Amor à segunda vista • COMPLE...

By autoramillyferreira

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(EM CORREÇÃO) Conseguir um bom apartamento em Nova York com uma vista incrível, um ótímo espaço e por um preç... More

Prólogo
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezesseis
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
Epílogo
Felizes para sempre
Livro novo
AVISO
DEAN

dezessete

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By autoramillyferreira

Tirei um enorme peso das costas. Isso me custou 10 mil dólares em roupas, mas não faz muita diferença para mim, já que a loja da Malorie só trabalha com moda feminina. Eu não tinha para quem dar aquelas roupas, a não ser para minha irmã, mas ela não precisa saber disso. 

As coisas estão melhores agora. Quer dizer, ainda vejo a Teri triste e pensativa pelos cantos — pelo que fiquei sabendo, o término do namoro envolveu drama e gritaria —, mas pelo menos ela pode ficar melancólica estando bem-vestida. Na minha opinião, é um belo consolo. 

Tê-la ajudado não significa que viramos amigos. Longe disso. Mas eu diria que nós nos damos um pouco melhor agora. Ainda há brigas e pirraças, às vezes, mas estamos constantemente tentando conviver com as diferenças um do outro. Acho que posso me acostumar com isso em algum momento. 

Ouço batidas na porta. Ainda usando meu pijama — calça de moletom cinza e camisa branca —, vou atender com um humor um tanto azedo. Teri está parada do outro lado com uma expressão aflita. Diante disso, forço meu semblante a relaxar um pouco.

— Oi?

— Você viu o Theodor? — pergunta ela, preocupada. 

— Não. 

— Eu já procurei por toda a parte e não o encontro em lugar nenhum — diz ela, inquieta. — Eu deixei ele solto por um segundo e…

— Não, eu não vi o seu hamster — replico. — Ele só deve estar dando uma volta por aí. 

— E se ele saiu para a rua? — ela arregala os olhos.

Suspiro, paciente. 

— Teri, isso é basicamente impossível. O apartamento fica trancado o tempo todo — asseguro. — O Theodor deve estar roendo alguma coisa por aí ou sei lá. Daqui a pouco ele aparece.

Ela parece pensativa por um momento, e em um instante uma expressão brava toma o seu rosto.

— Você matou o meu hamster, Tyler? 

Arqueio a sobrancelha.

— Infelizmente não tive essa sorte. 

Teri fica boquiaberta. 

— Seu grande filho da…

Antes que ela possa completar, fecho a porta. Ouço seu gritinho de raiva e sorrio. Meu dia acabou de melhorar um pouquinho. Quando seus passos se distanciam pelo corredor, olho para o alarme em cima da mesa de cabeceira que indica que estou um pouco atrasado. Entro no banheiro para um banho rápido, apesar de querer ficar um pouco mais embaixo da água quente. Uso calça jeans, camisa e jaqueta. Todas as peças pretas, inclusive o All Star que calço. 

Pego o celular para mandar uma mensagem para Isaac e avisar que já estou a caminho — ficamos de dar uma olhada no salão em que vai acontecer o próximo desfile — mas o mesmo acaba escorregando da minha mão e caindo sobre o meu tênis antes de dar uma quicada no chão e cair embaixo da cama. Merda.

Praticamente deito-me sobre o tapete para poder alcançar o celular. E ali está ele. Mas ao pegá-lo, vejo uma cena um tanto chocante: Theodor está largado embaixo da cama em uma posição esticada e dura. Arregalo os olhos. 

Ele está…? 

Puxo-o com cuidado e o roedor que cabe na palma da minha mão está completamente mole, como se tivessem quebrado todos os seus pequenos ossinhos. 

Merda, merda, merda.

Olho para a porta, apavorado, como se Teri fosse entrar pela mesma a qualquer momento e presenciar a cena que, provavelmente, irá partir o seu coração pela segunda vez em um período curto de tempo. Meu coração acelera, assim como a corrente sanguínea. Eu não posso contar para ela. 

Vamos lá, maldito roedor, acorda!

Mas ele está… 

Droga. O que eu faço? Começo a andar de um lado para o outro, nervoso. Não posso dizer que esse maldito animal de estimação que ela tanto adora está morto, não posso fazer isso porque… simplesmente não posso. Por que essas coisas tem de acontecer justo comigo? 

Cansado de ficar apenas andando em círculos, procuro uma pequena caixa e coloco o falecido hamster dentro. Tenho uma ideia. Provavelmente é uma péssima ideia, mas ainda assim eu preciso tentar. Teri, a esta altura, já foi trabalhar, porém tenho o cuidado de olhar os cômodos da casa enquanto carrego Theodor por aí. 

Respira, Tyler, vai dar tudo certo. 

Ela não está. Graças a Deus. Vou até o meu carro o mais rápido que consigo. Coloco a caixa no banco do carona e acelero para a saída da garagem. De repente, sinto-me completamente solidário pelo hamster. Todas as vezes que eu disse que gostaria de vê-lo morto, eu não estava sendo literalmente sincero. 

À caminho, recebo uma ligação de Denzel. 

— Onde você está, cara? Isaac vai ter um infarto a qualquer momento. Ele está muito ansioso para ver o local do desfile — meu amigo parece entediado, ou talvez só não tenha despertado totalmente do sono ainda.

— Tive um imprevisto — digo, ofegante, como se estivesse em uma corrida.

Seu tom muda para cuidadoso em um instante.

— O que aconteceu? 

Olho de relance para a caixa no banco do carona, sentindo-me impotente.

— Lembra do hamster da Teri? O que roeu a minha camisa? 

— Impossível esquecer. O que rolou? 

— Eu meio que o encontrei morto debaixo da minha cama e agora não sei como contar para ela.

Ouço uma exclamação do outro lado da linha.

— Que merda, cara. — Pausa. — O que você vai fazer? Vai contar pra ela? 

— Eu não posso.

— E o que pretende? Dar sumiço nele e fingir que o bicho evaporou?

— Seria uma boa opção.

— Tyler… 

— Preciso ir. 

E desligo. Estaciono sob a calçada, mas preciso caminhar por mais uns cinco minutos até finalmente chegar ao veterinário. Sou recebido com uma comoção quando mostro o pobre Theodor. Ainda tinha esperança de que ele estivesse, sei lá, paralisado, mas minhas expectativas vão por água abaixo ao ver a expressão de impotência do dr. Keys. 

— Sinto muito, Tyler. 

Esfrego o rosto com as mãos, sem saber o que fazer. 

— Sei que nos apegamos muito aos animais de estimação — diz ele como se estivesse me consolando. — Mas se quiser, pode adotar outro hamster na nossa loja. Ou até mesmo um cachorro. 

De repente, parece que uma lâmpada surge no topo da minha cabeça. 

— Aposto que sim — olho para o hamster sobre a mesa em que foi examinado. — Vocês podem…?

— Não se preocupe — sorri com serenidade. — Daremos um jeito nele. 

Balanço a cabeça. Vou até o Theodor e despeço-me do mesmo para não parecer tão insensível. E também, acho que a Teri iria querer que alguém se importasse um pouco com ele em seus últimos momentos.

Tento não parecer tão ansioso enquanto vou até a tal loja citada pelo dr. Keys. Há muitos cachorros, coelhos e até mesmo aves. Algumas pessoas transitam pelo local dando uma olhada, enquanto outras, vestidas de jaleco, cuidam do bem estar dos pets. Abaixo-me, vez ou outra, para fazer carinho na cabeça de alguns cachorros que surgem pelo caminho, mas tudo parece desaparecer ao meu redor quando eu avisto uma enorme gaiola aberta, como se fosse um aquário sem tampa, com o que se parece ser um formigueiro de hamsters. Arregalo os olhos ao ver a cena aterrorizante, e fico ainda mais apavorado ao imaginar Teri Grace cuidando de todos esses roedores ao mesmo tempo. Tantas camisas furadas…

Foco, Tyler. 

Mas é então que eu vejo, em meio a tantos hamsters, um que é idêntico a Theodor, com sua pelagem branco e laranja. A felicidade que eu sinto é tão grande que parece que ganhei na loteria. 

— Posso ajudar, senhor? — uma mulher se aproxima. 

Olho para ela com um sorriso rasgando o meu rosto. 

— Eu vou levar aquele ali — aponto. 

***

— Então… esse é o seu grande plano? — pergunta Denzel depois que eu mostro o hamster que não é Theodor, mas que passou a ser, dentro da caixa com alguns furos para melhorar a circulação de ar e um pouco de alface para ele comer. 

Ignoro o seu olhar de censura. 

— Foi a melhor coisa que eu pensei — digo. 

— Mas… — ele faz uma pausa, pensativo. — Não acha que ela vai perceber que esse não é o Theodor? 

— Eles são idênticos — garanto. — Ela não vai perceber nada. 

— Se você diz… 

Hesito. O novo Theodor tem uma pelagem branca e laranja, igualzinha ao do falecido Theodor. Talvez este aqui seja um pouco mais gordinho, mas… Teri é muito distraída, as chances dela descobrir a farsa é quase zero. 

— Tyler? Tyler! — Isaac surge na minha sala, eufórico. 

— Ahn? O quê? — Coloco a tampa de volta na caixa. 

— É uma desgraça! — puxa o próprio  cabelo. — Não tem tecido suficiente para o meu vestido principal! 

Suspiro. 

— Calma, Isaac, eu resolvo isso. — Lanço um olhar para Denzel e cochicho ao passar por ele: — Cuida do Theodor II enquanto eu estiver fora. 

***

Teri chega em casa às seis. Saio do trabalho mais cedo para chegar no apartamento bem antes dela. Eu não sei bem o que planejo falar quando a vir, mas sei que preciso agir normalmente para isso dar certo, porém é difícil quando até as minhas mãos soam e eu permaneço inquieto. 

Decido me livrar da caixa. Acho que seria estranho Teri chegar e encontrar o seu novo hamster em uma. Levo Theodor II para conhecer a casa e se familiarizar com os cômodos. Estou pedindo por favor para ele fazer seja lá o que os hamsters fazem e não agir de uma forma que o Theodor I não faria. 

Estou mesmo conversando com um hamster? Ah, meu Deus, estou virando a Teri!

— Certo — sussurro como se tivesse mais alguém no apartamento que pudesse nos ouvir, colocando-o em cima da ilha da cozinha. — Olha só, não sei se te deram um nome no Petshop, mas a partir de agora você se chamará Theodor. — Olho por cima do ombro, tenso. — Sua nova mãe logo vai chegar, e você precisa me ajudar, amiguinho. Precisa ser o filho perfeito para ela. 

Ouço a porta abrir no outro cômodo e depois fechar. Meu coração acelera. Um som ritmado se aproxima. Toc, toc, toc. Sinto que estou suando frio. Torço para ela passar direto para o quarto, mas o barulho está vindo até mim e… paro por um instante. Teri aparece usando uma calça laranja de tecido leve e uma blusa azul com decote em v que realça perfeitamente o seu busto. O cabelo está preso em um coque bagunçado como se tivesse sido feito às pressas. 

— Oi — ela sorri. — Theodor! Aí está você!

Volto ao mundo real quando ela passa por mim correndo, indo pegar o hamster com as palmas das mãos juntas. Olho para ela ali, sorrindo feito uma boba por encontrar o animal perdido que, na verdade, não é o que ela tanto procurava. Vejo o brilho em seus olhos e percebo que tomei a decisão certa: eu seria incapaz de vê-la desabar mais uma vez. 

— Onde ele estava? — pergunta ela, com um sorriso rasgando o rosto. 

— Eu… er… — coço a nuca. Lembre-se, Tyler: você precisa agir naturalmente. — Ele estava escondido debaixo da minha cama. 

Não é mentira. Apenas preciso omitir a verdade. 

— Ele roeu alguma coisa? — olha-me, apreensiva. 

Ele não teve tempo, penso. 

— Não. 

Teri balança o hamster em suas mãos e faz uma careta. Agora eu fico apreensivo. 

— Theodor, é impressão minha ou você engordou? 

Entro em pânico. 

— Não! — Meu tom sai mais alto do que deveria, e ela me olha um pouco desconfiada. Limpo a garganta e recomeço, com meu tom mais casual: — Quer dizer… Não. Ele parece normal para mim. Igualzinho ao que era antes. 

Meio risonha, ela pergunta:

— Você está bem? 

— Eu? Estou. Por quê? Você tá bem? 

— Ok… — ela me olha como se tivesse uma cabeça nascendo em um dos meus ombros antes de colocar Theodor II em cima da ilha. — Eu trouxe o nosso jantar — ergue a sacola antes de se virar para a pia. 

Sufoco um suspiro de alívio. Olho para o hamster que está me encarando um tanto curioso e pressiono o dedo indicador nos lábios, pedindo segredo. 

NOTAS DA AUTORA

AAAAAAAAAAA! 2K! CHEGAMOS A 2K!
Gente, eu não acreditando... foi tão rápido! Eu tenho a agradecer. Por isso, para comemorar esse marco incrível, eu trouxe capítulo novo. Espero que gostem! 😍

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