Depois de Você - ShikaSaku

By lhatakenara

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Quando você perde alguém um buraco se abre em seu peito e te destrói de dentro para fora. Por longos anos não... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8

Capítulo 3

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By lhatakenara

— Ei, Shikamaru espere! — gritei, não estava muito longe da casa dos Hatake. Não sabia por que eu havia agido no impulso, mas eu achava melhor conversar com ele.

Já que eu era alguém que talvez entenderia sua dor.

— Mendokusē¹…

Ele parou e pude ver que sua respiração estava agitada. Ele se virou e o costumeiro cigarro pendia em seus lábios. Seu rosto estava mais fino do que eu me lembrava, seus olhos estavam caído e as olheiras denunciava as noites mal dormidas.

Eu me vi nele. Parecia que eu estava encarando meu reflexo no espelho, a diferença era que Shikamaru era homem, mas ao contrário de mim, ele não estava viúvo e sim vendo sua esposa casar-se com outro.

Uma dor nunca pode ser comparada a outra, elas nunca vão ser iguais. A minha dor nunca vai ser pior que a de Shikamaru e a dor dele nunca vai ser maior que a minha. Cada um tinha as suas dores e tudo que podíamos fazer eram nos apoiar.

— Eu…

— Se você vai falar as mesmas coisas que minha irmã, eu prefiro que não fale, Sakura. — sua voz saiu carregada e rouca.

— Não estou aqui para te criticar. — murmurei encolhendo meus ombros. — Talvez eu entenda o que você esteja sentindo…

Ele continuou me encarando, esperando que eu pudesse falar qualquer coisa, assim ele reclamaria e me daria as costas.

— Sarada está preocupada com Shikadai…

—Já disse que o que acontece com meu filho é assunto meu e de Temari.

Cheguei próximo dele, eu tremia de leve ao sentir a brisa forte soprar. Ele deu mais uma tragada em seu cigarro e o jogou longe, a fumaça saindo de seus lábios chamou minha atenção. Eu odiava cigarros, eles faziam mal a saúde.

— Você fuma demais.

— O que você quer Sakura?

— Eu sei que você está passando por um momento difícil, acredite, eu entendo. — Comecei e ele revirou os olhos e cruzou os braços. — Eu entendo completamente o que você está sentindo agora Shikamaru, mas acredite, você não pode deixar tudo de lado.

— Talvez eu ainda tenha uma chance…

— E se não tiver? Vai ficar jogado e sumido por dias? Droga, eu sei o que é sentir essa solidão mesmo estando rodeado de pessoas. Eu sei. Mas, eu levanto todo dia e tento dar o meu melhor pela minha filha. Ela já perdeu o pai, não quero que ela se sinta sozinha nessa vida. Apenas tente dar o seu melhor para Shikadai, pelo que Sarada comenta comigo, ele está se isolando dos amigos por causa dessa situação toda. Por favor Shikamaru, não deixei que seu filho passe o pior, porque eu sei que você se preocupa com ele. Você tem que tentar seguir em frente.

Shikamaru ficou me olhando com os olhos levemente arregalados, eu sabia que boa parte do que eu havia desabafado também servia para mim. Murmurei que era somente aquilo e virei as costas caminhando de volta para casa dos Hatake. Eu esperava que talvez Shikamaru acordasse para vida e não deixasse o tempo passar, se arrependendo depois.



— Você está diferente.

Ino me analisou minuciosamente enquanto bebericava seu chá de ervas doces. Franzi o cenho não entendendo o porquê de estar diferente, meu cabelo estava do mesmo jeito que os outros dias, assim como minhas roupas.

— Continuo a mesma.

— Bom, você está mais… Leve? — ela questionou enquanto sorria de lado. — Fazia algum tempo que não te via assim, aconteceu alguma coisa?

Eu não sabia se havia realmente mudado algo, mas as palavras que eu havia dito ontem a Shikamaru tinham surtido efeito em mim. Talvez eu devesse ser mais leve também com minha vida, eu estava afastado algumas pessoas pelo fato de não conseguir seguir em frente.

Será que Sasuke ia querer isso?

Já havia passado algum tempo, mas a pergunta que me rondou a noite toda era: será que eu conseguiria seguir em frente?

— Não aconteceu nada — afirmei após terminar meu chá. Ela ergueu uma sobrancelha contrariada mas preferiu ficar em silêncio. Sarada ficaria fora por dois dias para uma das missões de Genin. Ela era tão forte e determinada, Sarada era minha luz em torno de toda essa escuridão.

— Sakura, eu só não quero que você volte a ser aquele botão de flor de novo. Durante todos esses anos você floresceu de uma forma tão linda. Por favor, não quero que volte a ser aquele botão.

Ino segurou minhas mãos por cima da mesa e tentei dar um sorriso, porém saiu meio desajeitado. Suas palavras me fizeram voltar há muitos anos, quando ainda éramos crianças, eu era tão envergonhada por minha apareceria e não me sentia capaz. Foram as palavras de Ino que me fizeram ir perdendo aos poucos o medo e me tornaram confiante.

Me fizeram florescer.

Lembro-me das provas chunnin e de como acabamos nos enfrentando, ali foi o meu ápice para cair na realidade e realmente querer ser uma Kunoichi. Senti a mão de Ino largar a minha e seus olhos azuis encararem o lado de fora da casa de chá, sua testa estava franzida. Deixei minha xícara sobre a mesa e virei minimamente o corpo para poder ver o que chamava sua atenção.

Temari segurava fortemente a mão de Shikadai, como se obrigasse o menino a acompanhar, comprimi os lábios não gostando do modo como ela puxava o filho.

— Eu não sei que diabos está acontecendo com Shika e Temari, mas isso tudo está passando um pouco dos limites.

— Temari vai se casar e que levar Shikadai para Suna.

— Chouji e eu já conversamos com Shikamaru, ele está péssimo. — Ino pressionou os dedos a testa, fechando os olhos. — As vezes sinto falta de quando éramos gennins e de todas as nossas preocupações bobas.

— Sarada está preocupada com Shikadai. — Olhei novamente para fora, vendo Temari sair arrastando o garoto emburrado. — Ela até pediu minha ajuda, mas eu não sei o que eu realmente posso fazer.

— É uma situação que não podemos nos envolver muito.

Concordei com Ino e voltamos tomar nosso chá, ela tentava me animar. Eu nunca poderia ser tão grata por existir pessoas tão especiais em minha vida, eu sei que independente de qualquer situação, elas estarão ao meu lado.

— Eu estava pensando em convidar o pessoal para uma noite dos adultos hoje. Aproveitar que as crianças estão em missão.

— Inoji vai sai em missão?

— Sim. — ela checou o relógio na parede. — Ele estava bem animado. Mas, não troque de assunto, Testuda.

Deixei um sorriso tímido aparecer em meu rosto, testuda, fazia algum tempo que eu não ouvia esse apelido.

— Farei o possível para ir.

— Vou pedir para Shikamaru passar na sua casa.

Ela piscou e antes que eu pudesse contestar, ela beijou o topo da minha cabeça e saiu apressada, dizendo que precisava ir até a floricultura.

[…]

Observei meu reflexo no espelho da suíte, eu não estava das melhores condições. Estava mais magra que o normal, podia ver os ossos saltado em minha clavícula. Passei as pontas dos dedos sobre minhas pequenas olheiras. Meu cabelo estava molhado denunciando meu banho recente. Olhei para a pequena bolsa de maquiagem sobre o balcão da pia, seria errado talvez eu dar uma ajeitada em meu rosto? Nunca gostei de maquiagem carregada, mas não queria encontrar meus amigos como se eu estivesse com uma aparecia de morta.

Fiquei encarando a pequena bolsa e após alguns segundos finalmente criei coragem e peguei o necessário para me deixar com uma aparência mais saudável. Apertei as bochechas e tentei as deixar levemente rosadas, como antigamente. Havia encontrado perdido em meu armário um vestido soltinho e com desenhos de pequenas flores, o tempo em Konohagakure as vezes ficava um pouco frio mas em especial nessa noite, parecia que o mesmo estava a meu favor — fresco.

Olhei novamente para o espelho e deixei um suspiro escapar de meus lábios. “Sasuke-kun, seria tão mais fácil se você estivesse aqui”. Pensei ainda me avaliando.

Já estava atrasada e teria que ir sozinha até o local onde Ino marcou. Sai do meu quarto, descendo as escadas que davam direto na sala de estar. Meus olhos pousaram em alguns porta-retratos que estavam ali, peguei um em minhas mãos. Meus olhos se fecharam ao senti o acumulo de lágrimas.

“Ah Sasuke-kun, por quê?”

Coloquei o retrato no lugar e caminhei para fora da casa. Tranquei a porta e ao me virar me assustei ao encontrar a figura de Shikamaru, ele terminava de fumar e quando me viu jogou a bituca de cigarro longe.

Ele estava com uma aparência diferente da noite anterior, havia feito sua barba e deixado o costumeiro cavanhaque. Usava uma calça escura, uma camisa e por cima, ao em vez de seu costumeiro sobretudo claro, ele usava um casaco preto de couro. Sua feição estava séria, mas seu olhar estava tranquilo. Pelo menos era o que ele estava tentando demonstrar.

Involuntariamente deixei um sorriso tímido aparecer em meu rosto, talvez a nossa pequena conversa de ontem tenha surtido efeito nele. Agora bastava, eu tentar acreditar nessas mesmas palavras e seguir em frente.

— Boa Noite, Sakura.


Mendokusē¹ - famosa frase dita pelos nossos Shika: que saco.

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