━ ❝Escritos de Alguém - One-s...

By pansmionespace

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Livro voltado para One-Shots escritas por mim sobre o casal Pansy e Hermione. Todas as histórias aqui present... More

━ ❝Apenas mais um dia
━ ❝Um mundo à parte
━ ❝Nós contra o mundo
━ ❝Queridos olhos castanhos
━ ❝Eu te odeio...
━ ❝Destino

━ ❝Entre cachecóis verdes, vermelhos e... Café

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By pansmionespace

O ranger da porta foi o anunciante de sua entrada, naquela noite em que a solidão parecia ser minha única companheira, seu corpo adentrou o lugar e trouxe o frio que fazia do lado externo para arrepiar meu corpo e o calor de sua presença para aquecer o pequeno estabelecimento. Ainda que não conhecesse a jovem de cabelos negros e pele extremamente alva, algo que contrastava com os tons escuros de sua roupa de uma forma quase hipnotizante, me trouxe a inquietude sem nem ao menos direcionar o olhar para mim.

Seus passos foram calmos e pareciam ter sido calculados. Da porta ao balcão, não levantou o olhar enquanto pedia água com gás, na verdade ela parecia perdida naquele pequeno aparelho que suga a mente de todos que me rodam, mas logo ele fora esquecido em algum lugar de sua bolsa, no mesmo momento em que coloquei sua água sobre o balcão. Seus passos voltaram a ecoar, o curto espaço entre o balcão e a última mesa do recinto foi a distância que ela estabeleceu entre a gente, não era muito longe, mas parecia realmente distante naquele momento.

As mãos habilidosamente se desvencilharam da bolsa e buscaram por algo dentro dela. Pouco tempo após o início da busca, que durou bem mais do que o esperado, fora retirado de lá um livro, o qual não consegui ler o título, algo que parecia ser uma pequena agenda e uma caneta, todos colocados de forma milimétrica sobre a mesa, o caderno aberto e a caneta pousada em seu meio, mantendo-a aberta na página desejada e, do livro, foi retirado um marca página, colocado entre a última página do caderno e a capa dura, logo os olhos daquela criatura se dedicavam avidamente as palavras contidas naquele mundo que carregava em suas mãos.

Ela se perdera em suas frases lidas e, vez ou outra, escritas em sua agenda. Já eu, bom, eu me permiti perder-me nela. O modo como suas sobrancelhas se uniam ao ler algo que parecia não entender, a forma como o cabelo caia incessantemente sobre os olhos ou cobria a lateral de seu rosto, impossibilitando minha visão. Observava a calma que ela mantinha, a respiração tranquila e compassada. A madrugada, ainda que não tivesse movimento, foi a mais agitada que tive em todos esses anos. 

As horas transcorreram de forma lenta, mas não torturante, ou seriam rápidas demais? Já não tinha noção de muita coisa, mas podia ver, pelas enormes vidraças, que o céu parecia querer desabar do lado de fora, mas aqueles mesmos objetos que nos separavam do lado de fora não pareciam fazer tanto, podia sentir o frio se alastrando e arrepiando todo meu corpo. A menina já estava na sua segunda ou terceira garrafa d'água. O relógio marcava quase quatro da manhã e ela havia chego as duas. Meu corpo, já um tanto exausto do dia, seguiu para a máquina de café quase que em automático.

O aroma preencheu o estabelecimento e o calor produzido naquele pequeno espaço pareceu suficiente para que meu corpo agradecesse. Os movimentos das minhas mãos pelos meus braços na esperança de esquentar mais do que o calor produzido pela máquina, que logo apita para avisar que o líquido estava pronto. Separei uma caneca e enchi com o líquido escuro, logo meus olhos se direcionaram para a menina ali, cheguei a me questionar se havia alguém à sua espera, mas esqueci desse pensamento tão rápido quanto ele veio. 

— Você aceita? - ouvi minha voz pronunciar alto e os olhos, um tanto duvidosos, se direcionarem para mim. Confesso ter me perdido por alguns segundos por ali, me perdido no seu olhar, mas logo sua expressão de dúvida me fez voltar a realidade. — Café. Por conta da casa. 

Vi sua expressão mudar para um sorriso simples e me senti corar com o pequeno feito. Parecia estúpido, mas eu não tinha controle sobre meu corpo, não sabia o que fazer e logo seu corpo se aproximava do balcão. 

— Não poderei negar. - o sorriso ainda brincava em seus lábios. Permiti-me observar os lábios rasados por alguns segundos... Ou teriam sido minutos? No momento que voltei a realidade o seu corpo já estava bem mais próximo do meu. — Acima de tudo, é café, o líquido dos deuses.

Eu não sabia de onde vinha a constatação, mas não ousei negar. Peguei uma outra caneca e enchi com o líquido para ela, colocando em sua frente e ela logo estava agarrando o objeto com as duas mãos, sentindo o calor em suas palmas. O objeto, que agora eu invejava, foi de encontro aos seus lábios, deixando-os rosados por alguns segundos e me dando uma visão que não se perderia. Ela sorriu novamente e voltou a caminhar para sua mesa, mas, dessa vez, me observou enquanto sentava e voltou a leitura pouco tempo após isso.

A minha observação em seu corpo perdurou por mais algumas horas, apenas quando o relógio bateu seis horas ela se retirou dali. Levou consigo o calor que me manteve aquecida por toda a noite e saiu deixando um sorriso simples, mas realmente agradecido para trás. Acompanhei seus passos com meus olhos e, ao vê-la atravessar a porta, deixei que o suspiro saísse por entre meus lábios. Segui até a porta e virei a placa que dizia "fechado", arrumei as cadeiras e deixei tudo da melhor forma possível para o próximo turno, logo saí do estabelecimento e segui meu caminho.

Algumas semanas depois


Os dias transcorreram rápidos e entediantes, em sua maior parte. Todas as noites eu tinha a visita da pessoa que parecia ocupar meus pensamentos, mas essa eu sentiria que seria diferente. Em todas as outras, na maior parte do tempo, fora apenas eu e ela, ainda que não nos falássemos muito, eu sentia a presença dela e ela se mantinha ali, mas hoje, por algum motivo, talvez por ser uma sexta-feira, aquele local estava lotado. O relógio marcava duas horas em ponto quando a porta defeituosa anunciou sua chegada, sorri para ela como todas as noites, mas desta vez ela não retribuiu. 

As noites anteriores tinham um ritmo, era como uma valsa leve, voávamos pelo salão como dois pássaros livres, prontos para aventurar-se em um vasto mundo. Ela chegava pontualmente às duas da madrugada, pedia água com gás e seguia para sua mesa. Lia e fazia anotações enquanto eu observava ela e desviava minha atenção para o noticiário quando ela ameaçava me olhar. Às quatro eu servia o café, que ainda era por conta da casa, mas, diferentemente da primeira vez, ela se permitia me contar coisas sobre ela, contava-me sobre sua vida, seus desejos e sonhos. Ela partia às seis e eu arrumava tudo após sua partida para, enfim, eu partir também. Mas algo não estava certo hoje.

Talvez fosse pelo bar lotado, talvez fosse por seus passos terem lhe levado para outra mesa, talvez eu tenha me apegado a algo não real. Talvez, apenas talvez, eu tenha criado algo onde não havia. Observei quando ela foi recepcionada por outro rapaz, pareciam íntimos, muito íntimos e, por um momento, eu preferia não ter visto o momento em que ele colocou o cachecol verde no pescoço dela, desviei meus olhos para evitar alguma outra decepção por um mundo criado por mim e voltei para meus clientes.

Não observei a hora passar. Não observei ela essa noite. Preferi esquecer todos os detalhes que me chamavam a atenção e me distraiam, eu estava ali a trabalho e era isso que faria. A hora havia passado muito mais rápido hoje, eu podia sentir. Agora havia apenas a mesa dela, seis pessoas ainda estavam ali. Estavam animados, as garrafas de bebidas vazias sobre a mesa indicavam que estavam bem mais do que "alegres", mas não ela. Ela não bebia. Havia me contado na outra noite.

Seus olhos se voltaram para mim no momento em que terminei de servir meu café, permitindo que meu corpo descansasse contra a cadeira de madeira que fazia meu corpo doer, mas que parecia o oásis nesse momento. Ela sorriu para mim e eu apenas voltei meus olhos para a pequena televisão que havia ali, o noticiário seguia como todos os outros dias. Ainda que estivesse com os olhos no que se passava no aparelho, pude observar, pela visão periférica, que a menina falou algo aos amigos e começou uma caminhada em direção ao balcão. Me coloquei de pé no momento que se aproximou, pronta para anotar o pedido.

— Deseja mais alguma coisa? - minha voz tinha soado mais firme em minha mente, constatei isso ao ouvi-la falhar levemente, mas isso arrancou um sorriso dela. Um sorriso simples. O mesmo que me dava todas as noites.

— Seu café está no cardápio? - seu tom saiu um pouco rouco e baixo, me fez estremecer por trás do balcão e perder o ar por alguns segundos. 

— Temos café no cardápio, deseja um?

— Apenas se sua companhia vier junto dele. - a frase me pegou de surpresa. Mirei os jovens na mesa e alguns nos observavam, havia perdido a fala com algumas palavras dela. Senti meu rosto esquentar e observei o sorriso dela aumentar. — Na verdade, aceita tomar café comigo?

Seus olhos me fitavam com esperança e uma intensidade nunca antes sentida por mim, minha pele parecia queimar sob seu olhar. Levei a caneca até a boca e me permiti tomar um pouco do líquido para que, dessa forma, tentasse colocar meus pensamentos em ordem. Ela queria tomar café comigo? Ela nem sequer me conhecia. 

— Estarei lhe esperando do lado de fora, assim poderá me dar minha resposta. - ela sorriu e se retirou do balcão, voltando para a mesa com os amigos. 

As horas pareceram correr a partir dali. Seus amigos foram embora em um horário próximo às cinco e quarenta, mas ela se manteve ali, leu por pouco tempo e, pontualmente, às seis se retirou do estabelecimento. Estava certa de que havia esquecido de suas próprias palavras, então apenas coloquei o cachecol vermelho, a fim de me proteger do frio que parecia assolar a pequena cidade, e segui para fora do local.

Meus olhos atentos a andar e guardar a chave na bolsa fizeram com que meu corpo colidisse com outro e senti braços fortes me impossibilitando de cair. O inspirar profundo que dei pelo susto foi o responsável por trazer o aroma para meus pulmões e me embargar com o cheiro. O cachecol verde envolta do pescoço e as bochechas rosadas pelo frio. Eu estava morta e um anjo estava na minha frente.

— Aceita meu café? - ouvi seu timbre rouco e me arrepiei novamente. Concordei com a cabeça, quase que impossibilitada de formular uma frase. — Meu nome é Pansy...

— Hermione... Hermione Granger.

As palavras escaparam de mim e logo eu estava ali, em meio a cachecóis verdes, vermelhos e... Café? 

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