p.s: i hate you | hes

By fcklena

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Dizem que o amor e o ódio são os dois lados de uma mesma moeda, mas, para Beverly Malik, quando o assunto era... More

p.s: i hate you
1 | a vida de diva.
2 | aulas particulares com margareth hawkins.
3 | garotas também podem ser más quando querem.
4 | a letra escarlate.
5 | se você gosta de britney spears, então tem bom gosto;
6 | a lista.
7 | o problema não está em você.
8 | lidando com a dor.
9 | uma questão de ponto de vista.
10 | agora eu sou seu namorado.
11 | efeito colateral.
12 | estabelecendo limites.
13 | você não vai querer ver isso.
14 | um lugar que só nós conhecemos.
15 | cookies de chocolate e alguém com quem contar.

16 | o que acontece nos sábados á noite.

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By fcklena

"Olá, senhor "casualmente cruel", senhor "tudo gira ao seu redor". Como está o seu coração depois de quebrar o meu?
Eu sou a senhorita "miséria" desde que você foi embora, e você é o senhor "perfeitamente bem"."
MR. PERFLECLY FINE, taylor swift.

• BEVERLY •

— Boliche. Que ótimo programa para se fazer num sábado à noite.

Meu namorado de mentira rabugento resmungou, caminhando do meu lado pelo estacionamento do The Mardi. Mais a frente, um cenário completamente diferente do meu se desenrolava: Olivia e Louis papeavam envoltos por um clima muito agradável e espontâneo, de dar até um pouco de inveja — se eu não estivesse, é claro, orgulhosa de mim mesma. Até porque esse era, inclusive, o único motivo pelo qual eu permaneci perto do Harry durante o trajeto todo até a entrada do lugar. Para dar-lhes mais privacidade.

Se não existe um sacrifício maior que esse, então eu desconheço qual é.

— Como se você tivesse algo muito melhor para fazer hoje, não é? — rebati, sarcástica.

— Talvez você se espante com o que eu vou dizer, — fez uma pausa proposital, completando próximo ao meu ouvido como se fosse um segredo, até então. — mas qualquer coisa é melhor do que bancar o seu namorado de mentirinha, Malik.

Ignoro o arrepio natural na minha espinha provocado pelo sussurro, lhe correspondendo um olhar indiferente — o melhor que eu pude, no momento. Este, por sua vez, já esbanjava um sorriso convencido na boca antes mesmo de eu encará-lo, evidenciando o recente detalhe que descobri a seu respeito: as covinhas. A parte ruim, é que agora eu só conseguia reparar nelas quando me focava em si.

Malditas covinhas.

Por que estão em um dono tão desprezível como o Harry? Honestamente, é um desperdício!

— Felizmente para você, eu sou um cara de palavra. Por isso estou aqui.

Quero rir da forma como ele se acha tão caridoso, o todo poderoso, falando desse jeito, mas me contenho. A verdade é que, às vezes, sinto vontade de dizer que ainda mantenho a prova da sua relação com a Sra. Hawkins guardada no meu computador, só para conscientizá-lo de que ainda o tinha na palma da minha mão, sendo meu fantoche, e acabar com toda essa sua arrogância irritante de quem age como se estivesse me fazendo uma caridade. Mas preciso confessar que isso não seria nada inteligente da minha parte, afinal de contas, nunca se deve mostrar suas armas para o inimigo.

Porque não há nada como o golpe surpresa.

Em nome disso, eu apenas abstraio a última parte.

— Só não entendo porque chamou ele — para a minha surpresa, Harry indicou o moreno com os seus olhos verdes, de esguelha, ao mudar de pauta, e eu subi as sobrancelhas para ele.

— O Louis?

— É — confirmou. — Achei que odiasse a namorada do seu pai.

Me perguntei como ele poderia saber sobre a vida amorosa do Benjamin, porém rapidamente me dei conta de que toda essa novidade de namorada veio à tona quando ele e Zayn ainda eram amigos. Obviamente o assunto foi tocado.

— E odeio.

— Então por que está andando com o sobrinho da mulher que você odeia?

Não consegui decifrar ao certo o motivo por trás do questionamento, embora acreditasse estar, muito provavelmente, relacionado com curiosidade e enxerimento.

— Porque... — por incrível que pareça, estava até inclinada a explicá-lo, antes de cair em mim que eu simplesmente não lhe devia explicação alguma sobre estar andando ou não com o Louis. Fora que a explicação me forçaria a contar sobre meu plano mirabolante em juntá-lo com a Olivia. Por que eu faria isso? — Quer saber? Eu não preciso te falar nada.

— Ele me contou que você chamou ele para o jogo pra me fazer companhia, mas sei que o meu bem estar é a última coisa com o qual se importa, porque você me detesta — continuou sua tese, mesmo com o meu rompimento rude. — E então chamou ele para vir com a gente hoje, junto com a Olivia... Está rolando algo ou... Espera aí.

Seu tom cognitivo de quem acabou de juntar um quebra-cabeça me forçou a mirar minha atenção em si, novamente, ainda que contra a minha vontade, mais curiosa do que deveria.

Ele riu pelo nariz.

— Você por acaso está bancando a cupido com aqueles dois?

— É claro que não!

Neguei, demonstrando incredulidade. Mas, por dentro, querendo estrangula-lo.

Não é que o idiota era um ótimo observador?

Ele acertou na primeira tentativa. Como isso era possível?

— Está sim.

Harry abriu mais o sorriso com a minha resposta.

— Não estou.

— Está.

— Não estou.

— Ah, você está sim — insistiu, me tirando um grunhido de rebelião.

— Meu Deus. Pare de ser tão irritante!

— Então admita.

Viro minha cabeça para frente, mas só para não acabar terminando de me entregar, e percebo que já estamos próximos das portas duplas do The Mardi.

Graças a Deus.

— Sabe qual a melhor parte sobre não estarmos juntos de verdade, Styles?

— Eu achava que essa era a melhor parte — ele consegue ser mais rápido ao responder por mim, no intuito claro de me tirar do sério e, de brinde, ainda sair por cima.

Olhei-o, optando por ignorar o seu comentário fora de hora para continuar com o meu roteiro.

— Não te dever nenhuma satisfação.

Agora é a minha vez de sorrir.

Sem dar-lhe tempo de rebater, eu aperto o passo em disparada, alcançando Louis e Olivia somente ao ultrapassar as portas do lugar e ser inundada por uma baixa música ambiente da atualidade. Não me dou ao trabalho de esperar pelo meu acompanhante pois, de qualquer forma, já posso sentir sua presença atrás de mim em questão de poucos segundos, então me ponho a vistoriar o local por alto, assim como o casalzinho-não-oficial que está ao meu lado.

Só que, diferente deles, eu procurava por um rosto específico, rezando para que minha aparição não tivesse sido em vão.

Aquela noite, eu havia escolhido meus trajes criteriosamente e convocado Harry unicamente com base na certeza de que encontraria com o mais novo casal assumido do colégio.

Depois do vexame que causaram na minha reputação com a cena depravada daquele beijo cinematográfico e brega no meio do ginásio, eu sentia que precisava reafirmar algo para as pessoas.

Veja bem... até duas semanas atrás, Gwendolyn costumava ser a minha melhor amiga e o Mason, o meu namorado. Como eu não poderia estar envolvida em toda esse circo de horrores se eu era, basicamente, o centro de tudo?

As pessoas falariam, criariam teorias, os boatos surgiriam... é claro que eu precisava mostrar a minha versão dos fatos. Pelo menos, mostrar a todos como eu estava muitíssimo bem com o Harry.

Fingir, eu quero dizer.

— Uau. Está bem cheio — Olivia é a primeira a comentar.

E está mesmo, exatamente como eu previa. Mas, até agora, não vejo nenhum sinal de Mason ou Gwendolyn, e, por ora, sufoco minha frustração por isso. Talvez eu apenas não tenha os localizado ainda. Nem tudo está completamente perdido.

— Certo, vamos fazer assim — me viro para meus acompanhantes, e todos me olham. — Garotos, vocês pegam uma pista para nós. Já eu e Olivia iremos atrás dos tênis.

Tomo a iniciativa de mobiliza-los distribuindo os afazeres, já que, honestamente, é o que eu mais faço de melhor.

Como sinto falta de liderar.

— Por que nós temos que ficar com a p...

— Vamos, Olivia!

Puxo o braço da loira antes de Harry continuar seu protesto, não lhe dando nenhuma alternativa.

— Tadinho — ela lamentou, penosa, quando já estávamos afastadas o suficiente.

— Acredite, ele merece isso e mais um pouco por ser um pé no saco — rebato friamente, olhando sobre meus ombros apenas para me certificar de que os dois fariam o que eu disse.

Felizmente para mim, Harry e Louis já se encaminhavam para a área das pistas de boliche, e isso me tirou um sorriso de canto.

Por que tenho a sensação de que, nesse exato segundo, Harry está me crucificando mentalmente?

— Tem uma coisa que não bate... Se detesta tanto ele assim, por que o escolheu para ser seu namorado de fachada? Você é a Beverly Malik. Qualquer garoto do colégio aceitaria sem pensar duas vezes se você pedisse.

É verdade — e isso massageia meu ego. Mas havia um porém: nenhum deles tinha o poder de tirar Mason do eixo tanto quanto Harry tinha somente por respirar o mesmo ar. E o que poderia ser mais bombástico do que eu ao lado do seu inimigo declarado?

Bingo!

Só que eu meio que deixei a parte em como "convenci" Harry de lado quando contei a "verdade" à ela sobre nós. Apesar dos meus sentimentos nada favoráveis por Harry, eu não daria uma de dedo-duro para o seu lado.

— Não vamos falar sobre mim e ele. Vamos falar sobre um namoro de verdade — fiz um rápido atalho, desconversando. Olivia me encarou perdida, e eu revirei os olhos, sem paciência. Acho que não existe alguém com um raciocínio tão devagar quanto ela. — O seu e o do Louis, que acontecerá bem em breve. Dã!

A loira encarnou um tomate, de tão vermelha que ficou.

— Beverly!

Rio, sabendo que a deixei envergonhada. Não que isso fosse tão complicado de fazer.

— O que foi?

Ela desvia o olhar para outro ponto.

— Pare de dizer essas coisas... — murmurou, colocando uma madeixa do cabelo atrás da orelha.

— Depois de ter visto o clima em que vocês estavam vindo pra cá? Nem pensar! — insinuei chocando meu ombro com o seu de leve, e em troca recebi orbes castanhas dilatadas. Abri um sorriso cheio de ansiedade e expectativa. — Vocês vão se beijar hoje. Eu estou sentindo!

Seu rosto relaxou, em um sinal de temor clássico.

— Eu não sei, Bevie... acho que...

— Nada disso! — trato de cortar o seu iminente pessimismo, tentando não soar tão rude. Confesso que era algo que eu estava começando a me policiar mais com a Olivia.

— Mas...

— Não diga o que eu acho que você vai dizer — Olivia se recolhe diante do meu aviso curto e objetivo, intimidada. — Você está linda, Liv, e Louis está absolutamente na sua. Confie em mim. Estamos em um belo boliche num sábado à noite, nos divertindo. É o cenário perfeito pro primeiro beijo de vocês!

— Tá, mas e se... e se você estiver errada? E se ele não quiser me beijar, Beverly?

Reviro os olhos.

Que tipo de receio bobo era esse?

— É claro que ele quer te beijar, Olivia. Eu conheço a linguagem dos garotos, e o Louis, sem dúvidas, quer você.

Minhas palavras são confiantes o suficiente para lhe arrancar um meio sorriso fraco. Ainda sim, eu encaro esse como um bom progresso, e fico satisfeita. Queria muito que ela entendesse como poderia, sim, atrair a atenção do Louis. Que era bonita e interessante o bastante. Mas, por outro lado, também não posso deixar de compreender sua insegurança. Como garotas, passamos por provações que fazem com que duvidemos do nosso próprio potencial o tempo todo. Em algumas, se prolifera com mais intensidade.

— Próximo!

Pisco os olhos, emergindo de meus devaneios, e descubro que Olivia e eu somos as próximas na fila.

— Você pode pegar os tênis enquanto eu vou rapidinho ao banheiro?

— Claro — sorriu, generosa como sempre.

Retribui o gesto e me distanciei, traçando uma reta até a área dos toaletes. No corredor, entretanto, meus pés grudam-se no chão quando noto Mason saindo da porta do vestiário masculino — que ficava bem em frente ao do feminino.

Meu corpo simplesmente trava, e eu não consigo mandar nenhum comando para o meu cérebro, do tipo "Fuja daí agora mesmo!" até que nossos olhares tenham se cruzado.

Acho que, parte de mim, queria que ele realmente me percebesse ali.

Mason sofre um solavanco, como se tivesse sido pego de surpresa, e, por um instante que parece eterno, sustentamos o contato visual sem nos mexer. Mason, com uma feição indecifrável no rosto. Já eu, escondendo todos meus sentimentos atrás de uma máscara de irrelevância.

Ele não pode me afetar. Ou, ao menos, saber que me afeta. Com toda certeza vai usar isso contra mim.

Balanço meu cabelo e desalinho meu olhar do seu ao arrebitar o queixo, continuando minha travessia até o banheiro como se sua presença fosse tão importante quanto a de uma lata de lixo.

— Bevie.

Ah, não. Eu não acredito que estou ouvindo isso.

Ele teve mesmo a audácia de me chamar pelo apelido?

Continue, minha mente ordena.

— Não finja que eu não estou aqui, Bevie.

— Não me chame assim nunca mais! — é tarde demais quando me vejo virando para ele, enervada, e toda minha encenação cai por terra em questão de segundos. Tento me recompor, porque agir dessa forma somente mostra o poder que Mason ainda exerce sobre mim, e enrijeço o tom. — Você perdeu esse direito quando escolheu transar com a Gwendolyn, esqueceu?

— E quem o tem agora? — deu um passo até mim, e eu trinquei a mandíbula para não engolir a seco. — O rebelde sem causa que está com você?

Ele não consegue nem disfarçar o quanto está odiando essa situação. Seu deboche acaba só deixando isso ainda mais escancarado.

E eu estou adorando isso.

— Por que? Isso te incomoda? — rio sarcasticamente.

— Falando nele... aonde será que ele está agora, uh? — ele escolhe não me responder, e dá mais um passo, me fazendo prender a respiração. Minha mente brilhava em alerta vermelho, para me afastar, mas eu simplesmente não conseguia o obedecer.

Não conseguia... ou não queria?

— Ele não deveria estar aqui, com você?

— Você deveria se preocupar mais com a sua namorada, e menos com o meu relacionamento, Mason — devolvi bem taxativa, entrando no seu joguinho. — Sabe de uma coisa? Não me parece muito inteligente da sua parte deixar a Gwendolyn tanto tempo sozinha. Ela não é do tipo muito confiável, sabe.

Mason sorriu, e em seguida soltou um riso nasalado que demonstrava puro divertimento. Ele nem se importou com o meu comentário a respeito da Gwendolyn.

— Relacionamento... Que piada — menosprezou, desacreditado. Oh, isso está ficando muito bom. E isso pode ser um problema. — Isso nunca vai ser uma relação. Não quando aquele cara é a junção de tudo o que você mais detesta no mundo, Beverly. Isso, vocês dois — balançou o dedo indicador para a esquerda e direita. — nunca poderia dar certo.

Ele tem razão, mas não vou confirmá-lo isso.

— Ah, claro. Dar certo como nós dois demos, você quis dizer?

Mason está tão perto agora que posso sentir sua respiração quente contra a minha face, e eu me vejo tentada a suprir essa distância ao abaixar minha visão brevemente para os seus lábios, em um lapso de fraqueza.

Que merda há comigo?

Eu deveria correr do Mason. Para bem longe.

E não testar minha sanidade ficando tão perto.

Isso vai apenas me machucar. Eu sei que vai.

— Você ainda pensa em mim — isso por acaso foi uma afirmação? — Não tem problema admitir, porque, pra ser sincero, eu ainda penso muito em você. Eu estaria mentindo se dissesse que não. Pode não acreditar depois de tudo o que aconteceu, mas... você ainda é muito especial para mim, Beverly. Eu realmente queria... — abaixou a cabeça por um momento. — Eu não queria que as coisas entre nós acabassem do jeito que acabou.

O tom muda drasticamente para um carinhoso, e meu coração se aquece. Principalmente porque reconheço esse seu lado.

— Mas acabou.

Espera aí.

Essas palavras não saíram da minha boca.

Quem foi que disse isso?

Mason e eu viramos o rosto ao mesmo tempo, confusos, e Harry está lá, de pé, com um olhar no mínimo intimidador voltado para o moreno à minha frente. Os braços cruzados à frente do jeito e a altura exageradamente alta apenas complementam todo o conjunto, o deixando ainda mais durão.

— Você demorou, docinho — no entanto, ele usou de uma entonação mais afável ao dirigir-se à mim. — Olivia me avisou que estava aqui no banheiro.

— Sabia que é falta de educação se meter na conversa dos outros? — Mason está nitidamente irritado pela intromissão do Harry, e eu não me atrevo a exercer nenhum pio.

As coisas estavam dentro de ordem, até então, e eu não perderia aquele embate ocasionado por mim por nada.

É algo estranhamente prazeroso de se assistir — mesmo que eu saiba, secretamente, que Harry está apenas atuando e suas emoções em relação a mim são completamente falsas.

— É mesmo? — Harry se aproximou mais, mas Mason não se acovardou. — Porque eu estou pouco me fodendo se fui educado ou não com você, O'Connor. Na verdade — tombou a cabeça para o lado, levemente, pouco preocupado com o vocabulário tão grosseiro. Os dois destoavam tanto um do outro, que visualmente falando era chocante. —, para ser sincero, eu não quero ser educado com você.

Mason riu secamente.

— Não precisa ter raiva, Styles — ergueu as mãos, em uma pose despreocupada, mas que exalava muito bem a ideia de "Eu sei que estou em um patamar muito mais elevado que o seu". — Talvez você deva se conformar de uma vez por todas que nós temos conversas muito mais profundas do que as que você e seu cérebro de azeitona jamais terão com ela.

Agora Mason foi longe demais, e algo em mim pressente que o desfecho acabará em uma troca de socos no chão quando Harry faz menção de avançar, os olhos faiscando ódio de uma forma tão vibrante que me faz questionar se ele realmente se incomodou com o comentário em si ou se era apenas uma resposta explosiva à presença provocativa do Mason.

Tudo o que sei é que não quero ser responsável por mais uma briga desse tipo, por isso me ponho na sua frente antes que o estrago seja selado.

— Acho que já deu, não é, Mason? — olho para este por cima do ombro, esperando que entenda que estou insinuando, bem explicitamente, que vá embora dali. Ele precisa saber que não o quero por perto, e sou eu quem preciso dizer isso. — Nossa conversa já acabou, e se depender de mim, não vai existir outra.

— Tudo bem. Você venceu, dessa vez eu vou — cedeu, mas o sorriso no canto da boca me dava a impressão de que ele não queria fazer isso.

Mason passa por nós com o rei na barriga, e o maxilar de Harry relaxa imediatamente.

O que deu nele, afinal?

Bato no seu ombro, e ele me encara espantado, entreabrindo a boca. Provavelmente não esperava por isso.

— Aí! — reclamou. — Por que fez isso?!

— Por que você apareceu aqui e fez essa cena toda, seu idiota? — devolvi outra pergunta, só que em uma entonação mais baixa e contida, para não levantar qualquer suspeita de quem viesse a surgir por ali. Não sei pelo que estava mais brava. Harry não tinha o menor direito de ter se intrometido na minha conversa com o Mason. Não quando não pedi por isso. Estava absolutamente tudo sobre controle. Ao menos antes dele ocasionar toda essa atmosfera de briga. É como se ele fosse um ímã ambulante de problemas. — Você não é meu segurança, então pare de ficar me vigiando como se fosse um.

— Eu não estava te vigiando. Pare de achar que o meu mundo gira ao seu redor, docinho. Mas que bom que eu cheguei a tempo, afinal, mais um pouco e você cairia que nem uma pata naquele papinho tosco dele — riu.

Semicerrei os olhos.

Como é que é?

— Pro seu governo, eu estava levando muito bem a situação — me defendi, e Harry subiu uma sobrancelha, como quem não acredita. Isso só alavanca ainda mais minha irritação a um nível que foge do meu controle. — Escuta aqui, Styles. Eu não sou uma princesinha indefesa. Eu não preciso de um defensor, muito menos de alguém para me dizer o que fazer ou não. Eu sei dos meus próprios limites. Então, a não ser que eu te peça algo, apenas faça a sua parte do trato. É por isso que você está aqui, lembra?

Uau.

Acho que eu fui... má.

A consciência pesa quando recupero o fôlego, e eu chego a infeliz conclusão de que pude ter descontado uma parte da frustração com o Mason em cima dele.

— Ótimo. Quer mesmo entrar nesse papel? Tudo bem, vá em frente — jogou a toalha, balançando os ombros em um movimento de indiferença. Mas então por que eu tinha a vaga impressão que havia tudo nele, menos indiferença? — Não fui eu quem foi trocado mesmo.

Murmurou, ácido, ao me der as costas e me deixar boquiaberta.

Quando penso que, talvez, eu possa ter exagerado um pouco, ele vai e me insulta desse jeito, tocando na minha ferida mais aberta sem ao menos cogitar como chegaria em mim.

Esqueça o que eu disse. Harry realmente mereceu cada palavra.

Eis o que descobri, esta noite, sobre Harry Styles: Ele é péssimo em boliche. Do tipo bem ruim mesmo. O que é irônico, porque sua pontaria não é totalmente de se jogar fora. Mas, bem... ele está se saindo terrivelmente mal em todas as jogadas — e, consequentemente, nos levando na direção dos perdedores.

E eu detesto perder.

Claro que a situação toda não está me agradando em nada e a carranca em meu rosto, à essa altura, já é inevitável.

Como alguém pode ser completamente ruim em boliche, um jogo que consiste, basicamente, em lançar uma bola?

— Por que não me disse que era tão ruim em boliche? — perguntei, observando Harry voltar para o banco depois de mais uma rodada sem um pino sequer derrubado.

Se ele tivesse me dito, eu nunca teria sugerido que fôssemos em "casais" — não explicitamente, por causa da Olivia, mas ficou bastante subtendido quando puxei Harry como a minha dupla.

— Porque, talvez, você não tenha perguntado.

Sentou-se ao meu lado, e eu bufei, observando Louis caminhar até o compartimento das bolas para sacar outra e fazer mais pontos. Ele e Olivia estavam na nossa frente com 10 de diferença. E eu até que estava indo muito bem, levando em conta que estava carregando a mim e Harry — um peso morto, para dizer o mínimo — nas costas.

Tê-lo no meu time era igual a estar sozinha, então não fazia muita diferença.

— Nós vamos perder.

Choramingo, colhendo meu rosto nas mãos.

— Não se preocupe, docinho, o mundo ainda vai existir quando você acordar amanhã — me "consolou", e eu lhe lancei um olhar matador.

Harry riu, nenhum pouco sentido ou ameaçado.

Strike! Isso!

Louis comemorou. Olivia rapidamente embarcou no clima com ele, esbanjando animação nos pulinhos e braços balançando.

Mas eu... Deus, como eu queria bater neles nesse momento.

Me sinto mal pela felicidade dos dois estar me incomodando tanto, então decido desviar meu ponto de foco para duas pistas da nossa.

Era a pista do Mason e a Gwendolyn.

E eles não estavam sozinhos. A trupe de vadias está lá, exercendo o papel fiel de súditas, e também alguns caras do time. Todos riem e se divertem, como em uma noite qualquer de sábado. O que eu sinto que deveria ter é repulsa, mas me pego imaginando se as circunstâncias fossem diferentes.

Se eu estivesse do outro lado, junto com eles.

Como se houvesse sentido que eu estava os observando — e pensando —, Mason encontrou meus olhos no mesmo segundo.

Ele estava sentado nas poltronas, com o seu braço sobre o ombro da Gwendolyn que, por sua vez, conversava com a Lindsay, aérea a todo o momento.

Num determinado ponto da encarada, um sorriso presunçoso surge em seus lábios, e a minha pulsação se eleva.

Ele estava me testando.

Então... eu faria o mesmo de volta.

— Levanta — eu ordeno para o Harry, cega pela raiva, antes de repetir o movimento. Pela primeira vez, interrompo o contato visual com Mason, restabelecendo-o no meu namorado de mentira, que ainda estava posicionado no mesmo lugar. — Você é surdo?

— Não é a minha vez de jogar.

— Mas é a minha, então você vem comigo.

Harry bufa baixinho, me obedecendo.

Tomo a frente, caminhando até onde estavam as bolas.

— Boa sorte, Bevie!

Olivia deseja, me irritando com sua gentileza.

Resolvo não responder para não acabar sendo rude e me dirijo às bolas, pegando uma roxa. Em seguida, eu olho para trás, encontrando com Harry a uma distância segura de mim.

Para o que eu estava planejando, aquilo não ajudaria.

— Mais perto — o chamo com a cabeça, o mais discreto que consigo, e ainda que com uma feição de estranheza, o moreno o faz. Me viro para a frente de novo quando já sinto o calor do seu corpo na parte de trás do meu, mais segura para explicar: — Você vai me auxiliar na jogada. Então, para os outros, vai ser como se você estivesse me ensinando. Consegue fazer isso?

Quando frequentávamos aqui, Mason fazia a mesma coisa. Apesar de eu ter bastante autonomia para jogar, massageava o seu ego estar nessa posição de controle, e para mim era até um pouco fofo, então eu sempre o deixava me instruir.

Se ele vir Harry tão colado à mim, no lugar que costumava ser seu, aposto que vai surtar. E depois do nosso esbarrão no banheiro, quero muito lhe desestabilizar.

— Para os outros, você quer dizer o Mason? — me provocou. Não obstante, complementou, sarcástico: — Pensei que eu era péssimo no boliche.

Controlo o rolar de olhos.

Por que Harry tornava tudo ainda mais complicado?

— E você é. Mas apenas finja, ok? — respondo, já sem paciência.

Me sinto diferente ao que Harry corta todo os centímetros que restavam entre nós, praticamente grudando-se em mim. Preciso respirar fundo. Detecto cada parte: o seu peitoral contra as minhas costas, sua respiração calma e serena na minha nuca e a região dos seus países baixos... pressionada contra a minha bunda. Não está nada marcado, mas eu sei que estão mais perto do que deveriam um do outro.

Um calafrio que não é bem-vindo serpenteia pela minha espinha no momento em que sua mão grande se apoia sobre a minha na bola, e eu implorei aos céus que ele não notasse nada.

Não preciso mais de provas para constatar o óbvio: Estou incomodada.

Estamos mais perto do que o tolerável. Meu corpo não parece o mesmo. Está reagindo contra a minha vontade, e eu odeio isso.

Porém preciso chutar esse pensamento para longe e me concentrar no meu objetivo. Quanto menos eu pensar na nossa posição atual, menos vou me sentir... esquisita.

— Você vai segurar a bola desse jeito — com a sua ajuda, Harry manuseou o meu braço para o lado do meu corpo, sussurrando tudo no meu ouvido. Eu engulo a seco. — Depois, vai mirar no...

— Eu sei o que fazer, tá bem? — corto-o, irritada.

Por que diabos ele precisava continuar sussurrando no meu ouvido? Fazia parecer até proposital.

— Estou apenas fazendo o que você disse, docinho... — justificou, e eu senti seu sorriso arrogante só de ouvi-lo. — Fingindo.

Está se aproveitando da situação, isso sim.

— Que seja.

Depois do resmungo cortante, me inclino só um pouco para pegar velocidade e mirar no meu alvo. Estou atrás de um Strike nesta rodada, mas a presença de Harry, de alguma forma, me deixa dispersa. Simplesmente não consigo definir um ponto com a facilidade que estou acostumada.

Mas que droga está dando em mim agora?

Foco, Beverly. Todos estão te observando, então faça bonito.

Então eu lanço a bola de uma vez, não querendo muito pensar na vergonha que seria errar a jogada.

Ela rola pela pista, se mantendo no centro. Em questão de segundos aflitos, ela se impacta aos pinos devidamente posicionados, levando todos ao chão.

Todos os pinos caem, emitindo aquele som alto.

Minha boca se entreabre.

Isso é um...

Strike! — levanto os braços, meus lábios se abrindo quase que automaticamente de felicidade. — Fizemos um Strike!

Me viro para o Harry, que ri pelo meu extravaso, mas não parece nada feito no intuito de tirar sarro de mim.

Tudo, em seguida, acontece rápido demais.

As palavras de Olivia me veem a cabeça.

Vocês só precisam melhorar um pouquinho no quesito demonstrações de carinho.

Como eu posso dizer? Robóticos.

Vocês precisam de um pouco mais de naturalidade, sabe?

Depois, pela minha visão periférica, constato que Mason continua nos secando descaradamente, como se não estivesse acreditando no que estava vendo.

E eu analiso a minha atual situação.

Qual comemoração pós-strike seria mais natural e espontânea do que um beijo na frente de todo mundo?

Não. Isso é loucura. Completamente insano!

Mas... não dá para negar que deixaria todos surpresos, e, de quebra, daria mais credibilidade ao seu namoro falso.

O anjinho e o diabinho debatem entre si, me deixando confusa.

— Você tá me olhando de uma forma estranha — a voz de Harry chega em ondas abafadas nos meus ouvidos, e eu pisco. — Devo me preocupar?

Miro nos seus lábios se movendo. Rosados, finos, e, aparentemente, macios. Não são tão repulsivos assim.

É só um beijo.

Essa é uma situação emergencial, portanto... não é como se eu estivesse quebrando alguma regra.

É só um beijo.

Já tocamos nossos lábios antes. Eu já passei por isso uma vez.

É só um beijo.

Me impulsiono para frente e colo a minha boca na sua, fechando os olhos.

Não recue, não recue, não recue.

Ele não só não recua, como me puxa mais para perto.

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