SEE YOU AGAIN「 Changki 」

By pinkihyunnie

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Yoo Kihyun é cegamente apaixonado por seu melhor amigo, Lee Minhyuk, há quase cinco anos, e acredita, fielmen... More

Prólogo: Aqueles que morrem de flores são tão infelizes quanto almas solitárias
Um: Em um ponto de partida, iniciava-se uma história recém-chegada
Dois: Tintas neon não conseguem esconder um coração partido
Três: Ad vitam aeternam, a eternidade prometida que nunca existiu
Quatro: Não há fumo sem fogo
Cinco: Você não consegue se esconder atrás de poesias
Seis: A luz e a sombra
Sete: Corações partidos, vidros quebrados e um segredo escapado
Oito: Chaves e fechaduras
Nove: Verão e outono
Dez: Chamas ardentes
Onze: Escute meus gritos silenciosos e sinta a dor que sinto
Treze: Iniciativa
Catorze: Marcas que se completam
Quinze: O que seremos de nós sem almas gêmeas?
Dezesseis: Assombrações
Dezessete: O céu estrelado inveja o brilho dos seus olhos

Doze: O primeiro quase beijo de Kihyun

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By pinkihyunnie

NOTAS

olá, bombons!!!!! como estão?
notinhas no início de novo, hehe. bem, eu só queria dizer que esse capítulo tá recheado de emoções (eu mesma senti todas enquanto escrevia) e eu acho que vocês vão gostar dele~
uns dias atrás eu publiquei no meu mural que talvez teria uma surpresa com a att de hoje e, bem, yayyyy!!!
a surpresa é só o anúncio da minha próxima fic (de vampiros), chamada cursed. tenho previsão de postá-la em dezembro ou no início de janeiro, por isso, peço que mimem ela bastante caso gostem 😔💗

eh isto, boa leitura!!!! um beijo e um queijo e até a próxima att!!! 😗✌🏻






— Quantas vezes eu já falei que sua decisão tola pode custar a reputação da empresa? — a mãe de Hyunwoo, Soobin, dissera, enfurecida. Os mordomos, um de cada lado da senhora da casa, abaixaram suas cabeças defronte o tapa que ela dera sobre a mesa de mármore.

Hyunwoo, em nenhum momento desviou os seus orbes do olhar odioso que recebia de sua progenitora. Ele, por sua vez, também não sabia quando sua mãe ficara tão amargurada ao ponto de abrir mão de seu próprio filho e deixá-lo à mercê de um mundo extremamente cruel como aquele, em que o Son mais novo sequer sabia caminhar.

— E quantas vezes eu terei de dizer que eu vou continuar na universidade? Meu irmão pode muito bem continuar cuidando da empresa enquanto você faz suas compras — o moreno disse, com certa mágoa apoderando-se de seu coração. Estava machucado, ver sua mãe tão distante quanto estava o decepcionava, ela não mais era a mulher de fios sedosos e esvoaçantes que gargalhava após ouvir suas piadas e deixava-o fotografá-la junto dos outros membros da família durante as festas ou até mesmo dava-o ideias de como melhorar a qualidade de suas fotos — quando foi que você ficou tão amargurada assim? Foi depois que meu pai decidiu se mudar para bem longe na península e nos deixou aqui?

Soobin respirou profundamente, tão pesadamente que parecia espirar um conteúdo rochoso. Aquele era um dos assuntos que o filho estava inteira e plenamente proibido de trazer à tona. Com um aceno para o lado, a dona da mansão indicou que os mordomos deviam sair e deixá-los à sós.

— Hyunwoo, eu quero o melhor para todos nós. Seu irmão irá se casar em breve, ele vai construir uma família — ela umedeceu os lábios e olhou para a xícara de chá, ainda com o sachê dentro da porcelana — e você nunca vai poder fazer isso.

Hyunwoo engoliu em seco. Ele sabia muito bem ao que ela se referia.

— É, mãe. Eu não nasci com uma alma gêmea. Morrerei sozinho, porque além de parecer ser a sua vontade pelo o que eu fiz com você e a empresa, é o que eu mereço.

— Não foi isso que eu quis dizer, Hyunwoo.

O silêncio, tão agonizante quanto as noites que o moreno passara em claro, lamentando-se amargamente por ter tido o terrível azar de não receber uma marca, inundou a mansão dos Son como uma nevasca repentina. Fazia tanto frio na sala de jantar que Hyunwoo não sabia se conseguiria deixar a casa sem ter seus pés congelados.

— Estar sozinho não é algo tão ruim. Amar, sim, é bom. Mas foi com a ajuda de todos esses anos que eu pude me sentir mais forte, ainda que estivesse sozinho, mãe — Soobin, surpresa pelo fato de que fora chamada de mãe após tantos anos sem ver ou conversar com o próprio filho pela confusão que causara, não pôde evitar não deixar uma lágrima cair por sua bochecha — e eu recebo um tipo diferente de amor, algo que nem mesmo almas gêmeas são capazes de dar. Minhas fotos fazem as pessoas sorrirem, chorarem e, consequentemente, gostarem não só dos momentos que capturei, mas do fotógrafo em si — Hyunwoo permitiu-se ser soberbo pelo menos uma vez em sua vida, e, diante de sua fala, deu uma risada desajeitada. Mesmo que Changkyun, Hoseok e Hyungwon o elogiassem, parecia nunca entrar na sua cabeça — eu não devo ser o único do mundo sem uma alma gêmea, olhe seu irmão por exemplo. Ele vive bem e conheceu a mulher dos sonhos, que também não foi marcada com sua cara metade.

— Hyunwoo... — Soobin contorceu os lábios finos — eu não quero que você fique sozinho, é por isso que insisto que se reaproxime da família.

— Eu não estou completamente sozinho. Eu tenho três velhos amigos e um novo amigo, que fiz recentemente, mesmo que na pior das condições — o Son olhou para a mãe — e, para falar a verdade, me acostumei tanto a ficar sozinho que eu não sei como seria estar com alguém.

— Hyunwoo — a progenitora chamou-o após afastar, com as costas da mão direita, a xícara e o pires para o lado oposto ao seu corpo — eu preciso que você tome uma decisão.

Defronte a seriedade de sua mãe, o Son enrugou as sobrancelhas, confuso. Perguntou-a:

— Como assim?

— Eu estou morrendo de flores, Hyunwoo. Eu e seu pai não somos mais os mesmos e ele não tem planos para voltar.

Naquele instante, o mundo de Hyunwoo desabou, caiu por terra. Ele sentia a mansão espremê-lo ao ponto de ele não conseguir respirar apropriadamente.

— Você não pode estar falando sério — ele murmurou.

Soobin levantou-se da cadeira em que estava e, com dificuldade, deu os três passos necessários para alcançar a cadeira próxima ao filho, arrastando-a um pouco para o lado, para, posteriormente, sentar-se. Com os orbes acastanhados contendo toda a água salgada do planeta, ela segurou-lhe as mãos e, mordendo o interior da bochecha, tão forte que sangrou, olhou para Hyunwoo, cujos olhos pareciam perdidos em um deserto.

— Hyun, por favor — ela suplicou — deixe a faculdade de lado um pouco e dedique-se à empresa, pelo menos por um mês. Eu não consigo mais cuidar de lá, ou fazer minhas compras — Soobin riu, ainda que sem vontade — todos esses anos que fiquei sem falar com você ou sequer dar satisfação foi porque, além de trabalhar dias e noites para que a empresa não fosse à falência, eu estava vomitando flores e sangue, ficando fraca a cada dia.

Hyunwoo apertou as mãos da mãe.

— E eu não queria te contar porque meu filho tem olhos tão lindos e brilhantes que não merecem derramar lágrimas — Soobin, ao ver a primeira lágrima escorrer pela maçã do rosto dele, secou-a, com o polegar, e manteve o sorriso — não sei quanto tempo ainda tenho, mas quero passá-lo ao seu lado, fazendo as coisas que você gosta, além de te guiar pela empresa e sua futura herança, por isso que eu enchi você de mensagens, ligações para vir aqui e insisti para que mudasse de ideia — agora tudo faz sentido, pensou Hyunwoo.

E, finalmente, como se recebesse flechas envenenadas em seu peito, o Son mais novo entendera: ele perderia sua mãe com a mesma velocidade que a via em sua vida, lenta e dolorosamente.







— Eu sei que você teve seus motivos, Hoseok — o loiro murmurou ao sentar-se no banco de madeira — mas você não precisava fazer tudo isso pelas minhas costas. Podíamos ter conversado e evitado isso tudo.

— Me desculpe, Hyungwon — o Lee murmurou.

— Eu sei que você ama sua mãe e quer que ela se orgulhe de você — o Chae olhou para o lago, de água tão cristalina quanto qualquer diamante lapidado — mas você tem que entender que você vai viver à mercê das escolhas dela para sempre, se continuar assim. E eu me preocupo com você.

Hoseok escorregou pelo banco, até que suas costas estivessem totalmente arqueadas ao ponto de ele sentir dor pelo desajeito que sentava.

— Às vezes eu não sei o que fazer. Eu quero que ela olhe para mim da mesma forma que olha para as antigas peças de teatro dela — Hoseok umedeceu os lábios, amargurado — artes cênicas acabou sendo a única forma que encontrei de fazer com que ela me perceba.

Quando as folhas dos pinheiros chacoalharam e caíram sobre o teto do gazebo, Hyungwon respirou profundamente. Ele cruzou as pernas em cima do banco, bem como os braços, e manteve seu olhar fixo no horizonte.

— Eu lembro quando você fazia aulas de teatro aos nove anos de idade. As peças que apresentava deixavam todos com inveja, porque, querendo ou não, sua atuação sempre mexeu com os sentimentos dos outros — o loiro murmurou — foi vendo sua apresentação que eu me perguntei quem era você, ainda que fôssemos mais novos e eu não soubesse que você era minha alma gêmea — Hyungwon deu um sorriso bobo e, finalmente, olhou para o namorado — sua mãe te ama do jeito que você é, estudando artes cênicas ou não.

— Estou em um dilema, Hyungwon — Hoseok murmurou, cerrando os punhos — eu não sei o que fazer. Eu quero que ela preste atenção em mim, do jeito que era anos atrás, mas, ao mesmo tempo, não quero perder você e deixar de lado o que eu gosto de fazer.

— Você pode tentar fazer as duas coisas — Hyungwon disse — só que aí você vai ficar sem tempo para mim — o mais alto fez um bico com os lábios, manhoso, de forma que o Lee não pôde evitar não apertar suas bochechas.

— Deve haver cursos online, posso tentar fazer design como hobby por enquanto — Hoseok falou ao se aproximar, lenta e gradualmente, do rosto de Hyungwon — você não vai me deixar, não é?

Hyungwon fez um aceno negativo com a cabeça.

— É como Kihyun disse. Não precisamos mais sonhar acordados, afinal, nos encontramos — o loiro sorriu.

Hoseok, já sem se conter, selou seus lábios aos do namorado, de modo que o beijo iniciou-se apaixonada e lentamente, para que, posteriormente, o Lee pudesse, com a destra, tocar o rosto de Hyungwon, que estremeceu ao, finalmente, poder sentí-lo novamente. Era estranho, em verdade, não receber as carícias de sua alma gêmea por um tempo, o Chae sentia-se um alcoólatra em abstinência, visto que os toques que Hoseok deixava por sua pele, parecendo que escrevia uma peça teatral romântica, faziam com que sentisse-se bêbado.

— Eu amo você e queria que entendesse que nem mesmo a distância das escalas das cores que você usa em suas pinturas são capazes de compreender — Hoseok sussurrou, ainda rente aos lábios carnudos do namorado — e eu posso ser teimoso às vezes, mas você consegue ser ainda mais que eu, porque sempre insiste em mim. E eu sou eternamente grato por ter uma alma gêmea como você.

Hyungwon olhava-o com os beiços contorcidos e orbes ligeiramente marejados. Ele assentiu afirmativamente defronte a fala de sua cara metade e permitiu-se sorrir ao abraçá-lo sem avisos prévios, o que fez com que Hoseok deitasse-se sobre o banco e o Chae, sobre o corpo do Lee, cujo deu um sorriso bobo.

— Eu amo você também, Hoseok. Posso ser péssimo com declarações de amor, mas todas as vezes que eu desenho você quando está distraído são uma forma de demonstrar que você está gravado em meu coração.

Hoseok roubou um selinho breve do namorado, o qual, com as maçãs da bochecha enrubescidas, cobriu o rosto envergonhado. O Lee, por sua vez, tocou-lhe as mãos, afastando-as de seus olhos e disse-lhe:

— Eu quero ver você por inteiro, Wonie. Desde as suas mínimas reações até os "eu te amo".

Hyungwon, ainda sobre o corpo de Hoseok, inclinou-se, aproximando-se dos lábios avermelhados de sua alma gêmea.

— Obrigado por existir e ser aquele que me completa, Lee Hoseok — e então, o loiro beijou-o como nunca havia antes. Era um misto de saudade, amor, tristeza pelas vezes que brigaram e que Hyungwon preferiu afogar as lágrimas em cervejas, enquanto que Hoseok permaneceu noites em claro, conversando com Hyunwoo e lamentando-se, dúbio se essa seria a última vez que discutiriam ou se o relacionamento de ambos estaria fadado ao fim.

Hoseok sorriu durante o beijo, de forma que o Chae não pôde evitar não fazer o mesmo. Finalmente os dois sentiam-se acolhidos, total e plenamente, pelas marcas que estavam desenhadas em suas peles. E era como Kihyun dissera: almas gêmeas são tão complicadas, mas, ao mesmo tempo, tão simples.

— Eu sou seu e você é meu — o Lee sussurrou ao acariciar o rosto do namorado — e nada nem ninguém vai mudar isso.

Afinal, há um laço entre nós que nunca se arrebentará, concluiu Hyungwon, mentalmente.








— Eles estão lá fora há um bom tempo — murmurou Kihyun, cujo estava deitado sobre os braços em cima do balcão da cozinha. O de fios alaranjados observava Changkyun terminar de preparar a comida, todavia, sua mente estava em outra dimensão.

— É um sinal de que estão conseguindo se resolver — respondeu o Lee mais velho.

— Posso te perguntar uma coisa?

Changkyun, nesse instante, hesitou. Que tipo de questionamento Kihyun teria?

— Pode — disse a ele.

— Por que você chorou?

Então ele tinha visto, pensou Changkyun. Os orbes curiosos, ainda que relativamente tristes, de Kihyun, observavam o mais velho, esperando uma resposta capaz de saciar sua sede. Defronte a pergunta do de fios alaranjados, Changkyun deixou a faca que usava para cortar os legumes de lado e suspirou profundamente, em busca de uma desculpa plausível o suficiente para não deixar o Yoo ainda mais dúbio.

— Ver Hoseok chorando por causa das coisas que você falou fez com que eu chorasse também — Changkyun mordeu o interior da bochecha e fez múltiplos movimentos positivos com a cabeça — é, foi isso.

Kihyun deu uma risadinha.

— Você realmente espera que eu acredite que foi só isso?

Astuto, pensou Changkyun. O mais novo levantou-se da cadeira e, em menos de dois largos passos, já encontrava-se ao lado do Lee, cujo engolira em seco, apreensivo. Sua cabeça não estava no lugar e o fato de ter visto Kihyun chorar rios e mares dificultava sua linha de raciocínio.

— E o que você acha que foi o motivo? — retrucou Changkyun, assemelhando-se à uma criança birrenta.

— Se eu soubesse eu não teria perguntado — Kihyun cruzou os braços, de maneira que alternou o peso de uma perna para outra, mantendo seu sorriso convencido.

— Então vou deixar você descobrir por conta própria o motivo — Changkyun sussurrou, como se fosse um segredo. Isso o lembrou da primeira vez que eles tiveram um diálogo que durou mais que dois minutos: o dia em que Kihyun e Minhyuk se mudariam para os dormitórios.

— Elementar, meu caro Watson — o de fios alaranjados sussurrou de volta, brincalhão.

Os dois riram. Changkyun gostava de ver o sorriso de Kihyun, isso havia tornado-se sua paisagem favorita.

— Você parece bem melhor — disse o Lee mais velho.

— Estou me sentindo revigorado depois de ter tirado tudo aquilo do meu peito, mesmo que tenha acabado descontando, em partes, em Hyungwon.

— Hyungwon entendeu muito bem o seu recado, assim como Hoseok — Changkyun falou assim que pegou a faca novamente para cortar os legumes — eles não estão bravos com você ou algo do tipo, disso tenho certeza.

— Por que você acha isso?

— Porque você foi sincero a cada palavra.

Kihyun sentiu suas bochechas esquentarem como se estivesse dentro de um forno, visto que, naquele instante, lembrara-se do que dissera sobre Changkyun. Às vezes até acho que somos almas gêmeas, onde ele estava com a cabeça? Em Marte? Em Mercúrio?

— Esqueça de tudo que você ouviu — o Yoo advertiu.

Changkyun, novamente, deixou o utensílio de lado, e cruzou os braços ao dar um passo em direção a Kihyun. Com uma das sobrancelhas arqueadas, indagou:

— E por que eu deveria?

— Porque estou mandando — Kihyun bufou e recuou um passo, até que sua cintura tocou o armário e ele contorceu os lábios assim que Changkyun dera outro passo, de forma que, agora, somente míseros centímetros os separavam, da mesma forma que fora no pequeno cômodo situado do lado de fora da casa do lago. Borboletas já dançavam no estômago de Kihyun.

— Você precisará ser só um pouquinho mais intimidador que isso para que eu te obedeça, Vossa Alteza — debochou Changkyun, o qual acabou por arrancar uma risada abafada de Kihyun — então quer dizer que você sente que somos almas gêmeas? — instigou Changkyun, como quem não quer nada. O de fios alaranjados parecia mais vermelho que um tomate.

— Eu disse que era às vezes — tentou defender-se.

— Isso não isenta as outras vezes que pensou que éramos.

— E o que isso tem a ver, justo agora? — Kihyun limpou a garganta, olhando para o lado, a fim de evitar contato direto com os orbes escuros do Lee mais velho.

— Por que você se sentiu assim?

— Era melhor eu ter ensaiado o que eu teria de falar para Hyungwon. Agora você deve me achar ridículo — o Yoo murmurou.

— Não acho.

— Não? — Kihyun franziu o cenho — por que?

— Porque me senti assim às vezes também — me sinto dessa maneira a todo momento, era o que Changkyun realmente queria dizer.

As borboletas que antes festejavam no estômago de Kihyun, agora davam um baile, de forma que ele sentia-se inquieto, mas de um jeito bom. O frio que sentia em sua barriga, inexplicavelmente, não era um presságio ruim, contudo, ele não sabia o que aquilo significava. Sentia-se confortável o suficiente perto de Changkyun, ao ponto de contar suas ideias para suas poesias ou futuros livros que desejava escrever, e de permitir ser abraçado, não só uma, duas, três, mas sim infinitas vezes pelo mais velho.

— Você sempre me zoou, desde pequenos — Kihyun tentou desconversar — por que acreditaria em você agora?

Changkyun deu um sorriso sem mostrar os dentes e, dando o passo decisivo que ceifava a ponte de madeira e cordas que os separava, tocou a mão de Kihyun, de forma que a trouxe para seu peito e deixou-a sobre seu coração.

O de fios alaranjados, por sua vez, nada disse, somente engoliu em seco quando sentiu, na palma de sua mão, os batimentos cardíacos acelerados do Lee mais velho. Kihyun sentia-se tão atraído pelos orbes escuros de Changkyun e os mistérios que ele escondia, que tornou-se impossível desviar o olhar. Ambos entreolhavam-se, estavam hipnotizados, assim como mais cedo lhes ocorreu. Incapazes de proferirem palavras ou frases completas, mantiveram-se em silêncio enquanto seus rostos, por livre e espontânea vontade, a fim de saciar a curiosidade daquilo que tanto os unia, como se fossem os polos negativo e positivo, se aproximavam. Kihyun não sabia por qual razão ele simplesmente não se afastava e corria para longe. Ele também não tinha a mínima noção por que diabos seus olhos se fecharam quando já podia sentir a respiração quente de Changkyun em seus lábios.

Kihyun, então, somente esperou que os últimos milímetros que estavam entre eles fossem para o espaço sideral e ele pudesse, finalmente, sentir o beijo que Changkyun o daria.

— Changkyun, estou morrendo de fome, será que podemos comer? — Hoseok resmungou, em alto e bom som assim que atravessou a porta, de mãos dadas com Hyungwon.

Kihyun e Changkyun, nesse instante, contorceram os lábios e o Lee mais velho revirou os olhos como sinal de reprovação. O Yoo, por sua vez, apenas abaixou a cabeça, olhando para o peito do mais velho, onde sua mão ainda estava, e sentiu-se tão quente quanto se nadasse em um caldeirão. Eles realmente estavam prestes a beijar-se? Onde o de fios alaranjados estava com a cabeça? Certamente não em Marte, muito menos em Mercúrio. Estaria em Plutão, tão longe que ele podia sequer ver o que estava fazendo.

— Ah, então... — Hoseok coçou a nuca quando Hyungwon deu-o um beliscão — podem continuar o que estavam fazendo, eu e o Chae aqui podemos voltar outra hora — ele deu uma risada desajeitada.

— Está com fome, não é? — Changkyun perguntou a Kihyun, o qual assentiu afirmativamente — vou terminar logo — o mais velho deu-o um singelo beijo em sua testa, afastando a franja antes de fazê-lo — vá lá sentar-se com os outros dois.

Kihyun somente concordou e afastou-se de Changkyun.

Seu coração batia tão forte que parecia que pularia para fora de seu peito. Pelos deuses, o que estava acontecendo com ele?








— Francamente — disse Jooheon ao ver Minhyuk praticamente devorar o macarrão instantâneo que comprara para os dois na lojinha à beira da praia — você nem me esperou — fingiu uma tristeza, até mesmo limpou uma lágrima falsa em sua bochecha. Diante do teatro barato de Jooheon, o platinado apenas riu e continuou a comer — você está melhor?

Com o cenho franzido, Minhyuk indagou:

— Por que eu não estaria? Chorei o mar inteiro no caminho para cá.

Jooheon segurou o riso ao destampar o macarrão instantâneo.

— Vai falar com Kihyun, como conversamos? — perguntou o mais velho.

— A intenção é essa — Minhyuk suspirou — mas ele viajou com os amigos e eu não sei quando ele volta.

Com os hashis, ainda limpos, Jooheon bateu-os nos dedos da canhota do platinado, repreendendo-o. Porque chiou de dor, Jooheon tratou de dizer:

— Não fale com essa cara de nojo. Você tem que entender que não será a mesma coisa se o clima continuar dessa forma.

Minhyuk revirou os olhos e, assim que terminou de mastigar, bebeu um gole da água com gás, cuja estava no centro da mesinha em que estavam.

— Por que quer tanto assim me ajudar a mudar?

— Porque não quero que cometa o mesmo erro que eu — Jooheon respondeu, simplista, com a boca cheia.

— E que erro foi esse que você cometeu? Pela forma que fala, parece que foi um crime hediondo.

Jooheon, com as costas da mão esquerda, afastou o pote de macarrão e terminou de engolir a comida, para que, posteriormente, pudesse respirar fundo e falar:

— Foi algo parecido com isso — ele abaixou a cabeça.

— Você me viu chorar, algo que nem mesmo Kihyun viu tantas vezes assim, dado o tempo que nos conhecemos — suspirou. Minhyuk apoiou o queixo sobre os dedos e prosseguiu: — agora é sua vez de me retribuir, não acha?

Jooheon olhou para o lado de fora da lojinha. O mar, incansavelmente, dançava pelas pedras rochosas e molhava a areia, além de ser tão salgado e amedrontador para o mais velho, como aquele dia em que tudo aconteceu e ele ficou tão desnorteado que sequer sabia indicar os pontos cardeais.

— Reabrir as feridas é algo perigoso — murmurou Jooheon. Entretanto, ao olhar para Minhyuk e ver que seus orbes continuavam curiosos, ainda que ligeiramente confusos, deu-se por vencido — no tempo da escola, eu tinha um melhor amigo. Ele se declarou para mim, da mesma forma que foi com você e Kihyun — o platinado abaixou o rosto defronte aquela comparação, visto que os olhos tristes e perdidos do melhor amigo ainda estavam frescos em sua mente — e eu preferi que déssemos um tempo, não soube como reagir na época. Ele se chamava Gunhee.

— Chamava?

Jooheon assentiu positivamente, de modo que Minhyuk murchou os ombros.

— Gunhee e eu estávamos sempre juntos, afinal, além de estudarmos na mesma escola em Pyeongchang, tínhamos aulas complementares no mesmo cursinho. Só que quando eu decidi que devíamos nos afastar, ele se aproximou de um cara que o fez muito mal quando eles decidiram ficar juntos, no passado, até mesmo porque nem almas gêmeas eles eram. Eu fiquei bravo, muito bravo, tentei protegê-lo, falar que não era bom ele ficar com alguém como aquele cara que ele dizia tanto gostar.

— Uma parcela disso foi ciúmes — observou Minhyuk, que recebeu um aceno afirmativo do mais velho.

— Gunhee aparecia com machucados sem explicação, não me olhava e sempre que eu tentava me reaproximar para cuidar dele, ele me negava e sumia pela escola. Até que um dia ele me chamou para conversarmos no terraço.

Um silêncio pairou sobre os dois, como uma neblina densa e impossível de enxergar através dela. Jooheon limpou a garganta e, olhando para os hashis que havia posto sobre o potinho de macarrão, disse:

— Ele disse que não conseguiria ser feliz sem mim, e, apesar de saber que não teríamos nada, seria melhor ficarmos longe um do outro. E assim foi até a graduação. Vez ou outra, nos esbarrávamos, mas nunca conversávamos. No último mês antes da graduação, ele não foi em nem um dia. Eu liguei para ele, para a mãe e a avó, mas ninguém me atendeu.

Jooheon já sentia as lágrimas apoderarem-se de seus orbes e sua visão embaçar.

— Então eu fui na casa dele para entender o que estava acontecendo — o mais velho suspirou profundamente. Ainda que tivesse avisado a Minhyuk que reabrir feridas era um caminho sem volta e apenas pioraria a lembrança que tinha, doía muito mais agora ao contar para outra pessoa — e, quando cheguei lá, sua mãe me deu uma carta. Foi no dia em que todos estavam vestidos de preto.

— Jooheon... — Minhyuk sussurrou, entristecido.

— Na carta, Gunhee disse que não conseguia suportar mais, e, mesmo que partisse, me amaria até a morte.

— Eu sinto muito — verdadeiramente, Minhyuk murmurou, cabisbaixo.

— E eu não quero ver você cometer o mesmo erro que eu, de deixar alguém importante se afastar, para que, somente depois de meses pensando que está tudo bem, essa mesma pessoa sumir com o vento.

Mesmo que Minhyuk soubesse que Kihyun não faria o que Gunhee fez, sentiu seu coração apertar dolorosamente. Além de amargurado, o platinado sentia-se sujo. Pensar em querer acabar com a felicidade que Kihyun tanto sonhou, sua alma gêmea, era algo que Minhyuk jamais se perdoaria. Por mais que a cara metade de seu melhor amigo fosse quem ele menos esperava, fazendo com que ele se sentisse, de alguma forma, traído, ele não podia negar o amor que o Yoo tanto queria receber. Não cabia a ele, sobretudo, decidir o que o de fios alaranjados desejava.

— Eu vou me desculpar com Kihyun e, principalmente, meu irmão.

Jooheon deu-o um sorriso sem mostrar os dentes.

— Agora, coma antes que esfrie — disse o mais velho, apontando, com o indicador, para o macarrão instantâneo que comprara para os dois.

Minhyuk apenas concordou e fez como lhe foi dito, em silêncio, porém, com os pensamentos circulando à mil quilômetros por hora em sua mente. Jooheon, com tantas mágoas, arrependimentos e cerca de dez solidões diferentes, estava ali, à sua frente, com um sorriso desajeitado em seus lábios carnudos, contando sobre seu passado que tentava não esquecer-se, mas sim fazer de tudo para lembrar-se, afinal, se ele, por um mísero segundo esquecesse-se de Gunhee, ele não mais saberia o que era ser amado.

— Você me deu conselhos e até me pagou um macarrão instantâneo — Minhyuk disse antes de soprar os fios da massa, de maneira que o mais velho ergueu o rosto, olhando-o — eu tenho que fazer algo por você também, mesmo que ainda não nos conheçamos o suficiente, até mesmo porque não gosto de ficar em débito com alguém.

Jooheon riu.

— E como você planeja me recompensar? — questionou ao platinado, que, ainda dúbio sobre o que oferecer, somente deu de ombros.

— Ainda vou pensar.

— Esperarei ansiosamente.

— Só não crie muitas expectativas, eu não sou muito bom com surpresas.

O mais velho gargalhou.

— Qualquer coisa que você fizer, eu vou gostar.

Sentindo-se um tanto quanto quente, Minhyuk tocou as próprias bochechas, com os lábios contorcidos e os batimentos cardíacos ligeiramente mais rápidos que o usual.

— Acho que já sei o que fazer para você — murmurou o platinado, abaixando o olhar e voltando a comer.

— E o que seria? — o mais velho, verdadeiramente intrigado se receberia somente uma carta escrita "obrigado pelo o que fez" ou então alguma refeição em troca, permaneceu atento às feições de Minhyuk.

— Você se parece com um tigre.

— O que? Como assim?

— O tigre simboliza o poder, a força, a coragem, a beleza — Minhyuk começou com seu falatório — também pode representar a ferocidade, a independência, a inteligência, a liberdade e a confiança. Só que, em algumas culturas, o tigre simboliza a inveja, o orgulho, o perigo e a crueldade.

— Você me acha cruel? — Jooheon indagou, com as sobrancelhas enrugadas.

— Você é uma das pessoas mais doces que já conheci. Por isso, você é o tigre que simboliza somente coisas boas — o comentário do mais novo fez com que Jooheon ficasse sem jeito, de forma que ele coçou a nuca e sorriu como um tolo — apesar de todos terem um lado que não querem que ninguém veja, acredito que esse lado que você deva ter não é nem um pouco cruel. É somente tão machucado ao ponto de você questionar-se se tudo o que fez valeu a pena.

Os orbes de Jooheon dobraram de tamanho. Estaria o platinado tentando desvendá-lo? Se a resposta fosse positiva, ele estava traçando o caminho certo, da mesma forma quando desenhava os esboços de suas pinturas.

— Então você vai me dar um tigre de pelúcia? — brincou o mais velho, de maneira que Minhyuk desatou a rir.

— Vou pintar um tigre para você. Assim, você não vai se esquecer dos significados positivos junto dele.

— Esperarei ansiosamente — Jooheon sorriu.

Minhyuk, de fato, era seu remédio.








Assim que o telefone de Hyungwon vibrou em seu bolso, ele deixou os talheres de lado e, ao ver, no visor, o nome do chamador, disse aos outros três:

— Acho que aconteceu algo com Hyunwoo.

— Por que acha isso? — questionou Changkyun, o qual fora respondido quando o loiro estendeu o celular em sua direção — vá atender. Nos conte o que aconteceu quando voltar.

Hyungwon assentiu positivamente e levantou-se, caminhando até a varanda, lugar onde atendeu a ligação do amigo.

— Você realmente acha que possa ter acontecido alguma coisa? — Hoseok perguntou, baixinho, para Changkyun, cujo dera de ombros.

— É raro ele ligar para nós assim, normalmente ele só manda mensagem.

— É verdade — Hoseok murmurou ao cruzar os braços — espero que esteja tudo bem.

— Ele disse que ia ter uma reunião familiar hoje, provavelmente deve ter sido isso — o Lee mais velho comentou.

Kihyun, vendo Hyungwon bagunçar seus fios ao falar ao telefone, evidenciando sua preocupação e a confusão de sentimentos, contorceu os lábios em apreensão. Algo tinha acontecido, era notável. Pouco mais depois de cinco minutos esperando, em silêncio, a volta de Hyungwon à mesa, os outros três ficaram em silêncio, preocupados.

— Hoseok, pegue o carro. Vamos buscar Hyunwoo — disse Hyungwon, aproximando-se da mesa — embale a comida, Changkyun, darei para ele porque tenho certeza de que ele não deve ter comido nada.

— O que aconteceu? — Hoseok questionou.

— A mãe dele.

— O que ela disse para ele desta vez? — Changkyun perguntou, mordendo o interior da bochecha.

O Chae respirou fundo e guardou o celular em seu bolso.

— Ela vai morrer de flores.

O maior medo de Kihyun havia chegado até ele, só que não para ele. Alguém sofreria em seu lugar e ele não poderia estar se sentindo pior.

— Vou pegar as chaves — Hoseok levantou-se e correu pela sala de estar, até a escada, subindo em busca de sua mochila.

— Venha, Kihyun, vamos arrumar a comida para Hyunwoo — Changkyun falou ao pegar as panelas e levá-las para o balcão da cozinha. Ainda atordoado com o nível daquela informação, Kihyun caminhou até o Lee mais velho e, guiado por suas palavras, fez o que era preciso. Ajudou-o a dividir a comida em duas vasilhas de vidro e tampou-as, de forma que as entregou para Hyungwon, junto dos talheres, assim que Hoseok descera com as chaves em mãos e jaqueta apoiada em seu ombro esquerdo.

— Voltaremos ao anoitecer, o trânsito por agora é péssimo — advertiu o loiro.

Changkyun e Kihyun assentiram positivamente e, no momento em que ouviram Hoseok ligar a ignição do veículo, respiraram fundo, total e completamente apreensivos.

— Hyunwoo e a mãe dele ficarão bem, certo? — o de fios alaranjados sussurrou.

O mais velho trouxe o corpo do Yoo para perto do seu, com o braço esquerdo em sua cintura. Em seguida, beijou o topo de sua cabeça, e assim ficaram por longos minutos.

— Vai ficar tudo bem, Kihyun.

Ou era o que Changkyun esperava que acontecesse.

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