Desde o Princípio - Livro 1...

Od LSOliveira80

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Pode o destino entrelaçar de tal forma três caminhos ao ponto deles se cruzarem, vida após vida, causando int... Více

Nota da Autora + Book Trailer e Aesthetics
Epígrafe
Coimbra, junho de 1849
Viarello, agosto de 1849
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Desde o Princípio - Andrógenos do século XXI
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Viarello, novembro de 1847
Coimbra, dezembro de 1847
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 5

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Od LSOliveira80

A bruxa e a revelação

Baía dos Santos, tempos atuais

Quando foram chamadas para a sala de Martin, Catharina e Agnes nem deram muita atenção ao editor-chefe do portal N. W. Notícias — ele sempre costumava reclamar nas tardes em que não tinha mais absolutamente nada para fazer, e como elas estavam bem ocupadas colhendo frutos das matérias recém-lançadas, demoraram a atender o seu pedido.

Cathy estava distraída a deslizar rapidamente os dedos pelo teclado de seu computador, mas quando viu Agnes se espreguiçando, na mesa ao seu lado, percebeu que a amiga estava cansada e que somente por isso, iria atender ao chamado de Martin. Assim, ambas se dirigiram à única sala com portas de vidro da redação e entraram como de costume, sem bater.

___ Até que enfim! O que eu tenho que fazer para ser mais respeitado nessa redação? — o homem de olhos azuis arregalados começou, logo que as viu abrir a porta — Ninguém mais segue as minhas ordens! É isso que dá ficar contratando um monte de mulheres, agora estou perdendo o controle! Quando a maioria era de homens, eu levava isso aqui com punhos de aço! Eu mandava e era imediatamente atendido!!!

___ Martin, corta essa! — Agnes foi a primeira a se pronunciar, interrompendo o discurso dramático de seu chefe, pois sabia que tudo não passava de teatro — Você está se sentindo carente, ou o quê?

___ Sentem-se, minhas meninas de ouro! — ele imediatamente abriu um sorriso amável, tão diferente de sua anterior expressão revoltada, o que era típico de sua explosiva personalidade, indicando as cadeiras e estendendo para ambas, dois grandes envelopes pretos — Uma olhadinha nisso antes, por favor!

___ Ah, valeu pela discrição! — Cathy reclamou, vendo que a carta, endereçada ao seu nome, já havia sido aberta.

___ Você vai me agradecer! – ele se arqueou sobre a mesa ao ver, com grande expectativa, ambas lerem seus comunicados — Esqueçam o que eu disse sobre as mulheres, estou realmente carente... O que seria da N. W. Notícias sem as suas duas maiores estrelas?

___ Meu Deus! — Agnes berrou, pulando da cadeira.

Cathy estava tão atônita que levou alguns segundos para assimilar a informação contida no papel timbrado, da comissão organizadora do prêmio Bougart de jornalismo.

___ Eu não acredito! — finalmente murmurou, segurando o envelope ao encontro do peito.

Em menos de um piscar de olhos, toda a redação do portal N. W. Notícias estava em furor, todos querendo saber o que havia acontecido de tão importante para a usualmente discreta Agnes, ter berrado daquele jeito.

___ Eu e Cathy fomos escolhidas para concorrer ao prêmio Bougart de jornalismo desse ano! — ela anunciou, vendo a alegria dos amigos mais próximos e a cara de "pouco caso" dos demais.

___ Eu não disse que esse história prometia? — André, o Dre, um de seus maiores amigos e parceiro de trabalho abraçou Cathy, demonstrando sua confiança, e foi fazer festa ao lado de Agnes, em seguida.

___ Acho que a minha ficha ainda não caiu... — Catharina ainda sorria para o nada, minutos depois, quando todos já tinham retomado suas funções — Jamais sonharia em ganhar, mas ser indicada já foi um reconhecimento e tanto! — era uma coroação realmente, para quem tinha apenas pouco mais de um ano de carreira.

___ Porque não sonharia ganhar? Que conversa é essa? Você é uma "revelação"! — Nes fez um trocadilho com a categoria na qual a amiga foi indicada, abraçando a amiga — Eu tenho certeza de que o prêmio fica na N. W. Notícias.

___ É uma premonição? — Cathy perguntou, em tom de provocação.

___ Não! — a outra tratou de negar — Não preciso ouvir a música do Universo, nem utilizar meu aguçado sexto sentido pra ver que as nossas matérias batem de longe as dos outros concorrentes! — brincou.

___ Ah, é? — Cathy ganhou um ar malicioso, que Nes já conhecia — Mas vai precisar para saber quem vem aí...

___ Também não! — ela sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo, logo que Thomas depositou as mãos em seus ombros, dando-lhe um beijo no rosto.

___ Meninas, acabo de saber da novidade! Parabéns, vocês merecem!

___ Gente, calma! — ainda sorriam — Assim vou ficar tímida! — Cathy brincou, levando uma das mãos ao rosto, a esconder-se.

___ Imagino a cara da queridinha... — Thomas sabia da implicância mútua entre elas e Mel, a colunista social do portal que cismava em dividir a redação com fofocas nada produtivas.

___ Precisa ver a cara de dor-de-cotovelo da outra! — Nes caiu no riso e eles, cúmplices, voltaram cada qual para o seu trabalho.

___ Realmente a mulher não sabe o significado da palavra "sororidade"! — Cathy lamentou.

Dentre eles, Martin, era o editor-chefe da redação, Dre, um fotógrafo e web designer, Thomas cobria esportes, Cathy, a "revelação", e Agnes a jornalista comportamental, mas comumente era confundida com uma bruxa, ou algo do gênero, mas ela odiava essa "vulgarização do espiritual", por isso toda a brincadeira de Catharina.

Formavam o time mais animado do mundo jornalístico e cuidavam do portal mais lido da Baía dos Santos, a N. W. Notícias.

No final da tarde, Cathy voltava para a casa a pé, já que seu carro estava na oficina (pela milésima vez), quando foi abordada por uma cigana, uma das várias que povoavam o calçadão da praia naquela hora.

___ Garota, vem! Eu tenho que te dizer uma coisa! — a mulher, de vestido azul-celeste e mostrando vários dentes de ouro a chamou, e achando a coisa mais normal do mundo, ela sorriu, recusando com educação e continuando a caminhada — Prepare-se para começar a viver a razão da sua existência sobre a terra: o amor! — a mulher berrou, com um ar de quem sabia de tudo, um tom profético na voz — Se acha que já o conhece, vai se surpreender muito nos próximos dias!

Cathy diminuiu subitamente os passos, voltando os olhos para a figura de pele quase rubra que se aproximou rapidamente, certa de que tinha lhe convencido a dar-lhe atenção e também alguns trocados!

___ E quanto você julga que eu devo pagar por essa informação vital para a minha existência? — cética, encarou a mulher, não acreditando numa única palavra do que ouvira.

___ A mim, nada. Mas, vai pagar caro se continuar negando o seu destino.

Claro que a cigana perdeu a atenção de Catharina quando, num erro clássico, ela pronunciou a palavra que a jornalista mais repelia no mundo, talvez mais do que a palavra "amor": a palavra "destino".

____ Os dois homens que dividem com você o sentido da sua existência vão voltar, e você, se continuar se negando a viver esses relacionamentos, vai sofrer e não ganhar nenhum conhecimento com esse sofrimento, porque ele será em vão.

Como a jornalista nem sequer tinha dado atenção ao restante da "revelação", com sua pluralidade de homens, retrucou:

___ Se eu tiver que pagar alguma coisa por continuar "negando o meu destino" de ser mais uma mulher dominada pela mídia machista que só quer nos ver implorando de joelhos, a nos rastejar atrás de uma penetração, então eu acho eu não me importarei nenhum pouco!

A exclamação feita no tom mais calmo e formal do mundo, deixou a cigana totalmente sem rumo. Maneando a cabeça, como quem achava que realmente não tinha ouvido nada daquilo, a mulher ainda tentou:

___ Você acaba de dizer que se recusa a percorrer os caminhos que o Universo lhe preparou???

___ É isso mesmo que você ouviu! — Cathy insistiu — Se tudo que esse seu Universo tiver preparado pra mim, nesse destino que citou, for me obrigar acreditar que a minha felicidade depende de algum homem, então, eu me recuso educadamente! — Cathy continuou a andar, sem olhar para trás e por isso, sem ver que a cigana ficou tão atônita com o que tinha escutado, que sequer saiu do lugar.

"Eu hein!", Cathy pensou, enquanto sorria em silêncio. O que as pessoas não faziam para tentar ganhar a vida! Aquela cigana, como todas as outras advinhas que a acompanhavam, deviam pensar que para uma mulher, a coisa fundamental na vida, é encontrar um homem.

"Deus, séculos de sangue derramado em fogueiras não serviram para provar a mulher que tudo o que ela precisa pra ser feliz está em si mesma!!! Nós temos o Poder sobre nós mesmas, cara, até Deus é mulher!!! E eu ainda tenho que ouvir essas coisas??? Tenha dó!!!", emendou em pensamento, lamentando o fato das mulheres terem sido tão subestimadas e subjulgadas pelos homens por tanto tempo, que passaram a acreditar piamente que não eram nada sem eles.

"Fora que, 'destino', tá legal!!! Vai empurrar essa gamela pra alguma trouxa que acredite!!!"

Abandonando aqueles pensamentos filosóficos, feministas e certamente revoltosos ao extremo, Cathy seguiu, sentindo a brisa suave da tarde bater em seu rosto.

Adorava a orla e as boas lembranças que ela lhe trazia, tempos mais simples, quando não se preocupava com os problemas religiosos, femininos ou sociais. Nenhuma negação de que existisse "destino" ou "homem pra me fazer feliz" era mais importante do que ser livre naquela época!

Cheia de ótimas lembranças, ela adentrou o portão do prédio oficialmente conhecido como "Edifício Laranja", onde morava, encontrando o pessoal, que já se reunia para o imperdível happy hour de toda a tarde.

Cumprimentando a todos, ela não pôde deixar de notar uma presença, no mínimo chamativa, que vinha puxando uma cadeira.

___ Cathy! — Marquinhos a chamou, vindo ao lado da nova figura — Tem gente nova no pedaço!

Ela sorriu, amável, olhando para o homem extremamente alto e de corpo esguio, que tinha longos e cheios cabelos encaracolados.

___ Eu não pude deixar de notar! — sorriu, se referindo a bermuda de cotton cor de abóbora que ele vestia, juntamente com uma camiseta gigante e colorida.

___ Essa é das minhas! — o novo morador veio até ela, brincalhão.

___ Crau, essa é Catharina, a mais nova das nossas profissionais de sucesso. — Marquinhos a apresentou.

___ Cathy Batista? — o cabeludo perguntou, tomando-lhe a mão e aplicando-lhe um beijo.

___ Eu mesma! — respondeu, estranhando aquele tipo de cumprimento.

___ Pô, sempre leio suas matérias!

Ela ficou contente com a notícia.

___ De onde você veio, cara novo?

___ Vila Velha do Caminho Real.

___ O Portal dos Anjos, a cidade perdida! — comentou, simpatizando de cara com o rapaz.

___ Exatamente. — ele também sorriu, admirando o riso largo da garota morena e alta a sua frente — Sou estilista e já conheci a Linda, ela mora com você, não?

___ Mora sim! Então, além de também ser da Fórmula, você agora é o mais novo descasado?

___ Com muito orgulho! Desde que cheguei estou sendo guiado pelo Ringo a conhecê-los todos e estou adorando!

___ Claro! Eu já ia me esquecendo de como o Ringo é ótimo observador! — ela se referiu ao porteiro, um pouco fofoqueiro, uma figura bem "bicho-grilo", ainda perdido na sociedade alternativa do século passado — Mas, é até bom, assim você vai se sentir em casa rapidinho!

___ Tenho certeza!

___ Mas não antes de passar pelo nosso crivo, hein? Não é porque você é todo simpático que vai escapar ao nosso ritual de iniciação! — referiu-se ao castigo que os demais condôminos impunham a todos os novos "descasados", como eram conhecidos os moradores do edifício laranja.

___ Na verdade, estou bastante ansioso por isso.

___ Acredito! — ela continuou a rir, encantando-se pela simpatia do peculiar rapaz, que equilibrava a cadeira sobre a ponta de um dos pés — Pessoal, já volto pra gente mandar trazer o rango!

___ Falô! – o coro de pessoas, que arrumavam as mesas perto da piscina respondeu, fazendo-a rir.

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