entre gêmeos e luas | vmin

By namudinha

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O pensamento de ser pai de um casal de gêmeos aos 26 anos nunca passou pela cabeça de Taehyung durante toda a... More

★ apresentação ★
01. entre bicicletas e cristais
02. entre castigos e visitas
03. entre brigas e pingentes
05. entre passeios e cupcakes
06. entre pés torcidos e mensagens
07. entre sorvetes e reencontros
08. entre corredores e varandas
09. entre restaurantes e balas de amendoim
10. entre amores e recomeços

04. entre pôneis e pula-pulas

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By namudinha

Vocês não sabem o prazer que é estar de volta...

Inclusive, peço desculpas pela demora para postar :( Essa semana foi muito corrida. Já adianto que, talvez, os próximos capítulos também demorem um pouquinho mais, mas nada além de duas semanas!

Queria agradecer, também, a todos vocês. EGEL BATEU 1K DE LEITURAS!!!!!!!! 🎉🎉🎉

Eu estou muito feliz, de verdade, queria dar um beijo e um abraço em cada um. Muito, muito, muito obrigada por todo apoio e carinho 💖💖💖💖💖💖💖

No capítulo de hoje teremos novos personagens, e menções a alguns também, hihihihi.

Tenho que parar de tentar fazer mistério, porque vocês acabam descobrindo quem é.

De qualquer forma, espero que gostem! Hoje teremos o maior capítulo até agora, com 6.7K de palavras.

Novamente, meu tt e ccat: @namudinha

Boa leitura!

.•°★°•.

#CatapimbaBruxinho

— É o aniversálio da Dahye, papai! — Explicou Minjun, animado.

Taehyung e os gêmeos estavam no carro, indo para casa. As crianças conversavam com o pai sobre a festa da amiga de Mirae, que aconteceria no próximo final de semana.

— Certo, entendi — disse, virando a esquina — Vou pegar um dos convites e pesquisar o endereço quando chegarmos em casa. — Olhou para os filhos pelo retrovisor por alguns instantes — E, lembrem-se, nada de bagunça até o dia da festa. Se fizerem algo de errado, não irão. Fui claro?

— Sim, papai! — concordaram, juntos.

Taehyung voltou a prestar atenção na direção e, em pouco tempo, já estavam em frente ao prédio. Fizeram o mesmo processo de sempre ao sair do veículo, cumprimentaram o porteiro na portaria e, enfim, entraram em casa.

Os gêmeos retiraram os sapatos, tomaram banho — dessa vez, ambos brincaram bastante na banheira, o que resultou em um jovem pai completamente encharcado — e colocaram novas roupas. Tae fez o mesmo, mas optou por usar o chuveiro para não levar muito tempo.

— Papai vai pedir comida. O que vocês querem? — Taehyung perguntou com o celular em mãos, apenas aguardando a confirmação dos outros dois.

Jajangmyeon! — responderam, praticamente pulando. Era um dos pratos favoritos deles.

— Certo, gatinhos. — Riu, achando graça da forma como eles pareciam tão felizes — Vou pedir um pouco de teopeokki também, ok? Ainda tem kimchi, então vamos comer o nosso.

As crianças assentiram, satisfeitas, logo voltando a brincar com os carrinhos espalhados pelo chão. Taehyung fez o pedido pela internet e sentou-se no sofá para observar os filhos.

Os dois faziam efeitos sonoros de batidas, pneus deslizando e motores sendo ligados. Parecia uma coisa planejada, mas não era nada além da imaginação extremamente fértil deles. Tae sorriu.

— Ei, gatinhos — chamou — Preciso ver a agenda de um dos dois.

— Vou pegar a minha, papai! — avisou Mirae, levantando-se do chão e correndo até o próprio quarto a fim de pegar a agenda, que estava na mochila.

Em questão de dois minutos, voltou para a sala com o caderninho já aberto na página certa, logo entregando ao pai.

Taehyung pegou o pequeno convite, que estava preso em um clipe de papel, e começou a ler. Notou que não precisaria pesquisar o endereço, pois a festa seria em uma área que já conhecia.

Min Dahye…. — murmurou, lendo o nome que constava no cartão roxo — É sua amiga, Mimi?

— Sim, papai! — disse, sorrindo — Dahye é muito legal!

— É verdade — Minjun concordou, abandonando os brinquedos e aproximando-se dos outros dois — Ela dá bala de uva pra gente!

— Vou fingir que não ouvi essa parte das balas, senhor Kim Minjun… — O garotinho riu, atrevido — Precisamos levar um presente para ela, mas podemos ver isso depois.

Taehyung pegou a agenda da filha novamente para guardar o convite e, assim que o fez, passou a folhear o pequeno caderno por pura curiosidade.

Antes, seu pai era o encarregado de ler os avisos, ir às reuniões e todo o resto relacionado a isso, então Tae evitava se meter nesses assuntos para não causar nenhuma briga desnecessária. Foi assim durante um ano e meio, ou seja: desde que os gêmeos começaram a frequentar ambientes escolares.

Agora, era sua responsabilidade, e ele não tinha certeza se saberia lidar.

Ignorando os pensamentos que estavam começando a invadir sua mente, folheou mais algumas páginas, até encontrar uma das primeiras. Era uma folha de dados pessoais, contendo todas as informações possíveis sobre a filha e contatos de emergência.

E no final, bem no canto, algo que chamou sua atenção. Um bilhete laranja que continha uma sequência numérica.

Isso é um número de celular? — questionou-se, mentalmente. Desgrudou o post-it do papel, curioso, e logo notou que seu dedão cobria algo escrito ali.

"Park Jimin (novo número)"

Arregalou os olhos momentaneamente, mas voltou a si e bateu na própria testa. Era óbvio que aquilo não era por sua causa. Jimin era o professor dos seus filhos, é claro que precisaria manter contato com o responsável deles.

Havia esquecido de pedir os números do colégio para o pai na noite passada, e nem passou pela sua cabeça que essas informações estariam nas agendas. Portanto, pôde concluir que aquele telefone já estava ali há certo tempo.

— Ahri diria que eu deveria tomar vergonha na cara… — pensou alto, tirando sarro da reação que teve há poucos segundos. Não salvou o contato, convencendo a si mesmo que não seria necessário.

Por enquanto, pelo menos.

Devolveu a agenda para Mirae, que correu até o quarto para guardá-la na mochila novamente. Taehyung relaxou o próprio corpo no estofado do sofá, mas arregalou os olhos pela segunda vez quando lembrou que havia deixado as caixas com as coisas dos gêmeos dentro do carro.

Putz grila, que bostinha — reclamou, quase sussurrando. Levantou-se e, de pé, foi até a porta do apartamento — Gatinhos, vou ter que chamar o vizinho para vigiar vocês, ok? É rapidinho, o papai promete que já volta.

— 'Tá, bom! — assentiram, não dando muita importância por já estarem acostumados com aquele tipo de situação.

O vizinho em questão havia se mudado há dois meses para o apartamento que ficava de frente para o da família Kim. Era um jovem de vinte e quatro anos muito gentil e educado. Vivia fazendo doces ou testando receitas novas, sempre batendo na porta de Taehyung para lhe oferecer um pouco das comidas.

Era novo na cidade e estava tentando abrir seu próprio negócio. Na verdade, Taehyung não sabia muito bem se o tal vizinho queria uma loja de bolos e doces ou uma padaria... Talvez os dois, dentro de uma cafeteria? Bom, o cara era confuso.

Além de todo o talento que tinha na cozinha, também possuía uma capacidade incrível de lidar com crianças, então ficava encarregado de vigiar os gêmeos quando Tae precisava fazer algo muito urgente.

Após bater na porta do vizinho, ser atendido com aquele sorriso fofo e óculos redondos e explicar a situação, Taehyung pôde respirar fundo. Viu o mais novo saindo do próprio apartamento e indo até o seu, sorrindo abertamente ao que as crianças correram para abraçá-lo assim que notaram sua presença.

— Ah, anjo — chamou o outro por um dos milhares de apelidos que havia dado a ele — O nosso almoço pode chegar a qualquer momento. Se o interfone tocar, pode deixar entrar.

— Ok, hyung — assentiu, segurando Minjun no colo e guiando Mirae para dentro — E não se preocupe, nada passa pelos meus olhos sem que eu perceba!

Tae riu baixinho e negou com a cabeça, pegando a chave do carro no pendurador e acenando para os filhos antes de fechar a porta e descer as escadas.

No térreo, pediu ajuda para o zelador do prédio e o levou até o carro para que pudessem carregar as caixas. Assim como na noite passada, não foi um processo difícil ou demorado.

Agradeceu ao zelador quando a última caixa foi posta na porta de sua casa, aproveitando para perguntar se ele gostaria de algo para comer ou beber. No fim, o homem quis apenas um copo d'água e, logo depois, voltou para o serviço.

Taehyung também agradeceu o vizinho e, assim que o mesmo voltou para a própria casa, o almoço chegou.

Alguns dias depois, já era sábado.

Ao contrário dos primeiros dias, o resto da semana havia sido tranquilo. Os gêmeos não aprontaram na escola, Seokjin não apareceu com mais palavrões e Dakho não iniciou outra briga — nem poderia, na verdade, pois estava evitando o filho. Sequer falava com ele quando, pela manhã, ia até sua casa para levar os netos à escola.

As crianças perceberam a tensão entre os dois e, em resultado, reclamaram bem menos sobre acordar cedo. Estavam acostumados com as brigas, então fariam o possível para diminuir o estresse deles. Mesmo que não soubessem o significado da palavra.

Taehyung ia, aos poucos, ajeitando seus horários e conseguindo conciliar as tarefas no trabalho com suas responsabilidades como pai. Sentia um certo orgulho de si mesmo por isso.

Continuou encontrando Jimin todas as vezes, sempre tirando alguns segundos para apreciar os detalhes do professor. Inspirar profundamente o cheiro de mel cada vez que entrava naquela sala estava começando a fazer parte de sua rotina, era como um dos pontos principais dos seus dias.

— Papai, leva esse! — disse Mirae, apontando para um pônei roxo de brinquedo.

Taehyung levou os gêmeos para uma loja no shopping, já que precisavam comprar o presente de Dahye. Havia esquecido desse pequeno detalhe, que foi lembrado por Minjun no meio do caminho para a festa.

Os três estavam arrumados e cheirosos. Talvez tenha sido uma luta vestir duas crianças eufóricas, mas Tae conseguiu. Mirae usava um macaquinho jeans que ia até seus joelhos, além de tênis vermelhos e um arco com a mesma cor na cabeça. Minjun vestia uma bermuda também jeans e uma camiseta verde sem estampa, assim como tênis brancos.

Taehyung ficou confuso na hora de trocar de roupa, sempre ficava assim quando se tratava desse tipo de evento. O que usar em uma festa infantil, afinal?

Acabou optando por um look todo preto. A calça não era jeans, então não delineava muito bem seu corpo — preferia assim, não queria chamar esse tipo de atenção em um local cheio de crianças. A camisa tinha mangas curtas, mas não era uma regata, e estava com a barra para dentro da calça. Seus sapatos eram de estilo social, acabando por combinar perfeitamente com o resto da roupa.

— Ela gosta de… — Fez uma pausa para ler o que estava escrito na caixa do brinquedo — My Little Pony?

— Sim, sim! Essa é a favorita dela — explicou, dando pequenos pulinhos enquanto segurava a mão do pai.

— Certo, entendi. — Tirou a caixa da prateleira e quase teve um ataque cardíaco quando reparou no preço — Cinquenta mil won em um cavalinho um pouco maior que a minha mão? Sério? — reclamou, indignado.

Mesmo completamente inconformado com aquele valor, acabou comprando por insistência da filha. Teve que manter os gêmeos longe da infinidade de brinquedos, quase falhando na missão várias vezes. Colocou em uma sacola colorida — enfeitada com um laço amarelo —, que também comprou na loja e, então, os três voltaram para o carro.

O local da festa era no play de um prédio alto, em um bairro bem movimentado por conta da grande quantidade de cafés e lojinhas. Só precisou mostrar o convite na portaria e seguir as instruções para chegar até o andar correto.

Saiu do elevador um pouco nervoso, mas tentou manter a calma. Já conseguia ouvir o som da música alegre de algum grupo de K-pop tocando, assim como as risadas infantis e as vozes dos adultos conversando.

Aproximou-se da porta de vidro, onde as mesas e boa parte dos responsáveis estavam. O resto estava logo atrás, na área aberta e cheia de coisas para as crianças como um pula-pula, mesas baixas com brinquedos e até mesmo uma casinha com escorregador.

— Gatinhos — chamou a atenção dos filhos assim que notou seus olhos brilhando — Nós vamos entrar agora, então tenho que repassar as regras. — Abaixou-se na altura deles e, alternando o olhar entre os dois, voltou a falar — Tentem não sair da minha vista, ok? Eu estarei sempre perto, então podem brincar e se divertir, mas evitem ir para algum lugar sem me avisar. Tomem cuidado com os estranhos, também. Só o papai pode ir ao banheiro com vocês, ou para qualquer outro lugar afastado. Entenderam?

— Sim, papai! — assentiram, realmente prestando atenção nas palavras do mais velho.

— Por último… Não quero brigas ou bagunça demais, certo? Comportem-se. — Os dois concordaram mais uma vez e Tae ficou de pé novamente.

Abriu a porta com cuidado, sentindo o frio do ar condicionado atingir sua pele exposta. Algumas pessoas olharam para ele, fazendo com que ficasse um pouco envergonhado. Não sabia muito bem o que fazer, então ficou parado por alguns instantes.

Deveríamos entregar o presente? Ah, não, eu tenho que falar com os pais da aniversariante! Espera, quem são os pais?!

Quase entrou em pane por um momento, mas foi tirado do transe quando sentiu um toque suave no ombro. Encarou a mão delicada e viu o anel dourado em um dos dedos — uma aliança fina, que continha um pequeno diamante. Depois, olhou para a pessoa que o tocava e deparou-se com uma mulher jovem com cabelo escuro e curto.

— Olá! — ela o cumprimentou, sorrindo gentilmente — Eu sou Min Woori, mãe da Dahye. É um prazer conhecê-lo, senhor Kim. Sejam bem vindos!

— O prazer é todo meu! — Sorriu de volta, um pouco mais calmo. Woori retirou a mão de seu ombro — Obrigado pelo convite.

— Dahye gosta muito dos seus filhos, os nomes deles foram os primeiros que ela mencionou quando perguntei sobre os convidados. — Riu baixo, lembrando da cena e abaixou a cabeça para falar com os gêmeos — Vou chamá-la, ok? Esperem só um pouquinho.

Os dois assentiram e Mirae retirou a sacola com o presente da mão do pai, tomando para si e apertando contra o corpo. Minjun acenava para alguns amigos, que brincavam fora da área coberta.

Em menos de cinco minutos, Tae viu Woori aproximando-se novamente junto com uma garotinha da mesma altura que Mirae, talvez até um pouco mais baixa. O cabelo castanho escuro era curto, na altura do rosto, e havia uma tiara de unicórnio no topo da cabeça. Os olhos eram pequenos, bem puxados, e a boca era miúda.

— Dahyeeeee! — gritou Mirae, correndo para abraçar a amiga. Minjun fez o mesmo e, juntos, praticamente esmagaram a garota em um abraço apertado.

Os pais sorriram, e os adultos em volta também, encantados. Taehyung andou até as crianças e, quando desfizeram o abraço, acenou para a aniversariante.

— Oi, Dahye. Feliz aniversário!

— Quem é ele? — perguntou Dahye, olhando para os gêmeos.

É nosso papai — responderam, estufando o peito de forma orgulhosa.

Ele é bonito — comentou em um sussurro e levantou a cabeça para poder falar com Tae — Oppa, você é bonito.

— Ah, obrigado — agradeceu, envergonhado, e pigarreou — Trouxemos um presente para você.

— Aqui, pra você — disse Mirae, entregando a sacola para a outra, que sorriu abertamente — Eu que escolhi!

Dahye agradeceu, verdadeiramente feliz, e entregou o presente para a mãe, que disse que só poderia abrir depois da festa.

— Querem ir no pula-pula comigo? — questionou, eufórica. Os gêmeos olharam para o pai, pedindo permissão.

— Podem ir, mas lembrem-se das regras e tomem cuidado.

As crianças assentiram, puxando o pai para baixo até que ele estivesse na altura deles e, então, dando um beijo em cada bochecha antes de saírem correndo com a aniversariante.

— Senhor Kim, você…

— Me chame de Taehyung, por favor.

— Ah, sim. Taehyung, você quer uma mesa perto da área dos brinquedos? A maioria dos pais está lá, e fica mais fácil de vigiar as crianças. — Apontou para o local em questão, onde Tae pôde enxergar uma mesa vazia.

— Seria ótimo!

— Pode ir para lá, então. Vou pedir para te servirem, tudo bem?

— Certo, obrigado — agradeceu, indo até a mesa que havia escolhido.

Sentou-se e colocou a mochila — optou por levar apenas uma porque não queria ter muito trabalho — com as coisas das crianças em uma das cadeiras. Deu uma olhada ao redor e sorriu ao ver os gêmeos rindo alto enquanto pulavam na cama elástica. Retirou o celular do bolso da calça, logo respondendo algumas mensagens de Seokjin e aproveitando para tirar fotos ou gravar vídeos dos filhos brincando.

Ficou cerca de alguns minutos fazendo isso, sorrindo bobo para as crianças e apreciando o vento gostoso que batia em seu rosto. Ninguém havia se dado ao trabalho de falar com ele até o momento — mesmo assim, ele notava algumas pessoas o encarando de vez em quando, com certeza estranhando sua presença —, mas assim que mandou um beijo no ar para Minjun, um prato cheio de costelinha grelhada e frango frito apareceu em sua vista.

— Woori me pediu para deixar isso aqui — A pessoa ao seu lado disse, colocando a comida em cima da mesa junto com um copo de refrigerante — Você é o pai dos gêmeos, não é?

E, só então, Taehyung olhou para a pessoa que falava consigo. Analisando com cuidado e arregalando levemente os olhos ao notar dois detalhes: o pingente prateado e o olhar felino.

— Eu… — começou, ainda surpreso — Sou, sim. Meu nome é Kim Taehyung.

— Meu nome é Min Yoongi, prazer! — fez uma reverência rápida, cumprimentando o Kim — Sou o tio da Dahye, sabe, cunhado da Woori.

— Ah, entendi — Olhou novamente para o pentagrama, de forma quase hipnotizada — Eu sou apenas o pai de dois convidados…

— Cara, você nunca viu esse símbolo na vida? — Yoongi questionou com uma sobrancelha arqueada, estranhando o jeito que o outro encarava seu pingente — 'Tá me olhando de um jeito esquisito.

Taehyung arregalou os olhos novamente, saindo de seu transe. Ficou envergonhado por pensar na possibilidade de ter constrangido o Min. Rapidamente, tentou contornar a situação, mas acabou falando a primeira coisa que passou pela sua cabeça:

— Eu te conheço!

— Como assim? — perguntou, a expressão confusa sendo substituída por uma expressão preocupada — Você bebeu?

— N-não, é que… Eu… — Pigarreou, em um ato nervoso. Estava com medo de passar alguma impressão errada para o desconhecido — Eu acho que já te vi no meu trabalho.

Yoongi não esboçou nenhuma reação por alguns segundos, pensando sobre o que havia acabado de ouvir. Depois de alguns segundos refletindo, olhou com curiosidade para Taehyung.

— Você trabalha em algum hospital? Seu rosto também não me é estranho e eu tenho quase certeza que já te vi em um — disse, passando a mão no cabelo em seguida — Ou talvez seja apenas uma coincidência.

— Ah, eu…

Senhor Kim, você por aqui…

Taehyung parou de falar ao ser interrompido, logo olhando para a pessoa que se aproximou da mesa.

Professor Park.

O homem de cabelo roxo vestia uma calça preta e sapatos de plataforma alta também pretos, além de um casaco fino azul — com listras brancas e pretas no meio — por cima de uma blusa lisa branca.

Simples, mas deslumbrante, porque era Park Jimin.

Sentiu um choque em seu corpo e os pelos se arrepiando completamente. Piscou algumas vezes, extremamente surpreso por vê-lo ali. Soltou um suspiro discreto e levantou-se da cadeira de forma quase brusca, em um ato nervoso. Yoongi franziu o cenho para a cena e Jimin sorriu com o canto dos lábios.

— Senhor Park, oi! — cumprimentou com uma voz claramente nervosa — Eu não sabia que estaria aqui…

— Pensei que fosse óbvio. — Riu baixinho e passou a mão no cabelo, colocando os fios para trás — Eu deixei bem claro que estaria aqui, só não sabia que você realmente viria. De qualquer forma, não é algo ruim.

Taehyung ficou sem resposta, refletindo sobre o tom do professor. Aquilo poderia ser interpretado como um flerte descarado, mas não achava que seria o caso.

Ou seria?

— Eu vou me retirar — disse Yoongi, após notar as intenções do Park — Da próxima vez, evite encarar demais, Taehyung-ssi.

— Ah, me desculpe por isso — pediu, esfregando a própria nuca — E obrigado pela comida.

— Não há de quê, e não precisa se desculpar. Se quiser fazer perguntas, ficarei feliz em respondê-las, mas preciso ir agora. — Piscou um olho e deu uma última olhada em Jimin antes de sair da vista dos dois.

Taehyung acompanhou o outro com o olhar durante um tempo, e quando virou-se Jimin já estava sentado em uma das cadeiras — logo ao lado da que escolheu para si. Sentiu as mãos formigando quando notou que estavam sozinhos ali. Sentou-se novamente, tomando um gole do refrigerante em seguida.

— Sobre o que ele estava falando? — Jimin perguntou, curioso, aproveitando a brecha que encontrou para iniciar um assunto com o Kim — Sabe, algo sobre encarar demais.

— Eu… — Pôs o copo na mesa — Eu meio que fiquei encarando o pingente dele, mas acho foi desconfortável para ele — explicou, ficando surpreso consigo mesmo por não apresentar nenhum outro traço de nervosismo.

— O pentagrama com as luas, certo? — Tae assentiu. Jimin sorriu pequeno — Você ficou curioso?

— É, eu queria saber o porquê. Não que seja da minha conta, claro.

Park sorriu um pouco mais, verdadeiramente feliz por não ouvir comentários negativos do outro e assentiu, depois cruzou as pernas e direcionou o olhar para as crianças brincando. Taehyung começou a saborear a comida.

— Senhor Kim, como é ser pai de gêmeos? — soltou a pergunta, do nada.

— Eu posso te contar todas as mil e uma maravilhas do mundo paterno se você parar de me chamar assim, professor Park.

Jimin riu — quase gargalhando —, tampando a boca com uma das mãos e, naquele momento, Tae sentiu que seu coração poderia sair pela boca.

Porque era simplesmente impossível que o sorriso de alguém pudesse ser tão perfeito.

Não conseguia parar de admirar aqueles olhos praticamente fechados e o corpo pequeno sendo jogado para frente. Além de, claro, a risada que soava como… Algodão. Isso! Sua risada possuía a mesma textura de um algodão fofinho e macio.

Taehyung riu discretamente da comparação que fez, bebendo mais refri.

— Como quer que eu te chame, Taehyung-ssi? — voltou a falar após os poucos segundos que passou rindo, virando-se para o Kim. As bochechas ainda estavam levemente coradas e ele apoiou os cotovelos na mesa — Quer um apelido especial ou prefere seu nome mesmo?

— Apelido especial? Eu gosto disso. — Tentou conter um sorriso involuntário, mas foi em vão — Já tem algo em mente?

— Sendo sincero? Não. Terei que continuar te chamando apenas de Taehyung, por enquanto. — Os dois soltaram risos baixos, começando a se acostumar com a presença um do outro. Se sentindo cada vez mais confortáveis — Também quero um apelido especial.

— Que tal… — Tae pôs uma das mãos no queixo, fingindo refletir — Titio Park?

Jimin soltou um riso nasalado, revirando os olhos e prendendo parte do lábio inferior entre os dentes.

— Você não é um dos meus alunos… — Apoiou o queixo em uma das mãos e, com isso, sua manga desceu um pouco, revelando uma pulseira formada apenas por bolinhas pretas — Mas pode ter certeza que eu…

Titio!

Jimin apertou os olhos ao ouvir a voz de Minjun tão perto de si. Em partes, estava agradecido pela interrupção, pois quase soltou uma pérola daquelas — um flerte broxante, por assim dizer. O problema foi lembrar que estava no meio de uma festa infantil, e isso não é um lugar apropriado para esse tipo de coisa.

— Oi, Jun… — cumprimentou o pequeno depois de voltar à realidade — Como você está?

— 'Tô bem — respondeu, ficando na ponta dos pés para pegar um pedaço de carne na mesa e enfiar na boca — E você, titio?

O Park olhou para Taehyung ao ouvir a pergunta. Viu o jovem pai segurando o copo de refrigerante na boca do filho, auxiliando-o com cuidado e carinho. Não pôde evitar sorrir pequeno, realmente encantado com aquela cena que, aos seus olhos, era realmente cativante.

Taehyung era cativante.

— Eu estou ótimo, Jun — respondeu, finalmente. Uma sensação gostosa tomando conta de seu corpo.

— Legal — murmurou o garoto — Papai, eu vou blincar com Minho.

— Vai lá, gatinho.

Minjun assentiu e saiu correndo até o amigo. Taehyung procurou Mirae pelo local, mas não conseguiu encontrá-la, ficando nervoso.

— Ela está tirando fotos com Dahye — Jimin disse, apontando para a área coberta. As amigas faziam caras e bocas para a câmera, que estava nas mãos de Woori.

— Como você a encontrou e eu não? — Tae questionou, realmente curioso.

— Depois de um tempo cuidando de muitas crianças, você desenvolve uma incrível habilidade de rastreamento. É como um sexto sentido, acredite — explicou, tomando um gole d'água em um copo que Tae não fazia ideia de onde havia surgido.

— Por que resolveu cuidar de crianças? Sabe, ser professor do jardim de infância. Eu já fico à beira de um colapso com meus filhos, imagina com vários mini humanos. — Arregalou minimamente os olhos enquanto falava, de forma expressiva. Jimin achou uma graça.

— Eu sempre gostei de crianças. Tenho um irmão mais novo, que hoje é adolescente, e ele acabou despertando esse meu lado de "cuidador". — Fez aspas com os dedos — Até ano passado, eu era professor do terceiro ano do fundamental, mas acabei me candidatando para a vaga no jardim. Queria experiências novas, e tem dado muito certo.

— Isso é legal. — Sorriu, admirado — Acho que não teria muita paciência para ser professor, sendo sincero — comentou, tomando o último gole do refrigerante.

— Você já tem experiência com duas crianças… Tenho certeza que tiraria de letra.

Jimin havia dito isso por sempre ouvir dos próprios alunos o quão incrível Taehyung era como pai. Depois que o conheceu — há menos de uma semana —, pôde comprovar a veracidade daquilo.

Qualquer pessoa que olhasse para Tae interagindo com os gêmeos veria o quanto aquele homem amava os filhos. Era um carinho quase palpável de tão forte. E o Park sabia que as crianças sentiam o mesmo pelo pai. Por isso, não entendeu quando o outro assumiu uma expressão um pouco triste.

— Eu não tenho tanta experiência assim com eles, Jimin. Faz apenas seis meses desde que se mudaram para a minha casa e, sinceramente, às vezes parece que eu não vou conseguir — desabafou.

Não tinha o costume de se abrir dessa forma para alguém que mal conhecia, mas Jimin tinha uma aura acolhedora. Ele transmitia coisas positivas. Taehyung sentia que poderia compartilhar algumas inseguranças com ele, porém, não todas. Ainda.

— Eu não sabia disso… — murmurou o professor, sem saber o que dizer — Mas acho que, de forma geral, é compreensível. Cuidar de si mesmo já é difícil, imagina cuidar de mais duas pessoas que dependem de você. — Suspirou e olhou ao redor, observando as crianças correndo pelo espaço — As pessoas agem como se fosse fácil, quando todo mundo sabe que não é.

— É — concordou, olhando para o Park  — Eu tento não me prender a esses pensamentos o tempo todo. Eu posso cuidar dos meus filhos agora, depois de mais de quatro anos tendo uma participação reduzida na vida deles. É estranho lembrar que isso é real. Puxa vida, eu realmente sou pai.

Jimin o olhou e, após alguns segundos o encarando, colocou a palma sobre sua mão, que estava em cima da mesa. Não era um toque com segundas intenções, apenas queria confortá-lo de maneira mais próxima. Taehyung travou um pouco, surpreso com a ação, mas não desfez o contato.

— Você está fazendo um bom trabalho — disse, com voz suave e toda a sinceridade possível — Não sei se já te disseram o contrário, sequer te conheço direito, mas não preciso provar isso quando os seus filhos demonstram o tempo todo a admiração que têm pelo pai. — Tae desviou o olhar para os gêmeos, refletindo sobre — É sério, Taehyung. Qualquer um se enche de amor toda vez que eles falam sobre você, ou quando vocês simplesmente interagem. Não se cobre tanto, por favor.

As mãos estavam unidas, uma por cima da outra. Eles não queriam interromper aquele toque, que chegava a causar certo choque, porém, não de uma forma ruim. Os corações batiam em uma frequência ainda mais rápida, não apenas pela aproximação. Era o início do começo de algo que eles não sentiam há muito tempo, mas que não era um mistério tão grande.

Taehyung voltou a olhar para Jimin. Não falaram nada por um tempo, ficaram apenas se encarando e, por algum motivo, sentindo que poderiam ler muitas coisas através dos olhos um do outro. E podiam.

— Desculpa interromper… — a voz de Yoongi estava um pouco alta por conta da música que tocava. Kim e Park afastaram as mãos. O professor bebeu mais um pouco d'água e desviou o olhar; Tae esfregou a própria nuca — Mas estão te chamando para tirar algumas fotos com a Dahye na mesa do bolo, Jimin.

Jimin olhou rapidamente para Taehyung, que também o encarava, e desviou a atenção para o Min.

— Estou indo! — Levantou-se, colocando os fios do cabelo para trás — Foi uma boa conversa, Taehyung-ssi.

— Sim, e obrigado — agradeceu, sorrindo sinceramente.

— Disponha. — Piscou um olho e deu meia volta, indo até a parte coberta.

Yoongi riu baixinho quando reparou no sorriso completamente bobo que Tae carregava nos lábios. Era tão óbvio que chegava a ser cômico.

— Acho que tem alguém te chamando, Taehyung — avisou, apontando para os gêmeos, que acenavam para o pai do outro lado do play.

— Ah, sim — murmurou, saindo do transe e pondo-se de pé — Você acha que tem problema se eu deixar a mochila aqui?

— Que nada, cara. Tem um monte de gente em volta e eu 'tô sempre de olho. Pode ir curtir um pouco com as crianças, sério.

— Obrigado! — Yoongi estendeu o punho fechado e ele fez o mesmo, então trocaram um soquinho amigável.

Afastou-se do outro e caminhou até os filhos, que o puxaram pelas mãos até o pula-pula. Milagrosamente, o brinquedo estava vazio, mas ele logo descobriu que as outras crianças só não estavam ali porque um animador — que chegou um pouco atrasado — propôs uma brincadeira que acabou prendendo a atenção de quase todas elas, e de alguns responsáveis também.

— A gente quer pular com você, papai — explicou Mirae, tirando novamente os sapatos e subindo a escadinha que ficava entre o chão e a cama elástica.

— Eu não sei se posso, Mimi. Eu não tenho mais tamanho para isso… — disse, olhando para a mulher parada ali.

Era a pessoa designada para cuidar da segurança das crianças naquele brinquedo, e também cronometrava o tempo de cada grupo. Ela carregava uma expressão de tédio enquanto mexia no celular e ajudava Minjun a subir, sem levantar o olhar.

— Moça — Tae a chamou, recebendo um "hum" arrastado como resposta — Eu posso entrar? Eu sou o pai deles e…

— Só vai, senhor — interrompeu, realmente desinteressada e sem tirar os olhos do celular — Tem espaço 'pros três.

Aquilo era realmente verdade, o pula-pula era bem grande. O problema era que Taehyung estava receoso. Não tinha ninguém olhando, e estava começando a escurecer, mas e se alguém o julgasse?

Papai, por favor… — pediram os irmãos, encostados na grade e fazendo um bico nos lábios. Também usavam os olhos redondos e cílios longos a seu favor, ativando o modo fofinho que tornava-os imbatíveis.

Tae suspirou, quase chorando com aquelas carinhas tão fofas. Completamente desestabilizado, retirou os próprios sapatos e, usando a pequena escada como apoio, entrou no brinquedo.

Demorou um pouco para se acostumar, pois realmente fazia anos desde a última vez que havia pisado em algo assim. Queria ficar sentado, para não chamar muita atenção, mas os filhos fizeram questão que ele ficasse em pé para que pudessem pular juntos.

Ouvir o som das molas ficando cada vez mais repetitivo foi engraçado e estranho. Começou a lembrar da época que era uma criança também, e isso o fez se soltar mais.

Mirae e Minjun riam alto, gargalhando mesmo. Estavam verdadeiramente felizes por aquilo, felizes por estarem com Taehyung.

Os gêmeos tentavam dar pulos altos, e Tae tentava não fazer o mesmo para não derrubá-los.

— Papai, deita aqui — falou Minjun, apontando para o centro da cama elástica — É divertido.

Taehyung obedeceu, deitando de barriga para cima e encarando o céu.

— Pronto? — Mirae perguntou, pegando impulso.

— Pronto. — E eles voltaram a pular, tentando fazer o corpo do pai se mexer conforme aplicavam mais força nos pulos.

Tae lembrava de fazer aquilo quando era criança, sempre deitando no meio do pula-pula para sentir o corpo inteiro chacoalhando com o impacto dos pulos. Naquela ocasião, não era a mesma coisa, pois já era um adulto e seus filhos não tinham tanta força, mas não importava.

Vê-los daquele ângulo, rindo e se divertindo tanto, fazia tudo valer a pena. Ele não ligava mais se tinha alguém observando ou julgando suas atitudes, e as palavras de Jimin começaram a fazer mais sentido.

Não precisava de provas, porque aqueles sorrisos lhe davam a certeza que tanto buscava.

(...)

Ficaram bons minutos ali, apenas curtindo aquele momento em família. Infelizmente, tiveram que sair quando um grupo de crianças apareceu para brincar. Os gêmeos correram até alguns amiguinhos e o pai caminhou até seu cantinho.

Entretanto, ao voltar para a mesa a fim de beber alguma coisa, notou algo na cadeira onde Jimin havia sentado.

A pulseira de bolinhas pretas.

Pegou com cuidado, e procurou o Park com os olhos. Ao perguntar — apenas sobre o professor, não comentando sobre a pulseira — para Yoongi, descobriu que ele teve um imprevisto e precisou ir embora mais cedo. Ficou um pouco decepcionado por não ter recebido um mísero tchau, mas compreendia a situação.

Acabou guardando a pulseira no bolso da calça, dizendo a si mesmo que poderia devolvê-la para ele na segunda-feira, quando fosse buscar Mirae e Minjun. Seria uma boa oportunidade para puxar assunto, afinal.

Depois disso, a festa seguiu tranquilamente. Conversou um pouco mais com Woori e conheceu seu marido, Geumjae. Falaram sobre as crianças e riram de algumas reclamações sobre a vida de quem tem filhos.

Em quatro horas de festa, depois de muita comida e diversos doces, Tae decidiu que era o momento de pegar as crianças e voltar para casa. Já estava escuro, então queria aproveitar o resto do dia para descansar.

Se despediu da família Min e agradeceu novamente pelo convite, não esquecendo de elogiar a decoração e comida. Os gêmeos também se despediram dos amigos, e já pareciam sonolentos.

Os três ouviram uma música calma durante todo o percurso até o prédio, cantando de forma enrolada alguns trechos da canção em inglês. Taehyung observava, pelo retrovisor, seus pequenos coçando os olhos ou bocejando.

Sendo sincero, também estava cansado. Festa de criança é sinônimo de dor nas costas para qualquer adulto, então agradeceu para o nada quando, finalmente, entraram no apartamento.

Deixou a mochila que carregava em cima do sofá e correu até o banheiro para dar um banho nos filhos, que ficavam cada vez mais moles. Teria sido rápido, se não fosse pelo pé completamente sujo de Minjun.

— Filho… — Tae choramingou enquanto esfregava a sola do pé do garotinho — Por que você tirou a meia, hein?

— Eu avisei — comentou Mirae, convencida. Jun riu, sonolento, segurando-se na borda da banheira e esticando o outro pé para o pai poder limpar.

Após o banho, vestiram pijamas quentinhos e, depois de trocarem alguns "boa noite" e "eu te amo" com o pai, entregaram-se ao sono.

Tae foi até o próprio quarto e retirou a pulseira do bolso com cuidado, deixando na mesinha de cabeceira ao lado da cama e indo para o banheiro novamente para tomar um bom banho.

Relaxou um pouco na água da banheira, aproveitando para tirar um tempinho para si. Voltou para o quarto e vestiu seu conjunto de moletom, ficando confortável.

Bebeu um pouco d'água e, de forma travessa, comeu algumas balas que os filhos ganharam na festa. Sentou-se no sofá, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos.

Estava prestes a tirar um cochilo muito gostoso, mas o som da campainha despertou seu corpo, fazendo-o levantar com pressa para atender a porta.

Anda, Taehyung! 'Tô apertado! — a voz do outro lado dizia enquanto a porta era destrancada.

— Pronto! — Voltou a fechar a porta quando o outro passou correndo por ela.

— Finalmente — murmurou, tirando os sapatos. Também retirou a mochila das costas, deixando no chão — Meu Deus, preciso fazer xixi! — E saiu correndo até o banheiro.

Taehyung revirou os olhos, mas não conseguiu se conter e acabou rindo. Foi até a cozinha para separar um copo d'água e voltou para a sala, encontrando-o sentado no sofá.

— Mas que folga, viu? Entra na minha casa e não me diz um mísero oi… — reclamou, claramente zoando e entregou o copo para ele — Você era mais educado antes, hyung.

— Deixa de drama, garoto! Eu sou da família. — Bebeu a água rapidamente, deixando o copo na mesinha de centro.

— E família não se cumprimenta, por acaso? — Colocou as mãos na cintura, fingindo indignação — Que desculpinha mais…

— Você fala, fala, fala e eu só escuto blá, blá, blá — provocou, vendo Tae colocar a língua para fora — Muito maduro da sua parte. Enfim, onde estão meus sobrinhos? — questionou ao não ver nenhuma criança fazendo bagunça como de costume.

— Dormindo como os dois anjos que são — respondeu, jogando-se no sofá e colocando as pernas por cima do colo do mais velho — Vai dormir aqui?

— É claro, meu bem. — Pegou o controle e ligou a televisão, passando a buscar um canal com algo de seu interesse — Saí correndo da casa da mamãe e acabei esquecendo de ir ao banheiro.

Jiwoo estava lá? — Olhou para o outro, querendo saber a resposta — Ela ainda estava viajando na última vez que nos falamos.

— E continua. Fiz chamada de vídeo com ela hoje, e até comentei sobre a mudança dos gêmeos.

— Depois de seis meses?! — Arregalou os olhos — Foi rápido, pensei que ela só saberia disso quando voltasse.

— Pois é! Quase tive um treco quando recebi a chamada, sério. Fazia tanto tempo que eu não ouvia a voz da minha irmãzinha… — Fingiu uma voz de choro, mas estava realmente feliz por ter entrado em contato com Jiwoo depois de tantos meses.

— Sei como é, Hobi — murmurou, pensando um pouco — Será que vou receber uma chamada dela também?

— Não é impossível… Ela quer falar com os filhos. 

— Ah, entendi. Talvez seja uma boa ideia.

— É, sim — disse, encerrando o assunto.

Voltaram a atenção para o programa de culinária, assistindo até o final. Não falaram mais sobre o tópico Jung Jiwoo, nem qualquer coisa que a envolvesse. Já estavam acostumados, mas ainda era confuso para ambos.

Hoseok tomou um banho e trocou de roupa. Deixou suas coisas no quarto de hóspedes — que seria de um dos gêmeos quando eles crescessem — e, depois de combinar com Taehyung alguns detalhes do passeio que faria com os sobrinhos no dia seguinte, foi dormir.

Tae passou mais uma vez no quarto dos filhos, checando as respirações e medindo as temperaturas com a mão. Também deu um beijo em cada um antes de ir para o próprio quarto e deitar-se na cama.

Olhou para o lado, vendo a pulseira de Jimin, e suspirou.

Jiminie, Jiminie — sussurrou, quase caindo no sono.

Pensou sobre as palavras que o professor dissera há algumas horas. Lembrou daquele momento em que se encararam por longos segundos e sorriu.

Ele sentia algo ali, sentia algo querendo crescer, surgir. Não queria definir esse algo, apenas aproveitar as maravilhas sensações que vinha experienciando desde que conheceu o Park.

Não sentia aquilo desde muito tempo, muito mesmo. Era bom saber que ainda podia experimentar algo do tipo, muito bom. Era maravilhoso.

Então, Taehyung adormeceu. Após passar bons minutos pensando em Park Jimin, nos fios roxos, no sorriso lindo e nos olhos encantadores.

Foi pensando nele, que um de seus melhores dias chegou ao fim.

••••••••••

E chegamos ao fim do quarto capítulo! O que acharam?

Foi maior do que os outros, então espero que não tenha sido cansativo ou muito parado.

Novamente, muito obrigada por todo apoio 💖💖💖💖💖 Vocês moram no meu coração.

Não esqueçam de usar a #CatapimbaBruxinho caso forem comentar algo no twitter!

Hoje tivemos mais alguns personagens, hihihihihihi. Já sabem quem é o vizinho?

Quase todo mundo acertou sobre o carinha que o Tae viu no hospital, aff, não tem graça brincar com vocês!!! Gostaram dele?

Um beijo na bochecha de cada um e até o próximo capítulo!!! Mwah 💋💋💋💋

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