Reencontrar

By Mja_rabia

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Os reencontros mais bonitos da vida são quando nós mesmos nos visitamos. Indo ao encontro dos nossos sonhos m... More

Nota
ABERTURA
PRÓLOGO
Cap 1. Paralelos
Cap. 3 - Coincidências
Cap. 4 - Encontros
Cap. 05 - Primeira Vez
Cap. 6 - Jantar

Cap 2. Cotidiano

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By Mja_rabia

Rafaella como de costume quando acordava, abria todas as cortinas e janelas de casa e assim ela fez aquela manhã, para deixar o Sol entrar. Enquanto abria as janelas do escritório, escutava a voz do seu amor maior do mundo, no cômodo ao lado resmungando.

R: Já tô indo, Alice. Espera mais um pouco. – Enquanto ela falava, percebia que a filha resmungava mais, abriu um sorriso no rosto e apressou o passo para ir buscar a filha em seu quarto. – Tcharaaaaaam, a mamãe apareceu, meu amor.

A bebê se surpreende com a figura da mãe, aparecendo na porta, faz cara de surpresa, mas, logo, dá lugar a um sorriso banguela para mãe, que sorri, ainda mais largo de volta, liga a caixa de som que fica no quarto da filha e coloca sua playlist favorita no Spotify no aleatório. Sendo assim, começa a tocar Dois Corações, da banda Melin, no som.

Então, Rafaella caminha em direção ao berço da filha e a retira de lá.

R: Bom dia meu amor, bom dia, minha vida. – Enquanto Rafa vai falando com a filha, a pequena que é completamente apaixonada pela mãe, coloca suas pequenas mãos nas bochechas da mãe, as apertando, como forma de carinho e balbuciando sons incompreensíveis. Rafaella começa a cantar a música que tocava, olhando nos olhos azuis da filha. - Vi, que era amor. Quanto te achei em mim. E me perdi em você. – Cantou e segurou a mão esquerda da filha, a convidando para dançar. E seguiu rodopiando com a menina, que tentava cantar junto com a mãe, apenas com os sons desconexos que conseguia reproduzir:

Somos verso e poesia

Outono e ventania

Praia e carioca

Somos pão e padaria

Piano e melodia

Filme e pipoca ah

De dois corações um só se fez

Um que vale mais que dois ou três

Uh, uh, uh, uh, uh, uh

Oh, oh, oh, oh, oh, oh.

Rafaella sempre foi muito musical, apaixonada por música e estava passando este gosto para Alice, desde nova. Rodolfo também gostava bastante, até chegou ter uma dupla sertaneja, na época da faculdade, mas, seguiu pelo caminho da Engenharia. Então, os dois já cantavam e colocavam músicas, para Alice escutar desde os primeiros meses de gestação.

As manhãs de Rafaella, nas últimas semanas, eram dedicadas exclusivamente a Alice e depois ela a deixava na escolinha e seguia para a clínica trabalhar.

Mas, naquela segunda-feira faria um percurso diferente. Marcou de almoçar com Gizelly.

Gizelly Bicalho é advogada civilista com grande vivência em varas da família, e uma das sócias da clínica de psicologia. Com a clinica crescendo, Manoela e Rafaella perceberam que muitos dos seus pacientes, precisavam de apoio jurídico, em muitos casos que atendiam. Sendo assim, convidaram a amiga que conheceram na época da faculdade para entrar na sociedade com elas também. Gizelly aceitou na hora.

Rafa, conheceu a famosa Gigi Furacão, Titchela ou Gi, na república feminina que elas dividiram. Gizelly é capixaba e também foi para São Paulo, cursar direito. Estudou na USP. Então, como dividiu o quarto com a Rafaella, logo, fizeram amizade e Rafa apresentou sua amiga de sala, Manoela, para Gi e assim, formaram um trio inseparável, desde 2008.

R: Filha, vamos colocar uma roupa bem bonita para ver a titia, Gigi Furacão? – A bebê tentava conversar emitindo os sons desconexos que a sua mãe tanto amava e ficava encantada. – Aí, mais como tá faladeira, daqui a pouco tá igual a tia Gi, quando começar a falar, não vai parar mais.

Rafa ficou escolhendo a dedo o look para ir trabalhar e almoçar com a amiga. Sempre foi muito vaidosa e apaixonada por moda. Em sua pré-adolescência e adolescência trabalhou como modelo, em Uberlândia, sua cidade natal. Porém, depois que entrou para faculdade de psicologia que era integral, desistiu dessa parte da sua vida e focou nessa nova carreira. Desse modo, sua ligação com a moda ficou restrita aos perfis de moda nas redes sociais, as influencers, perfis de marcas famosas e modelos. Portanto, como amava vestir sua filha com roupas lindas, se tornou uma de suas diversões, Alice era sua boneca.

R: Olha como a minha bonequinha tá linda, olha lá no espelho, filha. – Disse para Alice que se olhava no espelho encantada com a roupinha que a mãe tinha escolhido para ela.

Enquanto para ela, escolheu uma blusa de malha manga comprida na cor salmão, calça de couro sintético, sandália de tiras e o seu óculos que usava para trabalhar e fazer leituras. E como de costume, fez questão de dividir o seu look com as suas poucas seguidoras. 

O caminho até o restaurante foi tranquilo, Alice estava entretida com os brinquedos que ficavam pendurados na cadeirinha.

Assim que adentrou no restaurante com Alice, avistou Gizelly, a advogada estava gesticulando bastante, falando ao telefone e Rafaella riu dos gestos da amiga, aquilo era "tão Titchela", pensou consigo.

Gizelly, assim que avistou a amiga, desligou a ligação e já começou a soltar suas típicas pérolas.

G: Olha lá quem vem chegando xentê a boazuda de Higienópolis com essa bebê Johnson que é a mais linda da Tia Gi.

R: E aí, Titchela?! Finalmente nos encontramos. Nossos horários não estão batendo nunca, amiga. – Rafaella, deu um abraço e um beijo na amiga, e na sequência ajeita  Alice no cadeirão do restaurante e se senta logo em seguida.

G: Claro, né Rafaella. Você só vive pro casamento agora. Nunca foi assim, nunca mais saiu comigo e com a Manu, só a gente. A Marcela adorou conhecer vocês naquele nosso último almoço. – A advogada, despeja logo tudo sem cerimônias para a amiga, enquanto enche Alice de beijinhos na bochecha, e faz cosquinhas na barriga. A menina se abre toda ao soltar gargalhadas pra sua tia Gi.

R: Eu sei Gi, é que tá complicado... – Ela faz uma pausa, pensando em quais palavras usar para contar o momento que está vivendo para a amiga, mas, logo é interrompida, por uma Gizelly sem paciência.

G: Já pode tá contando, Rafaella. Aqui não é a Manu que você dá qualquer desculpa e ela aceita. Pode tá falando! – Rafaella dá o mordedor de girafa para a filha que tinha começado a resmungar, pois, parou de ter atenção voltada para ela.

R: Aposto que a Dona Maria Manoela e você andaram fofocando sobre a minha vida. Por isso marcou o almoço? - Bufa, sabendo que teria que dar mais detalhes sobre tudo que vem passando.

G: Não vem mudando as posições, não. Que aqui ninguém é criança e a gente só tá preocupada com você.

R: É, eu sei... Desculpa. - Solta um suspiro cansado e continua -  Enfim, como a Manu já pode ter te adiantado. Eu não saio mais com vocês a noite porque tá complicado deixar a Alice a sós com o Rodolfo, ele fica muito inseguro para cuidar dela, quando tá só os dois. – Gizelly balança a cabeça em negativa e solta uma risada abafada, em tom de ironia.

G: Cê sabe que ele tá te enrolando, né, Rafa? Primeiro ele não queria que você voltasse a trabalhar. Foi a gente, sua mãe e Flavina pra te apoiar, ajudando ele mudar de ideia. E só rolou porque com certeza, se viu pressionado.

R: Gi, agora ele está tranquilo em relação ao trabalho, tá me apoiando e adorou a escolinha da Alice. O problema é que ele não quer que eu trabalhe aos fins de sema... – Rafaella não conseguiu nem terminar de falar que a capixaba respondeu por cima.

G: Hello, ele tá te enrolando! Enrolando! Ele quer que você fique de babá da Alice aos fins de semana também, enquanto ele passeia com a mãe e joga poker com aquele bando de babaca. – Rafaella não estava gostando nada do rumo da conversa e começou a se sentir pressionada, pelo tom de Gizelly. Dessa forma, se sentiu aliviada quando o garçom chegou para fazer o pedido delas. – Não vai achando que eu vou desistir desse assunto, não viu? – Gizelly disse baixo, fazendo carinho na Alice que estava na ponta da mesa, enquanto as amigas estavam sentadas, uma de frente para outra.

O pedido foi feito, as duas se distraíram um pouco com as graças que Alice estava fazendo, incentivadas por uma Gizelly totalmente rendida, pelos encantos da pequena. Até bater a girafinha no cadeirão, se tornou mais atrativo para bebê, retomou o assunto que tanto incomodava Rafaella.

G: Rafa, vamos mudar o tom, tudo bem? – Rafaella assentiu, sabendo que não teria como dobrar Gizelly e a advogada prosseguiu. – Eu sei que o Rodolfo sempre foi um ótimo marido, companheiro, amigo, divertido, nosso amigo, meu amigo. Me ajudou pra caramba na minha separação com o Israel que é o melhor amigo dele. Porém, desde que a Alice nasceu, parece que mudou a chavinha. Eu não tô vendo ele se dedicando a Alice, pronto falei! Tô, leve! – Rafaella, tinha os cotovelos apoiados na mesa e as duas mãos segurando sua cabeça, respirou fundo e tomou coragem de falar o que estava sentindo.

R: Realmente estou muito sobrecarregada, ainda mais depois de voltar a trabalhar, mas foi eu que quis, né? Vou ter que segurar o rojão. – Disse conformada. – Gizelly balançou a cabeça em negativo.

G: Pode tá parando de se culpar por ter voltada a trabalhar, Rafaella. O bonito recebeu promoção na construtora, tá quase virando diretor lá e você? Rafa, você é uma das melhores psicólogas de São Paulo, quiçá do país. Pode tá parando. A gente tá falando do básico. Esses dias mesmo, levei a Marcela lá na casa da Manu pra tomar um vinho, até a Thelminha que tinha acabado de voltar de Tulum foi, estava muito divertido o nosso vinho no tapete, foram só algumas horas. O que custaria para o grande e maravilhoso, papai Rodolfo, ficar essas horas com a sua princesa, razão da  vida dele, como ele ama postar no Instagram, quando tá brincando com ela, para a esposa que ele tanto se declara também, relaxar um pouco, sair dessa rotina, que não é fácil? – Rafaella olha para amiga pensativa. E decide desabafar.

R: Eu fiquei com tanta raiva no fim de semana. Óbvio que quando eu vejo vocês se reunindo semanalmente, agora que a Alice está maiorzinha, e eu consegui fazer o desmame, dá muita vontade de ir. Fora que ele sai com os amigos direto, se não é futebol, que ele também joga na semana, é o futevôlei, a cada quinze dias e tem o poker, que aquele bando de Bolsominion da Poli, chamam ele, direto. É impressionante como ele não percebe que eu também preciso de um respiro.

G: Então, fala pra ele Rafa. Desabafa, fala tudo isso. Não pode ficar assim. Ele é o pai. Ou é só pai no Instagram? Por lá, ele parece o homem perfeito, até fralda troca. Sendo que na realidade é você que tá sobrecarregada e ele só aparece para brincar com a Alice, na maioria das vezes. - Gi fala de forma mais suave, pois vê que aquele assunto também é muito pesado para a amiga.

A comida das duas chega, assim como a papinha da Alice e elas resolvem mudar de assunto, se dividindo entre conversar amenidades e dar atenção a Alice.

Elas pedem a conta, após tomarem café e se despedem, com Gizelly deixando o seu recado.

G: Amiga, sério. Não se sacrifica tanto não, você se tornou mãe, é uma das mais dedicadas e amorosas que eu conheço, porém, não esquece da Rafaella, aquela que não é apenas mãe e esposa, ela precisa de atenção também. – Rafa, assente e da um abraço caloroso na amiga. Agradecendo o apoio e preocupação.

R: Brigada, Gi. Pelo almoço, pela companhia e pelos conselhos. Eu sei que sua preocupação vem de um lugar de bastante carinho. Te amo.

G: Também, te amo muito, sua cabeça dura. Até! Agora já vou porque eu tenho que acelerar pro fórum. - Gi deixa um beijo bem amoroso nas bochechas de Alice, e depois um na testa para se despedir da pequena.

Rafaella deixa a Alice na escola e depois foi para a clínica, pensativa e decidindo como seria a melhor forma de como ela e Rodolfo iriam dividir as tarefas sobre a filha deles.


xxxxxxxxxx


Bianca estava em um dia extremamente cheio no serviço. Já tinha feito três reuniões importantes, sobre uma nova ação de marketing, que ela estava dirigindo que envolveria diferentes setores da empresa e várias influencers e maquiadores famosos, seria a última grande ação do ano de 2020, a sua maior e que firmaria o seu nome, como uma grande diretora de marketing que acredita que é.

Depois de fazer as reuniões e apenas comer um sanduíche de salmão defumado no almoço, ela segue para o TI, ver se o estrago que foi feito, pelo seu notebook ter sido jogado na piscina, por Maria Júlia, tinha sido tão grande.

B: Fala, Junior! Conseguiu recuperar o bonito, preciso terminar de analisar o contrato, se eu conseguir, quero sair mais cedo hoje.

J: Então, Bia. Na verdade, vamos conseguir recuperar ele sim, mas, vamos ter que trocar a placa lógica dele. Então, como nós não temos aqui, compramos uma e assim que chegar, provavelmente quarta-feira, te entrego – Bianca olhava para o rapaz desacreditada, teria que rever todo o contrato desde o início e além disso, ficar sem o seu notebook, tendo que passar todos os seus projetos para fazer do seu iMac antigo, da sua casa, que nem tinha todos os programas que usava, já que o computador da empresa também é um iMac, mas, só que mais novo. Sendo assim, um computador de mesa, não tendo como ela levar para casa.

B: Caramba, viu. Eu faço tudo tão certo!

J: Mas, o que aconteceu, de fato?

B: Minha filha, lembra? Nunca me deu tanto trabalho, como tá dando agora, não sei o que tá acontecendo. Ela tá me testando de todas as formas. Olha Junior, sei que tu, não tem filho. Vou te dar um conselho: Eu amo minha filha, mais que tudo nesse mundo, ela é o maior e melhor sonho que já realizei. Mas, saiba que eles te darão trabalho e dor de cabeça. Então, se não tiver preparado, pense bem, antes de tê-los. – Fez um sinal em forma de despedida e saiu apressada para voltar para sua sala, teria que terminar de analisar o contrato e fazer uma reunião com o jurídico para finalizá-lo.

Dessa forma, sabia que não conseguiria chegar mais cedo em casa, como já tinha tornado rotina, naquele ano. Exceção, se tornaram as vezes que ela chegava mais cedo. Assim, chegando em sua sala, passou um recado para a secretária para que todas as ligações realizadas as pessoas entrassem em contato com ela por e-mail, pois, no momento, não poderia atender. Assim, foi analisar o bendito contrato.

Entrou na sua sala, colocou um fone de ouvido, colocando uma playlist com músicas calmas no spotify e começou a trabalhar. Após uns minutos, viu o que o telefone estava piscando, era a Ana, a secretária. Atendeu.

B: Pô, Ana! Te falei que não vai dar para atender ligação, esse contrato precisa ficar pronto, então, preciso trabalhar nele.

A: Eu sei, Bianca. É que estão ligando da escola da Maria Júlia, se não fosse coisa séria, eu dispensaria.

B: Como assim, coisa séria? Ela se machucou, o que aconteceu?

A: Eles não me falaram, só disseram que precisam falar com você e que não poderiam deixar para outro momento.

B: Então, pode passar a ligação. Brigada! – Bianca ficou apreensiva e tensa, pois, nunca recebera ligação da escola de Maju. Atendeu o telefone com certa urgência e o que ouvira da diretora, não a agradou. Desligou, irritada: "Como assim, me pedem para buscar minha filha, mas, não me falam do que se trata. Agora mais essa. O que eu vou fazer?" – Disse em voz alta, em tom de desespero. Não teve outra alternativa: "Vou ter que pedir pra B2, ela vai querer me matar, mas, não tem como, preciso terminar esse contrato". Pensou. Desse jeito, pegou o celular e decidiu enviar mensagem por whatsapp, já que não queria ouvir mais uma bronca da amiga.

B1: Prin, não briga comigo.

B2: Lá vem, qual é a nova?

B1: Preciso que você busque a Maria Júlia na escola, mais cedo para mim.

B2: Mas, o que rolou?

B1: Diretora pediu para ir buscar. – Venturotti não aguentou e ligou para amiga, que logo atendeu.

B2: Caralho Bianca, eu já tô saindo aqui da agência, sua sorte é essa. Resolvi todos os meus bangs de manhã, fiz uma reunião importante, de um contrato foda no almoço e tô livre e se não fosse isso? Tu, não ia? Ahhh, claro que não. Ia pedir pro Miguel.

B1: Não precisa me dar bronca que eu sei que tô errada, Bianca. Eu sei.

B2: Tô ligada, que cê sabe. Volta aí, pro seu trabalho que eu vou buscar minha afilhada. – Desligou o celular sem esperar a resposta de Bianca, que jogou o celular longe, na mesa. Colocou o seu fone de ouvido novamente e tentou se concentrar novamente para terminar o contrato.

xxxxxxxxxx

Eram sete horas da noite, Rafella estava exausta, pois, tinha feito quatro atendimentos naquele dia, mas, realizada. Amava o que fazia, com certeza, apesar de não ser o seu maior sonho, quando mais nova, exercia a psicologia por amor. Quando estava a caminho do carro no estacionamento, recebeu uma mensagem de Rodolfo, dizendo que já tinha buscado Alice na escola e esquentou a sopa de feijão, para menina jantar. Ela estranhou, pois, normalmente, ele chega tarde em casa às segundas-feiras. Passou o caminho inteiro até sua casa, que não era muito longe da clínica, que ficava na região do Jardins, pensando na atitude "diferenciada" do esposo.

Rodolfo tinha preparado uma surpresa para Rafaella, sabia que a esposa estava chateada com ele, pelo fim de semana, que praticamente não passou em casa e ainda por cima, não ajudou a cuidar de Alice. Sendo assim, fez uma surpresa. Decidiu comprar uma joia, já que não tinha comprado nada especial para ela, desde a sua promoção. Pois, sempre que acontecem momentos especiais, na vida dos dois como casal ou individualmente, eles têm o costume de se presentear. Rafaella tinha dado uma pulseira de ouro branco para ele, pela promoção tão aguardada, mas, ele não tinha preparado nada para esposa.

Então, aquele era o momento ideal. Comprou um colar de ouro nobre 18K  e diamantes cognac, da H. Stern.

Também um lindo arranjo de flores mistas, para colocar no vaso, pois, Rafaella sempre deixava a casa florida.

Além disso, pediu spaghetti à carbonara da cantina preferida dela. Tudo que ela mais gostava.

Assim que chegou em casa, avistou as flores novas no vaso e viu Alice engatinhando na sala de estar correndo atrás do pai que estava brincando de fugir da filha. Não teve como não rir da cena. Porém, quando Rodolfo a avistou, fechou a cara.

Rd: Amor, que bom que você chegou. Acabei de dar a papinha para Alice e vou dar um banho nela.

R: Você, vai dar banho na Alice? – Contestou.

Rd: Sim, vou dar banho na Alice e a Senhora Matthaus vai tomar um banho, por uma roupa confortável, pois, hoje vai comer aquele carbonara da Famiglia Mancini, que você tanto gosta e vamos tomar um vinho pra relaxar. Certo? – Rafaella deu um beijo, na filha, outro no esposo e aceitou a proposta do marido um pouco desconfiada.

Quando Rafaella chegou à sala, vestida com um baby doll preto, bem confortável e por cima um hobby da mesma cor. Viu Alice brincando com a sua Mulan de pelúcia, que foi dada de presente por Manu e era um dos brinquedos que a filha não largava.

Enquanto Rodolfo estava sentado no sofá e a mesa estava posta para o jantar.

Rd: Olha só amor, eu e a Alice acabamos de buscar na portaria o nosso jantar.

R: Não acredito que você desceu com a menina que tinha acabado de sair do banho lá pra baixo, Rodolfo.

Rd: Mas, ela tá quentinha com esse macacãozinho dela, aí. Né, Alice? – A garotinha sorriu para o pai. – Aí, tá vendo. Ela concordou. – Rafaella riu.

R: As vezes é difícil falar com você, viu.

Rd: Não é difícil nada. Olha só, hoje eu preparei uma noite para nós dois relaxarmos. Sei também que vacilei no fim de semana e quero reparar o meu erro. Eu sei que você precisa ter os seus momentos, tem o seu trabalho também, que você é a melhor psicóloga que tem nesse país e você precisa trabalhar. – Nesse momento, Rafaella já tinha se entregado aos elogios do esposo e sorria tímida para ele, com Alice no colo. – Então, pensando nisso, e no presente da promoção que eu não te dei. Resolvi criar esse momento pra gente, principalmente pra você, não é Alice? Né Princesa? – Disse, segurando a mão pequena da filha, que sorria para o pai. Enquanto Rafaella, sorria para os dois, vendo a interação de pai e filha. – Além do jantar, comprei esse presente aqui pra você. Você merece muito. – Mostrou o colar para ela.

R: Meu Deus, amor. Não acredito que você lembrou do colar que eu vi aquele dia no shopping. Obrigada. - Disse, dando um beijo rápido no marido.

Rafaella colocou Alice na cadeirinha que simula o balançar de um colo e ajudou Rodolfo a terminar de colocar a mesa. Dessa forma, naquela noite, ela acabou optando por falar de amenidades e deixou de lado a conversa que tinha se programado em ter com ele, sobre tudo que conversou com Gizelly.

xxxxxxxxxxxx

20h30min e Bianca estava estacionando a sua BMW X1 preta, em casa. Essa era a média de horário que conseguia chegar na sua residência. Por isso, tinha optado por colocar Maria Júlia em período integral na escola. Sendo assim, de manhã, ela fazia as atividades em sala de aula e a tarde após o almoço, fazia atividades extracurriculares, como o judô, natação, street dance e aula de musicalização.

Tirou os sapatos, deixou no hall de entrada, passou por uma B2 que estava deitada no cineminha e antes que a amiga falasse alguma coisa, se apressou e falou na frente.

B1: Amiga, deixa eu tomar um banho, conversar com a Maria Júlia e depois você me dá a bronca e a gente conversa. Aliás, cadê ela?

B2: Tá no quarto dela. – Disse seca.

Bianca subiu, tomou um banho com a luz apagada, somente com duas velas aromatizadas acesas. Pois, deixava ela relaxada. Terminou o banho, passou creme hidratante, depois colocou o seu pijama da mulher maravilha e seguiu para o quarto da filha. Chegando lá, deu dois toques na porta e chamou pela menor.

B: Maju, tá acordada filha? – Viu a luz acesa pela fresta da porta e decidiu entrar. Assim que entrou, reparou na cena da filha emburrada e ouvindo música, no aparelho de som que o "Vovô Guto" tinha dado a ela, de aniversário. Pois, Maria era completamente apaixonada por música e sempre estava cantando, dançando e escutando.

B: Filha, mamãe chegou e agora a gente vai conversar sobre o que aconteceu na escola, tá bom. Desliga a música um pouquinho. – Maria Júlia, ouvindo o que a mãe disse, aumentou ainda mais o som, dando para Bianca ouvir o que ela estava escutando. Sentadão, do Dj Pedro Sampaio. – Maria Júlia, diminui esse volume e dá uma pausa na música pra gente conversar um pouquinho, por favor. Desliga, ou eu vou desligar. – Disse séria.

MJ: Eu não quero! Sai do meu quarto agora, sua chata! – Falou, levantando e olhando para a mãe que se ficou sem reação, assustada com a atitude da filha, por alguns segundos. Nunca tinha passado por aquela situação.

B: Ei, calma aí, mocinha! Que tom é esse? Eu não vou sair desse quarto e a gente vai conversar sim! – Repreendeu, falando ainda mais firme e com o tom de voz alterado.

Percebendo as vozes alteradas no andar de cima, Bianca Venturotti sobe e entra no quarto da afilhada.

B2: Bia, vamos jantar e conversar. Deixa a Maju aqui um pouquinho.

Bianca solta um suspiro e vai com a amiga. As duas descem as escadas em silêncio. A carioca segue para cozinha, pega a sopa de feijão, que estava na geladeira e coloca para esquentar no micro-ondas. Até que toma coragem de perguntar o que aconteceu com Maria Júlia na escola.

B1: Prin, por favor, pega leve. Eu tô um caco, tô mal com o que acabou de acontecer, pega leve. - Disse, com o choro entalado. Só queria se trancar no quarto e chorar. - O que aconteceu?

B2: Aconteceu que eu cheguei na escola, perguntei o que tava acontecendo e a diretora não quis falar, pois, quer falar com a mãe da criança. Porque quem tá indo buscar a Maria Júlia quase todos os dias na escola sou eu ou o Miguel. Foi isso, que ela me disse. – Revelou categórica e continuou. – Bianca, a sua sorte é que eu e o Miguel temos nossos próprios negócios, eu tenho horários mais flexíveis. Hoje, após o almoço eu já tava de boa e se eu tivesse que ficar até a noite lá na agência. Ia largar a menina, lá? – Bianca não conseguia responder nada e nem manter contato visual com a amiga. – Pô cara, eu te amo, tu é minha irmãzona da alma, Bia. Parceira de várias caminhadas, mesmo. Mas, tu tá se perdendo um pouco, só trabalha, cara. Só trabalha. Não vou falar mais nada porque eu sei que a gente vai brigar.

B1: Melhor mesmo, tu não tá entendendo o meu lado.- Falou com a voz embargada. -  E quando eu tenho que ir lá na escola?

B2: O mais rápido possível, a diretora disse. Agora deixa eu subir que eu vou chamar a Maria Júlia pra assistir alguns episódios do Bob Esponja, antes dela dormir. Se tu quiser assistir com a gente.

B1: Vai lá, depois eu preciso conversar com ela, sobre o que aconteceu.

Bianca terminou de jantar, lavou as louças e se juntou a filha e a amiga no sofá. Maria Júlia estava mais calma e sonolenta já.  Ficou ali alguns minutos tentando prestar atenção no desenho, mais sua mente dava mil voltas sobre tudo que estava acontecendo, até que a pequena adormeceu, com a cabeça apoiada no seu ombro. Olhou de forma terna para cena. Se desvencilhou do pequeno corpo da filha, a pegou no colo e subiu para colocar ela na cama.

Colocou ela na cama, a cobriu, colocou a Mulan de pelúcia que a filha tanto amava ao seu lado e falou baixinho em meio a lágrimas que caiam:

B: O que eu tô fazendo com a nossa vidinha, filha? Tô fazendo tudo errado. Não queria te decepcionar. – Desabafou, beijando o topo da cabeça da filha e saindo do quarto.

Entrou em seu quarto, pegou o celular que estava em sua penteadeira, sentou na cama e mandou um áudio para o Miguel.

B: Migo, tô fazendo tudo errado. O que eu faço? Hoje foi o pior dia do ano, pra mim.

Miguel ouviu o áudio da amiga e percebendo a voz de choro dela, rapidamente fez uma ligação de vídeo chamada.

M: Bia, o que tá acontecendo?

B: Tudo Miguel, tudo! – Não aguentou. Chorou.

M: Calma. Respira um pouco e me conta.

B: Eu sou a pior mãe do mundo. Aconteceu alguma coisa com a Maria Júlia na escola, eu não consegui ir buscar ela, B2 foi, a diretora não quis contar para ela. Não consigo sair cedo do serviço, tô no auge da minha carreira e não consigo viver esse momento de forma plena porque eu virei a pior mãe do mundo, a Maria Júlia me odeia, Miguel. Ela me expulsou do quarto hoje.

M: Como assim, expulsou, Bia?

B: Eu pedi pra ela me contar o que tava acontecendo e ela pediu pra eu sair do quarto. Fora que aumentou a música que tava ouvindo no fone, quando eu comecei a falar. Ela tá muito chateada. Nem consegui conversar com a minha filha, a B2 tá com raiva de mim também.

M: Meu amor, eu sei que esse é o seu melhor momento como boa marqueteira como você sempre foi, desde a época do Boca Rosa. Aliás, bons tempos, né?! – Os dois riram. – Ahhh que bom, fiz você rir um pouquinho. – Bianca limpa as lágrimas dos olhos.

B: Só você mesmo, migo.

M: Então, como eu tava falando, você é uma profissional incrível, eu sei de todos os teus corres, todas as dificuldades que você passou para chegar, onde chegou. Bia, a Venturotti é um dos melhores seres humanos do mundo. Mas, ela nunca passou as dificuldades que nós dois passamos, é difícil para ela entender que o valor que ela dá pro trabalho, é diferente do seu. Então, tenta se acalmar, faz um chazinho, põe uma música tranquila e tenta dormir. Amanhã, tudo vai melhorar. Fora que a Maria Júlia não te odeia, ela só tá chateada com a mãe que tá trabalhando muito. Você vai conseguir conversar com ela e vai ficar tudo bem, eu prometo, tá?

B: Aí Guel, eu nem sei o que seria da minha vida sem você amigo. Tu é tudinho, na minha vida. Te amo.

M: Também te amo, Boca. Fica bem, viu. Tchau. Dorme bem.

Miguel encerrou aquela ligação, sabendo que tinha que preparar algo muito especial para deixar a amiga feliz. Percebeu que já estavam em outubro e que por causa da rotina puxada no trabalho, Bianca não tinha preparado nada para o seu aniversário. Sendo assim, mandou mensagem para Venturotti.

M: B2, pode largar essa tua marra aí, que a gente vai preparar uma festa de aniversário pra Bia, ela tá precisando se distrair.


xxxxxxxxxxxx

Oie!

Sim, falei que seria apenas 1 vez por semana, porém como o capítulo estava prontinho, resolvi vir mais cedo! Presentinho de feriado!

A vida da Bia não está fácil não é? A da Rafa também não parece tá indo bem...

Me conte que o estão achando? Como será que o destino vai ligar as duas novamente?

Volto em breve!

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