Uma Nova Oportunidade

By nywphadora

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[Tradução de "Una Nueva Oportunidad"] A segunda guerra bruxa terminou, mas levou muitas vidas, entre elas a d... More

Prólogo
Conversa com Dumbledore, e o primeiro jantar
Começando com a atuação
Entre verdades e lembranças
Rubores à vista e "O que significa isso?"
Um descuido muda um pouco as coisas
Muitas perguntas para nenhuma resposta
Passo a passo
Momentos especiais
Muita paz é pedir muito
Lembranças e mal entendidos
Retrocesso
Verdades
Uma história a contar - parte 1
Uma noite com imprevistos
Ao estilo maroto
Suspeitas e planos
O caminho escolhido
Traições que doem
O peso das palavras
Aproximações
A última horcrux
Isso não é um adeus
Epílogo
Prévia

Uma história a contar - parte 2

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By nywphadora

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a JK Rowling. Esta fanfic é uma tradução autorizada de "Una Nueva Oportunidad" postada em 2014 no Potterfics por leona19.

Uma história a contar - parte 2.

Lily, James e Remus empalideceram ao escutar o que Tonks tinha dito, e Sirius pôs suas mãos no ombro de seu amigo.

— Neville é filho de Frank? — sussurrou Lily.

— Sim, Frank e Alice — confirmou Harry, sem olhar para seus pais, não conseguia ver a dor que sentiam.

— Maldição — James estava abatido.

— A questão é que Dumbledore teve a entrevista, um comensal escutou a conversa e, bom... passou a mensagem a Voldemort, mesmo que não completa, já que só tinha escutado a metade.

Todos estavam em silêncio, escutando a história.

Tonks fez uma pausa, e foi a vez de Harry falar.

— A profecia não dizia qual dos bebês era o "Eleito", já que todos vocês enfrentaram Voldemort três vezes.

— O enfrentamos cara a cara? — Lily ficou perplexa.

— Sim — foi a resposta de Tonks.

— No começo, não se esconderam, continuaram ajudando a Ordem, mas depois de um tempo, Dumbledore sugeriu que se escondessem.

— A segurança de Harry era primordial para vocês, então usaram um feitiço Fidelius.

— Bom, é a forma mais segura de se esconder — disse James com lógica.

— Sempre e quando confiem na pessoa certa — respondeu seu filho.

— O que quer dizer? — perguntou com uma terrível sensação no peito.

— Bom, na Ordem tinha um traidor, e desde antes de Lily ficar grávida, estava passando informações a Voldemort — disse Tonks — A questão é que havia muita desconfiança, e o traidor estava fazendo um bom trabalho — respirou fundo para continuar — separando os marotos.

— Quê? — James estava pálido e aos poucos estava se estressando.

— Por que faria isso? — perguntou Remus.

— Eram tempos difíceis, e não se podia confiar em ninguém. Seus amigos e inimigos eram quase a mesma coisa, já que de um dia para o outro poderiam mudar de lado e te trair. Alguns para salvar suas vidas e famílias, outros para conseguir mais poder — explicou a metamorfomaga.

— O fiel do segredo nos traiu, não é? — Lily tinha os olhos cheios de lágrimas.

Tanto Harry quanto Tonks assentiram, e ela continuou a falar, vendo que Harry não conseguiria.

— Os vendeu a Voldemort — disse em um tom de voz baixo.

Lily começou a chorar. Sabia o que isso significava.

— Ele chegou à sua casa dia 31 de outubro de 1981, e... — mas a voz dela vacilou.

— Nos matou — completou Lily com a voz estremecida.

Ela apenas concordou enquanto apertava a mão de Harry.

— Não! — foi o grito de Remus.

James ficou petrificado e só conseguiu abraçar sua namorada, e Harry uniu-se a eles rapidamente. Ficaram assim por um longo tempo, chorando sua dor, a perda de sua família.

Quando Remus percebeu o que Tonks tinha dito, sentiu uma dor tão grande que era impossível de explicar. Era inclusive pior do que quando foi mordido quase aos cinco anos de idade, pior que não ter esperança de ser alguém saudável, inclusive pior que as horríveis transformações que tinha que sofrer todos os meses.

Gemeu e escondeu a cabeça entre suas mãos, totalmente perdido em sua tristeza, enquanto as lágrimas caíam.

Sirius aproximou-se do amigo, pondo uma mão sobre seu ombro, enquanto ele também chorava silenciosamente.

— Não é verdade, não é verdade — repetia o castanho enquanto seu corpo tremia pelo choro.

Então sentiu braços menores, quentes e reconfortantes emaranharem-se através dos amigos, unindo-os em um abraço mais apertado. Tonks tinha se apressado para confortá-los em sua dor. Sem perceber, Remus apoiou a cabeça no ombro da mulher, deixando que todos os seus sentimentos fluíssem através de suas lágrimas.

Ela sentia-se verdadeiramente mal. Nunca tinha visto Sirius chorar, nem mesmo quando descobriu tudo, e vê-lo daquele jeito não era belo. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, e seu rosto refletia uma dor infinita, quase como se viam seus olhos depois de Azkaban.

E Remus, ela o tinha visto assim quando seu primo morreu, e partia o seu coração. Não tinha nada que pudesse fazer além de deixar que a abraçassem como se ela fosse sua tábua de salvação. Deixá-los chorar e tirar toda a tristeza era o máximo que podia fazer naquele momento.

Harry estava entre o céu e o inferno. Poder abraçar seus pais, coisa que lhe foi negada a vida toda, era realmente incrível, mas nunca pensou que ia ser dessa forma. Seus pais estavam passando por uma situação horrível: saber da sua morte, era um golpe muito duro, e não sabia como reagir.

Deixou que o abraçassem, que soltassem toda a dor e frustração com seu filho, e também fez isso. Deixou-se levar, tirando de dentro de si toda a tristeza acumulada. Os anos de infância terríveis junto com a família de sua tia, cada abuso, cada soco, cada castigo que teve de sua parte.

E então todos os anos de Hogwarts: os deboches de Snape, os olhares inquietantes nos corredores, os sussurros incômodos, os deboches de Malfoy por não ter uma família, as brigas com Voldemort para salvar a pedra, o basilisco, o afastamento de grande parte do colégio ao pensarem que ele era o herdeiro de Slytherin, a luta constante contra os dementadores, a fuga de Pettigrew, o torneio tribruxo, os ciúmes de Rony, a morte de Cedric na sua frente, o retorno de Voldemort, a sabotagem do Ministério para desacreditá-lo, a estupidez de Fudge, os segredos de Dumbledore, a chegada de Umbridge a Hogwarts, suas repetidas acusações, castigos e injustiças, as visões que teve durante aquele ano, a morte de Sirius, o sexto ano, as horcruxes, a morte de Dumbledore, a queda do Ministério, a caça das horcruxes durante o que seria seu sétimo ano, todas as necessidades e dificuldades que teve que passar, a batalha de Hogwarts.

Ver morrer Fred, Snape, Hermione. Encontrar no Salão Principal os corpos de muitos de seus amigos. Luna, Alicia, Seamus, Dean, ver o pálido e imóvel Remus Lupin, seu único laço com seus pais, a última figura paterna que tinha, o último maroto morto. Remus tinha deixado Tonks sozinha com seu filho, um Teddy que ia crescer, como Harry, sem um pai.

E o que arrancou a metade de seu coração, e apagou uma grande parte de sua vida foi ver Ginny ali. Jazida morta, assassinada por uma maldição imperdoável. Tinha ido, como seus pais, Sirius, Remus e o resto de seus amigos.

Tudo isso foi saindo de Harry a medida que abraçava seus progenitores com soluços afogados enquanto seu corpo estremecia.

Depois de um longo tempo, todos pareceram se acalmar um pouco.

Harry separou-se de Lily e James, olhando para seu padrinho. Sirius afastou-se para abraçar seu melhor amigo, deixando Remus e Tonks, que continuavam abraçados sem perceber. Harry chegou até eles, pondo uma mão no ombro do castanho, fazendo com que se sobressaltasse.

Remus soltou Tonks, ao perceber que ainda a segurava. Era tão agradável tê-la por perto. Ela exibiu um sorriso tranquilizador e apertou sua mão suavemente. O lobisomem virou-se e foi surpreendido pelo abraço de Harry.

Sentiu como os braços do moreno o apertavam com força, como se não quisesse que ele se fosse. Parecia um abraço nostálgico, como se não tivesse o abraçado há muito tempo.

— Me desculpe — disse o garoto com a voz abafada, separando-se para olhá-lo.

Ele sorriu levemente, não dando importância.

Tonks passou uma mão pelo cabelo de Harry carinhosamente.

— Vai ficar tudo bem — disse suavemente, e ele apenas assentiu.

Depois que Remus teve a chance de abraçar James e Lily, todos voltaram a se acomodar.

— Agora eu entendo o porquê hesitaram tanto — comentou James.

— Se esse é só o começo, não posso imaginar o que vem — expressou Remus.

Tonks estremeceu involuntariamente. Como ia contar-lhes os doze anos terríveis que Sirius tinha passado completamente sozinho? Como ia falar sobre a morte dele? Como poderia explicar a sua própria morte?

— Nymph? Tudo bem? — perguntou Sirius, ao ver que perdia a cor em seu rosto.

Remus virou-se para olhá-la e sentiu um nó no seu estômago. Vê-la tão triste, insegura, duvidosa, com o medo, a tristeza e a dor que tinha em seus olhos o fazia querer protegê-la de tudo e de todos. Queria abraçá-la, aproximar-se, mas não sabia se ia afastá-lo depois da forma estúpida com que agiu nas últimas semanas.

Mesmo que a metamorfomaga tivesse se aproximado para consolá-lo e confortá-lo, não queria dizer que tinha se esquecido. Deveria falar com ela depois. Não queria continuar assim, e tinha algo em seu olhar que dizia que ela precisava dele, como se ele em seu tempo... Sacudiu a cabeça para afastar esses pensamentos, não podia ser verdade, ele não se atreveria...

— Quero saber o que aconteceu — disse Lily com firmeza.

Harry e Tonks trocaram vários olhares, não tinham como voltar atrás.

— Só pedimos que fiquem calmos, por favor — pediu o moreno — E não ajam impulsiva ou precipitadamente — acrescentou.

— Se Sirius conseguiu se controlar, tenho certeza que vocês também — disse Tonks e ganhou um "Ei!" indignado por parte do animago.

— Aluado é a pessoa mais impulsiva que eu conheço — argumentou Remus, fazendo-o olhá-lo irritado.

— Só diz isso para concordar com a minha priminha — retrucou.

— Cale a boca — respondeu, sem conseguir esconder seu rosto corado.

— Não é adorável, Dora? — Harry provocou, fazendo Tonks desviar o olhar, enquanto seu cabelo mudava para um vermelho brilhante.

Sirius soltou uma risada fraca, assim como James e Lily.

Depois disso, continuaram com a história.

— Quando fizeram o feitiço Fidelius, decidiram que o fiel seria Sirius — começou Harry, mas foi interrompido por Remus.

— Ele não faria isso! Ele nunca trairia Lily e James! — discutiu acaloradamente.

Os olhos de Sirius se encheram de lágrimas ao ver a defesa de seu amigo.

— Eu confio em Sirius, confio nos meus amigos e sei que nenhum deles faria isso — disse James, determinado.

— Sirius não os traiu — Harry o acalmou — Ele os convenceu a mudar de fiel sem dizer a ninguém.

— Em resumo, a culpa foi minha de qualquer forma — o animago disse abatido.

— Não diga isso — Lily o repreendeu — Não tinha como saber que ia escolher justo o traidor.

— Além do mais, tenho certeza de que nunca te culparíamos por isso — garantiu James.

Tonks suspirou triste.

— Teria feito bem ao Sirius do meu tempo escutar isso — resmungou.

— Não foi culpa de ninguém — declarou Harry — O traidor era um amigo, e se supõe que amigos não traiam — afirmou com um tom de voz duro nas palavras.

— Eu? — perguntou Remus com a voz estremecida, e seus olhos refletiam o pânico que sentia no momento.

— Não, Remus. Você nunca nos trairia — disse Lily rapidamente.

Ele a olhou, mas a dúvida e o medo continuavam presentes.

— Remus — Tonks o chamou com suavidade — Também não os traiu.

— Então? — exigiu James desesperado.

— Sinto muito — Harry olhou diretamente para seu pai — Foi Peter — e pela primeira vez desde que chegaram naquele tempo, cuspiu as palavras.

— P-Peter? — sussurrou James abalado.

Remus negava com a cabeça, tentando pensar com clareza.

— Isso, isso é, é impossível — disse depois de alguns momentos — Ele é nosso amigo... Ele...

— Eu sinto muito, mesmo — sussurrou Tonks — Sei que é difícil de acreditar, sei que era seu amigo, mas se uniu aos comensais. Sirius convenceu James para que mudasse de fiel sem dizer a ninguém para que estivessem mais protegidos. Voldemort sabia que eram melhores amigos, e era certeza de que Sirius seria o fiel.

— Se acontecesse de Sirius ser capturado, ele não poderia revelar o segredo, já que não era o fiel — Harry explicou o plano.

Remus se sentia vazio, sua impotência e dor à vista, enquanto milhares de perguntas estalavam em sua cabeça de uma vez.

— Como pôde fazer isso com James e Lily? Como pôde entregar a vida de um bebê inocente?

Os olhos dele brilharam de fúria e dor, e sua voz desprendia uma ira que Tonks só tinha escutado uma vez: quando enfrentou Bellatrix para protegê-la.

Lily estava apoiada no ombro de James e suas lágrimas escorriam livremente.

— Maldição — sussurrou o Potter mais velho, tentando conter a raiva que começava a aflorar — O que fez, Peter? — perguntou derrotado. Seu amigo tinha o traído, seu amigo tinha escolhido destruir sua família acima de sua amizade.

— Eu vou matá-lo — rugiu Remus, levantando-se e fazendo caminho até a porta rapidamente.

— Não! — foi o grito desesperado que Tonks soltou ao levantar-se, indo até ele para impedir sua passagem.

— Me solta! Me solta!

— Remus, por favor, tem que nos escutar — ela pediu, lutando com todas as suas forças para impedi-lo.

— E por que eu deveria? Aquele rato maldito traiu os meus amigos! — alfinetou.

— Aluado, Aluado, por favor, não podemos — pediu Sirius — Ainda não aconteceu, e se tudo sair bem, não vai acontecer.

— Como pode ficar tão calmo? — ele virou-se para olhá-lo, angustiado — Não se importa com James? Lily? Ou Harry?

— É claro que eu me importo! — retrucou irritado — Mas não quero que termine como eu, doze anos trancado em Azkaban! — isso fez com que o castanho parasse com toda a resistência que teve.

— O que disse? — perguntou James, a incredulidade gotejando em suas palavras.

— Inferno sangrento — murmurou Harry.

— Remus, se você se sentar, vamos explicar tudo — disse Tonks, afrouxando o seu aperto — Depois de ouvirem tudo, vão poder decidir o que querem fazer — tentou convencê-lo.

— Me desculpe, eu não devia ter gritado — ele se desculpou quando ela soltou-o.

— Não se preocupe — o acalmou.

Voltaram a se sentar, Remus ocupou um lugar ao lado dela. Próximo dela se sentia mais calmo, seu contato lhe transmitia paz, e isso era o que precisava.

— Por que Sirius foi para Azkaban? — Lily perguntou com a voz tênue, o horror estampado em sua expressão.

Harry suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Na noite em que morreram, quando Sirius percebeu o que Peter fez, foi atrás dele.

— Encontrou Peter em uma rua cheia de trouxas, começaram a discutir. Peter gritou que ele tinha traído Lily e James e então... Então causou uma explosão com a varinha, matou doze trouxas. Se transformou em um rato, fugindo e deixando Sirius na cena do crime — recapitulou Tonks sob o olhar estupefato de James, Lily e Remus.

— Filho da puta! — explodiu Remus.

— Ele fez isso? Que tipo de monstro ele é? — sussurrou Lily, surpreendendo-o a todos quando foi abraçar Sirius.

Soluçou em seu ombro e o animago olhou horrorizado para James, Remus, Tonks e Harry com um evidente "o que eu faço?" marcado no rosto.

— Tá tudo bem, ruiva — sussurrou, tentando apaziguar os ânimos.

— N-não, S-Sirius! O futuro é ho-horrível! — dizia entre soluços.

— Vamos mudar tudo isso — garantiu Harry, levantando-se para acalmar sua mãe, que se atirou em seus braços para assegurar que estava bem.

Assim que Lily se acalmou, decidiram seguir adiante.

— Eu tenho uma pergunta — Remus estava inquieto.

— Diga.

— Me contaram sobre a mudança do fiel?

— Não — disse Harry.

— Então eu pensei que Sirius fosse culpado — acrescentou, preocupado.

— Na verdade, sim.

— Por que não foi Remus o fiel do segredo? — perguntou James.

Tanto Harry quanto Tonks ficaram tensos com a pergunta.

— Bom... Na ordem tinha um traidor... — começou Tonks, vacilante.

Harry suspirou.

— E Sirius suspeitava de Remus — disse rapidamente, com a esperança de que isso não magoasse.

— Quê? Do que está falando? — Sirius estava irritado.

— Aluado, calma.

A voz tranquila de Remus surpreendeu todos, mas Tonks o conhecia bem demais para saber que tinha doído e muito.

— Como assim me acalmar? Como eu pude ser tão idiota? Por que não me contaram isso quando me contaram toda a história?

— Desculpa, mas... não sabíamos como dizer — tentou se justificar Harry.

— Como eu pude? — o animago escondeu o rosto em suas mãos, incapaz de se mover.

— Eu não acho que tenha feito por mal — disse o lobisomem — Quero dizer, eram tempos de guerra, e todos desconfiavam de todos.

— Mas aposto que não desconfiei de Peter — retrucou Sirius sem olhá-lo.

— Verdade — admitiu Harry em voz baixa.

— Olha, tio: quando o assunto da profecia surgiu, e a guerra estava no apogeu, Remus começou a se afastar dos marotos por longos períodos de tempo. Ele estava em uma missão da Ordem, uma missão que ninguém podia saber — explicou.

— Era secreto, ninguém sabia o que estava fazendo. Remus tinha se infiltrado entre os lobisomens, estava tentando recrutá-los para nosso lado.

— Dumbledore enlouqueceu? — foi um James indignado que perguntou.

— Ele não sabia o quão perigoso isso seria? — acrescentou Lily.

— Certamente eu era o único que podia fazer isso — disse Remus calmo.

— Mas te pôs em perigo! — protestou Sirius.

— Acho que eu sabia os riscos que estava enfrentando — ele retrucou sério.

— Todos estivemos em perigo — respondeu Tonks em um sussurro.

— Olha, acho que precisamos contar tudo, mas aos poucos — sugeriu Harry — São muitos anos, muita coisa.

— Certo — concordou Remus.

— Por que não começamos... com aquele dia? — a voz de Lily era um sussurro, mas todos entenderam o que queria dizer.

— Quando Voldemort foi a nossa casa, ele só ia atrás de mim. Vocês me protegeram — disse Harry, tentando manter sua voz firme.

— Tem uma coisa que eu não entendo — pensou James — Se Voldemort nos matou, por que não fez o mesmo contigo?

Lily estremeceu visivelmente, e James apressou-se em passar uma mão por seus ombros para acalmá-la.

— Ele fez — respondeu Harry —, mas não funcionou.

— Quê? — todos perguntaram.

— Foi por sua causa — indicou Lily, que o olhava com os olhos arregalados — Quando perceberam que Voldemort estava em casa, James tentou nos proteger. Queria que fugisse, mas só conseguiu me levar para o quarto. Voldemort o m-matou, e então foi atrás de você. Foi o meu escudo, se sacrificou por mim, essa foi minha proteção. Esse filho da puta os matou, mas quando me lançou a maldição assassina, o feitiço ricocheteou. Isso — apontou para a sua cicatriz na testa — é o vestígio da maldição.

Tanto James quanto Lily o olhavam paralisados.

— Não acredito — sussurrou Remus, olhando-o mortalmente pálido.

— Então ele morreu? — Lily tinha esperança.

— Não, não morreu — e Tonks deixou bem clara sua frustração com isso.

— Mas... Disse que ricocheteou? — perguntou James, confuso.

— Ele tinha tomado precauções para não morrer — respondeu Harry.

— Do que está falando? — o medo de Lily aumentou.

— Voldemort criou horcruxes, por isso não pode morrer — explicou Sirius.

— Horcruxes são objetos onde um bruxo das trevas esconde parte de sua alma. Para poder fazer uma horcrux, o bruxo precisa matar por prazer — foi a resposta de Tonks para a pergunta muda de James, Lily e Remus.

— Não posso acreditar — exclamou James quando ela parou de falar — Quantas?

— Sete — foi a vez de Harry.

— Filho da puta! — rosnou Remus.

— É por isso que estão aqui? — Lily os olhava com os olhos arregalados.

— Sim — Harry olhou para sua mãe — Quando a guerra terminou, foi uma felicidade cheia de dor e tristeza. Perdemos muito e não tinha muito pelo que viver.

Tonks continuou, ao ver como os olhos dele se enchiam de lágrimas mais uma vez.

— Mas uma manhã, seis meses depois de tudo ter acabado, chegou um vira tempo com uma carta de Remus, onde explicava o que queria que fizéssemos.

— E decidimos nos arriscar — concluiu Harry, enxugando o rosto.

— É muito corajoso da sua parte — disse Lily.

— Só queremos ser felizes com quem amamos, e nada disso seria possível se não fosse por Remus, Hermione e Dumbledore — respondeu Tonks com um leve sorriso.

— Acho que foram muitas emoções por hoje e já está tarde. É melhor irmos dormir — sugeriu Sirius, e todos concordaram.

— E, garotos, por mais que queiram, mantenham a calma. Agora não podem fazer nada contra Peter, isso não aconteceu ainda — ela pediu.

— Como conseguem? — perguntou Remus, o desespero presente em seus olhos.

— Porque pensamos no futuro, e em tudo o que poderia acontecer se alguém que não deveria descobrir que estamos nesse tempo — respondeu Harry.

— Prometemos tomar cuidado. Não é? — disse Lily, olhando significativamente para James, Sirius e Remus, que assentiram.

— Ótimo. Amanhã continuamos — sugeriu Harry, enquanto se levantava, espreguiçando-se e bocejando abertamente.

Todos se levantaram e a voz de Remus fez eco na sala.

— Sirius, Tonks, podem me dar um momento?

Ambos assentiram, e então depois que Harry apertou o ombro da metamorfomaga com carinho, saiu da sala rumo à Torre Gryffindor junto com seus pais.

Tudo ficou em um tenso silêncio, e Remus estava olhando seus sapatos, procurando pelas palavras certas.

— O que foi, Aluado? — perguntou Sirius, batendo o pé no chão impaciente.

— Eu... Eu só... Queria me desculpar — murmurou — Me comportei como um idiota naquele dia, não deixei que se explicassem, e disse coisas horríveis... — estava constrangido.

— Relaxa, águas passadas — respondeu Sirius, dando um tapinha em suas costas — Agora se me dão licença, vou para a cama — e dito isso, saiu como um foguete, deixando Remus e Tonks a sós.

O silêncio outra vez.

Tonks brincava com suas mãos, e finalmente animou-se a falar sem levantar o olhar. Não tinha planejado ficar a sós com ele, não dessa forma. Ia matar Sirius Black quando tivesse a chance.

— Não precisa se desculpar, Remus — disse suavemente — Talvez teria agido do mesmo jeito — acrescentou ao ver que não tinha convencido.

— Duvido — retrucou — Teria sido mais sensata.

— Como sabe disso? — por mais que tentasse procurar seu olhar, Tonks continuava olhando para suas mãos, incapaz de levantar a vista. Sabia que ele estava olhando-a, e não queria olhar para aqueles olhos verdes, não se sentia preparada para esse olhar tão intenso, tão Remus.

— Porque eu te conheço — garantiu com firmeza, procurando seus olhos mais uma vez — Aprendi muito sobre você. Sei que quando olha para Harry vê um irmão mais novo que quer proteger do mundo, sei que o cabelo está rosa chiclete quando está em seu melhor estado de ânimo, que fica em um vermelho vibrante quando está irritada, e cinza predomina quando está triste, que mexe o pé descontroladamente quando está nervosa... E que seu cabelo muda de cor quando tem diferentes emoções ao mesmo tempo.

Tonks ficou de boca aberta, impressionada, e levantou o olhar por uma fração de segundos, mas desviou antes que Remus pudesse observá-los.

— É verdade — sussurrou, sorrindo levemente — Grande parte disso.

— Tem coisas que eu percebo fácil — confessou — Como, em nome de Merlin, chegou a se apaixonar por mim?

Tonks voltou a sorrir, mesmo que por apenas algum tempo.

— Você se subestima demais, Remus — retrucou — Aposto que pensou que chegaria à velhice com nada além de um gato como companhia.

Remus riu e concordou.

— Está errado — retrucou — Quando nos conhecemos, éramos só companheiros da Ordem. Era amigo do meu primo, e só falávamos quando estritamente necessário. Mas uma noite tomamos firewhiskey e começamos a nos conhecer melhor. Era um grande mistério para mim, bem arredio, não se abria comigo. Talvez a minha falta de jeito teve algo a ver com nos aproximarmos.

— Como assim? — o castanho ficou curioso, sentando-se.

Tonks sentou-se na outra poltrona, próxima dele.

— Digamos que eu não tenho o melhor equilíbrio — admitiu.

— Acredito — respondeu divertido.

— E muitas vezes estava ali, a tempo de me segurar antes que caísse e me machucasse.

— Como um príncipe salvador, então.

— Algo assim — disse com algo de nostalgia.

Quando ele considerou que a conversa tinha terminado, levantou-se e aproximou-se da metamorfomaga antes que ela percebesse.

Remus estendeu a mão até o seu rosto e pôs um dedo embaixo de seu queixo gentilmente.

— Olhe para mim — pediu — Por favor, olhe para mim.

Com um suspiro derrotado, Tonks levantou seus olhos.

Quando o olhou fixamente, Remus ficou sem ar por um momento.

A realização o atingiu como a mais poderosa das maldições, foi como se nada mais no mundo pudesse ser real. Só os olhos de Tonks, só aqueles olhos cinzentos olhando-o com o mais puro amor que se podia ver na terra.

E então o soube, e percebeu que sempre tinha sabido de uma forma ou de outra. Não tinha nenhuma dúvida a respeito. Remus Lupin estava perdidamente e loucamente apaixonado por Nymphadora Tonks. Esse pensamento fez com que uma corrente elétrica percorresse seu corpo, da cabeça aos pés, e que os cantos de seus lábios se curvassem em um sorriso.

— Agora eu sei — sussurrou, esticando a mão para pôr uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha.

Aproximou-se um pouco mais dela, seus olhos ainda conectados.

— O que sabe? — balbuciou Tonks, incapaz de desviar o olhar, consciente da proximidade que tinham no momento.

— Agora eu entendo a magnitude das coisas, entendo seu olhar, e sei que é real.

— Eu não entendi.

— É muito transparente, Dora — ele sussurrou, e ela estremeceu ao escutar o seu nome vindo de sua boca — Posso ver através de seus olhos, posso sentir o que sente, e sei o que sinto — afirmou, aproximando-se mais.

— E o que é?

A voz dela era apenas audível, já que estava perdida nos olhos deles, absorta na proximidade. Podia sentir o seu perfume, a mistura de pergaminho com chocolate, sentir sua respiração lenta, e ver o brilho no seu olhar.

— Quando eu descobri que tínhamos um filho, pensei que era uma brincadeira. Não pensei... Pensei que ninguém ia se apaixonar de mim algum dia — tentou explicar diante da careta dela — Foi uma surpresa saber quem você era... Por Merlin, você tem quatro anos! Mas saber de você, saber que no futuro vamos estar... ou estivemos juntos... Isso me gera sentimentos encontrados — confessou.

— E isso é ruim? — perguntou Tonks com medo.

— Na verdade não. Só acho que deve ter sido estranho e um pouco difícil de raciocinar. Quero dizer, temos treze anos de diferença e suponho que a minha situação econômica não deve ter sido da melhor... E não podemos esquecer que sou um lobisomem.

— Ah, já entendi.

Ela ajeitou-se para poder olhá-lo de frente.

— Essas foram as razões para tentar se afastar de mim. Usou muitas vezes essas desculpas. "Sou muito velho, sou muito pobre, e muito perigoso" — repetiu com a voz monótona, sinal claro de que tinha escutado muito aquilo — Durante um ano inteiro manteve distância considerável de mim com essas razões no meio. Não queria dar a chance de ficar comigo, mesmo admitindo que queria.

— Fiz isso?

— Ah sim. E doeu, porque eu te amava... E não era fácil. Dizia que não queria que eu fosse uma pária, e que minha vida ao seu lado seria um inferno e uma condenação.

— Nisso eu tinha razão — declarou Remus.

— Não, Remus. Era o que menos me importava. Estávamos no meio de uma guerra, não sabíamos se íamos sobreviver ao dia seguinte e não era fácil. Eu só queria estar com você, merecíamos ser felizes.

— Me desculpe, me desculpe se te magoei.

— Isso não importa. Teve um momento em que a guerra nos atingiu com a morte de alguém muito querido, e foi quando percebeu que as coisas estavam erradas, de que não estava agindo certo. Foi para a minha casa uma noite, e chegamos a um acordo. A guerra avançava muito rápido e decidimos nos casar.

— Decidimos? — perguntou com a voz abafada.

— Sim. E nasceu Teddy.

— Isso soa incrível — admitiu Remus.

Tonks sorriu levemente. Sabia que não tinha contado a história toda, e não queria falar sobre sua morte, nem sobre os detalhes. Não podia sozinha.

Remus se moveu de seu lugar, aproximando-se dela.

— Quer saber o que descobri? — murmurou, seu rosto próximo demais.

Ela assentiu, incapaz de responder.

— Descobri que sinto o mesmo do meu eu do futuro — apoiou uma mão em seu ombro — E descobri que não é Amy Watson que beijei em Hogsmeade, e sim Nymphadora Tonks.

Ela arregalou os olhos e abriu a boca para falar algo, mas Remus continuou:

— É de Nymphadora Tonks que eu gosto, porque apesar de dizer se chamar Amy Watson, sei que meus sentimentos não mudam por saber quem é.

— Remus, eu... — mas as palavras dela foram interrompidas pelos lábios dele.

Instintivamente, Tonks levantou uma mão, pondo-a sobre a bochecha do castanho, a medida que Remus segurava sua cintura com uma de suas mãos, enquanto que a outra ia se enredando aos poucos em seu cabelo.

Moveram seus lábios ao mesmo tempo, em um beijo carregado de ternura e paixão que os deslocou por completo.

Não era nada que tivessem compartilhado antes.

Suas línguas lutaram pelo domínio, o beijo foi aumentando em força e intensidade à medida que passavam os minutos, e nenhum deles queria se separar.

Com um gemido entrecortado, Tonks afastou-se pela falta de ar, embora Remus não a deixou se separar tanto, abraçando-a contra si.

— Isso foi... — ela começou em um sussurro, respirando com dificuldade.

— O melhor beijo da minha vida — concluiu Remus, movendo seus lábios até os dela de novo.

Esse beijo foi mais lente, doce, disposto com a suavidade suficiente para derreter qualquer um, mas ao mesmo tempo com paixão suficiente para acender o amor mais profundo.

Os quentes lábios de Remus eram tão iguais aos que Tonks tinha provado em seu tempo, que não notou diferença alguma. Continuavam tendo essa intensidade e ternura perfeita. Os lábios de Tonks eram suaves e doces, ternos e apaixonados, e Remus podia sentir a imperiosa necessidade de querer beijá-los sempre.

Mais uma vez tiveram que se afastar, e dessa vez Remus apoiou a sua testa contra a dela.

— Acho que estou perdoado — murmurou, olhando-a fixamente.

Ela soltou uma risada.

— Eu já tinha dito isso — respondeu, sua mão acariciando seu cabelo.

— Obrigado — disse honestamente, o desenho de um sorriso em seu rosto.

— Não tem o que agradecer.

— Tem sim. Obrigado por me dar esperança, por me aceitar como sou, por me esperar apesar dos meus medos e recusas, mas principalmente obrigado por me tornar pai.

Tonks sentiu como as lágrimas se acumulavam em seus olhos e ficou completamente sem palavras.

A sinceridade de Remus ao dizer tudo isso, o amor que via em seu olhar a fez tocar seus sentimentos mais profundamente do que nunca. Dessa vez foi ela quem o beijou com firmeza, e enquanto se entregava ao beijo, pôde sentir suas lágrimas os molhando, embora não se importou com isso.

Sentiu-se segura enquanto os braços fortes de Remus a rodeavam com força, aproximando-a ainda mais dele.

Sentia-se aliviada de que não tivesse mais segredos entre eles, de que tudo estivesse bem.

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