Depois de Você - ShikaSaku

By lhatakenara

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Quando você perde alguém um buraco se abre em seu peito e te destrói de dentro para fora. Por longos anos não... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8

Capítulo 2

300 30 14
By lhatakenara

Meus olhos ardiam só de encarar aqueles relatórios médicos, eu me sentia mais fraca e sem vontade alguma de estar no hospital. Sabia que era uma das mais renomadas médicas que país do fogo já tivera, mas eu me sentia tão diminuída.

Tão Inútil…

Eu não tinha vontade de nada, antes os encontros com meus amigos eram tão esperados e hoje, tudo que queria era chegar em casa e deitar na minha cama.

Nossa cama

A cama onde eu sempre me deleitava com os prazeres carnais que Sasuke me proporcionava. Estar no distrito Uchiha era doloroso para mim, muitas vezes Amy e Ino diziam que eu deveria me mudar, mas eu não conseguia me desfazer daquela casa. Era o nosso lar, o lugar onde passei minha vida ao lado dele.

Sarada passava tanto tempo fora de casa que eu me sentia sozinha:  seria errado eu falar que eu adorava aquela solidão?

Empurrei os relatórios para o canto da mesa, eu não conseguia mais fazer aquilo. Estava sobrevivendo, levando uma vida sem brilho e sentindo algum, eu não conseguia mais demostrar minhas reações. A grande maioria era até automática, e  raras as vezes que eu sentia alguma coisa, se dissipava rapidamente. Não me sentia capaz de ser feliz de novo.

Olhei novamente para as cartas que estavam sob a mesa do meu escritório. Eu as havia trago junto comigo para quem sabe eu criasse coragem de abrir e ler, mas o dia havia passado e tudo que eu fiz foi somente observar-las.

Por que tinha que ser tão difícil?

Por que tudo isso teve que acontecer?

Por que você teve que partir Sasuke?

Ouvi uma batida na porta e antes de pedir para a pessoa entrar, arrumei minha mesa deixando-a impecável novamente. A porta se abriu depois de alguns segundos e minha filha adentrou a sala, fazendo com que um sorriso involuntário surgisse em meu rosto. Somente Sarada fazia isso comigo. Ela era a minha ligação nessa vida com Sasuke. Nós sempre estaríamos conectados enquanto Sarada estivesse nesse mundo.

— Querida, está tudo bem? — perguntei assim que ela entrou na sala. 

Ela assentiu e sentou a minha frente. Seus cabelos estavam maiores passando um pouco dos ombros, seus olhos eram tão negros como o do pai.

Era a nossa misturinha perfeita.

Suspirei me levantando e me aproximando mais dela, arrastei a cadeira para o lado e segurei suas mãos. Algo a incomodava.

— Sarada, sabe que pode conversar sobre qualquer coisa comigo, né?

— Eu estou preocupada com Shikadai — falou em um sussurro dando de ombros em seguida e as lembranças da noite passada me vieram a tona, a preocupação de Amy. Então Shikamaru ainda não havia dado notícias quanto ao seu paradeiro. O garoto deveria estar angustiado com tudo que estava acontecendo ao seu redor.

— Quer conversar sobre isso, Querida? — passei as mãos em seus cabelos a consolando da melhor maneira possível.

— Hoje mais cedo fomos até a lanchonete, sabe que Boruto adora aquelas coisas. — Ela ajustou os óculos sem se importar com o meu carinho, no fundo eu acreditava que ela amava quando eu mexia em seus cabelos. — Shikadai estava tão disperso e quando perguntamos o que estava acontecendo, ele simplesmente foi embora.

— Deve ser difícil a separação de Shikamaru e Temari. — Toquei em seus ombros. — Não deve estar sendo fácil ver seus pais separados.

— Talvez eu o entenda. — aquelas palavras ascenderam algo dentro de mim.

Franzi o cenho não entendendo o que Sarada queria dizer com aquilo.

— Quer dizer, papai morreu mas eu entendo o que ele está passando.

Baixei os olhos e logo aquele bolo se formou em minha garganta. As vezes a sinceridade de Sarada me assustava, ela falava de uma forma tão natural que não entendia porque demonstrava ser algo tão… Fácil de se falar.

— Mamãe. — Ela agarrou minhas mãos com força. — Você poderia ajudar Shikadai, você trata crianças todos os dias…

— Não sei se esse assun…

— Por favor mamãe, por mim — pediu.

Seus olhos brilharam tão pidões através das lentes do seu óculos vermelho, ela estava tão determinada que eu sabia que não adiantaria ir contra. Sarada tinha um pouco da minha personalidade, de nunca deixar um amigo para trás. 

Suspirei passando a mão em meus cabelos secos.

— Tudo bem, vamos jantar na casa de Amy.

Sarada ajeitou novamente sua roupa, como se tivesse amassada. Estava impecável, como sempre. Ela ajeitou os óculos e apertou minha mão de leve, me dando incentivo. Muitas vezes achava que Sarada poderia ser a mãe e eu a filha.

[…]

Eu só queria estar em casa, deitada na minha cama abraçada com o travesseiro que era de Sasuke, mas estava ali. Engoli a seco e caminhamos até a porta da casa dos Hatakes.

Sempre me perguntava o que ela sentia em relação a morte de Sasuke. Sarada no começo ficou triste, chorou bastante. Mas com o passar do tempo ela parou de falar sobre ele, vez ou outra, ela me perguntava como era a nossa infância e outras apenas comentava coisas que talvez seu pai fosse gostar, mas eram raras as exceções. 

Ela havia ficado de luto mas não tanto tempo como eu.

Eu me sentia uma péssima mãe, eu deveria dar apoio a minha filha, mas as vezes era ao contrário. Quantas vezes Sarada me pegou chorando em meu quarto e simplesmente deitou ao meu lado e me abraçou. Nunca perguntou nada, apenas me abraçava fortemente, ela me dava o apoio que eu deveria dar a ela.

Eu estava voltando a ser aquela Sakura inútil.

Havia pessoas que dependiam de mim, eu deveria abrir meus olhos e perceber as coisas ao meu redor.

Mas como?

— Vamos ficar paradas muito tempo aqui fora mamãe?

Sarada me chamou para realidade e eu apenas balancei a cabeça, ela bateu algumas vezes na porta e não tardou muito que um garoto próximo a idade da minha filha abrisse. Seus cabelos castanhos iguais o da mãe e olhos tão negros iguais do pai, ele usava uma máscara tampando toda a superfície do nariz e boca. Reprimi a risada, realmente Hōki Hatake era muito ligado ao seu pai.

— Uchiha-Sama — ele se curvou perante mim e eu apenas baguncei seus cabelos.

— Sabe que pode me chamar de Tia, Hōki.

Ele sorriu minimamente e abriu passagem para que pudéssemos entrar.

— Ei, Sarada. Meu pai me ensinou uns jutsus maneiros, você precisa ver.

Sarada rapidamente se animou e deixou seus sapatos próximos aos da família e correu para dentro da casa. Chamei sua atenção, o que foi inútil sendo que ela já havia desaparecido pelo corredor. Vi meu ex sensei passar por eles e bagunçar seus cabelos. Ele veio até minha direção e sorriu.

Em seu colo estava sua filha mais nova que era agarrada com o pai. Enquanto Hōki era muito parecido com Amy. Myuki Hatake era uma linda garotinha de cabelos tão prateados como os do pai e olhos castanhos iguais os da mãe, tinha seus seis anos de idade e era minha afilhada junto com Sasuke.

— Fico feliz que tenha vindo Sakura. — ele me cumprimentou.

Kakashi deixou a pequena garota no chão que correu em minha direção, abraçou minhas pernas pedindo que eu a pegasse no colo. Assim que eu fiz, seus enormes olhos encaram os meus e ela sorriu infantil. 

Foi inevitável não retribui o sorriso.

— Espero que não esteja atrapalhando o jantar de vocês.

— Você nunca atrapalha Sakura, sabe que é sempre bem-vinda.

Me aconcheguei com Myuki no sofá e ela ficou tocando as pontas do meu cabelo, ela sempre fazia isso. Eu me sentia tão acolhida nessa família que quando eu estava aqui, as coisas pareciam tão mais fáceis. Eu não pensava tanto em Sasuke, a alegria das crianças faziam tudo ficar mais leve.

— Como você está?

Dei de ombros, não sabia se havia uma resposta para essa pergunta. Kakashi sempre fazia as mesmas perguntas quando nos encontramos, eu sabia que ele se preocupava comigo.

— Eu sei que por mais que eu ou Amy te aconselhemos, eu me preocupo com você Sakura. — Ele tocou de leve meu joelho. — Acho que Sasuke não gostaria de te ver nessa situação.

—Onde Amy está? — perguntei a Kakashi, eu queria trocar de assunto. Não queria entrar naquela conversa novamente.

Ele coçou de leve a cabeça e olhou para as escadas e então havia me lembrando o motivo da nossa visita. Eu ficava orgulhosa que minha filha se preocupava com os amigos, achava que ela havia puxado esse sentimento de mim. Eu sempre valorizaria aquelas pessoas que sempre fizeram de tudo por mim, as que me ajudaram e me ajudam até hoje. Mesmo que eu as tenha afastado um pouco de minha vida.

— Shikamaru apareceu, eles estão conversando com Shikadai. —Kakashi fechou os olhos esfregando a testa. — Você sabe como Amy é, gritou aos quatro ventos assim que Shikamaru tocou a campainha.

— Sarada está preocupada com Shikadai, ela pediu que eu conversasse com ele.

Os olhos de Kakashi se ascenderam em um brilho e pude vê-lo sorrir debaixo da sua costumeira máscara.

— Eu acho que vai fazer muito bem para o garoto. Deve estar tudo muito confuso para ele, o pai some e agora a mãe vai se casar.

Myuki desceu do meu colo e saiu correndo assim que ouvimos barulho na escada e a voz de Amy um pouco brava.

— Shikamaru Nara, eu estou falando com você não me dê as costas!

As passadas fortes puderam ser ouvidas e não tardou que eu o visse passar pelo batente da porta. Ele estava com seu costumeiro sobretudo com o símbolo dos Nara e sua feição não era das melhores. As marcas arroxeadas abaixo dos seus olhos deixava claro que ele não havia dormindo muito nos últimos dias, além de estar com a barba por fazer. Eu o entendia, fiquei assim logo quando Sasuke morreu. Não queria saber de nada, nem levantar da cama eu levantava. 

— Amy o que você quer que eu faça? Não tem nada para ser dito!

— É o seu filho Shikamaru, você não pode…

Ele se virou num rompante ficando de frente para minha amiga que continuava o enfrentando com as mãos na cintura. Quando Amy Hatake perdia a paciência, até meu sensei preferia se esconder.

— Você acabou de falar uma coisa certa é o meu filho, então você cuide dos seus.

Amy deu um passo para trás ao ouvir a frase de Shikamaru. Kakashi se levantou indo até Amy e abraçou seus ombros.

— Eu nunca me envolvi nas suas questões pessoais Shikamaru, nem quando era meu conselheiro. — A voz dele engrossou. — Mas peço que dentro da minha casa você não destrate minha esposa.

O irmão mais velho de Amy bufou e virou as coisas os deixando, ouvi as fungadas de Amy e logo Kakashi a abraçou. Olhei em direção a porta sendo fechada e agi por impulso, sai em disparada para rua.

— Ei, Shikamaru espere.

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