Um Romance Fora de Época ( De...

By G__Goulart

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Clarice Wisniewski é uma portuguesa, que trabalha como jornalista com histórias, lendas e contos antigos retr... More

Capítulo 1
Capítulo 3
AVISO

Capítulo 2

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By G__Goulart

- VRR! VRR! – Eu acordo assustada com minha cabeça martelando junto com a vibração do celular, tento alcançar o celular ainda de olhos fechados – VRR! VRR!.

Estico o braço novamente e ouço o som do encontro do coitado com o chão. Talvez eu devesse colocar o pé esquerdo para fora da cama para finalizar meu amanhecer. – VRR! VRR! – Junto os pés e pulo da cama com ambos e me abaixei para pegar a vítima que saiu ilesa, quando a má sorte vem te dar bom dia, você dá uma rasteira nela e deseja um bom dia. Já dizia Alice de Doce Azar  "a sua sorte é você quem faz".

Tomo um banho, coloco uma calça jeans com rasgos nos joelhos, uma camisa e tênis preto, tomo meu café rapidamente e dirijo até a HA. Ao chegar na editora encontro Roza sentada na poltrona em frente uma das mesas da diretoria de costas para mim, aparentemente assistindo algo no computador..

- Bom dia!

- Cristo Batizado! Quer me matar do coração mulher?

- Eu só disse bom dia – Ela me olha ainda com a mão no coração e com uma cara não muito agradável.

- Está feliz assim porque? Ganhou mais uma viagem louca dos fornecedores? – Após nosso solavanco em resolver histórias em lugares diferentes, mais pessoas queriam que contassem suas histórias e com isso ganhei diversas viagens para tantos lugares, que as vezes parava e pensava em como esse planeta é enorme.

- Quem me dera, podia dar a dica do Egito desta vez.

- Egito e o que tem lá?

- Sei lá, areia, múmia e camelos? Acordei com vontade de conhecer aquele lugar.

- Estranha é isso que tu és, mas já que está aqui estava vendo suas passagens para a Escócia, Glasgow tem nos dias..

- Vou para Edimburgo. – Ela semicerra os olhos por um minuto e depois abana as mãos para o alto.

- Que seja, Edimburgo tem muitos mais horários, o que acha de terça?

- Pode ser sexta.

- Você está me dizendo que quer ir este fim de semana?

- Isso. – Ela estica a mão e toca minha testa e bochecha. – Eu quero saber o que você está fazendo?

- Tendo certeza que não está doente. Não me olhe assim com essa sua carinha de deboche, a senhorita até ontem não queria cobrir esta história e agora está feliz em uma quarta-feira e querendo ir para outro país.

- Milagres acontecem.

- Em uma quarta? Acho difícil. – Desde que nos entendemos por gente quarta é o dia que sempre dá tudo errado, aviões explodem, trabalhos somem, grávidas caem.

- Shh vamos pensar positivo, e então leu sobre o castelo? – A questiono, trocando o assunto, Roza é mais traumatizada com a quarta do que eu.

- Eu li e vi um blog que contava sobre o amor do duque pela princesa Vitória, talvez essa aventura te faça finalmente encontrar sua alma gêmea. – Era só o que me faltava, além de querer que eu cubra um romance, ainda quer que viva um. Roza tem medo que eu morra solteira porque não procurei o amor, como se ter 30 anos fosse uma idade avançada para estar solteira.

- Tá Tá e agora eu sou a marquesa de Sussex!

- Já diria minha vó, quem desdenha quer. É cheio de burguês filiado da coroa na Escócia vai que você tropeça em um.

- É assim que chamam hoje em dia?

- Chamam o que?

- O golpe dos ranhentos. – Ela revira os olhos pra mim e me dá um tapa na cabeça.

- Já voltou ao normal, falando asneiras. Sabe estava assistindo uma série e a princesa, com apelido Cici nasceu em uma cidade chamada Cintra. Acho que isto é um presságio de romance na sua vida.

- O que um apelido de infância e nome da minha cidade pode ser algo para mim, se quem assistiu foi tu? – Esse é a característica que me faz adorar e odiar minha melhor amiga, ela viaja para outro mundo por apenas alguns segundos. E acredita que qualquer um do mundo exterior pode viver isso, apenas se acreditar.

- Sua beleza rara seria de bom grado para qualquer homem com boa visão, quem dirá um desses!

- Então o cardápio dos duques e marqueses atualmente é de uma mulher pele albina, com cabelos mais brancos que pó translúcido, olhos da cor de uma ameixa seca e lábios que parecem estar quase roxos de frio? – Roza enrola o jornal a sua frente e se levanta para bater em mim.

- Você tem a pele clara, quase albina, seus cabelos são da cor da NEVE e olhos viole..

- Ah você nem ouse, não existe esse negócio de olho violeta, a não ser que eu use lentes. – Ou vire um desenho animado, o que são duas opções fora de cogitação.

- Claro que existe, Yennefer tem!

- Yen... Quem? Esqueça, tenho medo de descobrir. Vou atrás desta história pelo que levou o duque a aceitar o roubo, a coroa a confiar no mesmo e como era o diadema se é que é realmente isto a jóia, nada de romances pro meu lado. Estamos entendidas?

- Sim, senhorita chata. Agora aprove as publicações das próximas semanas já que irá viajar tão cedo, e eu preciso de bolinho de bacalhau.

- As... – olho o relógio para ter certeza – 10:30 da manhã? – Ela não me responde, só pega a bolsa e sai.

Grávidas são estranhas.

O lado ruim de querer montar uma viagem em menos de vinte e quatro horas é que o tempo parece ligar sua esteira elétrica na maior velocidade, sinto que ele até quebra o botão para quando eu piscar estar já se pondo o sol. Passamos o dia todo em cima das publicações até o próximo mês, já que a "expedição" do roubo vai ter repercussão de um mês, compramos passagem, hospedagem. Consegui até uma credencial para entrar com os jornalistas fora das multidões um dia antes da data de início.

Depois de ter certeza que ficaria por lá até o fim desta aventura, como diria minha amiga, parto para a parte de avisar meus pais da viagem. Eles estão acostumadas com minhas viagens loucas para lugares exóticos, a reação de minha mãe foi de super animada, como sempre e meu pai questiona se estou levando meu kit primeiros socorros como todas as vezes, Roza me ajuda com a mala e quando pisco já estou desembarcando em Edimburgo.

Mal tive tempo de respirar e já estava em terras escocesas, só espero que desta vez eu não corra risco de vida.

Apesar de estarmos no verão, a Escócia me abraça com seu vento gelado cortante e alguns raios de sol em meu rosto, faço check-in no Hostel, escolho uma calça legue que imita Jeans, uma camiseta preta com aqueles decotes em V que tem uma tira mais próxima do pescoço e um casaco xadrez vermelho na cintura. Antes de sair tropeço nas minha botas quentes, mas optei pelo sapato mais confortável do mundo – um tênis branco e surrado, pego minha pochete e coloco alguns comprimidos de emergência, documento, cartão, e alguns acessórios que minha mãe chama de "na emergência ou vaidade". Coloco meu celular no bolso e chamo um Uber.

Resolvi ir conhecer o castelo antes de começar as entrevistas, procura ou expedições, fui como qualquer outra turista, a rainha deixava aberto o salão de baile e os jardim sempre de abril a maio, com sorte ou não hoje era 15 de Maio.

Ao chegar a entrada levei um susto, o castelo era imenso e maior que ele, somente seu jardim, tenho certeza que cabia pelo menos três estádios de futebol nessa grama toda, tive que pagar vinte euros pela entrada e fui instruída que só podia passear pelo salão de baile principal, jardim e a recepção. Eu fui obrigada a apreciar a construção, estava inteira apesar dos séculos, parecia mais uma mansão acoplada a uma pequena torre com sua bandeira no topo, e tinha incrivelmente 30 janelas em sua frente – coitado dos empregados – segui o fluxo pelo salão de baile, e era tão grande quanto imaginei, com um candelabro de diamantes no topo com um degrau num extremo com cadeiras acolchoadas – de certo para os monarcas – e no outro extremo uma escadaria que deveria dar para o corredor principal.

Parecia que cada pedacinho era detalhado com ouro, resolvi voltar a recepção para questionar sobre o horário e locais de visita dos jornalistas amanhã, tenho certeza que irão deixar vermos um lugar mais privativo, visto que eles têm que ocupar a mídia com algo e felizmente amanhã eu faço parte desta mídia. 

Percebo que estou andando mais do que andei para chegar no salão, o corredor parece o mesmo da entrada, mas eu passo por uma porta que não me lembro de ter visto.

- Só o que me faltava, estou perdida dentro de um castelo e se me pegarem sem credencial irão achar que é roubo.

Resolvo voltar pelo caminho que vim, a final para frente irei me perder mais e para trás eu chego em um local que tenho alguma informação, certo? – 15 minutos e nada certo – Estou em um maldito labirinto escocês!

Irei abrir cada porta que achar, terá que ter alguém que me ajude a sair, já estou ferrada mesmo, se me expulsarem pelo menos eu terei achado a saída. Mas nem esse plano deu certo, pois está tudo trancado.

— Inferno! Deveria ter ficado no Hostel dormindo. – Parei de praguejar ao sentir um vento forte e gelado em meus cabelos, viro na direção do vento já que até o dado momento todas as 300 janelas que passei estavam fechadas e me deparo com uma porta semi aberta batendo levemente contra a soleira, resolvo abrir e encontro a maior biblioteca residencial que já vi.

— Mãezinha o paraíso existe, e eu tenho como provar. – Penso alto, há uma poltrona, lareira, uma geladeira e 7 fileiras de prateleiras ao redor da sala, é maior que eu a curiosidade de percorrer o local.

Como uns biscoitos de manteiga, por que eu não sou de ferro e a rainha não vai ligar, iriam estragar de qualquer forma, folheio vários livros sobre a Escócia e a coroa inglesa, alguns livros de literatura que eu nem sabia que ainda existiam e nenhum sobre a tal jóia. Quando já forrei meu estômago com biscoitos amanteigados e um pouco de água gelada, resolvo voltar a minha busca pela saída mas é claro que antes disso eu tropeço em duas caixas de papelão perto da porta e delas saem vários papéis e um livro velho e surrado com capa de couro, empilho tudo dentro da caixa novamente, sento no chão e abro o livro surrado, as páginas são tão finas que parecem que irão se partir em minha mão, para a minha grande falta de sorte está tudo em galês, ou seja, a cada dez palavras, entendo meia e a outra metade eu vou por suposição.

Passo os olhos rapidamente e uma palavra me chama a atenção "diadema" – até que enfim algo – pelo que parece estava escrito "..o roubo dele eu já tinha sabedoria, 10 de Junho de 1830, foi essa data que ele roubou a Escócia de.. " – De que? Meu Deus que letra horrível. – "...foram essas palavras que fizeram fazer tal loucura, e agora parte do meu passado será mudado por essa ação, eu lhe odeio por matá-la."

- Eu sabia! Falei para Roza que não tinha como esse duque sair de lá sem matar alguém, agora quem você matou duque? Será que esse era o diário de Vitória? – Fecho o livro com cuidado, não sem antes tirar fotos de algumas páginas, eu já ia colocar ele novamente em sua caixa de papelão, porém a escrita da capa me chama a atenção, tento ler, mas mesmo quase colocando meu olhos para fora nada parece ser compreensível. – Vitória me ajuda aí, eu quero solucionar seu caso. Tenho certeza que me sairei melhor que muitos cavalheiros da época.

- Então que assim seja, boa sorte Clarice. – Uma voz doce vem de algum lugar daquela biblioteca, tem uma Alexa aqui em algum lugar? Eu tento procurar mas antes disso uma trovoada no céu chama minha atenção, a luz do seu raio quase me cegou e quando eu consigo finalmente voltar o foco percebo que estou caída no chão novamente e pior, perdi o livro antigo.

- Agora estou perdida em um castelo onde eu perdi um possível diário secreto em uma biblioteca, enrascada, eu sabia que era nisso que eu estava me metendo.

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