Amor à segunda vista • COMPLE...

By autoramillyferreira

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(EM CORREÇÃO) Conseguir um bom apartamento em Nova York com uma vista incrível, um ótímo espaço e por um preç... More

Prólogo
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
Epílogo
Felizes para sempre
Livro novo
AVISO
DEAN

dezesseis

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By autoramillyferreira

Encontro Tyler parado na porta do meu quarto no dia seguinte. 

— Está tudo bem? — pergunto. 

— Acho que eu deveria te fazer essa pergunta — ele retruca. 

Ah, sim. O coração partido. Olho para ele, sem humor. Acho que minha cara já diz exatamente como eu me sinto: um lixo. Passei metade da madrugada chorando, mas acho que acabei cochilando em algum momento. Pensei que colocar tudo para fora me faria sentir um pouco melhor pela manhã, mas eu estava errada. Além de cansada fisicamente, me sinto profundamente arrasada. Noah, minha família, minha vida medíocre… envolve uma série de coisas. 

— Tyler, está tudo bem — digo, apesar de, no fundo, saber que minhas palavras são uma mentira. 

— Eu fiz o café da manhã — diz ele, depressa. — Imaginei que estivesse com fome. 

Pisco, surpresa. 

— Ah. Obrigada. 

Faz-se silêncio por um tempo. 

— Então… — sua voz surge novamente. — Percebi que você não está indo trabalhar esses dias. Foi demitida? 

Retraio suavemente o canto da boca, quase um sorriso. 

— Você não sabe mesmo como consolar uma pessoa, não é? — Ele parece arrependido por um instante. Respondo: — O teatro está passando por uma reforma — eu explico. — Mas e você? Não deveria estar no trabalho? 

— Estou de folga hoje — coça a nuca. — Então eu achei que a gente poderia sair e fazer compras. 

Franzo o cenho. 

— A dispensa já está vazia? 

— Não esse tipo de compras — limpa a garganta. — Estou falando de roupas… 

Fico ainda mais confusa. 

— Por que eu faria isso? Quer dizer… por que você faria isso comigo? 

— Porque todo mundo gosta de comprar roupas — argumenta como se fosse óbvio. 

— Tyler, o que…? — paro e penso por um instante. — Entendi. Você está se sentindo culpado. 

Ele suspira. 

— Talvez. 

Acabo rindo, mesmo sem muito humor. 

— Tyler, é sério, está tudo bem. Você não fez nada de errado. 

— Ah, é? Então tenta dizer isso para a minha consciência — passa a mão pelo rosto, frustrado. — Por favor, só… só me deixa fazer alguma coisa para tirar esse peso dos meus ombros. E aí, depois, podemos voltar ao que era antes, mas… por favor. 

Sou pega completamente de surpresa; tanto que fico até sem palavras. 

— Mas mesmo que a gente fosse fazer compras, eu não teria dinheiro para extravasar desse jeito — confesso.  

Um sorriso surge em seu rosto. 

— É aí que eu entro. Se troque e me encontre na cozinha. 

— Mas… 

Ele já está saindo para o corredor, sem me dar a chance de protestar. Fecho a porta do quarto e dou alguns passos com a testa ainda franzida. Será que o verdadeiro Tyler foi abduzido por Ovnis enquanto eu estive fora ontem e o substituíram por um clone que, na verdade, está tentando colocar ovos em mim? 

— As coisas estão meio estranhas, Theodor — comento de repente, fazendo carinho no pêlo fofinho do hamster. 

Opto por tomar um banho. A água quente me ajuda a relaxar um pouco, e tento ignorar o fato de que algumas lágrimas descem pelo ralo junto com o líquido sem cor. 

Meu coração ainda parece quebrado. Mas o que eu esperava? A dor ainda é muito recente. Fico me perguntando se eu amava Noah de verdade ou só é apenas a mágoa de ser traída. Mas o que é amor, afinal? Eu nunca soube muito bem expressar ou entender; talvez eu nunca tenha sentido, de fato. Noah nunca foi o cara que cuida, que se preocupa, e eu tentava me contentar com muito pouco porque nenhum outro cara olhou para mim antes. Eu acreditei que ele melhoraria com o tempo, que eu poderia fazê-lo gostar de mim de verdade, mas acontece que o amor não é algo que se pede. 

Quando saio do banheiro enrolada em uma toalha, tudo o que eu quero é voltar para a cama e me afundar mais uma vez na dor. Mas ao invés disso, ponho uma roupa limpa. Gosto do vestido branco cheio de flores. Noah uma vez me disse que ele me dá um ar inocente, mas me repreendo rapidamente por estar pensando nele. Olho pela janela antes de escolher o par de sapatos: as ruas estão úmidas por causa da chuva recente e o céu está completamente cinza. Casacos pesados e cachecóis preenchem as calçadas lá embaixo. Meu vestido tem comprimento até acima dos joelhos, e para complementar, visto uma meia-calça mostarda e galochas vermelhas. 

— O que foi? — pergunto ao adentrar a cozinha e perceber o olhar de Tyler. 

— Nada, é só… — ele gesticula na direção das minhas roupas. — Muita cor. 

Dou de ombros e vou pegar uma torrada. 

— E é por isso que eu decidi usar os meus conhecimentos e experiências para te ajudar a se vestir melhor — emenda. 

Olho para ele. 

— Não quero mudar a forma que eu me visto. Eu gosto das cores. 

— Não vamos mudar, vamos apenas aperfeiçoar. Quero te ajudar a fazer as combinações certas de cores. 

Olho para minhas galochas. Talvez a meia-calça mostarda seja um pouco demais. 

— Eu agradeço a gentileza, mas… não posso aceitar que você compre roupas para mim. 

— Claro que pode. É só dizer "sim".

— Mas… 

— Nada de "mas" — balança a cabeça. — Termine o seu café da manhã porque já estamos de saída. 

E mais uma vez, ele vai embora sem me dar a chance de retrucar. 

Ok, acho que posso aceitar uma blusa e talvez uma calça jeans nova. Estou mesmo precisando de uma. 

Tyler está me esperando na sala com roupas novas. Está usando calça social e camisa branca de botões, sobretudo negro e um cachecol. Uau. A visão não é nada mal. Lembro-me do que Cheryl disse sobre ele ser muito bonito, e agora estou começando a achar que ela tem razão. O estilo sofisticado combina perfeitamente com ele. 

— Podemos ir? — pergunta ele.

Hesito por um instante. 

— Vamos. 

Tyler dirige por poucos minutos. Penso que vamos ao shopping, mas fico surpresa — e intimidada — quando ele estaciona em um corredor somente com lojas de marcas que eu só ouvi falar. É um sacrifício para que eu saia do carro. Ele está andando por aí despreocupadamente, enquanto tento não tropeçar diante de tanto glamour. Tudo à minha volta cheira a dinheiro. 

Deus… onde eu fui me meter? 

Paramos em uma loja no fim da rua. Uma espécie de boutique chique. 

— Por favor — Tyler me deixa ir na frente. 

Lanço um olhar rápido para ele, um pouco relutante, mas vou até lá e puxo a porta mesmo assim. Fechado. Puxo mais algumas vezes, mas parece estar emperrada.

— Por que essa porcaria não abre? — reclamo, voltando-me para Tyler. 

Ele me olha como se eu fosse idiota e passa por mim, a expressão entediada, e ao invés de puxar a porta, ele a empurra para trás. Enrubesço. 

— Ah — de repente, sinto-me envergonhada. — Entendi. 

Ele aponta para dentro da loja e eu passo pela porta com o pingo de dignidade que me resta — se é que restou alguma. Quando ergo a cabeça, fico maravilhada. O espaço é tão grande que não consigo ver onde termina, e em todos os lados que eu olho há araras de roupas e manequins usando vestidos incríveis. 

— Tyler, querido! 

Olho para a mulher de meia idade, uma madame bem-vestida com calça de couro justa, uma blusa branca e um cachecol para completar. Seu cabelo é de um laranja vívido que talvez um dia tenha sido natural e ela tem sardas nas bochechas. 

— Malorie, como vai? — ele dá um abraço gentil na mulher, sorrindo. 

Ele não é tão simpático assim comigo. 

— Muito bem. Você sumiu, rapaz. — Posso ver um brilho de contemplação em seus olhos castanhos quando ela olha para ele. 

— Muito trabalho — justifica.  

— E o que te traz aqui hoje? 

— Uma emergência da moda — ele olha para mim, e a mulher o segue. Escuto a exclamação de surpresa da mulher e me sinto um tanto sem jeito. — Essa é a Teri. 

— Olá, querida — ela, apesar de tudo, me cumprimenta com muita simpatia e um beijo no ar ao lado da minha bochecha. Voltando-se para Tyler, acrescenta: — Imagino que veio até aqui cobrar aquele pequeno favor. Bom, fiquem à vontade. 

— Obrigado, Malorie. 

— Gostariam de chá? Café? Talvez uns biscoitinhos? 

Abro a boca para responder, mas Tyler é mais rápido. 

— Estamos bem. 

Ela balança a cabeça. Mas eu queria tanto os biscoitinhos… 

— Bom, creio que não precisam da minha ajuda. — Ela olha para mim e dá uma piscadela. — Está em boas mãos, querida. Precisando, é só chamar. 

Malorie sorri uma última vez e some por entre as roupas. Ainda consigo ouvir o barulho ritmado dos seus saltos depois de um tempo. 

Tyler coloca a mão nas minhas costas e me guia pela loja. 

— De que favor ela estava falando? — a curiosidade me vence.  

— Eu ajudei a promover a loja da Malorie quando ela estava começando, e como agradecimento, ela me deu um pouco de crédito aqui. 

— O que isso significa? 

— Podemos comprar 10 mil dólares de roupas sem pagar nada. 

Fico boquiaberta. 

— 10 mil dólares?! — Exclamo. 

— Não fique tão impressionada — ele puxa um vestido verde da arara e o avalia. Depois de fazer uma careta, o devolve para o lugar. — Logo verá que isso significa quase nada. 

Não entendo o que ele quer dizer com isso até dar uma olhada na etiqueta de um vestido amarelo liso e perceber que ele custa 500 dólares. Afasto-me como se tivesse sido picada. 

— É um belo vestido — Tyler surge atrás de mim de repente, dando-me um susto. 

— Olha o preço disso! — cochicho, horrorizada. 

— É uma peça de grife — ele pega o vestido. — O que esperava? 

— Eu não posso…

Mas ele já está andando. Solto um grunhido de irritação e não tenho escolha além de o seguir. De repente, sinto-me sufocada. As roupas têm dígitos demais. 

— Olha só — aponta para uma blusa linda com uma estampa colorida. — Pega uma daquela. O short e o blazer preto também. 

Ele parece tão convicto que sou totalmente induzida a obedecê-lo. Não cometo o erro de ver o preço desta vez. Quando volto, Tyler já está com a sacola cheia de roupas. 

— Certo — diz ele, guiando-me até o provador. — Você gosta de cores vívidas, de estampas e brilho, e não tem nada de errado nisso, a não ser que você não saiba administrar bem as combinações. Esse é o nosso caso. 

— Não precisa ofender — murmuro. 

— Confie em mim — olha dentro dos meus olhos. 

Engulo em seco e assinto. 

— Entre no provador e depois volte para eu avaliar como cada look ficou. Eu vou te dando as combinações certas. 

— Certo. 

O primeiro look que uso é uma saia rosa longa de tecido leve e uma blusa mostarda de botões. Quando apareço, Tyler abre um sorriso singelo e se aproxima para ajeitar as minhas mangas. 

— Perfeito. — Segurando os meus ombros, ele me vira para o espelho. — O que me diz? Um look cheio de cor, cheio de vida, e sem parecer muito exagerado.

Sorrio também, sentindo seu queixo apoiado no meu ombro.

— Eu adorei, pra ser sincera. 

— Ótimo — seu tom é cheio de satisfação. — Vamos ao segundo look então. 

As próximas peças que são entregues a mim são um conjunto de saia e blazer amarelo incríveis e, para completar, Tyler adiciona uma blusa rosa com uma estampa discreta na frente. E assim as horas se seguem: vejo ele aprovar e discordar de alguns looks, dando algumas dicas de como devo usar determinados tipos de roupas. É divertido até. Em certo momento, até mesmo Malorie junta-se a nós para opinar, e também me traz alguns pares de sapatos a pedido de Tyler. E eu me sinto incrivelmente bem. É como se eu estivesse perdida todo esse tempo e finalmente me encontrasse. 

— Eu vou embalar essas roupas — anuncia Malorie, arrumando tudo em uma grande sacola.

— Então eu… — faço menção de voltar para o provador.

— Não, não — Tyler me para. — Você vai sair daqui vestida com essas roupas. E isso aqui — pega minha meia-calça, o vestido e as galochas — vai para a doação. 

Não questiono. Viro-me para o espelho mais uma vez. Estou usando uma calça jeans escura, um suéter vermelho e um sapato fechado de salto alto médio. Uau.  Estou me sentindo espetacular. É uma mudança e tanto, e ainda continua com a minha essência: cheia de cores e vibrações.

— Você parece de bom humor. 

Olho para Tyler sentado em um sofá. Aproximo-me e me junto a ele, ambos igualmente cansados. 

— Foi divertido — digo. — Mas essa vida de diva é cansativa.

Ele acha graça. 

— Concordo. Mas como você se sente? Gostou mesmo das roupas? Das dicas? 

— Eu adorei, Tyler — olho para ele, completamente agradecida. — Obrigada.

— Por nada — dá um breve sorriso. — E ainda podemos dar uma olhada no seu closet e ver se dá para resgatar alguma coisa.

Balanço a cabeça. Ficamos em silêncio por um tempo; nenhum dos dois sabe mais o que dizer. Então eu decido ser a primeira a quebrar o silêncio com uma confissão.

— Eu também não gosto da maioria das minhas roupas.

Ele me encara, curioso e intrigado.

— Não? 

Suspiro. 

— Até os 17 anos de idade, eu me vestia como uma adolescente comum, mas… eu estava cansada de ser invisível — é doloroso confessar isso. — Achei que se eu usasse coisas escandalosas, as pessoas começariam a me enxergar. Meus pais sempre estão idolatrando a minha irmã, assim como todos a nossa volta e, às vezes, é sufocante. 

— Eu não sabia — sua voz soa baixa. 

— Desculpa desabafar assim. 

— Tudo bem. Continue. Eu quero saber.

Olho para ele. 

— Eu não tenho inveja da minha irmã — sou honesta. — Mas é horrível ficar ouvindo como eu deveria seguir o exemplo dela, ser mais parecida com ela, agir como ela… É como se ninguém se importasse com quem eu realmente sou. 

— Estamos todos buscando algum tipo de aceitação, mas na verdade, não precisa. Acho que o que importa é o que achamos de nós mesmos. 

— Não é tão fácil assim — suspiro. — Acho que viver sempre na sombra da minha irmã me deixou insegura. 

— Então vamos recuperar a sua confiança aos poucos — promete ele. 

Tento não parecer tão afetada.

— Eu não me sinto bem aceitando todas essas roupas caras — repito o que venho dizendo há horas.

Ele pensa um pouco. 

— Veja isso como um empréstimo. Quando você abrir a sua galeria, pode me devolver o dinheiro.

Sorrio para ele.

— Combinado.

Meu celular toca. O sorriso some do meu rosto assim que vejo o nome na tela.

— O que foi? — pergunta Tyler.

— Noah — respondo, virando a tela do celular para ele.

Vejo algo em seus olhos mudar, mas não sei exatamente o quê.

— O que você vai fazer? — quer saber, a expressão sombria. 

Outro sorriso surge no meu rosto, um tanto venenoso. 

— O que eu já deveria ter feito há muito tempo — faço uma pausa dramática. — Dar um pé na bunda do babaca. 

NOTAS DA AUTORA

Voltei mais cedo para trazer capítulos para vocês, meus amores. Estou na correria, por isso não estou respondendo com muita frequência os seus comentários, mas saibam que leio todos e amo demais. ❤

Se quiserem me seguir no Instagram, eis aqui o meu user: @eu_millyferreira . Se decidirem me seguir, mandem uma mensagem no direct para eu saber que são vocês, sigo todo mundo de volta. 💜

Até mais, meus amores. 🤩

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