehwan pegou sua arma da cintura e Jeongguk apontou a sua. – não adianta mais nada disso, eu já sei de tudo. – Han soou.

Jaehwan percebeu Jeongguk desnorteado e bateu no rosto dele, que não teve como se defender, apenas fechou os olhos, levantou um pouco os braços sentindo os golpes e a dor lhe atingir. O empurrou chutando sua perna e apontou a arma para ele novamente.

— Você não vai atirar em mim Jeongguk. – Jaehwan riu levantando a própria arma e vendo o sangue descer pelo rosto de Jeon.

Jeongguk tinha a mão trêmula, seu coração batia mil vezes por segundo, e sentia que a qualquer momento cairia no chão. O homem do outro lado sorriu e logo seu dedo apertou o gatilho fazendo o barulho alto rondar pela sala, Jeongguk teve a sensação de algo queimar em sua barriga e apertou o gatilho no mesmo momento, e foram 2 vezes a mais que o outro. Viu Jaehwan ir para trás e cair deitado no chão batendo a cabeça com força. Largou a arma no chão e olhou para baixo vendo o machucado de raspão em sua costela.

— E-eu... – sua voz tremeu ao ver Jaehwan no chão, e ele não se mexia.

— Você não matou ele, ele errou o tiro, e você apesar de saber atirar bem acertou só um, o nervosismo faz isso. – Han falava simples. – vai embora Jeongguk, não quero ver sua cara aqui nunca mais. Sua dívida está paga, agora pode ir, e não se preocupe com a Jiwoo. – moveu a mão e o homem andou na sala passando do lado do corpo de Jaehwan que estava desacordado no chão. Jeongguk saiu de lá e foi andando entre as pessoas que já começavam a encher a boate.

Se Jaehwan não tivesse mesmo morto, ele ia desejar isso quando acordasse, foi o que pensou antes de deixar o local. No instante que pisou na rua um enorme medo lhe atingiu o fazendo correr até o próprio carro e dirigir desesperadamente para o único local que vinha em sua mente.

{...}

Taehyung ainda não tinha fechado a loja, e sinceramente falando, ele estava com preguiça de levantar do balcão, mas já eram quase sete e meia da noite e ele precisava trancar os cadeados. O dia de trabalho tinha sido até que bastante movimentado e não teve tempo de olhar o telefone, mas sabia que deveria haver alguma mensagem de Jeongguk, apesar de ele não ter aparecido mais desde aquela tarde, ele não deixava de lhe mandar uma mensagem pelo menos para desejar bom dia, boa tarde ou boa noite. Taehyung começou a ajeitar as coisas no balcão quando ouviu o sininho da porta tocar.

— Desculpa, já estou fechando. – falou olhando os cactos, se virou para encarar a pessoa e arregalou os olhos. – Je-Jeongguk? – sua voz se perdeu a medida que encarava o corpo do homem que estava machucado e sangrando. Seu coração errou as batidas e por um momento pensou estar vendo alguma alucinação, seu corpo formigou por inteiro.

— Oi. – Jeongguk soltou fraco, seus olhos só tinham foco no rosto de Taehyung, e logo depois se odiou por completo vendo ele assustado. Mas isso se dissipou no momento que o florista correu até ele o segurando em seus braços, os toques dele eram como analgésicos e por um tempo mínimo esqueceu do ferimento de bala que ardia como o inferno.

— O quê aconteceu Jeongguk? Quem fez isso com você? – perguntou enquanto segurava o rosto dele e o advogado sorriu. Não soube o porquê naquele instante, mas sorriu vendo o rosto do Kim.

— Você está sorrindo por quê? – a voz cheia de medo de Taehyung se fez e Jeon viu os olhos dele encheram de lágrimas e logo ficou sério. Taehyung abaixou as portas de metal em poucos segundos e quando voltou para encarar o advogado seu rosto já tinha sido tomado por lágrimas, não sentia aquele tipo de medo a tempos.

— Ei... – Jeongguk viu o brilho das lágrimas. – não Taehy... – com a mão limpa passou no rosto do menino que já tinha se molhado. – estou sorrindo porque estou te vendo, estou sorrindo por ter te encontrado. – disse passando os dedos nos fios de cabelo do florista e colocando alguns atrás da orelha dele que se arrepiou.

Taehyung se aproximou juntando seus lábios num momento de euforia, Jeongguk relaxou sentindo o quente da boca do Kim que logo após fazia carinho na sua bochecha.

— Eu não sabia para onde ir. – respondeu com a boca no do Kim que não tinha ideia do que ele poderia estar falando. – eu sinto muito por você ter que me ver desse jeito. – Taehyung então percebeu que não era algo novo para o alheio. – mas eu só corri, eu dirigi no automático e meu corpo me trouxe até você... eu precisava de você.

— Vamos. – Taehyung falou baixo e o puxou para a porta dos fundos, ele ia devagar, mancava. Taehyung desligou as luzes e arrumaria o local depois. Subiram devagar pela escada, Taehyung o ajudou para não se desiquilibra e o levou para o banheiro do seu quarto. Pegou um banco e o fez sentar no mesmo.

Jeongguk quando sentou ficou olhando Taehyung procurando por coisas, ele saiu do banheiro e Jeon sentiu todo o peso caindo sem prévia em si, sobre os tiros que havia disparado ao outro homem, nunca foi o seu objetivo e desejo machucar alguém. Aquilo preencheu rapidamente o seu ser e o tremor em si cresceu à medida que o choro começou a sair desesperadamente.

Taehyung voltou ao local e viu a cena, largou as coisas que tinha pegado no chão e se abaixou na frente do homem, viu a blusa manchada de sangue e o machucado superficialmente, sua barriga embrulhou. Ele parecia chorar cada vez mais forte e aquilo com certeza não era bom para o ferimento aberto. O mais velho o abraçou e beijou o lado da sua cabeça, precisa o acalmar.

— Está tudo bem Guk, você está a salvo, calma, eu preciso que você para de chorar meu amor, você está sangrando, eu não sei o quanto ruim está o seu machucado. – falava e controlava a sua voz para ela não tremer. – se estiver muito ruim eu vou ter que te levar no hospital.

— Não! – o advogado respondeu de imediato. – sem médico, eu não posso ir no hospital. Eles vão fazer perguntas... e eu não vou saber o que responder. – falou entre soluços.

— Então se acalma, chorando você faz sangrar mais... – disse fazendo carinho nos cabelos dele. Jeongguk sentiu o calor do outro e foi controlando o choro em seguida. Taehyung se desgrudou dele e viu o rosto do mesmo sujo de sangue por causa da mão dele, limpou um pouco com papel higiênico. – vou olhar agora, ok? – Jeon concordou, o Kim desabotoou a blusa dele e viu as tatuagens dele tão bonitas. Seu olhar desceu e na costela viu o machucado aberto. – o que foi isso?

— Foi um tiro de raspão. – sua voz foi baixa. Taehyung respirou fundo e olhou de perto vendo que não estava profundo, parecia um ralado na verdade, mas também parecia ter queimado. Pegou as coisas que havia achado no seu armário de remédio e jogou pelo chão. – acho melhor você tomar um banho primeiro. – disse depois de pensar por alguns segundos. – então eu faço os curativos no melhor que conseguir.

Jeongguk ainda chorava silenciosamente de cabeça baixa, suas lágrimas pingavam no braço de Taehyung que tinhas as mãos pousadas no seu quadril. E a cada minuto que passava ele se sentia pior e só pensava que havia estragado tudo. Taehyung não tinha muitos pensamentos rondando sua mente, ainda estava um pouco assustado, mas não aguentava o ver machucado e tão vulnerável. Tomou conta que realmente eram problemas demais e por isso ele estava tão disperso antes. O fez levantar devagar, ele parecia mole em seus braços. Tirou as calças dele e o colocou debaixo do chuveiro.

Assim que a água morna caiu pelo corpo desenhado de Jeongguk o mesmo pareceu acordar um pouco mais, ele sentiu as mãos de Taehyung passando pelo o seu rosto o limpando e tirando o sangue de lá, ele fazia com cuidado por causa do corte na testa. O viu molhando a própria roupa, mas ele não parecia se incomodar, tinha um pequeno bico nos lábios enquanto olhava o corpo de Jeon, ele procurava machucados, mas só conseguia admirar as tatuagens e o belo corpo dele.

O advogado o beijou depois de ficar o encarando, um selar muito mais apaixonado que antes, era um modo de o agradecer e pedir desculpas ao mesmo tempo. Taehyung sorriu no meio e logo já estava encharcado. Se separou dando alguns selinhos e voltou a o limpar, Jeon o ajudou e fez uma careta ao sentir a ardência interminável do ferimento em sua costela aumentar quando Taehyung passou a mão cuidadosamente ali, tentando ao máximo limpar ao redor e por cima.

Depois dos dois eventualmente tomarem banho, Taehyung o levou ao seu quarto e o fez sentar numa cadeira que havia lá, ele estava enrolado em uma toalha da cintura para baixo, Taehyung vestiu um pijama e pegou um banquinho sentando na frente do menino que parecia mais perto do solo do que minutos antes. Taehyung apertou os dentes no lábio inferior ao começar os cuidados com o machucado que agora tinha uma imagem melhor e não parecia mais tão assustador, não sangrava mais e só estava muito vermelho.

— Me diga se doer muito. – pediu e Jeongguk concordou. No segundo depois sentiu uma fisgada horrível, mas respirou fundo abaixando os olhos e vendo o remédio sendo aplicado. Não demorou para Taehyung ver o local melhor, prendeu algumas gases na frente e se sentia feliz pelo trabalho bem feito. – agora vamos para a sua testa. – falou com um sorriso e sentou nas pernas dele. Jeon suspirou um pouco pelo toque repentino.

Taehyung colocou as mãos de Jeongguk em suas pernas, já que ele parecia às suspender no ar sem ideia do que fazer. Segurou o queixo dele o abaixando o fazendo olhar em seus olhos. Deu um selinho nos lábios rosados, ele sorriu e mais uma vez sentiu-se inapto de receber aquele carinho todo. O florista fez o curativo devagar, depois de terminar se levantou o puxando para vestir outra roupa, depois dele se trocar ali mesmo na sua frente Taehyung ficou o observando até acordar do transe.

— Vem comer um pouco, precisa repor o que perdeu. – Taehyung segurou a mão dele e ia o levar para fora do quarto, mas ele negou e o levou para deitar na cama. – mas você precisa comer. – o Kim falou, mas viu que foi em vão. Jeongguk se encostou num travesseiro e colocou as mãos em cima da barriga, Taehyung fez o mesmo e então viu ele se virar e ficar de lado o encarando.

— Eu tenho essa parte um pouco obscura da minha vida, e eu tentei ao máximo te poupar dela, tentei ao máximo me desprender dela antes de ter algo mais sério com você, mas infelizmente não consegui a tempo. – disse baixo e seu olhar era de decepção. – eu te conheci por causa dela e só por isso que não a odeio tanto assim. – sussurrou e Taehyung sentiu um arrepiou nos braços. – quando eu tinha vinte anos, meu irmão se envolveu com uma gangue chamada Keens. Eles são uma grande facção envolvida com venda de drogas e coisas do tipo. Bem aquilo de filme mesmo, que tem chefes mafiosos que fumam charutos imensos. – seus dedos tocaram a manga do moletom de flores do Kim e ele ficou os contornando.

Ele fechou os olhos e engoliu a vontade imensa de chorar, precisava contar se livrar daquilo logo, e se fosse para Taehyung não o querer mais, que ele pelo menos soubesse de tudo. Soubesse todos os detalhes. Jeongguk ainda estava totalmente receoso, mas puxou a coragem do fundo do seu âmago e voltou a falar.

— Meu irmão se envolveu porque nós estarmos passando muito dificuldade na época, meu pai estava com câncer e a minha mãe trabalhava demais. Estamos quebrados e aquilo era assustador para ele. Era pra mim também, mas tenho ideia que ele sentiu muito mais que eu aqueles tempos. – Jeongguk lembrou do irmão e sorriu. – eu achei uma ideia péssima, eu sempre fui muito o garoto que seguia as regras e que nunca fazia nada de errado. Eu achei inadmissível e nós brigamos por causa disso, mas ele seguiu e eu tive que aceitar, apesar de tudo o dinheiro que ele conseguia ajudava muito a gente.

— Mas não foi assim por muito tempo, não é? – Taehyung sussurrou e seu coração se apertava, pois, sentia o peso gritante nas palavras de Jeongguk, histórias como aquela quase nunca tinham um final feliz.

— Num dia ela me ligou desesperado, eu já tinha ajudado ele uma vez, mas dessa outra foi diferente, ele estava com medo e chorava. Ele disse que tinha feito merda e eu entrei em pânico. Corri até o local e descobri que o meu irmão tinha feito o que ele não deveria em hipótese alguma fazer, roubou. – disse baixo. – fui confrontado e informado que matariam ele. – seu olho ardeu, mas engoliu o choro. – mas, eles disseram que se eu encontrasse uma informação para eles, e por um milagre encontrasse a pessoa que essa informação levava eles dariam uma segunda chance. Eu tinha dois dias.

— Isso é pouquíssimo tempo. – Taehyung sentiu a tensão na própria pele. Jeongguk ainda contornava as flores do seu moletom.

— Sim, com certeza é, mas no auge do desespero eu me virei do avesso e consegui. – seus olhos encontraram com os de Taehyung pela primeira vez desde o começo daquele diálogo, mas o que Taehyung viu foi dor e seu corpo se contraiu. – cheguei lá, com as informações, com tudo, eu estava eufórico, desesperado, e eu precisava do meu irmão. – sentiu o rosto quente e puxou o ar. – eles tinham matado o meu irmão no dia anterior, porque tinham certeza que eu não encontraria. – sua voz quebrou no meio e viu aquelas imagens novamente e fechou os olhos com força. Taehyung deixou o ar que prendia nos pulmões sair e segurou a mão dele com a sua, viu que ele tremia e o abraçou, o segurou em seu corpo e ele chorou. Chorou com força e se agarrou na roupa de Taehyung. Por minutos o seu desespero por tantos anos guardado era visto.

— Eu sinto muito. – Taehyung não sabia nem o que dizer ou fazer, mas o segurou em si e ficou com ele ali até o mesmo se acalmar mais, Jeongguk soltou um suspiro cansado e sentou na cama passando a mão na frente do rosto e Taehyung ficou o olhando.

— Obrigado. – ele lhe deu um sorriso pequeno. – mas continuando, eu perdi meu irmão e tive que levar ele morto pra casa, foi horroroso, foram dias péssimos e que me traumatizaram por anos. – falou e mordia o lábio em ato de nervosismo. – me ligaram depois de uns dias, sabia que eram eles e me chamaram até lá. Fui ameaçado e tive que ir, e o que eu pensei se concretizou, meu irmão tinha uma dívida e eu teria que pagar ela de alguma forma. Não faria as coisas totalmente de graça, mas eles iriam extrair tudo que poderiam de mim com o contraponto da ameaça.

— Eles ameaçaram a sua família? – Taehyung perguntou um pouco assustado.

— Sim. – concordou. – então eu comecei a fazer pequenos trabalhos de busca pra eles, pessoas 'rivais', informações, documentos. – suspirou. – eles me pagavam e também tiravam o que diziam ser a 'divida', mas eu sabia que não era tanto assim. Eles só não queriam que eu fosse embora, então me ameaçavam e ameaçavam meus pais. Então eu fui aprendendo a não questionar, todo o dinheiro que me davam eu investia, o que eu poderia fazer né? Eu trabalhava que nem um burro de carga pra eles para não aceitar o dinheiro. Apesar da minha ética, eu precisava me sustentar e ajudar em casa.

— Você conseguiu terminar a faculdade mesmo assim?

— Consegui, meu pai concluiu o tratamento dele, se curou, consegui comprar uma casa pra minha mãe. – Taehyung arregalou os olhos. – mas era vazio, sempre foi vazio. – ele deu um sorriso triste. – eu só queria morrer todos os dias, eu acordava no pior que já tinha estado. Mas continuava, não sei de onde tirei forças, mas segui, e aí ganhei a confiança deles, ganhei mais respeito, mas não sairia de lá fácil. – riu seco. – eles não me deixariam ir...

— E você vem esses anos todos assim? São quase dez anos Jeongguk, eles não...? – Taehyung tinha dúvida no olhar e Jeongguk também teria, pois ele mesmo se perguntava aquilo há tempos. Porque ele deixou chegar naquele ponto.

— É... – sorriu triste. – me acomodei. – foi sincero. – depois de um tempo eu já não sentia tanto, eu tinha dinheiro de sobra, eu podia comprar coisas, eu comprei um apartamento com o dinheiro que eu investi, eu tinha tudo. E ai eu conheci a Yoona, quando eu tinha 22 anos, namoramos por três anos e íamos casar, quando isso chegou lá eles me propuseram que se realmente casasse eu poderia sair de lá, mas não aconteceu, já que ela me deixou no altar. – riu pelo nariz.

— Meu deus. – Taehyung pensou novamente no quão triste aquilo era. – deve ter sido horrível isso, não imagino a sua dor, e é engraçado falar que sinto por isso, porque eu estou lamentando que você não casou, meu caso amoroso não casou... – Jeongguk gargalhou vendo o rosto de Taehyung. – mas eu sinto muito mesmo assim. – falou, e logo riu vendo o homem que parecia genuinamente rir daquele momento.

— Está tudo bem. – fungou. – depois desses anos acabei percebendo que por mais que eu gostasse dela, no fundo tinha plena ideia que eu queria aquilo porque iria me livrar deles. – soou sincero. – nós não seriamos felizes apesar de tudo, a Yoona era uma boa pessoa comigo, não digo que o meu relacionamento foi ruim, mas acho que ela percebeu também que não iria dar certo, e hoje em dia eu agradeço por ela ter feito aquilo, foi um livramento para nós dois. – sorriu. – mas eu voltei à estaca zero depois. Perguntei sobre quando eu poderia sair, depois de muito tempo preso a ideia de que daria errado, que eu causaria a morte de pessoas próximas de mim se cogitasse a saída de lá.

— Não imagino como deva ser o sentimento. – Taehyung falou baixo e passou a mão no rosto de Jeongguk, que pediu mais carinho ao mexer o rosto contra o toque dele.

— O chefe deles realmente confiava em mim, tantas vezes que eu poderia ter denunciado, tantas provas que eu tive na mão sobre as drogas, tantas coisas e eu nunca fiz. Obviamente que foi por causa do medo de morrer, mas eu não fiz mesmo sabendo que teria sido protegido pela polícia ou algo do tipo, e mesmo que fosse o meu dever como diz a minha profissão. – falou com peso e aquilo de vez em quando tirava a sua paz, momentos que ele só queria se enterrar no chão.

— Realmente, mas era a sua vida em risco, na verdade é a sua vida em risco. – Taehyung falou.

— Sim, mas eu consegui que esse fosse o meu último. Eles aceitaram e estavam 'ok' com isso. – Jeongguk cruzou as pernas. – eu tinha que investigar um mulher que era o 'affair' do líder da gangue, tudo a mando do vice líder, até ai tudo bem, mas ele simplesmente esqueceu de avisar que ele era aliado dela e estava fazendo merda junto. – Taehyung arregalou os olhos. – quando eu descobri tudo isso ela me ameaçou, mas eu já estava tão cansado Taehyung, no meio dessa merda toda eu te encontrei e eu já não aguentava mais ter que abrir mão de pessoas importantes para mim por causa deles.

Taehyung viu verdade no olhar de Jeongguk e aquilo lhe pegou desprevenido, pegou seu coração e o chacoalhou tão forte que estrelas apareceram na frente de seus olhos.

— Eu nunca machuquei ninguém, nunca fui violento, morro de medo disso na verdade. – suspirou. – eles por outro lado sempre que achavam conveniente me tratavam com violência e eu não tinha muito o que fazer. – deu de ombros. – quando eu descobri tudo isso eu quis levar logo direto, eu estava surtando por medo da mulher descobrir, o que findou acontecendo, naquele dia que eu vim aqui, a última vez. Eu estava mal por conta disso, pensei naquele dia que talvez fosse o último que eu ia te ver, quando eu estava parado naquela porta e te olhava nos olhos eu só pensava em como eu queria não ter todos aqueles problemas que poderiam de alguma forma me afastar de você. – piscou algumas vezes e algumas lágrimas caíram de seus olhos.

— Mas eu te ajudei, naquele dia? – Taehyung perguntou e foi surpreendido por um sorriso lindo e retribuiu automaticamente.

— Você realmente não tem ideia do quanto tornou a minha vida melhor. – ouvir aquilo energizou o Kim de uma forma, lhe deu uma sensação nunca sentida antes por ele. – eu não podia aparecer até eu levar tudo aquilo ao Han, você me ajudou demais. Eu consegui recuperar um pouco das minhas forças e ajeitar tudo do melhor modo. – disse. – então eu fui lá hoje, e eu contei tudo, não estava me aguentando de tanto nervosismo, eu simplesmente vomitei tudo, e achei que seria de outro modo, mas Han acreditou em mim. – falou.

— Sério?

— Sim, na verdade eu dei a confirmação de algo que ele já desconfiava, mas não tinha ainda dado o trabalho de procurar a fundo, ou melhor, me mandar procurar. Então enquanto nós conversávamos, o vice-líder chegou, e acho que no momento em que ele me viu percebeu o que ocorria, e depois disso foi muito rápido, ele me bateu, atirou em mim e eu atirei de volta no desespero. – suas mãos tremeram e mais lágrimas saíram de seus olhos. Taehyung sentia a tensão dele na própria pele, sentia o medo dele nos olhos. – eu fiquei tão perdido, eu não queria ter feito aquilo, apesar de tudo não era a minha intenção machucar alguém dessa forma. – limpou o rosto. – mas Han disse que eu havia errado a maioria dos tiros e que o homem não tinha morrido. Então ele me mandou embora, disse que ele iria resolver dali pra frente, pra eu ir e não voltar.

— Então ele te liberou? Pra valer? – Taehyung juntou suas mãos e sua barriga revirou de alívio prévio.

— Ele não descumpre a própria palavra, ele pode ser tudo, mas mentiroso assim ele não é. – confirmou. – então tenho certeza que sim, mas eu estou com medo ainda, estou com essa paranoia na minha cabeça, que essa filha da puta pode fazer algo contra mim. E eu sou um burro do caralho. – colocou as mãos na lateral da cabeça as apertando. – e se ela vier... se ela vier atrás de mim, eu não posso te colocar nesse risco, não posso... – ele já tremia e Taehyung se aproximou dele o beijando.

Jeongguk tinha os olhos abertos e viu o rosto de Taehyung e a mão dele em seu rosto, fechou os próprios à medida que se entregava para ele. Jeon passou o braço pelo pescoço do florista e entre suspiros se aprofundaram mais naquele toque tão delicado e sensível que compartilhavam. Taehyung só o queria bem. Não conseguia enxergar mentira em Jeongguk, não conseguia ver maldade, só conseguia se sentir tão desejado da melhor maneira o possível por ele, sentia o carinho no olhar, e estava aliviado de ser algo mutuo ao seu sentimento.

— Está tudo bem. – Taehyung sussurrou depois de terminarem aqueles beijos, mas ainda tinha os narizes juntos. – se alguém aparecer aqui eu jogo veneno de pragas neles, e então eles vão queimar até morrer. – falou sério e Jeongguk riu. Passou o dedão pela bochecha do Kim. – vem comer agora, você perdeu sangue e eu te quero bem, você precisa se alimentar. – o fez levantar e o seguir de cabeça baixa até a sala.

— Taehyung, eu sinto muito. – ele disse baixo enquanto observava o homem pegar as comidas no balcão, ele se virou e lhe lançou um sorriso pequeno. Jeongguk sentou na cadeira. – eu não queria que isso fosse um assunto entre nós, eu tentei te poupar disso, eu não queria que tivesse a imagem de uma pessoa ruim em mim. Eu fui metido em muita merda, e nem tudo foi culpa minha, mas eu fui conveniente com boa parte. – estava frustrado e Taehyung o olhou depois de sentar na mesa.

— Eu vejo total verdade em você Jeongguk, e realmente é muito para digerir, é uma história longa e apesar de tudo sei que a maior vítima foi você, não precisa me pedir desculpas, você não me fez nada de ruim, só me deu carinho desde o começo e eu sou grato por isso, e não é o fim do mundo eu descobrir isso, não me fez te enxergar de forma diferente, só me fez ter ideia do quão forte você é por ter aguentando tanto sozinho sem não pirar completamente, não é fim da gente Jeongguk. – afirmou como realmente era. Taehyung sentia aquilo no seu coração e sentia mais importância por Jeongguk lhe ter como aquele 'porto seguro'.

— Você é a melhor coisa que me aconteceu em anos. – Jeongguk tinha mais leveza no peito e nem podia acreditar que havia escutado tudo aquilo.

— Eu sou uma joia rara Jeongguk, encontrada por poucos. – respondeu e o Jeon riu com o brilho em seu olhar tão intenso. Ele lhe beijou com todo aquele carinho e paixão. – você também é a melhor coisa que me aconteceu em anos. – sussurrou com os lábios no dele que sorriu. – agora coma, ok? Não te quero desmaiando, você é só músculo nessa perna, deve ser pesadíssimo. – apertou a coxa dele e deu um sorriso. – depois te encho de beijo até dormir.

— É o que eu mais quero. – sorriu. Ele comia concentrado e sentia a mão de Taehyung em sua perna fazendo carinho, o mesmo lia alguma coisa no telefone e estava totalmente sério. Ele bufou depois uns minutos, Jeongguk o olhou com um pouco de macarrão na boca e franziu os olhos. — o que foi? — ele perguntou engolindo a comida.

— Há mais ou menos uns dois meses eu estou recebendo uns e-mails da minha mãe, e isso tem me deixado com raiva. — Jeongguk limpou a boca e continuou o olhando. — ela foi horrível comigo, ela me expulsou de casa e virou as costas pra mim quando eu mais precisei dela, e agora ela vem querendo pedir desculpas? — ele falava de modo como se não acreditasse naquilo, porque realmente ele não queria acreditar.

— Mas é tão ruim assim ela te pedir desculpas? — Jeongguk perguntou o encarando.

— Sim Jeongguk. — falou sério. — eu vivi tantos anos tentando acreditar que o fato da minha bissexualidade não ser o motivo dela me repudiar, mas olha só, era por isso sim. E agora ela vem dizendo que eu preciso perdoar ela, eu não preciso perdoar ninguém, ela que tem que aprender a não ser uma filha da puta quando convém. — uma lágrima escapou de seu olho e ele limpou na mesma hora. Jeongguk segurou a mão dele e levou ao peito e ficou fazendo carinho e deu alguns beijos na mesma.

— Sinto muito. – disse olhando a mesa e não sabendo como prosseguir. – eu não tenho muito o que te dizer porque minha experiência foi diferente. – suspirou. – sinto muito mesmo Taehyung, ela que perde a pessoa maravilhosa que você é. – depositou um beijo na lágrima que descia pelo rosto dele. – você é incrível, com todas as letras.

— Para de me elogiar, ou eu vou chorar mais. – disse com a voz embargada e Jeongguk sorriu. – pelo menos eu te faço rir. – fungou limpando o rosto e se aproximando mais dele.

— Parece eu, não consigo receber elogios também. – disse.

— Você chora?

— Que nem um bebê. – deu a última garfada na comida e sorriu. – você que cozinhou?

— Sim, fiz para testar uma receita da que tinha visto há algum tempo na internet, gostou?

— Estava que nem você.

— Eu?

— É, gostoso.

Jeongguk deu uma piscadela pra Taehyung que riu limpando o rosto. Ele ficou olhando para frente pensando o quão bom era ter Jeongguk ali. Pelo menos não precisava chorar sozinho e se remoer até aquilo parar de doer. Sua mãe fazia tudo em si doer, não sabia se estava pronto para tocar em todo aquele assunto de novo, não sabia se conseguiria lidar com ela, mas no fundo tinha certeza que era apenas medo de se decepcionar mais.

O celular de Jeongguk começou a tocar, a vibração os assustou fazendo eles encararem a mesa e o aparelho tremer. Jeon viu o número desconhecido na descrição e suspirou com os dedos nervosos. Taehyung pegou o telefone rapidamente e Jeongguk arregalou os olhos assim que ele atendeu.

'Alô' – disse.

'Alô, Jeongguk?'

'Não, Taehyung... ele está dormindo, quem é?' – ele foi ríspido e Jeongguk o olhava ainda um pouco assustado, Taehyung sentia os dedos queimando e seu corpo tremia de raiva.

'Ah, me desculpa, sou um amigo... Han.' – Taehyung suspirou alto.

'Pode deixar recado se quiser, assim que ele acordar eu aviso que ligou.' – fazia carinho na mão de Jeongguk vendo o olhar dele perdido.

'Não precisa.' – a voz soou calma, algo que o Kim não imaginava que sentiria vindo da outra pessoa. –  'apenas diga que está tudo bem, ele vai entender isso.' – o interior de Taehyung se acalmou de uma forma grande, apesar de ainda sentir um pouco de receio.

'Ok, obrigado!' – disse baixo.

'De nada!' – a ligação ficou muda, Taehyung virou para Jeongguk que olhava a mesa piscando os olhos rapidamente e apertava os seus dedos nos do Kim.

— Está tudo bem Jeongguk, ele disse que está tudo bem! – soltou o telefone na mesa e o homem lhe olhou com os olhos vermelhos, ele balançou a cabeça em concordância e Taehyung segurou o rosto dele e sorriu tentando o acalmar, sua mão desceu para o peito e o coração dele batia tão rápido que o Kim se assustou, Jeongguk estava a um ponto de gritar. – ei, respira, vai ficar tudo bem, se ele disse que está ok é porque realmente deve estar não é? – fez carinho no rosto dele.

— É. – disse baixou e fechou os olhos apertando os mesmos. Desde que havia se envolvido naquilo ele pensava em como seria a sensação de finalmente se livrar de tudo, não estava sendo como imaginou que seria, ele sorrindo e totalmente eufórico, mas era um alívio surreal que percorria seu corpo. Ele olhou Taehyung. – obrigado, por atender. – piscou algumas vezes e lhe depositou um beijo nos lábios.

— Por nada, eu não ia você falar com alguém desse inferno de novo. – disse, e realmente, toda aquela história rondava a sua cabeça e só sentia ódio. – só queria te pedir algo... – mordeu o lábio e Jeongguk ficou atento em seu olhar e mexeu a sobrancelha. – conversa comigo... não é que eu queira que você me conte tudo Jeongguk, não é isso, somos pessoas bem adultas, nós sabemos definir os nossos próprios limites melhor. – sorriu. – só quero que não me esconda tudo, eu não vou te julgar, só se for algo relacionado a comida, porque tenho um paladar diferente, mas... – Jeongguk sorriu. – quero que confie em mim. E talvez eu esteja pedindo muito para esse começo...

— Não está. – Jeongguk o olhava. – não mesmo, eu fico feliz de você querer a minha confiança, pois eu quero a sua também. Mais do que tudo. E eu não tenho mais nada para esconder de você, e eu não quero te esconder nada de mim. – era sincero e Taehyung sentiu aquilo no peito, aquele sentimento que só crescia. Jeongguk lhe mostrava com aqueles atos que o relacionamento que teve no passado nunca lhe proporcionaria a leveza e cumplicidade que ele estava lhe entregando, mesmo no início.

— Preciso descobrir o que te irrita, bobamente, para eu usar quando precisar. – Taehyung disse sorrindo e Jeongguk revirou os olhos.

— Logo você descobre, eu sou virginiano. – Taehyung franziu os olhos e recuou um pouco.

— Realmente, parece bastante. Você chegou aqui todo arrebentado e mesmo assim a sua roupa estava arrumada e o seu cabelo também. – Jeon riu e o trouxe pra mais perto e ficaram com o rosto quase colado um no outro.

— Taehyung, sei que pode soar muito irreal ou sei lá, muito forçado, mas eu quero muito dar o melhor que tem em mim para você, e eu juro que te darei tudo. – passou os dedos gentilmente no rosto dele que fechou os olhos com o carinho. Logo os abriu e eles estavam brilhando como nunca. Era a sensação de fogos de artificio em seu estômago, algo que uma vez tinha lido, mas que nunca pensou em experimentar, e deus! Como era incrivelmente bom estar nos braços de alguém que te prometia o melhor e ainda te fazia sentir como a melhor pessoa do mundo.

— Eu vou ser o meu melhor pra você também. – sussurrou e Jeongguk o apertou mais em si e seus narizes se tocaram, ficaram se encarando se perdendo nas próprias galáxias orbitais e as amando cada vez mais.

{...}

Taehyung entregava um arranjo de rosas a um senhor sorridente, ele lhe perguntou sobre inúmeras flores, parecia estar planejando algo especial para alguém e quando viu as rosas brancas os quis imediatamente, segundo ele eram perfeitas para o que precisava e Taehyung seguiu as ordens dele. O mesmo saiu radiante da loja e o florista riu se sentando na bancada olhando o relógio no pulso, bateu com os dedos no balcão, três vezes até o sininho da porta tocar, no horário exato.

— Amor, hoje eu quase não consigo sair na hora. – Jeongguk disse sorrindo, o Kim desceu da bancada e foi até ele o abraçando pelo pescoço e juntando seus lábios. Jeongguk o apertou em si e aprofundou mais o beijo, como estava com saudades dele, o beijou no pescoço, no maxilar, no rosto, em todo o canto até ele gargalhar e aquilo lhe preencher de energia.

— Que saudades. – Taehyung o segurou pela cintura e Jeongguk fez um bico nos lábios concordando.

Talvez estivessem sendo muito dramáticos, mas não se viam há oito dias. Jeongguk estava envolvido em um caso muito grande, que infelizmente havia tomado o seu tempo, mas que naquele dia não o dobrou. Taehyung sentia o cheiro dele enquanto andavam de um lado para o outro abraçados e em tempo de derrubarem algo, ele queria se grudar no advogado e não o deixar mais ir embora. Sim, estava vivendo talvez a personificação de um amor adolescente, e não se arrependia de estar daquele modo.

O clichê era algo que ele dizia que era tão bobo e talvez fantasioso demais para realmente acontecer, mas no fundo ele sempre quis viver um clichê, dos mais chicletes o possível e ali estavam os dois.

— Trouxe o nosso almoço. – falou dando castos selares nos lábios de Taehyung que pendeu a cabeça para o lado e ficou o olhando com um semblante sereno e tranquilo.

— Vamos Guk. – sussurrou o puxando. Yeonjun já havia almoçado e ficaria ali para caso alguém aparecesse. Subiram as escadas e Taehyung abriu a porta para eles entrarem. – trouxe o quê?

— Eu. – deu um selinho nele que riu. – aquela carne de porco que você gosta meu bem. – colocou as sacolas na mesa enquanto Taehyung pegava os pratos, ajeitaram a mesa em instantes e logo se sentaram pegando os potes de comida.

— E ai, como está indo? – Taehyung perguntou pegando um pedaço de carne e comendo, olhou Jeongguk que colocava salada em seu prato.

— Bem, irritado com o meu cliente, mas faz parte do trabalho. – sorriu e Taehyung ainda lhe encarava. – o que foi?

— Tira a camisa. – falou simples e Jeongguk franziu a testa.

— Mas já? – riu e Taehyung continuou lhe encarando com o rosto calmo. Jeongguk tirou a camisa que usava e Taehyung se aproximou vendo o machucado na costela do homem. Tinham três semanas já e felizmente estava quase tudo cicatrizado. – não ficou tão feio... – disse baixo e Taehyung viu o rosto dele um pouco chateado. Ele comeu um pouco e o Kim lhe olhava.

— Desculpa, eu só queria ver se já estava melhor. – passou o dedo na bochecha de Jeon que sorriu. – e também te ver sem camisa. – o advogado riu.

— Eu sei, e não estou chateado com você, é que essa merda de machucado me encara todo dia quando eu me olho no espelho e eu sinto uma enorme vontade de arrancar a força. – soou sincero e bem inconformado.

— Não ficou tão grande, nem com tanto relevo. Dá pra cobrir com alguma tatuagem. – Taehyung comia um pouco de arroz e Jeongguk pensou naquilo pela primeira vez. – algo que você ache bonito e que não te faça querer arrancar o próprio corpo.

— Vou tatuar o seu rosto.

— Que brega, não! Te proíbo. – falou e os dois riram.

— Você me ajuda a pensar em algo? – sentiu a mão dele na sua coxa fazendo carinho e olhou o mesmo que tinha um sorriso lindo nos lábios.

— Claro que sim! – respondeu e continuaram a comer. Quando terminaram e depois de ajeitaram tudo, Jeongguk puxou o castanho até a sala, sentaram no sofá aos beijos. Como sentia falta daqueles lábios nos seus, daquele gosto único, das mãos no corpo fazendo tudo o que pudesse, lhe tocando de todas as formas. Os dois já estavam acostumados com os toques e cada momento longe era uma tortura.

— Taehyung, amor... – disse em um suspiro enquanto ele tinha os lábios em seu pescoço e as mãos no seu corpo, que estava sem camisa desde aquela hora.

— Hm? – ele respondeu lhe apertando e Jeongguk sentia os olhos revirarem, era muito bom ser dele. Como era bom ser todo de Taehyung.

— Tenho algo para te perguntar. – falou com a respiração pesada.

— Diz. – ele beijou os lábios de Jeongguk que o puxou para si e logo riu da situação, riu fazendo Taehyung se afastar um pouco se apoiado no peito dele o vendo rir agora mais alto, sorriu vendo ele feliz.

— Desculpa. – passou a mão no rosto dele e eles sentaram no sofá. – eu... – ele riu e o segurou que o abraçou de lado e ficou com o rosto levantado o olhando. – comprei isso. – tirou do bolso um pequeno pacote de pano e Taehyung ficou atento, Jeongguk virou o mesmo na mão e Taehyung viu dois anéis. – clichê... eu sei. – o Kim lembrou do pensamento anterior e riu.

— Você não tem ideia do quanto eu amo o clichê. – o encarou, e ele por sua vez ganhou um brilho a mais nos olhos.

— Que bom então. – respondeu contente. – eu quero... quero namorar com você. – soltou um pouco nervoso e sentiu os braços de Taehyung se apertarem mais ao seu redor. – você quer namorar comigo? Oficialmente agora... – tinha a testa encostada na do Kim que sorriu e concordou, sentindo seu corpo virar e se remexer aos montes, seu coração se debatia pelas paredes de seu peito e uma sensação de felicidade o atingiu em enormes proporções.

— Sim eu quero. Sim, sim, sim, sim! – seu sorriso crescia e o de Jeongguk também, como era bom aquilo. Queria sentir em seu corpo todos os dias. Eles se beijaram até perderam o ar e perceberem os próprios corações acelerados.

— Desculpa por não ter sido algo tão elaborado, eu pensei em tanto, só que eu estava todo atolado naquele caso e eu não queria mais esperar, não podia mais esperar nenhum momento. – sussurrou com a boca na dele. Dá última vez que tinham se encontrado Taehyung deixou a entender que esperava por Jeongguk, e o mesmo se apressou.

— Eu não aguentava mais esperar também. – Taehyung riu e Jeongguk o acompanhou. Trocaram selares castos e que transmitiam toda aquela enorme paixão, aquele amor que já existia, tímido, mas que estava dentro dos dois. – namorado, meu namorado! – dizia com entusiasmo e orgulho. Jeongguk não podia acreditar que tinha tido sorte de o encontrar.

— Todo e somente seu. – Taehyung pegou o anel e colocou no dedo dele e ele fez o mesmo. Era um tipo de aliança simples, prateada e o Kim ficou a olhando e todo seu interior era alegria. – ah, e tem mais umas coisas, meu melhor amigo, Jimin, quer te conhecer e a minha mãe e meu pai também. – Taehyung arregalou os olhos.

— Você fala de mim para sua mãe? – perguntou surpreso.

— Falo... – disse com o rosto tão calmo e um bico nos lábios. – eu não falava, só falava para Jimin, mas depois daquele dia que eu tive certeza que te teria na minha vida, que eu não ia te perder, eu contei pra ela.

— Acha que ela vai gostar de mim?

— Se eu acho? Taehyung quando eu disse que você era dono de uma floricultura ela quase saiu correndo casa pra vir te ver. – riu e Taehyung sentiu algo tão bom que nem sabia por em palavras. Era bom demais.

— Ah, ela pode vir a hora que quiser. – sorriu. – sério, mas meu deus isso é tão... grande. – sussurrou.

— É só os meus pais, eles são legais, agora o Jimin eu tenho ciúmes. – disse e Taehyung o olhou. – não dele, de você, ele é muito amigável vai te roubar de mim. – Taehyung riu alto e Jeongguk fez bico. – é sério, mas ele quer porque quer te conhecer, disse que tínhamos que ver um dia com você, então quando puder me diz... – beijou a testa do Kim que aconchegou o corpo no dele.

— Queria te apresentar para os meus amigos também, eles vão ficar felizes... – disse o olhando. – mais do que você possa imaginar, e minha família você já conhece. – falou se referindo a Yeonjun e a Soobin. Jeongguk sorriu. – bom, já que estamos namorando... – Taehyung se levantou e foi até seu quarto correndo, o outro ficou lhe esperando até ele voltar com um objeto na mão.

— O que é isso? – Jeongguk perguntou quando ele botou atrás do corpo o impossibilitando de ver.

— É... uma escova de dentes. – entregou ao homem que olhou confuso a embalagem fechada. – pra você levar para o seu apartamento, e colocar no seu suporte de escova de dentes. – disse simples. – que quando eu for dormir por lá, eu não vou precisar pensar em levar isso e também pra dizer que é um pedacinho meu lá, e eu quero uma sua aqui também. – sorriu.

Taehyung realmente era de um mundo imaginário da cabeça de Jeongguk, pois não era possível ele existir.

— Você não existe. – Jeongguk olhava a escova e sorria.

— Não? – franziu as sobrancelhas.

— Não! – Jeongguk estava com o corpo em êxtase. Como era bom ter Taehyung em sua vida.

— Me beija para vermos se sou real ou um holograma. – o Kim ordenou e o namorado cumpriu a ordem de imediato.

Trocaram mais alguns beijos até Taehyung ouvir seu alarme disparar, o que indicava que precisaria ir até a floricultura. Jeongguk vestiu sua camisa e desceu com o seu namorado até o comércio. Ficou sentado um tempo no banco dos fundos e observava o Kim atendendo algumas pessoas e ajeitando flores do modo que era pedido. Ele era lindo de todas as formas, e Jeongguk não conseguiu tirar os olhos dele.

— A baba vai cair Jeongguk. – ouviu Yeonjun que parou do seu lado já pronto para ir a faculdade.

— Ele é perfeito. – falava admirado e o Choi riu. Se despediu dos dois indo embora e Jeongguk percebeu que também teria que ir, precisava entregar e fechar algumas coisas no escritório. Olhou a escova de dentes na mão e sorriu. – Taehy, amor. – chegou por detrás e beijou o ombro dele. A loja estava sem clientes naquele momento. – preciso ir, mas venho dormir com você... ok?

— Sim. – os olhos de Taehyung brilharam e o beijou aliviado porque o veria de novo naquele dia ainda, aquelas horas não eram nenhum pouco perto do tempo que precisava para matar a saudade de Jeongguk. – traga a sua... – se referiu ao item de higiene e Jeongguk concordou.

— Obrigado por essas horas curtas, meu amor. – Jeongguk sentiu os beijos dele em seu maxilar e inalou o cheiro doce dele. – elas sempre melhoram os meus dias. – sentiu o carinho de Taehyung em si e o beijo dele em seu pescoço.

— Obrigado você... babe. – sussurrou causando arrepios no advogado. – acho melhor você sair correndo antes que eu te prenda aqui. – Jeongguk sorriu lhe dando um último beijo e saindo às pressas. Taehyung riu e acenou para o namorado que fez o mesmo e deixou a loja.

O florista olhou o anel no dedo e fechou os olhos levando a mão ao peito. Riu e ficou olhando suas flores enquanto seu interior transbordava daquela enorme felicidade. O advogado tinha mudado tudo, e mesmo que fizesse um pouco mais de dois meses, não poderia negar o quanto se sentia transformado e bem consigo mesmo. Bem em deixar alguém o ter e o fazer feliz, como Jeongguk estava lhe fazendo.

{...} 2 meses depois {...}

Jeongguk segurava as mãos de Taehyung enquanto o mesmo ria e eles giravam no brinquedo do parque de diversões. Aquela noite estava quente e os dois tinham decidido ir fazer algo diferente, e o parque de diversões pareceu uma ideia igualmente boa para os dois que queriam se divertir juntos.

— Jeongguk, você me fez perder! – Taehyung exclamou ao namorado que revirou os olhos. – fiquei te encarando e perdi, pare de ser bonito! – disse.

— Uma vez bonito, sempre bonito. – beijou os lábios do namorado que riu.

— Ganha aquele urso pra mim! – aponto pro urso pendurado em uma banca que era de tiro. Jeongguk o encarou por um momento e o puxou até lá.

— Onde esse urso gigante vai ficar? – perguntou pagando ao homem da banca e logo sendo direcionado a uma arma.

— Dormirei todas as noites com ele. Já que você se recusa a ir dormir comigo todas elas. – cruzou os braços.

— Saudades do meu corpo amor? – piscou para ele e segurou a arma esperando os cinco segundo para o jogo começar.

— Não me provoca Jeongguk, eu sei o seu ponto fraco. – Taehyung sussurrou no ouvido dele e apertando a cintura do mesmo que quase perdeu toda a concentração. – agora ganhe pra mim. – o homem sentado sentiu um beijo na nuca e o jogo apitou. Ele sem demora atirou como se a sua vida dependesse daquilo e acertou o alvo duas vezes. Taehyung bateu palmas e torceu com entusiasmo. – meu namorado é o melhor! – disse sorrindo e Jeongguk queria gravar todas aquelas lindas expressões de Taehyung para colar em todos os cantos da sua casa.

— Sou mesmo, pegue. – esticou o urso branco e Taehyung o apertou em si ainda encarando Jeongguk.

— Eu te amo tanto. – falou vendo o rosto de Jeongguk mudar lentamente, os olhos ficaram mais abertos e com um brilho enorme. – eu te olho e só te amo mais Jeongguk, obrigado por ter aparecido na minha vida. – apertou o urso em si e finalmente se sentiu confiante em dizer que o amava, pois o amava tanto, muito mais do que imaginou e tinha problema em soltar aquilo com facilidade, mas não tinha mais o que segurar. O amava e iria gritar para o mundo.

— Você é a melhor coisa que já me aconteceu, eu te amo muito! – Jeongguk passou o braço pelo o ombro de Taehyung e encostou suas testas enquanto sorriam.

Alguns fogos de artificio foram soltos, como se soubessem o momento exato para aquilo, eles viraram o rosto vendo as cores coloridas iluminarem o seu e sorriram um para o outro, agradecendo mentalmente pelo café derramado.

Fim.


~~

oioi

bom, chegou ai o fim da 4shot fic :)

eu espero que tenham gostado :D

me digam o que acharam!!!!

enfim, muito obrigada a quem leu até aqui!! e desculpa qualquer erro!!!

até a próxima fic :)

bjs lalis <3

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