Amor à segunda vista • COMPLE...

By autoramillyferreira

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(EM CORREÇÃO) Conseguir um bom apartamento em Nova York com uma vista incrível, um ótímo espaço e por um preç... More

Prólogo
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
catorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
Epílogo
Felizes para sempre
Livro novo
AVISO
DEAN

treze

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By autoramillyferreira

O apartamento é preenchido por risadas femininas. A amiga da Teri, Cheryl, se não me engano, tem uma risada escandalosa que no final se transforma naquele barulho que os porcos fazem. Já a gloriosa risada da minha colega de apartamento, além de alta e exagerada, faz parecer que ela está se divertindo muito depois de ter fumado um tanto considerável de maconha e ter ficado alegrinha demais. Mas a parte interessante é que não me incomoda. Acho que, depois de alguns meses, eu já estou acostumado com todo esse barulho. Porque todos os dias são assim com a Teri por perto: animados.

Nem consigo acreditar que já fazem três meses que consegui sobreviver à Teri Grace. Isso me faz querer escrever um manual de sobrevivência — certamente sou melhor com palavras escritas do que faladas. Mas nossa convivência foi melhorando aos poucos. Ou talvez eu só tenha me acostumado com Teri e seu jeito maluco de ser. De qualquer forma, agora é menos ruim do que no início. Eu não suportava olhar para a cara dela, estava sempre com raiva porque achava que ela tinha roubado algo que era meu, mas estou começando a aceitar que nós dois somos vítimas de uma armadilha.

Eu sou um pouco cabeça dura. É difícil para mim dar o braço a torcer. Mas estou tentando trabalhar melhor nisso, ser mais gentil com ela… Eu não sou um cara grosseiro, apesar da sinceridade nua e crua e do pavio meio curto, mas não posso negar que eu estava tentando ser desagradável para fazer Teri sair correndo da minha vida, porém, isso parece incentivá-la ainda mais a ficar, então não vejo mais sentido em continuar com essa picuinha de jardim de infância. 

Não tem muita coisa para fazer em um apartamento em um dia de sábado, então enquanto Teri e sua amiga fazem seja lá o que estejam fazendo no quarto, eu decido cozinhar um pouco. Tem comida congelada no freezer, mas prefiro comer algo fresco sempre que tenho a oportunidade. Preparo uma lasanha de frango que espalha um cheiro delicioso por toda a cozinha, e isso só se comprova quando Teri adentra a cozinha acompanhada da sua amiga, dizendo: 

— Hummmm. Eu não sabia que estava com fome até sentir esse cheiro. 

Olho para ela e fico paralisado por um instante. Continua sendo a Teri Grace que eu conheço, mas agora há algo de diferente… É difícil olhar para ela quando a mesma veste todas aquelas roupas extravagantes que roubam toda a atenção, mas agora ela está usando apenas um macacão jeans que parece um tanto surrado e uma camiseta amarela. Tão simples que nem parece ser ela. O cabelo está preso em um daqueles coques frouxos que deixam alguns fios rebeldes caírem ao redor do rosto e há manchas de tinta nas bochechas e nos braços e até mesmo na própria roupa. Ainda é a minha colega de apartamento, uma mulher de beleza física discreta, mas agora um pouco mais… visível. 

Volto à realidade quando Teri espia dentro da travessa descaradamente. 

— Lasanha! — comemora com o maior dos sorrisos. — Eu amo lasanha!

Limpo a garganta, me recuperando do momento de choque. 

— Vocês já terminaram com o quarto? — pergunto, olhando para a amiga da Teri. 

— Eu diria que… — Cheryl (ainda não tenho certeza se esse é mesmo o nome dela) olha para a amiga com um daqueles olhares que só um amigo poderia entender. 

— Uns oitenta por cento — completa Teri. 

— É. — A possível Cheryl sorri. — Uns oitenta por cento. A Teri precisa fazer alguns acabamentos. 

— Você quer se juntar a mim no jantar? — continuo olhando para a visitante. 

— Nós! — protesta Teri atrás de mim. — Se juntar a nós!

Finalmente olho para ela. 

— Não, não, a senhorita não está convidada — dou um tapinha na sua mão para que se afaste da travessa.  

— Eu comprei esse frango em cubinhos — aponta para a lasanha. — Tenho direito a cinqüenta por cento da comida. 

— Folgada. — Murmuro. 

— Chato. — Ela me mostra a língua. 

Cheryl — a chamarei assim a partir de agora até descobrir se, de fato, esse é o seu nome real — faz um barulho com a garganta atrás de mim que me faz notar sua presença novamente. Ela está nos olhando com um sorrisinho. Por que diabos ela está sorrindo dessa forma? Talvez todos os amigos da Teri sejam estranhos como ela. 

Acomodamo-nos na sala de jantar — quase inutilizável — que é um pequeno espaço que cabe uma mesa de oito cadeiras, alguns quadros na parede e um lustre velho no teto. O lugar fica trancado a maior parte do tempo, então não me surpreende que esteja cheirando um pouco a mofo. Teri tem a brilhante ideia de acender uma vela aromatizante — apesar de eu temer que ela coloque fogo em alguma coisa acidentalmente — o que ajuda a climatizar o lugar. Pronto. Bem melhor. Abro uma garrafa de vinho que eu tinha comprado outro dia para acompanhar o jantar. 

— Então, Tyler, de que parte da Inglaterra você é? — pergunta Cheryl. 

Bebo um gole de vinho antes de responder. 

— Londres. 

— Uh. Que incrível. Lá é tão bonito quanto nas fotos? 

— É ainda melhor — digo. 

— Legal. Fiquei sabendo que você é um pé no saco — Cheryl alfineta em tom risonho. 

Olho diretamente para Teri. Ela arregala os olhos e se finge de inocente. 

— Eu não disse nada disso — cruza os dedos para enfatizar. — Eu juro. 

— Você é tão… — busco a palavra ideal — dissimulada. 

Um sorriso lento se espalha por seus lábios. 

— Vamos lá, Tyler, você sabe que me adora — seu sorriso fica ainda mais presunçoso. 

— Nem seus amigos te suportam — eu retruco. 

Ela olha para a amiga, ofendida. 

— Cheryl, isso é verdade? 

Aí está. Cheryl é realmente o nome da moça.

— Claro que não! — ela se defende. — Eu te adoro! E você — aponta para mim com o garfo. — Não tente me colocar contra a minha melhor amiga.

 Dou de ombros e enfio um cubinho de frango banhado a molho na boca. 

— Olha só… — Antes que Teri consiga completar, meu celular toca em cima da mesa, fazendo-a se calar. Olho para a tela. Denzel. — Nada disso, mocinho. Nada de celular durante o jantar. 

Atendo o celular mesmo assim e olho para ela com deboche. 

— Disse alguma coisa? 

Teri me lança um olhar estreito e abro um sorrisinho antes de voltar para a ligação. 

— Oi, Denzel. 

— Cara, onde você tá? — Ele parece ofegante e desesperado. 

Franzo o cenho. 

— Em casa. Onde mais eu estaria? 

— Verdade, verdade… 

— Denzel… Está tudo bem? — pergunto com cuidado. 

— Não, cara — o imagino andando de um lado para o outro. — Preciso beber alguma coisa e conversar com um amigo. Mas não qualquer amigo; tem de ser você. 

— O que aconteceu? 

— É um assunto urgente!

— Certo… Que assunto urgente? — mantenho a calma. 

— Acho que estou apaixonado — solta como se estivesse falando de um pesadelo. 

— Uou! — exclamo um pouco risonho. — Isso parece uma baita emergência… 

— Não enche, cara. Já estou desesperado o suficiente. Me encontre no Bluebuds o mais rápido possível! 

E ele desliga. Encaro a tela indicando a chamada encerrada. Merda. Agora eu vou ter que ir até o Bluebuds socorrer a donzela que não sabe lidar com os próprios sentimentos. 

— Está tudo bem? 

Ergo o olhar para Teri. 

— Eu preciso encontrar um amigo. Mas está tudo bem — bebo o resto do vinho em longos goles e me levanto. 

— Mas você não terminou de jantar — aponta para o meu prato. 

— Está preocupada comigo? — provoco. 

Ela rola os olhos como se eu tivesse dito algo ridículo. 

— Claro que não, idiota. Mas tem muita gente passando fome lá fora para você desperdiçar comida assim. 

Tenho de concordar com ela. 

— Prometo que é a última vez que isso acontece — digo, já indo em direção à saída. Lanço um olhar por cima do ombro. — Cheryl, foi um prazer te conhecer.

Ela sorri e acena. Mas não estou longe o suficiente quando ela cochicha para Teri: 

— Vocês são fofos juntos. 

Não escuto a resposta. 

***

Denzel bebe três doses de uísque sucessivamente, sem fazer nenhuma pausa. Olho meio torto para ele, mas não posso negar que é impressionante. O amor é algo curioso que deixa as pessoas loucas. É basicamente uma doença, uma droga que vicia e se espalha muito rápido pela corrente sanguínea, sem dar chance de você reagir. Sei disso porque já aconteceu comigo algumas vezes. Mas digamos que, por ora, estou curado. 

— Então… — começo antes que ele peça outra dose para o barman. — Eu conheço a mulher? 

— Lembra daquela enfermeira da casa de repouso? 

Fato curioso: desde que o avô de Denzel, um senhor muito simpático por quem o meu amigo tem muito apreço, ficou doente no ano passado e precisou ficar hospedado temporariamente em uma casa de repouso supervisionada pelo hospital que o mesmo foi tratado, Denzel decidiu ser voluntário e dedicar algumas horas do seu tempo livre para conversar com senhoras de terceira idade e empurrar cadeiras de rodas de idosos pelo jardim. 

— Hummm… Khloe? A enfermeira que te olha como se você fosse uma pereba ambulante? 

Ele ri, mas se parece mais como uma risada de desespero. 

— Você tem noção do quanto isso é patético? — ele desabafa. — Estou apaixonado por uma mulher que me odeia! 

Vejo um casal adentrar o pub por cima do ombro de Denzel, mas não dou muita importância. 

— Espera… — ainda estou tentando absorver a novidade. — Você está apaixonado pela Khloe? Aquela mesma Khloe, de cabelo cacheado, de quem você vive falando mal? 

Eu nunca vi a enfermeira pessoalmente, mas Denzel tem uma mania estranha de sempre descrever as pessoas fisicamente quando as cita em uma conversa. 

— Isso saindo da sua boca soa ainda mais ridículo! 

O casal que entrou no pub agora a pouco senta em uma mesa ao fundo que não é tão distante de onde estamos. Não sei porque estou tão interessado neles, mas algo naquele cara me soa familiar… Tento alternar discretamente o olhar entre Denzel, para mostrar que estou prestando atenção no seu desabafo sobre toda a tensão sexual que vem sentindo nos últimos dias por causa da enfermeira, e o casal que parece em um momento bem íntimo com frases sussurradas no ouvido, sorrisos sugestivos e mãos bobas. 

… de onde eu conheço aquele cara? 

— E por que isso agora? Por que você, do nada, passou a gostar da Khloe? — Bebo mais um gole do meu primeiro uísque enquanto Denzel pede ao barman para preencher o seu copo pela quarta vez. 

Pelo visto, terei que dirigir hoje. 

— Talvez não tenha sido tão de repente — passa a mão pelo cabelo, frustrado. — Ficamos um pouco mais próximos nos últimos dias… Quer dizer, demos uma trégua e tal… 

Lembro-me da Teri repentinamente e do seu acordo de erguer uma bandeira branca. 

— E o que aconteceu depois para você ficar assim tão nervoso?

— Não aconteceu nada. Não rolou nem um beijo. Foram apenas conversas jogadas fora… Ela é totalmente diferente do que pensei; é… divertida — mais um longo gole de uísque. — Temos uma conexão. É isso. — Faz uma pausa. — Acontece, Tyler, que esse lance de odiar uma pessoa, ficar com briguinhas bestas, nunca dá certo… Sempre tem algo a mais envolvido no meio, interagindo ocultamente, e quando essa coisa te pega de jeito, você simplesmente não tem para onde correr. 

Sinto um desconforto estranho. Preciso me remexer um pouco sobre a banqueta. 

— Certo… E o que você vai fazer? — questiono. 

Denzel coloca o cotovelo sobre o balcão e apoia o rosto na mão, deixando o espaço que antes era ocupado pelo seu corpo, livre, e é então que eu vejo… O garçom se aproxima da mesa do casal e o homem familiar que até então estava distribuindo beijos pelo pescoço da loira se vira para falar com o mesmo e é assim que eu o reconheço. Ah, merda. Arregalo os olhos. Aquele ali é… o namorado da Teri?

— O que foi? — percebendo minha reação, Denzel olha por cima do ombro. Volta-se para mim, confuso. — Por que está olhando para aquele casal? Tá achando o pornô ao vivo legal? — debocha, claramente irritado por não ter a minha total atenção. 

Mas não consigo desviar o olhar. Ele, o namorado da Teri, está com a mão no cabelo louro da mulher enquanto devora os lábios da mesma. 

Solto um palavrão e me forço a desviar o olhar; se eu continuar encarando ele vai acabar percebendo. 

— Cara… O que foi? 

Olho para a expressão agora preocupada do meu melhor amigo e sinto meu estômago afundar cada vez mais. 

— Aquele cara… É namorado da Teri. 

Denzel fica boquiaberto. 

— Cacete — ele cochicha. — Ele está… traindo ela? 

— Obviamente. — Não sinto mais vontade de tomar o resto do uísque no meu copo. 

— Como ele tem coragem de fazer isso com uma pessoa tão doce como a Teri? — ele olha novamente para o casal. — Porra, Tyler, eu vou bater nesse cara. 

Coloco a mão no ombro dele para impedi-lo de levantar. 

— Não podemos fazer isso, não… podemos nos meter. 

Ele me encara. 

— E o que você vai fazer? 

Respiro fundo. Essa é uma boa pergunta. 

— Eu só… preciso contar a ela. 

Denzel, tão grande e forte, parece minúsculo agora. 

— Isso vai machucá-la — diz com cuidado. 

Fico imaginando a reação dela. Eu sei que não deveria me meter, mas se a minha namorada estivesse me traindo, eu gostaria de saber. Porém, acho que não sou a melhor pessoa para dar essa notícia a ela. Péssima hora para se estar no lugar errado. 

— É, eu sei. — Não consigo pensar em mais nada para dizer. Fico imaginando o sorriso alegre sumindo do rosto dela e isso me incomoda. 

Ela só… precisa saber. 

NOTAS DA AUTORA

Estava de bobeira e decidi fechar o final de semana de vocês em grande estilo... 👀

Sobre esse final, não é um choque pra ninguém, ? Mas é tão revoltante... a Teri não merece isso.

Mas o que vocês acham? O Tyler deve ou não contar a verdade? Ele tem uma escolha difícil pela frente...

Comentem o que acham a respeito.

Bjssss 🌻

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