Personal Contract

By JuLiaKalimannA

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Decepção, descobertas, reencontro e lembranças levaram as duas mulheres ditas incompatíveis à um acordo. More

O encontro
O café
O jogo
O quarto
O Domingo
O presente
O programa
O plano
O primeiro encontro
O questionamento
O Press kit
Onde tudo mudou...
Só me traga flores, sabe que eu relaxo...
A gente junto é muito bom...

O jantar

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By JuLiaKalimannA

Capítulo grandinho pra vocês hahah não vai ser assim sempre não. Desculpa quem não gosta. E quem gosta, aproveite!

Comentem por favorzinho, isso motiva muito.

Bom capítulo, minhas blogueirinhas e meus lindos!

•🗼•

Depois de muitas Skol beats, e drinks muito bem preparados por Miguel, os quatro amigos se jogaram no sofá para descansar da agitação que estavam ao dançar na "baladinha" feita na sala da casa de Bianca.

- Ai, ainda bem que você me salvou essa noite. - Marina disse para Bianca, que estava deitada ao seu lado.

Bia se levantou e ajeitou sua postura.

- E aí, vai ou não vai contar o que rolou? - a carioca questionou. Estava curiosa desde o início da noite.

- Momento da fofoca, amo que amo. - Miguel disse batendo palminhas animado.

- Vou ali pegar uma água, quem quer? - Venturotti se levantou e viu os três levantarem as mãos. - Bando de folgados!

- Poxa Prin, você que ofereceu. - a morena fez um biquinho e Venturotti revirou os olhos, se retirando, em seguida.

- E então, o que deu errado no tal date?- Bianca questiona virando-se na direção de Mari.

- Ai, não é que deu errado. Estávamos em um clima gostoso mas a.... a pessoa parecia estar em outro lugar, não fluiu como esperávamos, ou talvez eu tenha colocado muita expectativa nisso. Sabe quando algo simplesmente não encaixa, e quando continuamos tentamos acaba estragando tudo? Foi mais ou menos isso." - suspirou. - Acho que não era pra ser, ao menos não hoje. Não sei. - Mari falou arrastado por conta do álcool ingerido.

- Poxa amiga, eu sinto muito que não tenha rolado. E você vai nos contar quem era a corajosa?- Mari atirou uma almofada enquanto Bianca dava risada.

- É complicado, ela também é uma figura pública, então decidimos manter isso só entre nós.

Quando Bianca iria responder, Venturotti se aproximou perguntando:

- Mas então, onde vocês estavam? Não conheço nenhum restaurante bom aqui por perto.

- Ah, ela mora aqui por perto. Na rua de trás.- Venturotti olhou para Andrade com uma expressão sugestiva. A morena arregalou os olhos ao entender o que ela quis dizer, porém, tentou disfarçar.

- Entendi. Ai amiga, mas vocês brigaram ou algo assim?

- Acho que ela ficou meio magoada, meio sem graça, não sei.

- Como foi? Tu deixou a menina plantada lá no meio do negócio e foi embora? - Miguel questionou.

- Chega de detalhes, vamo beber essa água logo pra eu chamar meu uber. - Ferrari declarou e andou até a mesinha de centro, onde Venturotti havia deixado a garrafa com água e os copos.

- Não miga, dorme aí, amanhã você vai. - "B2" sugeriu.

- Não, que isso, vou logo pra minha casinha mesmo. Mas obrigada!

Os três continuaram ali conversando mais um tempinho. Não voltaram para o assunto da noite de Mari, os três perceberam que ela não estava muito confortável em desabafar sobre aquilo.

Assim que fecharam a porta, após a amiga se despedir de todos, Venturotti encarou Andrade e não foi preciso dizer nada para a morena entender o que ela queria dizer.

- Não, com certeza não é ela, Prin. - caminharam em direção à cozinha, onde Miguel estava arrumando a bagunça.

- Ah, tá bom. Quem mais que mora aqui perto? A Flay, né?

- Tu é tão otária quando quer, hein? - disse brincando. - É sério, Maria Júlia, pode ter alguém que a gente não sabe que mora por aqui.

- Continua dizendo isso pra si mesma, quem sabe você acredite. - chegaram na cozinha.

- E aí, o que tá rolando? - Miguel questionou.

- A gay aí que ainda é caidinha na outra lá não quer aceitar que a outra lá teve um date ruim essa noite.

- Pera, pera, pera. Rebobina aí. Que outra lá? A outra lá? - o amigo arregalou os olhos, surpreso.

- "A outra lá..." - fez as aspas com os dedos. -... tem nome, e eu não sou caidinha por ela ainda, nós somos amigas e vocês sabem muito bem disso. E não tem a mínima chance dela ser o rolinho da Mari.

O dia seguinte passou rápido. Como sempre, Bianca mergulhou em trabalho, como vinha sendo nos últimos tempos. Seu corpo começava a sentir o baque do estresse, mas mesmo assim a empresária não parava um único dia.

Só que diferente de quando sua cabeça estava completamente concentrada na empresa, no programa, ou nos seus projetos, em vários momentos Bia se pegou pensando nos assuntos da noite anterior, e, principalmente, se seria Rafaella a mulher à quem Marina se referia.

Era uma Sexta- Feira de madrugada, e Bianca havia acabado sua última reunião do dia. Em tempos normais com certeza estaria bebendo na Augusta com seus amigos, mas nesse dia, em específico, ela só queria descansar.

Miguel havia ido para um encontro e Venturotti para uma festa, portanto, a carioca estava sozinha em casa. E provavelmente seria assim o final de semana inteiro se ela realmente não animasse de sair com eles.

Bianca abriu uma garrafa de vinho, colocou sua playlist relaxante pra tocar e deitou-se, navegando por suas redes sociais, entrou em seu instagram falou um pouco com seus fãs e decidiu ir para o twitter interagir um pouco por lá, que era secretamente sua rede social favorita. Depois de responder alguns de seus fãs, um tweet intrigante passou pela sua timeline.

•🗼•

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Assim que postou a resposta, saiu rapidamente do aplicativo e bloqueou a tela do celular. Virou a taça de vinho e a encheu novamente, em seguida.

Bia respirou fundo e pegou o celular novamente. Assim que entrou no Twitter, um grande sorriso surgiu em seus lábios.

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POV BIANCA

Não acreditei que ela havia realmente respondido meu tweet. Estávamos, sim, em paz, nos falávamos diversas vezes, mas nunca em "público" assim. Vi algumas respostas de Rabias falando "grandona sem medo", "vai que é sua, Boca Rosa" e dei boas gargalhadas.

Abri o Instagram e fui direito nas mensagens diretas de Rafa Kalimann. Apertei o botão de gravar áudio e contei minha história.

"Não é nada demais, mas foi um sufoco, menina. Faz um tempinho já, e não é ninguém que tu conhece. Mas tipo, a gente passou umas duas semanas conversando online, porque ela não morava em São Paulo. Aí ela veio pra cá e beleza. Fui lá né, toda cheirosa, toda gatona. Assim que cheguei na mesa no restaurante tinha pétalas de rosas, velas, vinho e uma caixinha com alianças."

Enviei o primeiro áudio, para continuar a história em outro. Enquanto gravava ele, vi que ela já visualizou.

"Aí eu falei tipo pô, que que isso irmã? E ela começou um discurso. Sim, minha rosa. Um discurso. Eu interrompi ela, pedi desculpa, falei que tava com dor de barriga e vazei. Sei nem se ela tá viva hoje. Não me orgulho, mas foi necessário, né."

Cheguei ao fim da história e enviei. Em pouco tempo a resposta chegou.

"Hahahhahahahahahh poxa bia, tadinha."

Mordi o lábio inferior, tentando conter um sorriso enquanto digitava.

"Tadinha de mim, né? No meu lugar o que tu faria?"

Aguardei ansiosa a resposta.

"Pera aí, você tá fazendo o que?"

"Tomando meu bom vinho sozinha e solitária aqui. Meus amigos todos me abandonaram hoje."

A mensagem foi visualizada, e alguns minutos se passaram sem resposta. Quando desisti de esperar, joguei o celular no sofá ao ver uma ligação com o nome de Rafa Kalimann aparecendo na tela. Peguei o aparelho novamente, respirei fundo e atendi.

R: "Desculpa ligar, é que meu direc trava demais, aí achei melhor."

B: " Ah, é difícil ter milhões de seguidores fanáticos mandando mensagem toda hora né?"

R: "Olha quem fala. Cê também deve receber."

B: "Recebo, e a maior parte delas são culpa sua."

R: " Minha?" - ela perguntou indignada.

B: "Sua! É só tu postar foto que as rabias vêm me mandar a foto e perguntar se eu realmente passo você." - tomei um gole do meu vinho.

R: "Ai meu Deus, quem passou foi você, uai. Não fui eu!" - sua voz era de quem estava bem sem graça. Sorri imaginando a expressão dela com vergonha. "Enfim, hein, quanto ao seu date ruim, eu não sei o que eu faria."

B: "Não tinha outra saída a não ser a minha." - me ajeitei melhor no sofá, colocando os pés em cima dele.

R: "É verdade. Mas que menina louca, hein?"

B: "Sim!" - soltei uma risada. "Mas porque o tweet? Teve um date ruim?"

R: "Ah, não vamos falar disso não. Queria só ler o date dos outros mesmo, pra ver se algum batia com o meu."

B: "Ah, pronto! Te contei uma história minha que quase ninguém sabe e tu não vai me contar?" - falei em tom de brincadeira.

R: "Quem sabe em outro momento, tá bom?" - disse tranquilamente. "Você leu as respostas dos tweets?"

B: "Passei o olho em um que a menina falou que tava indo pra um motel com uma girl depois de jantar, e quando chegou lá viu que o carro atrás do dela era o pai com uma amante."

R: "Nossa! Acabou com a noite total!"

B: "Sim! Imagina, que horror." - dei uma risada.

R: "Homem só faz merda mesmo."

B: "Hum, o que esse boy fez de tão ruim nesse date pra tu falar desse jeito?" - A mineira gargalhou. Bianca amou ouvir aquele som.

R: " Eu li um que a menina chegou lá, aí conversa vai, conversa vem, descobriu que ele era ex namorado da irmã dela, ela nunca tinha apresentado ele pra família e tal."

B: "Nossa, mas nunca mostrou nem uma foto pra irmã? Tá mal contada essa história."

R: "Não pensei nisso, verdade, vou ver se acho depois e pergunto pra ela."

B: "Aí tu vem me contar, fiquei curiosa." - escutei a risada da mulher do outro lado da linha e não consegui conter o sorriso.

R: "Tá bom, pode deixar."

B: "E tu, que que tá fazendo nessa Sexta a noite?" - tomei um gole da bebida que estava em minhas mãos.

R: "Igual você, acredita? Tomando meu bom vinho abandonada por todos."

B: "Acho que uma das únicas coisas que temos em comum é o gosto pra vinho, né?" - sorri. "Vejo direto nos stories você tomando vários que eu também tomo."

R: "Pior que pelo que as rabias falam, temos muito mais coisas em comum do que achamos. Até pijamas nós dividimos, né?" - Ela deu uma risadinha curta. "Mas vinho realmente é uma delas."

Refleti brevemente se eu deveria falar o que estava pensando em falar. Não sabia qual seria sua reação, mas um "não" eu já tinha, agora era só correr atrás da humilhação.

B: "Ah, então eu acho que deveríamos tomar um vinho juntas, que tal? Aqui em casa, ou na sua, ou em um restaurante, tu que escolhe."- Falei rápido pelo nervosismo.

R: "Olha, eu até topo, mas cê que escolhe o lugar, uai. Cê que tá fazendo o convite."

B: "Aaaah Mas eu sou libriana, não sei de nada." - fiz uma voz de choro. "Luete! Vem cá na mamãe vem!" - chamei fazendo a voz que eu usava para falar com os gatinhos e corri atrás da Lua, ouvindo a gargalhada de Rafa na linha.

R: "Deixa a gata em paz, Bia."

B: "Não, ela tem que ficar com a mamãe! Ainda mais hoje que ela tá aqui toda sozinha, solitária, abandonada." - Peguei Luete no colo e voltei para a cama.

R: "Coitada dessa gata!"

B: "Coitada nada! Mas e aí, onde e que dia vamos tomar o tal vinho?"

R: "Olha, minha casa vive cheia e não tô na vibe de restaurante, então..."

B: "Relaxa, vem pra cá! Amanhã mesmo, que tal? Ou ja tem compromisso?" - Eu estava completamente nervosa e ansiosa. Não estava acreditando que aquilo iria realmente acontecer.

R: "Não tenho não, tá combinado então. Que horas?"

B: "Umas 20h, que tal?"

R: "Ok, 20h estarei aí." - tenho certeza que ela também estava sorrindo.

B: "E olha, vai ser tão especial que o jantar nem vai ser miojo com leite Ninho que é minha especialidade. Vou preparar alguma coisa diferente."

R: "Nossa, bateu uma nostalgia do BBB agora." - abri mais um sorriso durante aquela conversa. "Cê lembra do dia que seu arroz saiu papado e outro dia fui te ensinar a fazer?"

B: "Eu lembro! Todo mundo me desmerecendo e só você falando que ia dar certo."

R: "Ah, eu era a professora, tinha que ensinar né. E deu certo, porque eu sou demais!" - Ela disse convencida, e ainda estalou os lábios mandando beijinho.

B: "Ah, pronto! Vai se achar por causa de um arroz?"

R: "Fia, tenho várias outras habilidades na cozinha também, sei fazer altas coisas, posso me achar."

B: "Na cozinha não tenho muitas habilidades não, já em outros lugares..."

Não sabia de onde havia saído coragem para flertar indiretamente com Rafaella Kalimann. Provavelmente era resultado do alto teor alcoólico em meu corpo. Tampei a boca com a mão quando me dei conta do que havia dito e abri um sorriso esperando a resposta.

R: "Ah, disso eu não duvido." - A voz dela não estava mais descontraída como antes. Me xinguei mentalmente por ter estragar o clima bom.

B: "Mas e aí, onde tão seus amigos?"

R: "Eles saíram pra curtir o sextou, mas tava meio cansada pela correria da semana e não tava muito no clima."

B: "Amanhã você vai curtir o sabadou então, que comigo não tem tempo ruim."

R: "Quero usar aquelas luzinhas legais que eu vi nos seus stories, viu?"

B: "Menina, cê viu? Ficou a coisa mais linda, né?"

R: "Sim!" - deu uma pausa. "Mas então tá, precisa que eu leve alguma coisa?"

B: "Não, que isso, só você e sua barriga vazia tá ótimo."

R: "Quer me engordar pra me comer? Que nem naquela historinha da Disney?"

Gargalhei de nervoso com a resposta dela. Seria um flerte? Teria um duplo sentido? Já havia levado "um fora" na noite, não teria problema levar outro. Seria apenas mais um.

B: "Sim. Sempre quis ser uma bruxa mesmo." - dei uma risada. "Mas então, tá combinado?'

R: "Combinado, Bia. Até amanhã."

B: "Até, Rafa. Um beijo!"

R: "Um beijo especial pra você!" - ela disse enquanto ria.

B: "Ridícula, tchau!"

Desliguei a chamada, arrumei minha bagunça e fui me deitar, ansiando a noite de Sábado.

No dia seguinte acordei cedo e resolvi algumas coisas pendentes, agilizei outras, fiz algumas reuniões e ja se marcavam 14h da tarde. Escutei meu celular tocar indicando, era Venturotti.

- Fala tu prin, tudo certo?

- Sim, queria saber se você já conseguiu agilizar tudo que tinha pra fazer hoje.

- Acabei de finalizar minha última reunião, por que?

- Ah, então é que vai rolar uma social na casa uns amigos, se arruma que eu passo ai pra gente ir.

- Então prin, hoje não vai dar.... é que...

- Iiih garota fala logo- falou impaciente

- Rafa vem jantar aqui em casa hoje.- Falou rápido em um só fôlego.

-Rafa, Rafa, Rafa Kalimann? Sua ex-rival, agora "amiga" e eterno gay panic Rafa Kalimann?

- Rafa Kalimann minha apenas amiga, Rafa Kalimann.

- Nem você acredita nisso. Mas tu que vai cozinhar?- Perguntou claramente segurando o riso

- Eu vou tentar né?! Quero fazer algo que ela goste mas não sei se minhas habilidades se estendem a isso. Ainda não sei que roupa vestir e to perdendo tempo com você na ligação então tchauzinho. Beijo, amo você

- Todo mundo sabe que você vai acabar pedindo de algum restaurante. Te amo prin, divirta-se no seu encontro, cuidado com os gay...- Desliguei antes dela terminar.

As salas de estar e de jantar estavam cheias de "recebidos" que eu havia aberto durante a semana. Levei tudo para o quarto desocupado da casa, o que tomou um pouco mais do meu tempo da tarde.

Em seguida, fui até o mercado perto de casa comprar os itens para o jantar. Poderia ter pedido, mas preferi ir pessoalmente para comprar algumas coisas extras.

O prato que escolhi fazer era um risotto de brócolis. Já havia preparado uma vez para Miguel e ele havia adorado. Para a sobremesa, escolhi fazer um cheescake de frutas vermelhas. Nesse caso estaria me arriscando, já que nunca havia nem visto alguém fazer, muito menos tentado.

Fiz toda a compra com calma, para não correr o risco de esquecer nada. Escolhi, também, um bom vinho e acabei me empolgando e comprando várias bebidas das minhas favoritas, já que o estoque de casa estava acabando.

"Ok, Bia, você consegue." - Disse para mim mesma quando me vi na frente dos itens para preparar as comidas. Abri os sites com receitas pra relembrar direitinho e comecei a seguir os comandos.

Quando saí do modo automático, olhei a panela e não me atrasei. O cheiro não estava muito bom, e eu tinha certeza que havia feito tudo certinho. Joguei a culpa no Google que me instruiu errado. Decidi, então, pular para a sobremesa.

O cheesecake surpreendentemente foi mais fácil de fazer. Fiz com calma e atenção. Parecia estar perfeito.

- Pronto, tá tão lindo. Que orgulho de mim. - admirei o doce feito por mim. -Agora só falta minha roupa e... O JANTAR, MEU DEUS O JANTAR.- olhei para relógio e ja marcava 18:40, não daria tempo refazer e sair perfeito. Resolvi ligar para Venturotti, mais uma vez, para pedir ajuda.

- Fala sapatona, a boazuda te deu um bolo e tu mudou de ideia? - dava para ouvir uma música alta e umas pessoas gritando no fundo.

- Amiga, me ajuda pelo amor de deus! Eu fui tentar fazer o jantar mas ai, não pareceu estar tão bom, então pulei pra sobremesa. Só que fiz com tanta perfeição que esqueci de terminar o jantar e só tenho aproximadamente... uma hora e dez minutos. Preciso de um bom restaurante, que eu peça e chegue antes dela!

- Bianca por deus como você é jumenta- gargalhou alto. - Tá, na porta da geladeira tem uma listinha com alguns restaurantes, liga agora e pede pra não chegar na mesma hora que a boazuda e ela ter que entrar com o jantar.

- Obrigada, não sei o que seria de mim sem você!

- Nadinha. Quero saber de tudo quando eu chegar viu? Vê se não tem gay panic e passa vergonha na frente da vizinha que é uma gracinha e não te dá mole.

- Você é ridícula, otária, tchau!

Assim que desliguei fui direto pegar o contato e pedir o jantar. Quase implorei pra agilizarem o pedido e entregarem antes das 20:00 horas.

Subi para o meu quarto, tomei um banho e comecei a fazer uma make. Optei por algo básico e clean. Tirei algumas roupas do closet, experimentei várias mas nada parecida estar bom o bastante.

Parei em frente o espelho, encarei meu reflexo, e repeti para mim mesma:

- É a Rafa, é só a Rafa. A Rafa, só a Rafa. É só...- Ouvi chegar notificação do WhatsApp- A Rafaella, meu Deus.

"Rafa Kalimann: Já tô terminando de me arrumar, em 20 minutos tô ai."

- Ok, Bianca, você está linda. Só precisa encontrar uma roupa boa.- Falei olhando-me no espelho.

Escutei o barulho da campainha e vesti uma roupa qualquer.

Vesti uma calça estilo moletom, porém elegante. Havia um laço na frente, e era marrom, com uma estampa com detalhes em outro tom dessa cor.

Na parte de cima vesti um top branco, com um grande decote e alças finas. As costas eram praticamente nuas, cobertas apenas pela amarração da peça. Enfeitei meu pescoço com um colar dourado, cheio de anéis de diferentes tamanhos, e um pingente de cadeado. Estava pronta e, surpreendente, no horário marcado.

POV RAFAELLA

- Esse ou esse? - perguntei para Manoela, mostrando as duas opções de vestido. Estávamos em vídeo chamada.

- Por mais que esse rosa seja lindo, incrível, perfeito, eu escolheria esse verde meio brilhoso. Mas whatever, é só um jantar com a Bianca. - comecei a vestir o vestido indicado por ela. Era um vestido curto, simples, verde musgo, de alçinhas finas.

- Não é só um jantar qualquer, sei lá, é a Bianca, tô tão nervosa, Manu. - virei o resto de vinho que tinha na taça em cima de um móvel no quarto.

- Já tá bebendo antes de ir, Rafa? Que isso? - Me aproximei do tripé, peguei o celular e levei até o banheiro, para finalizar minha maquiagem. Mandei uma mensagem para Bianca avisando que estava quase pronta, e pouco tempo depois sairia de casa.

- Só um pouquinho pra perder a vergonha, uai. Manu, com que cara eu vou chegar lá? - comecei a passar o rímel.

- Com essa sua cara linda que ela é caidinha. - ela deu uma risadinha e eu revirei os olhos.

- Tá doida, Maria Manoela? Claro que não! Somos só amigas. - fechei o rímel e peguei a paleta de iluminador da marca de Bianca. Ele era realmente muito bom.

- Quem briga de mãos dadas, Rafinha? - deu uma pausa. - Ah, que poético, vai usar maquiagem dela pra encontrar ela. - Disse com uma voz de quem estava achando fofo.

- Não sei se eu brigo com você pelo comentário da briga ou pelo da maquiagem. - falei sorrindo enquanto passava o pó no rosto.

- Amiga, você já viu a briga inteira de vocês depois que saiu?

- Sonsa, eu quis morrer naquele dia da sua casa. - comecei a passar o blush.

- Uma mulher desse tamanho não conseguiu tirar duas baixinhas de cima. Que vergonha, hein? - Manoela e Gizelly haviam subido em cima de mim, para me impedir de fugir, e colocado na televisão o vídeo da briga com Bianca, além de alguns outros vídeos nossos que as rabias haviam feito.

- Confesso que eu não me esforcei tanto. - admiti.

- Ah, você adorou que eu sei! Vi você dando risada com aquele vídeo do funk da conversa do Paris 6.

- Eu não! - dei um sorrisinho amarelo. - Ai, para, Manu!

- Mas e aí, vai dizer que não sentiu nadinha com ela montada em cima de você naquela briga?

- Cê não vai cansar nunca de perguntar isso né, Maria Manoela? Você e a Titchela são as maiores Rabias que existem! - Passei um batom claro, nude nos lábios.

- Ah, não shippo Rabia não, só gosto de te irritar mesmo. Já a Gi é fanfiqueira, andou lendo altas fanfics, inclusive.

- Ceis são bestas demais da conta. - me aproximei do celular que estava encostado na bancada. - Vou desligar amiga, não quero me atrasar.

- Tá bom, vai lá pro seu encontro.

- Não é um encontro! - revirei os olhos.

- Ah, tá bom. Vai lá pro seu jantar íntimo então! - ela disse com uma expressão sugestiva no rosto.

- Tchau, Manoela! - encerrei a chamada, peguei meu celular, minha bolsa, passei na cozinha para pegar uma garrafa de vinho, e fui em direção à saída do apartamento.

Enviei mais uma mensagem para Bianca avisando que estava saindo de casa. Em poucos minutos o veículo estacionou em frente o meu prédio.

A corrida durou pouco tempo, já que a casa dela era praticamente do lado da minha. Mas a impressão era de que havia durado horas. Deu tempo de repetir em minha mente, como se fosse um slide show, toda a história de anos que envolvia eu e Bianca Andrade.

Minha entrada na portaria foi facilmente liberada, e exatamente às 20h02, o carro estacionou em frente o portão da empresária.

Respirei fundo e toquei a campainha. Assim que o portão foi aberto, me arrependi amargamente de ter me arrumado tanto. Bianca estava simples, bem despojada, mas... maravilhosa. A morena ficou me encarando por alguns segundos antes de iniciar uma frase.

- Oi, Rafa! - ela deu um largo sorriso e abriu os braços.

- Oi, Bia. - dei um sorriso sem graça, pois estava, ainda, sem jeito, e a abracei.

Nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Era como se fossem as duas últimas peças de um quebra-cabeças, que parecem ser as que melhor se encaixam.

O contato demorou alguns segundos, e foi quebrado por mim.

- Vem, entra! - passou a mão levemente em meu braço e abriu passagem para que eu entrasse. - Hum, trouxe vinho, espero que não tenha trazido um par de alianças também.

- Eita, espero que você não abra minha bolsa. - sorri e entreguei a garrafa para ela.

- Besta. Vamos? - começamos a caminhar.

- Sua casa é linda demais, Bia. - observei o ambiente externo enquanto andávamos. Era tudo muito bem decorado e bonito.

- Não é, menina? Me apaixono cada dia mais. - o olho dela brilhava ao falar da casa. - Aqui é a garagem, mas agora virou o lugar onde a gente treina. Ali no jardim tem minhas prantinhas, meus vasos chiques, ah! Vem cá, vou te mostrar minha hortinha!

- Você tem uma horta? - perguntei impressionada a seguindo até o local.

- Tenho, menina, me faz super bem mexer com isso! Confesso que o Miguel me ajuda muito, mas de qualquer forma, é uma delícia. - chegamos em frente à horta.

- Olha, tem bastante coisa até! - comentei observando.

- Tem cebolinha, tem alface, tem hortelã, inclusive, o hortelã é ótimo, olha! - ela se agachou, tirou um pedacinho da folha, levantou, e levou até minha boca.

- Nossa, muito gostosinho mesmo, cê arrasou, fia! - ela olhou para mim sorrindo.

- Aiai, amo esse seu jeito de falar. Vem, vamos entrar! - a morena segurou minha mão e me guiou até a porta de entrada.

A casa era ainda mais linda por dentro. A decoração impecável, cada coisinha se encaixava perfeitamente em seu devido local.

Andamos até uma sala onde havia um sofá branco em forma de "U", um tapete bonito e uma mesinha de centro. Era apenas uma sala de estar, já que não havia televisão.

- Pode sentar, Rafinha, fica à vontade!

Nos sentamos no sofá à uma distância considerável uma da outra, para que pudéssemos ficar de lado, uma de frente para a outra.

- Tô muito apaixonada na sua casa. Adoro casa grande assim, pra receber gente, e tal.

- Sua chácara é bem grandona, né?

- Nossa, demais, amo tanto aquele lugar! Sabe quando cê chega e sente paz?

- Sei, me sinto assim aqui, e na casa da minha mãe também.

- É gostosinho demais, né? Estar com a família.

- Eu amo. Às vezes preciso dar uma escapadinha dessa bagunça aqui, aí corro pra lá sem nem avisar. Dona Mônica fica doidinha, mas fica feliz demais a bichinha.

- Imagino. - sorri. - Bia, cê vai se importar se eu tirar esse salto e ficar descalça?

Eu estava realmente incomodada em estar arrumada demais. Queria ficar mais à vontade.

- Eu tava pra perguntar se tu não queria tirar, mas tava com vergonha. Odeio salto demais, duas horinhas calçada e já tô pedindo socorro.

- Fia, eu odiava também, mas agora me acostumei, não me incomoda tanto assim. - Me levantei, caminhei até o lado do tapete e retirei meus saltos.

- Rafa, vou ali pegar um vinhozinho pra gente, tá bom? - ela se levantou.

- Tá ótimo! - voltei a me sentar no sofá.

- Quer mais alguma coisa? Tem uns petiscos, mas tô com uma fominha, então a gente podia jantar daqui a pouquinho já, né?

- Cê que sabe, Bia. O que você decidir, pra mim tá ótimo. - ela revirou os olhos, brincando, e se retirou.

Fiquei analisando o ambiente por alguns segundos. Quando me cansei, peguei meu celular e comecei a rolar o feed do Instagram.

- E aí, qual você gosta? - Bianca tinha em mãos um três garrafas. Uma com vinho rosé, outra com vinho branco e outra com vinho tinto. - Não sabia, então trouxe várias opções.

Ela fez uma carinha extremamente fofa aguardando minha resposta.

- Hum, vamos começar com o rosé, que tal?

- Acho ótimo! O branco combina mais com o jantar e o tinto pode ser depois.

- Fechado então! - a carioca piscou para mim e voltou para a cozinha correndo como uma criança. - Cuidado com as garrafas, sua doida! - gritei rindo dela.

Bianca voltou pouco tempo depois com a garrafa e duas taças em mãos. Colocou tudo na mesinha e nos serviu.

- Um brinde. - ela ergueu a taça dela.

- À que? - questionei, já erguendo um pouco a minha.

- Ao fandom rabia, afinal, eles que nos uniram, né?

- Ao fandom rabia então. - tocamos as taças e, em seguida, tomamos um gole.

Ficamos conversando aleatoriedades por mais um tempinho, até vermos que matamos a primeira garrafa de vinho e decidirmos ser um bom momento para comermos.

A mesa da sala de jantar estava posta. Bianca apenas pegou a comida na cozinha e levou até lá.

- Pode se servir primeiro, Rafinha. Fica à vontade.

- Olha que eu vou ficar mesmo, hein? Como tanto que cê nem imagina.

- Somos duas então! Mas guarda um espacinho pra sobremesa.

Quase engasguei com a saliva com o comentário em tom sugestivo. Me questionei se seria realmente um flerte.

- Sobremesa? - tentei tirar a prova.

- Menina, me arrisquei na confeitaria e arrasei num cheesecake. - usou uma voz diferente para dizer a frase.

- Ansiosa pra provar então. - terminei de me servir e me sentei. Esperei Bianca fazer o mesmo para eu começar a comer. Quando ela terminou de encher nossas taças e se sentou, me preparei para comer.

Era um ravioli de espinafre. O cheiro estava divino, e, ao meu ver, estava extremamente bonito. A morena ficou me olhando ansiosa, esperando que eu experimentasse. Levei um pedaço à boca e fechei os olhos apreciando o gosto.

- Bianca, isso aqui tá perfeito! Parabéns! - levei mais um pouco à minha boca.

- Arraso na cozinha né, Rafinha?

- Nossa fia, Fla que me perdoe, mas vou te contratar pra cozinhar pra mim todo dia. - continuei comendo.

- Amou, então? - ela finalmente experimentou a comida e, assim que colocou na boca, sorriu.

- Amei demais! Que mais cê sabe fazer? - tomei um gole do vinho.

- Miojo com leite Ninho, brigadeiro de leite Ninho, macarrão à bolonhesa, e fiz strogonoff esses dias.

- Hum, amo tudo, mas esse aqui então é uma raridade?

- Esse aqui é uma receita de família muito antiga, sabe? Os Andrade passam de geração em geração.

- Nossa, tô muito honrada então de estar comendo. - levei mais uma porção à boca.

- Tá, você tá comendo isso com tanto gosto, não aguento mais mentir pra você, pedi num restaurante. - Disse com um sorrisinho travesso no rosto.

- Bianca! - fiz uma bolinha com um guardanapo e joguei nela. - Sua safada! Eu realmente acreditei, cê me paga! - a carioca estava gargalhando, provavelmente rindo da minha expressão indignada.

- A sobremesa eu juro de dedinho que fui eu que fiz! - ergueu o mindinho para mim. Juntei o meu ao dela ainda desconfiada.

Bianca encheu novamente nossas taças e terminamos o jantar entre conversas aleatórias e risadas.

- Agoras vamos à sobremesa! Pronta pra comer o melhor cheescake de frutas vermelhas da sua vida?- Bianca perguntou enquanto colocava nas taças doce que havia pegado na cozinha.

- Hummm, tô ansiosa pra ver se ta tudo isso mesmo. Pela propaganda que você ta fazendo, deve estar divino. Mas depois da gracinha da comida não sei se boto muita fé. - provoquei a fazendo revirar os olhos.

- Foi feito com amor, calma e com meus dotes culinários. Prova e seja sincera! - me entregou a minha porção e pegou a própria.

- Nooossa fia, meu Deus, ficou "bão" demais mesmo! - levei mais um pouco à boca.

- Promete?

- Prometo! Foi você mesmo que fez, né?

- Prometi de dedinho, ué, não pode mentir de dedinho de jeito nenhum.

- Concordo, levo muito a sério!

Continuamos comendo ali por mais um tempinho. O clima estava simplesmente perfeito. Tínhamos realmente mais em comum do que achávamos.

- Vou só levar essas coisas pra cozinha e nós vamos pra salinha de cinema, lá tem umas luzes maneiras e a gente coloca umas músicas e continua bebendo por lá. É ate mais confortável.- Bianca propôs, então ajudei ela a desfazer a mesa e fomos para a outra sala.

- Eu estou realmente encantada com sua casa. É tão linda, aconchegante, sei la, é tão... Bianca.- falei e a vi abrir um sorriso.

- Obrigada, eu realmente tentei deixa-la o mais "eu" possível. - pegou o vinho. - Vamos terminar essa garrafa e qualquer coisa podemos tomar outra bebida.

- Esse vinho é muito bom, até que cê tem bom gosto pra isso.

- Eu sou uma grande apreciadora de bebidas alcoólicas em geral, de vinho especialmente.

- Jenyfer é especialista nesse assunto, né?

- Digamos que ela é sim. Coloca aí uma música pra gente.

Bianca me entregou o controle da TV e coloquei Lagum "A gente nunca conversou".

- Eu amo eles e amo essa música. - Ela falou enquanto completava minha taça com o vinho.

- Eles são demais mesmo! Essa aqui tá em uma playlist que nosso fandom fez, elas realmente são caprichosas e tem bom gosto.

- Elas são tudin. E tu mal mima nossas bixinhas, não tá fácil ser mãe solteira, quero a pensão.- Bianca falou dramatizando.

- Você é que gosta de algazarra demais, Bia!

- Mas então quer dizer que tu fica na moita vendo o que elas aprontam, é?

- Minha timeline é cheia de rabiazinhas, quase impossível não estar por dentro do que elas fazem. Mas também gosto de ficar na moita de vez em quando.

- Sem contar que quando elas começam a relembrar coisa do bbb e ressuscitar nossos vídeos é "mas quem briga de mãos dadas?" pra cá, é "a gente sentou na mesma mesa" pra lá. Uma verdadeira algazarra.

- Elas são doidinhas ne? Não deixam passar nada.

A conversa havia fluido perfeitamente bem, falamos mais sobre coisas do nosso fandom, sobre projetos futuros, nossos gostos, viagens, enfim, diversas outras coisas aleatórias.

- Vem, Rafa, a última, juro! - Bia, que parecia estar um pouco mais sóbria, tentava me puxar para dançar mais uma música com ela.

Havíamos colocado no YouTube clipes, vídeos do fitdance, ou apenas funks mesmo, e passamos um bom tempo bebendo e dançando juntas. Desistimos de continuar no vinho, pois estava dando sono, e partimos para o gin.

Bianca preparou um drink com limão, suco de frutas vermelhas e xarope de groselha, havia ficado perfeito. Além disso, nos desafiamos a tomar doses da bebida alcoólica pura, então ficamos bem alegrinhas.

- A última mesmo, tá bom? Tô acabada, fia. - peguei impulso segurando sua mão e me levantei. Sorri ao constatar que estava realmente bem bêbada.

A cara de pau colocou o vídeo do fitdance com a música "Agora é tudo meu". Dançamos juntas e finalmente nos jogamos no sofá, nos rendendo ao cansaço.

- Nossa, tô acabada, fiz o exercício da semana toda. - estávamos sentadas bem à vontade, com os braços se encostando devido à proximidade.

- Tá muito fraquinha, hein? Precisando malhar mais. - ela olhou para mim. Devolvi o olhar. Mas estávamos tão próximas que acabamos batendo as testas. - Porra, Rafaella!

- Foi culpa sua, ai! - levei a mão à testa e esfreguei. Nos olhamos novamente e começarmos a rir.

Os olhos de Bianca eram... penetrantes. Eram lindos e intensos. Parecia que ela conseguia me desvendar apenas com eles.

- Voltando ao assunto, Eu sei que preciso, mas não precisa falar, né? - continuei a conversa após a nossa crise de risos.

- Precisa nada, tava brincando. Você tá em ótima forma, inclusive! - a carioca olhou meu corpo de cima abaixo, mesmo que no escuro.

- Tô nada. - dei uma risada única.

- Vamos jogar um jogo? - continuávamos nos fitando de perto.

- Que jogo, doida? Se for eu nunca, ou algo assim, tô fora, já cansei desses jogos.

- Não, é outro. É assim, eu te pergunto alguma coisa, e você só pode responder com sim ou com outra pergunta a ver com o assunto. Não pode responder com "não".

- Bianca, eu tô bebinha, qual a chance de eu conseguir pensar em alguma coisa legal?

- É fácil menina, vamos tentar! - ela pousou a mão na minha coxa nua, pois o vestido, que já era curto, havia subido ainda mais.

O toque fez uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Seu rosto tão próximo ao meu fez meu coração acelerar. Olhei profundamente em seus olhos, e ela os meus. Alternei para sua boca. Quando ela percebeu que eu a analisava, mordeu o lábio inferior. Suspirei e continuei analisando. Seus lábios eram tão convidativos.

Coloquei a mão em seu pescoço. Era naquele momento ou nunca. Fechei os olhos e acabei com a mínima distância entre nós e colei nossos lábios. Eram ainda mais macios do que me recordava. Quando pedi passagem com a língua, senti Bianca tensionar. A carioca quebrou o contato, se afastou completamente e se sentou direito no sofá.

- Rafa, o que é isso? - ela parecia nervosa, assustada, perdida.

Senti vergonha. Vergonha de mim, da minha atitude, da situação. Segundo fora em menos de um mês. Me questionei o que havia de errado comigo. Não pude evitar que poças de lágrimas se formassem em meus olhos.

- Desculpa, Bianca, desculpa. - coloquei os pés no sofá, de forma que os joelhos ficassem na altura do meu rosto. Coloquei as mãos nos olhos, abaixei o tronco e me permiti chorar.

- Ei, ei, ei, o que foi, Rafinha? - a carioca se aproximou de mim e passou a fazer carinho nas minhas costas. - Desculpa, eu não quis te deixar assim, eu só...

- Não é culpa sua, Bia. - tinha certeza que estava falando embolado por conta do álcool, já que Bianca parecia fazer esforço para entender o que eu dizia.

- O que houve então? -Demorei alguns segundos para cessar meu choro e levantei a cabeça. Bianca colocou a mão em minhas bochechas, secando minhas lágrimas.

- Sabe o tweet que você me respondeu? Do date?

- Sei...

- Foi por causa de um encontro que eu tive. - funguei. - Mas enfim, você não vai querer saber. Cadê meu celular? Vou chamar o uber.

- Não, eu quero saber! Pode falar. Se você quiser, claro. Sou ótima em ouvir desabafos!

- É que sei lá, é algo tão besta.

- Se tá te incomodando e te deixando mal, não é besta, ué. - respirei fundo.

- Eu tava ficando com uma menina... - vi Bianca ficar surpresa por um mísero segundo, mas logo manteve a postura apenas prestando atenção e me mandando prosseguir. - A gente tava conversando bastante por ligação, por Whatsapp e tal. Pessoalmente nos encontramos duas vezes, mas tipo, não rolou nada demais, sabe?

- Sei...

- Aí ela foi jantar lá em casa. E eu sabia que ela queria... esquentar as coisas, entende? - Bianca assentiu. -Então me planejei pra que desse certo naquela noite. E eu achava que tava conseguindo ir bem até, apesar do nervosismo, porque eu nunca fiquei meeesmo com menina antes, né. Só que no meio do trem ela parou, falou que não parecia certo, que não dava pra gente continuar, e foi embora.

- Caralho. Tu gosta dela?

- Ah, era legal nosso lançinho. Eu tava... curtindo.

- Eu conheço essa mulher? - segurei a risada.

- Quem sabe, né? Esse nosso mundinho é tão pequeno. - fugi da pergunta. Bianca pareceu ter dado um "clique" na mente, mas logo disfarçou, então ignorei. - Só que enfim, sei lá, me senti muito mal. Como se eu fosse ruim, ou insuficiente. Como se não fosse boa o suficiente pra ela querer continuar. E, sei lá, por um momento esse sentimento voltou.

- Não, pelo amor de Deus, não! Não quis te fazer sentir assim, nem nada do tipo, de forma alguma! - assenti com a cabeça.

- Foi ruim? O beijo. - olhei para minhas mãos em cima das minhas pernas.

- Um selinho qualquer um sabe dar, Rafinha. - falou sorrindo. - Mas sua boquinha é uma delicinha. - devolvi o sorriso e voltei a olhar para ela.

- A sua também. E obrigada, por ter parado, realmente não ia ser legal acontecer desse jeito.

- Pois é. Mas se tu quiser posso te dar umas aulas de flertes, beijos, sexo, com mulheres. Aí tu me dá umas aulas de culinária. Que tal? Acho uma boa troca - ela perguntou em tom de brincadeira.

- Olha eu topo, já ouvi falarem... muito bem de você nesse aspecto. - ergui o dedo mindinho pra ela. - Vamos selar esse acordo então?

- Combinado. - ela apertou o meu mindinho com o dela.

Caímos na gargalhada juntas por alguns segundos.

- Como somos bestas! - falei deixando o sorriso morrer nos meus lábios.

- Ridículas. - ela também parou de sorrir. - Mas falando sério agora, tudo é questão de experiência, Rafa. Seu nervosismo pode ter te atrapalhado, você ficar muito preocupada em com as reações dela também. É diferente entrar nesse mundinho, eu te entendo totalmente.

- É, sei lá, talvez eu realmente precise de umas aulas. - falei ainda entrando na brincadeira do acordo.

- Então primeira lição: lave a louça do jantar para ela e veja ela ficar de quatro pra você depois. No meu caso, hoje, de quatro sem ser literalmente!

- Bianca, eu realmente não sei nem o que responder. - falei rindo, levando mão até o rosto e cobrindo os olhos, devido à vergonha.

- Segunda lição: saiba responder flertes.

- Chega disso de lição! - me levantei. -Vem, eu te ajudo a arrumar a cozinha.

- Não, eu tava brincando, pode deixar que eu lavo.

- Mas cê que vai lavar mesmo, eu vou só dar apoio moral.

- Nossa, eu tava esperando você insistir.- ela se levantou enquanto revirava os olhos. - Vamos lá!

Terminamos de arrumar tudo. Bianca conseguiu trazer de volta o clima tranquilo. Não alegre como antes, mas bem mais tranquilo.

A carioca insistiu que eu dormisse lá pois já estava muito tarde para pegar um uber, mas preferi me arriscar e ir para casa logo.

- Foi uma noite incrível, Rafa. Deveríamos fazer mais vezes! - ela disse quando estávamos em frente ao portão, nos despedindo, pois o carro havia chegado.

- Foi, sim, Bia! A gente vai se falando, tá bom?

- Tá ótimo! Avisa quando chegar, viu?-assenti com a cabeça e me aproximei. Demos um curto abraço e, Bia segurou minha mão e disse- E Rafa, você é linda e mais que suficiente. Nunca deixe ninguém te fazer pensar o contrário. Qualquer um que te tiver do lado, será uma pessoa de grande sorte.

-Obrigada Bia, por tudo essa noite.- Em seguida, segui em direção ao carro.

•🗼•

E aí, tão gostando?

Beijos, até logo!

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