Chloe olhou ao redor com careta, ainda estava bêbada de sono, mas a frustração permanecia. Ultimamente ela só pensava nesse dinheiro e a ansiedade estava invadindo até os seus sonhos. Geraldine abriu as cortinas com todo vigor de sempre. Chloe não entendia como ela conseguia estar tão disposta àquela hora da manhã
— Oh meu Deus, Geraldine — pôs a mão no rosto, incomodada pela claridade. — Que horas são essas?
— Já são sete horas e você precisa se apressar. Esqueceu que marcou com suas amigas às nove? — Geraldine indagou, terminando de abrir as cortinas.
— Poxa, mas por que você me acordou tão cedo? Sabia que eu estava sonhando com o meu dia glorioso? — se espreguiçou.
— Deixa eu adivinhar — Geraldine pôs a mão no queixo, pensativa. — Estava sonhando com o dia da leitura do testamento de dona Katherine. Acertei?
— Sim — bateu palmas de maneira orgulhosa. — Como descobriu?
— Não seria porque você sonha com isso todos os dias? — com expressão óbvia.
— Assim não vale — ela fez um bico.
— É claro que vale — riu.
— Hoje foi diferente, eu sonhei que estávamos nós todos em um tribunal, igual àqueles julgamentos, sabe? E quem dava a feliz notícia era um juiz! — ergueu a sobrancelha. — Isso é um claro sinal de supremacia. Não acha?
— Ah, mas claro que sim. Agora vá tomar o seu banho que eu já vou mandar trazer o seu café — Geraldine piscou.
— Mas...
— Já preparei o seu banho com os seus sais de arruda, notei que ultimamente em todas as sextas está tomando banho com arruda pela manhã — sorriu. — Agora anda! Já perdeu quatro minutos aqui jogando papo para o ar — saiu.
Chloe sorriu de lado, realmente Geraldine era observadora e a conhecia melhor do que Rebecca, sua mãe. Entrou em sua enorme banheira de hidromassagem e fechou os olhos ao sentir a água quente em contato com sua pele alva, desfrutou de toda aquela mordomia a qual já tinha desde sempre, nasceu em berço de ouro e sempre teve tudo o que quis, ela realmente amava a sua vida.
Quem lhe dissesse que dinheiro não trazia felicidade era um completo tolo. Ouvia isso diariamente de sua mãe Rebecca e de sua irmã Morgan, inclusive Chloe agradecia por ela estar em lua-de-mel com aquele idiota, não que ela não gostasse de Morgan, apenas achava que a irmã queria ser santinha demais.
Permaneceu mais um tempo desfrutando de seu maravilhoso banho e saiu da banheira, fez toda sua higiene matinal e saiu do banheiro. Quando saiu, o seu café já estava na mesinha, todo servido. Após tomar o café, deu um sorriso de empolgação.
— Agora a minha parte preferida — se dirigiu ao closet e o abriu, coisa que deixou seus olhos brilhando. Todas as peças que muitas mulheres dariam parte do corpo para possuir, Chloe Ballard tinha de sobra, tinha desde Louis Vuitton à Burberry, Gucci e outras diversas marcas de alta costura. Ela realmente se orgulhava de seu closet.
Escolheu uma saia "simples" e uma blusa de alças finas, colocou uma jaqueta jeans por cima da blusa branca, calçou um par de tênis branco, prendeu os cabelos loiros em um rabo de cavalo alto e pegou seus óculos de sol para compor o look. Passou uma maquiagem leve para o dia, se olhou no espelho, sorriu e saiu.
Ao chegar à sala de jantar, seus pais ainda estavam tomando café. William, seu amado papai, era um empresário bilionário, dono de várias indústrias espalhadas pelo mundo, ele a mimava muito e era um bom pai, apesar de ausente, porém desde muito nova, Chloe entendia que a ausência de seu pai significava dinheiro, muito dinheiro na conta da família. E dinheiro era algo que ela amava. Já Rebecca era uma autêntica perua, que amava gastar o dinheiro do marido. Mas vivia lhe dando sermões desnecessários como se detestasse as verdinhas. Hipócrita, mas como era sua mãe tinha que respeitar.
— Aonde a minha garotinha vai tão cedo? — William sorriu ao vê-la se aproximar. — Caiu da cama filha?
— Só pode — Rebecca riu, tomando seu iogurte.
— Bom dia papai, bom dia mamãe — acenou. — E até logo, estou indo ao clube com Paige e Lilian, marcamos de jogar tênis.
— Mande um beijo pra elas e divirta-se meu amor — Rebecca piscou.
— Eu digo o mesmo, inclusive é bem provável que encontre Andrew no clube.
— Oh não papai, não me desanime tão cedo — mandou vários beijinhos para os pais e saiu apressada.
— Mas o que aconteceu agora? — William olhou a esposa, confuso.
— Ah meu amor, com certeza eles tiveram outra briguinha, é normal que namorados se desentendam de vez em quando — ela deu de ombros.
— É você tem razão — ele pegou o jornal e continuou tomando o seu café.
♦♦♦
— Olá meus amores — Chloe cumprimentou as amigas assim que as encontrou no clube, Lilian e Paige já estavam lhe esperando. — Demorei?
— Claro que demorou — Paige soprou um cacho que caia por sua testa. — Mas qual a graça de ser amiga de Chloe Ballard e não ficar esperando? — riu. — Nenhuma.
— Desculpem meus amores, mas vocês nem acreditam — coçou a nuca. — Tive um sonho incrível com... — foi interrompida.
— A leitura do testamento da sua avó! — Paige e Lilian disseram juntas e logo riram pela coincidência.
— Sim — Chloe fez careta ao ver que estava ficando previsível. — Mas dessa vez foi muito real, inclusive um juiz falou bem nitidamente e isso foi claramente um sinal, não acham?
— Bom, pode ser que sim — Lilian piscou. — Mas procura relaxar Chloe, afinal foi para isso que viemos, não? — a abraçou pelos ombros e foram caminhando. — E você nem acredita quem está aqui e está doidinho pra te ver — arregalou os olhos.
— Quem? — Chloe ergueu a sobrancelha.
— O Andrew — Paige se meteu, com um sorrisinho descabido.
— Oh não, o meu pai tinha razão — pôs a costa da mão na testa, querendo desmaiar. — Eu mereço mesmo — se apoiou na amiga.
— O que foi amiga? — acudindo-a. — Chloe respira!
— O que aconteceu? — Lilian estava sem entender — Vocês brigaram outra vez?
— Não, nós terminamos — fez um bico aborrecido.
— Mas por que Chloe? — Paige lamentou. — Vocês são tão fofinhos juntos — com os olhos brilhando. — Andrew é a sua versão masculina!
— Estão lamentando assim porque vocês não sabem o que ele fez... — se sentando em um dos decks.
— O que ele fez de tão grave?
— Se irritou e pediu para que eu escolhesse entre ele e a nova coleção de inverno da Dior! — Paige e Lilian arregalaram os olhos. — Estava há meses esperando esses casacos e jamais os trocaria por Andrew, por favor — as amigas deram risada e Chloe deu de ombros. — Eu falei que preferia Dior, é lógico — disse sem um pingo de remorso.
Paige e Lilian negaram com a cabeça e gargalharam, deram uma volta pelo clube e logo trataram de ir jogar tênis para ver se davam sorte de não cruzar com Andrew.
♦♦♦
Brad Foster abriu os seus olhos e tateou o criado mudo em busca do despertador, que soava bastante alto. O rapaz o desligou e coçou os olhos. Parecia que a noite tinha passado bem rápido, pois ainda estava com sono. Contudo precisava acordar, pois tinha obrigações a fazer.
— Bom dia — Brad cumprimentou Justin, seu melhor amigo, enquanto ia em direção ao banheiro.
— Bom dia, hey! — Justin chamou. Brad parou de andar e o encarou, com cara de sono. — Você não disse que hoje não teria aula?
— Não acredito que esqueci e acordei cedo à toa — Brad choramingou e Justin deu uma risada. — Eu tenho certeza que estou com sintomas do mal de Alzheimer, eu preciso ir ao médico.
— Ah não, chega! — Justin fechou os olhos. — Você não caga dinheiro para querer estar no médico toda semana Brad, lembra? E você sequer tem idade para estar com Alzheimer, portanto menos.
— A saúde é o mais importante.
— Não me diga — Justin o olhou com os olhos arregalados em ironia.
— Tudo bem, talvez eu esteja um pouco neurótico, pode ser que seja ansiedade... — é interrompido.
— Nunca quis tanto que você tivesse aula — Justin analisou. Brad rolou os olhos e foi para o banheiro. — Ei, chegou isso pra você — contou, assim que o amigo saiu do quarto de banho tomado.
— Quem comprou isso? — Brad olhou uma cesta repleta de guloseimas em cima da mesa. — É tudo meu?
— É tudo seu sim, e você nem acredita quem comprou... — ironizou.
— Valerie — suspirou.
— Mas é claro, essa gata está de quatro por você — analisando a cesta, Brad fez uma careta. — Que cara é essa?
— Não sei — deu de ombros, franzindo o cenho. — Na verdade eu não sei nem o porquê de estar com ela, a Valerie me sufoca, tem ciúmes até da minha sobra e isso me perturba — colocando cereal no prato com leite.
— Mas não sente nada por ela?
— Não, você sabe que a garota que eu quero nem sabe que eu existo e pelo jeito nunca vai saber — deu de ombros. — Sou louco pela Chloe Ballard, e não consigo evitar isso.
— Cara esquece essa patricinha, ela é mulher do Andrew, o cara é nosso chefe e se você se meter com ela pode dar adeus ao seu emprego — assoviou.
— Não estou nem aí — dando de ombros. — Eu odeio aquela boate! Inclusive não tem nada demais eu gostar dela, Chloe jamais vai me dar bola.
— A boate é o nosso ganha-pão, é de lá que você tira a grana para ajudar sua mãe, para pagar a sua faculdade...
— Não recebo nenhum salário extraordinário assim — revirando os olhos.
— Porque não quer. Cá entre nós, olha tudo o que te ensinamos... Se você transasse com as clientes já estaria com a sua faculdade toda paga!
— Eu não tenho vontade de me prostituir — coçou a nuca. — Quantas vezes eu tenho que repetir pra você, para aquele bando de mulheres loucas e para a Valerie, que eu não sou garoto de programa!
— Tudo bem, eu já sei — Justin bateu de leve em suas costas. — E não insistirei mais, certo? — Brad fechou os olhos.
— Desculpa cara, não foi por mal — Brad pediu, se levantando. — Eu vou me apressar aqui e vou aproveitar a manhã para visitar a minha mãe e a Megan...
— Beleza — pôs leite no copo, Brad saiu assim que terminou de tomar café. — Quem entende os virgens... — deu de ombros, arrancando um pedaço enorme do bolo que veio na cesta de Valerie.
♦♦♦
— Chloe, quando será a leitura do testamente da sua avó? — Paige perguntou, enquanto descansavam na borda da piscina.
— Ah amiga, eu acho que será quando a Morgan voltar da lua-de-mel, na segunda-feira. Ai gente, eu estou tão ansiosa! — mordendo o lábio. — Sempre sonhei com a minha fortuna pessoal, sei lá, vai ser incrível!
— Fique tranquila Chloe, eu sei que você vai herdar tudo e vamos estourar tudo no shopping — batendo palmas.
— Ah, mas é claro! — Chloe deu um gritinho. — Acho que serei a bilionária mais nova do mundo — elas riram. — Mal posso esperar!
— Credo gente, olha quem está vindo em nossa direção — Paige indagou, abaixando as lentes dos óculos escuros.
— Ah não, é o Andrew — Chloe fez um bico. — Realmente hoje não é meu dia meninas — negou com a cabeça.
— Olá garotas — Andrew McBride se aproximou com um sorriso cintilante. O rapaz era um dos melhores partidos de Manhattan, ele era dono de uma rede de boates que atualmente eram consideradas as melhores do momento. Noite do Fogo estava famosa, e Andrew, que era herdeiro de um dos sócios de seu pai, estava construindo o seu império pessoal, coisa que era o sonho de Chloe, mas ao contrário de Andrew, ela não queria saber de negócios. — Como estão?
— Olá Andrew — Paige e Lilian retrucaram, Chloe permaneceu calada.
— Chloe, será que nós podemos conversar minha princesa? — perguntou receoso, enquanto a levava pelo braço para longe das amigas. — Podemos resolver isso, não é?
— Não, não podemos — ela abriu um sorriso amarelo. — Agora sai de perto.
— Me perdoa poxa, aquilo foi uma brincadeira de mau gosto — ergueu a sobrancelha. — Está certo que eu não esperava que você me trocasse por roupa, mas eu vou respeitar que tudo isso seja mais importante — rolou os olhos disfarçadamente. — Eu prometo que não vou mais pedir para escolher entre mim e Dior, eu juro!
— Sabe o que é? — Chloe se virou e o analisou. — Não sei Andrew, eu não sinto mais nada por você, nossa relação está desgastada, você é a versão mais nova do meu pai e não me dá nenhuma atenção fora daquela boate — bebendo um gole do suco. — Entendeu? Esse lance do Dior foi apenas um pretexto.
— Mas você diz adorar o jeito do seu pai, Chloe — foi interrompido.
— Eu não transo com o meu pai — ela ergueu a sobrancelha e ele suspirou.
— Não dou nem um mês pra você voltar comigo — ele ergueu a sobrancelha. — Até semana passada eu era o amor da sua vida, e isso não se acaba assim Chloe — a puxou rapidamente e a beijou, Chloe não ficou surpresa, sabia que a altivez de Andrew não aceitaria um não tão facilmente.
— Chega Andrew! — ela se afastou. — Aceita que eu não quero mais — nadou até onde estavam as suas amigas.
Andrew a analisou e deu um sorriso debochado. Chloe era muito inocente se realmente achava que as coisas ficariam assim.
♦♦♦
Brad estacionou sua velha moto no meio-fio e viu que Olívia, sua mãe, já o estava esperando na pequena varanda da casa, acompanhada de Megan, sua irmã. A mãe bordava algo enquanto conversava com a menina. As duas eram bem unidas.
— Olá mãe — sorriu e depositou um estalado beijo no rosto da mãe, seguido de um abraço.
— Como vai meu filho? — ela lhe sorriu abertamente.
— Mais ou menos, devo estar com princípio de Alzheimer — franziu a testa e Olívia rolou os olhos. — Ei gatinha — se agachando na altura da irmã. — Como vai?
— Oi grandão! Eu vou bem e você definitivamente não tem Alzheimer, o que você tem é hipocondria — a menina avisou.
— O que é isso? — Olívia franziu o cenho.
— É quando uma pessoa acha que tem doenças que não tem.
— Então ele definitivamente é hipocondríaco — a mãe riu e Brad ergueu a sobrancelha. — Não vai mostrar ao seu irmão o que ganhou da professora filha?
— Ah é — Megan sorriu empolgada. — Espera aí Brad — vai apressada até o quarto, com um pouco de dificuldade pela cadeira de rodas que usava.
— Vamos entrar querido — Olívia chamou o filho, que a acompanhou até o interior da casa e se acomodou no sofá da sala de estar. — Fiquei tão feliz quando você ligou dizendo que viria aqui. É tão difícil você ter uma folguinha que eu até estranho.
— Eu esqueci totalmente que não teria aula hoje — ele coçou a nuca.
— Você está cansado demais — assoviou e viu Megan regressar com uma caixa.
— Aqui está — entregando ao irmão.
— Olha, que bonita — ele ia abrindo a caixa.
— Não! — berrou e Brad arregalou os olhos. — Não é assim Brad — rindo.
— Que susto garota — com a mão no peito. — Então como se abre isso? — entregando a ela.
— Assim — aperta em um botão e a caixa se abre. De dentro dela sai uma pequena bailarina, que começa a dançar uma linda música de Mozart.
— Uma caixinha de música — ele sorriu enquanto olhava. — É bem a sua cara baixinha — bagunçando os cabelos dela. — É linda como você — piscou e pincelou o pequeno nariz.
— São seus olhos — rindo.
— É, pode ser isso mesmo — piscou.
— Seu bobão — lhe mostrou a língua e em seguida deu uma gostosa gargalhada. — Eu sou linda sim!
Olívia sorria com a cena, realmente era muito bom quando Brad vinha visitá-las. Ele fazia muito bem a Megan. Sua filha era muito solitária e não tinha muitos amigos.
— Sem querer atrapalhar a brincadeira de vocês, mas já atrapalhando... — a mãe pigarreou. — Vamos comer?
— Comer o quê? — Megan ainda ria.
— Não se lembra da torta de creme de avelã que a mamãe fez ontem? Ainda está quase inteira na geladeira — piscou.
— É verdade Brad, está uma delícia!
— Então vamos! — ele saiu na frente arrastando a cadeira de rodas da irmã. — Não vão sobrar nem os farelos dessa torta, pois eu vou comer tudo — ia contando.
— Meu Deus, que fome é essa Brad?! — Olívia gargalhou.
Após se servirem e terminarem a refeição, Brad ajuda a mãe a lavar as louças enquanto conversavam sobre assuntos aleatórios.
— Brad, como vão as coisas com Valerie?
— Eca! — Megan ralhou com careta.
— Tudo indo igual mamãe, nada demais — deu de ombros, enquanto guardava os pires no armário. — Ela como sempre carinhosa ao extremo... — deu um sorriso falso.
— Por que não larga ela? — Megan indagou sorrindo abertamente. — Ela é chata, destruiu o meu pôster da Meredith Costello!
— Ela achou que eu estava apaixonado pela Meredith — Brad sussurrou, se agachando na altura da irmã e dando um sorrisinho falso.
Megan riu ao lembrar-se da namorada metida do seu irmão destruindo o pôster ao qual Brad tinha acabado de lhe dar de presente. Valerie deveria ser muito inocente por achar que ela não tinha visto quando derrubou "sem querer" o leite em cima de sua cantora favorita.
— Foi um acidente, querida — Olívia lembrou.
— Acidente uma ova, e bem que eu queria que o meu irmão se apaixonasse mesmo pela Meredith Costello. Ela é linda e diva — acrescentou.
— O coração do seu irmão já tem dona, meu amor.
— Verdade — Brad sorriu de lado, lembrando-se da namorada de seu chefe. Chloe Ballard era de fato a dona de seu coração. — Mas mudando de assunto, o que acha de ir ao parque? — arqueando a sobrancelha.
— Eu acho uma ótima ideia — Megan sorriu.
— Muito bem, então vamos indo? Temos exatamente três horas... — o seu celular começa a tocar. — É o meu — pegou o aparelho e viu que era Valerie. — Só um minuto — atendeu. — Pronto — suspirando.
— Meu amor — ela sorriu do outro lado da linha, enquanto caminhava na esteira. — Como vai gato? Tentei falar com você ontem o dia inteiro.
— Ah foi? — lembrando-se das quarenta e cinco ligações que ele recusou. — É que eu estava um pouco ocupado, acho que nem vi. Mas eu estou bem e você?
— Estou melhor agora que estou falando com o meu amor — respirou fundo, de maneira manhosa. — Mas me conta, o que achou da sua cesta?
— Cesta?
— Sim vida, a cesta-café que te mandei hoje cedo — começando a se irritar.
— Ah sim, a cesta! — disfarçando. — Estava tudo delicioso. Obrigado, linda.
— Por nada, mas ainda está na faculdade?
— Não estou na faculdade, estou na casa da mamãe.
— Está mesmo na casa da sua mãe? — arqueando a sobrancelha. Valerie não tinha muita confiança em Brad e isso estava aborrecendo o nosso mocinho de uma maneira sem igual e estragando toda aquela relação, que nunca foi exatamente um mar de rosas.
— Como assim? — indagou irritado. — Acha que eu estou mentindo?
— Sim, eu acho. Mas seja quem for, estarei contratando um detetive na próxima semana para seguir você por onde quer que vá.
— O quê?! — Brad arregalou os olhos. — Está falando sério Valerie?
— É claro que estou falando sério. Eu tenho que cuidar do que é meu — ela desligou a esteira e enxugou seu rosto com uma toalhinha. — Hoje à noite nós vamos jantar juntos, o meu motorista vai lhe buscar as oito. Entendeu?
— Hoje não dá, eu preciso dançar — sussurrou o mais baixo que pôde, se afastando de sua mãe e irmã. Elas não sabiam de seu emprego noturno e era bom que continuassem sem saber.
— Ah, você vai dançar? — ela indagou suavemente. — Vai tirar a roupa outra vez para aquelas vagabundas desesperadas?
— É o meu trabalho, merda... — ele grunhiu, sentindo a sua paciência acabar. — Inclusive, você me conheceu lá — lembrou.
— Já basta Brad — grunhiu irritada. — Nós dois jantaremos juntos essa noite e está decidido! — desligou.
— Porra — ele fez careta e viu a irmã arrastando a cadeira de rodas até ele. — Vamos baixinha? — ele sorriu, guardando o celular.
— Claro — ela também sorriu.