Enquanto esperávamos o sinal abrir, uma música começou a tocar no rádio do carro me fazendo cantar baixinho. Era uma melodia suave e eu sabia que ia tranquilizar as gêmeas.
- Como cantora você é uma ótima mãe. - ouvi Bruno comentar, enquanto segurava o volante.
- Não acredito que disse isso. - falei, ofendida. - Pois fique sabendo que aos treze anos participei de uma peça no colégio e recebi muitos elogios.
Naquela época meus pais ainda estavam juntos e eu lembrava de ser muito feliz. Era uma boa lembrança.
- Me fala o nome da peça - pediu, curioso.
- Não lembro, mas sei que mandei muito bem. - respondi, sorrindo.
Olhei para o banco de trás e vi que as meninas estavam bem. Ficando mais tranquila, voltei a encostar minhas costas no banco.
- Vai demorar muito? - perguntei, quando ele voltou a dirigir.
Eu estava com fome e sabia que daqui a poucos as gêmeas iam começar a chorar.
- Não, já estamos chegando.
Um tempo depois, Bruno levou o carro para uma estrada de terra e aos poucos as árvores começaram a tomar conta da paisagem.
Alfredo que estava dentro de uma casinha azul encostada na parte de trás do banco do motorista começou a miar. Ele também estava cansado de ficar no carro.
Pegando meu celular, vi que Ângela enviou uma mensagem.
"Já chegou?"
Só que antes que eu pudesse responder, um portão marrom na nossa frente chamou minha atenção.
- É aqui? - perguntei, olhando meu noivo.
Assentindo, ele parou o carro na frente do portão e mexeu no seu celular mandando uma mensagem. Em poucos segundos o portão abriu fazendo o Bruno andar com o carro para dentro da propriedade.
E assim que vi a casa que ele comprou senti meu coração acelerar no peito.
- Bruno... - exclamei, surpresa.
Estacionamento ao lado de uma fonte, meu noivo desligou o carro e me olhou.
- Gostou?
- Disse que não seria muito grande. - falei, tirando meu cinto de segurança.
- Não é. Na verdade, entre as que eu estava de olho essa foi a menor que tinha. - falou, também tirando o cinto. - Vamos tirar as meninas do carro elas já estão com fome.
Saindo do automóvel, estava indo ajudar ele a tirar as gêmeas das cadeirinhas quando um homem se aproximou por trás me fazendo levar um susto.
- Oi... - falei, notando que ele usava um uniforme que estava um pouco sujo de terra.
Já com Alexia no colo, meu noivo caminhou até parar do meu lado.
- Esse é o Simon, ele cuida do jardim. - Bruno apresentou. - E essa é minha noiva, Helena.
Depois que apertei a mão que ele estendeu na minha direção, Simon sorriu.
- É um prazer conhecer a Sra.
- Digo o mesmo. - falei.
Bruno me entregou Alexia e pegou Sophie que já estava quase chorando. Quando ele foi fechar a porta do carro, chamei sua atenção.
- Não está esquecendo de nada? - questionei.
- O que?
- Alfredo. - respondi.
- Claro, esse gato.
Depois de pegar a casinha do Alfredo, nós caminhamos até a entrada da casa deixando Simon para trás. Por dentro a casa era ainda mais linda o que me deixou de boca aberta.
- Vou te mostrar os quartos. - meu noivo disse e foi em direção as escadas.
No segundo andar, caminhamos por um imenso corredor até que paramos na frente de uma porta preta.
Era o quarto da gêmeas e notei que já estava tudo demorado. As paredes eram rosa e os berços brancos.
- Você escolheu todos os móveis? - perguntei, surpresa.
- Lúcia me ajudou, ela disse que você iria gostar. - respondeu, e colocou Sophie no berço. - Vou na cozinha preparar alguma coisa para elas comerem.
Deixando a casinha do Alfredo no chão, Bruno saiu me deixando com as gêmeas. Aproveitei e comecei a andar pelo quarto.
- Sra... - ouvindo uma voz feminina, olhei em direção a porta.
Uma garota que eu julgava ter 18 anos me encarava com certa curiosidade. Seus cabelos eram pretos e seus olhos castanhos.
- Sim? - questionei, a desconhecida.
- Desculpa incomodar, sou a Crystal. Minha mãe trabalha na cozinha. - se apresentou.
- Certo. - falei, confusa porque ainda não conheci a mulher que trabalha na cozinha.
- Achei que você gostaria de ajuda. - continuou, sorrindo. - Sr. Renault foi muito gentil em deixar todo mundo continuar com seus empregos quando comprou a casa.
Então aquilo explicava a casa já ter funcionários.
- Agradeço a oferta, mas no momento eu só penso em alimentar minhas filhas. - falei, retribuindo o sorriso. - A viagem foi longa.
Se aproximando das meninas, seus olhos brilharam. Eu já estava acostumada com aquela reação, as gêmeas conseguiam cativar qualquer um.
- Elas são lindas. - falou, ao lado do berço da Alexia. - E tão parecidas. Como consegue saber quem é quem?
Toquei no braço da Sophie mostrando a pulseira com seu nome.
- Com isso.
Nesse momento, Bruno entrou no quarto com duas mamadeiras. Depois de alimentar as meninas, nós pegamos elas no colo e ele me mostrou nosso quarto. E aquele cômodo conseguiu ser maior que a sala. 5 pessoas conseguiam dormir tranquilamente na cama.
Me aproximando da janela com a Sophie no colo, fiquei maravilhada com a vista que tinha para o quintal.
Aquela casa parecia um sonho.
- Eu vou precisar ligar para o meu pai, se quiser falar comigo é só me encontrar no escritório. - Bruno se aproximou para me dar um selinho. - Crystal te mostra onde é.
- Tudo bem.
Ele entregou Alexia para a Crystal e saiu já com o celular na mão.
- Sr. Renault disse que vocês estavam precisando de uma babá, e como eu preciso de um emprego achei que poderia me candidatar para a vaga. - a garota disse com expectativa.
Olhei na sua direção com o cenho franzido.
- Sabe lidar com crianças?
Ela assentiu.
- Eu costumava cuidar das crianças dos antigos moradores. - contou.
Sabendo que eu não ia conseguir conhecer a casa carregando as meninas para cima e para baixo, voltamos para o novo quarto das gêmeas.
- Bom, então vamos testar. - falei, depois das meninas voltarem para o berço. - Vou dar uma volta pela casa e você pode ficar com elas. Se você se sair bem a gente conversa sobre a vaga.
Ela parecia uma boa garota e eu resolvi dar um voto de confiança.
- Você não vai se arrepender. - disse, me fazendo perceber que realmente queria o emprego.
Pegando a casinha do Alfredo, levei para o meu quarto e abri deixando o mesmo sair.
- Bem-vindo. - exclamei, observando ele andar calmamente pelo comodo.
Alfredo então começou a cheirar todos os móveis ficando curioso. Deixando a porta do banheiro aberta caso ele quisesse fazer suas necessidades, eu saí do quarto e desci as escadas em busca das malas. No entanto, um corredor no primeiro andar chamou minha atenção. Entrando na primeira porta, dei de cara com o escritório do meu noivo.
- Cadê as meninas? - Bruno que estava sentado atrás da grande mesa de madeira, perguntou.
- Deixei com a Crystal. Ela disse que gostaria de ser a babá. - falei, curiosa com a decoração.
No canto direito tinha uma estante cheia de livros e uma mesinha de vidro ficava bem na frente. Me aproximando da estante, peguei um livro.
- Cheguei a comentar com a mãe dela que precisávamos de uma, mas não achei que a mesma fosse se interessar. - falou.
Sentindo que agora ele estava atrás de mim, coloquei o livro no lugar e virei na sua direção.
- Não me respondeu ainda se gostou da casa.
- Ela é perfeita. - exclamei, sendo sincera. - Eu amei.
Parecendo gostar da minha resposta, Bruno tocou o lado direito do meu rosto com sua mão tatuada.
- Sabe qual é a melhor parte de ter uma casa grande e nova?
Sentindo um frio na barriga com seu toque, fiquei quieta esperando por sua resposta.
- Podemos estrear todos os cômodos. De todas as formas. - e com sua respiração batendo no meu rosto, ele completou. - E posições.
Sabendo muito bem o que ele quis dizer com "estrear", eu sorri.
- Adorei a oferta, mas ainda estou ofendida pelo que disse da minha voz no carro. - falei, disposta a sair só para irrita-lo.
No entanto, antes que eu pudesse me afastar, Bruno segurou meu cabelo puxando meu rosto na sua direção. E segundos depois seus lábios estavam nos meus.
Seu corpo pressionou contra o meu enquanto sua língua dançava com a minha. E aquele contato mais íntimo fez meu sangue ferver. Colocando sua outra mão por baixo da minha blusa, Bruno subiu até segurar um dos meus seios por cima do sutiã. Seus dedos gelados deixaram minha pele arrepiada. Querendo mais, fiquei na ponta dos pés e agarrei sua camisa não querendo que ele se afastasse.
Alguns segundos depois meu noivo desacelerou o beijo para no final acabar de vez com o contato. Quando fui tentar juntar nossas bocas de novo, ele virou o rosto para sussurrar no meu ouvido.
- Te espero lá fora, meu amor.
Com isso, ele saiu do escritório me deixando para trás com o coração acelerado e seu gosto na minha boca.
Dividida entre querer bater nele e agarra-lo de novo, eu também saí do escritório batendo a porta.
- Idiota.
Um capítulo grande para compensar minha demora. 1.500 palavras então me perdoem e até a próxima.
O.F.D.M.P chegou a 3 milhões de visualizações e eu tô muito feliz.