Stupid Wife (RABIA)

By ataradahh

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Você já se imaginou casada com alguém que você nunca suportou na vida? Rafaella Kalimann também nunca havia... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40

Capítulo 32

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By ataradahh

Vamos começar nossa maratona?! 6 caps ao longo desses dois dias para dar um up para nosso final de fic 🙁

Hoje vamos ter uma surpresinha ao longo do cap que só tivemos poucas vezes aqui! Então aproveitem. <3 

Aaah! E sim, vocês descobriram meu segredo (nem tão segredo assim) Eu sou Botafogo e Bahia sim! Podem me julgar, só time que faz passar raiva, eu aceito calada.

--

O vento gelado bate em meu corpo, alguns fios soltos de meus cabelos voam em frente ao meu rosto, fazendo-me sentir algumas cócegas em minha pele. O silêncio que paira por ali apenas me fazer pensar mais e mais sobre tudo. Pensar que a quase três meses atrás eu ainda não suportava Bianca, pensava estar presa em um universo paralelo e que a qualquer momento eu iria voltar para a minha casa, a verdadeira casa. Tinha certeza que era uma adolescente terminando o colégio, que todo aquele pesadelo era apenas um sonho ruim.

Como a Rafaella do passado poderia imaginar que treze anos depois de repudiar a idéia de casar com Bianca Andrade se tornaria algo real no futuro? Nunca. Se eu pudesse voltar e dizer isso para ela pessoalmente, provavelmente veria um suicídio de mim mesma.

Passei anos da minha vida odiando e repudiando a presença constante de Bianca, no início meu ódio era apenas por ela ter sido uma idiota. Mas depois ela começou a se mostrar ainda mais idiota do que era, e isso fez um ódio começar a nascer dentro de mim. Eu simplesmente não podia ouvir falar dela, ou o nome dela. A presença dela no mesmo lugar que eu me fazia ter crises asmáticas. Tudo em Bianca me fazia não gostar dela, era como se eu fosse alérgica a ela. Tecnicamente eu era mesmo.

E então eu me pergunto... Como viemos parar aqui? Sei que ela já me contou sobre nosso primeiro beijo, mas não me contou o motivo que eu quis me afastar dela depois disso, além do medo que eu devo ter sentido, é óbvio. Porque bem... Ela era como minha inimiga, e eu não a suportava. Bem lógico eu ter ficado apavorada após beijar ela, certo? E segundo ela, foi eu quem tomou a atitude para que o beijo rolasse.

Talvez eu só quisesse fazê-la calar a boca.

Ou talvez a Rafaella do passado quisesse descobrir porque as garotas se apaixonavam por Bianca.

Pode ter sido curiosidade.

Ou talvez, mas só talvez um pouco de atração.

— Não está com frio?

Ouço uma voz atrás de mim, olho para o lado a tempo de ver Bianca passar pela porta de vidro, duas canecas em suas mãos. Sei que é algo quente, pois é possível ver a fumaça sair pelo topo de ambos os copos. Sorrio para ela, ajeito-me no banco e dou espaço para que ela possa sentar ao meu lado.

— Na verdade não.

— Aqui, café com creme, do jeito que você gosta. – Me estende a caneca branca com desenhos de patinhos. Bianca passa um braço por cima dos meus ombros e me puxa para perto dela, inclino a cabeça para trás e me apoio em seu ombro. — O que tanto pensa? Parecia bastante concentrada quando eu cheguei aqui.

Levo a caneca até os lábios e sorvo um pouco do café, soltando um suspiro de satisfação pelo gosto maravilhoso da cafeína mesclando com o gosto doce do creme de baunilha. Bianca sabe tudo do jeito que eu gosto, por isso é a esposa perfeita.

— Estava tentando me lembrar dos nossos tempos de escola. Queria entender um pouco mais sobre nós duas. – Bebo um grande gole do café, sinto os dedos dela acariciarem meu ombro esquerdo. — Minha mente parece ter uma grande bolha de nada, eu só consigo me lembrar claramente de algumas coisas. Porém, nada importante.

— Me pergunte, talvez eu consiga te fazer lembrar.

Um sorriso nasce em meus lábios, é isso. Essa mulher é um gênio. Viro-me de lado e coloco minhas pernas sobre as dela, Bianca apoia a mão em minha lombar para me dar equilíbrio. Seguro a caneca com as duas mãos e olho para ela, penso no que devo perguntar primeiro.

— Depois do nosso primeiro beijo.

— Que você me atacou e saiu correndo.

— Sim. – Sorrio sem jeito, ela bebe um gole do café dela. — Você disse que eu comecei a evitar você, certo? Mas por quê? Foi somente por causa do beijo?

— Bem, sim? – Sua testa franze em confusão. — Quero dizer, você não podia me ver que parecia estar correndo do diabo com medo dele te possuir.

Você era como o diabo.

— Nossa.

— Pois é, era exatamente dessa forma. Eu me lembro do dia que a Manu ameaçou cortar seu cabelo e você veio falar comigo. – Ela olha para frente, mais precisamente para o céu. Seu olhar se torna nostálgico. — Você comentou sobre ter ouvido alguma coisa, um desafio. Não me lembro direito, alguma coisa assim. Acho que era uma aposta, sim! Sim! Era isso.

— Uma aposta?

Pergunto mais para mim mesma. Fecho os olhos e respiro fundo, faço aquela palavra ecoar na minha mente. Tento me lembrar do que ela está falando, mas tudo que consigo enxergar é um grande borrão de nada. É frustrante, sabe? Você querer lembrar-se do seu passado e não conseguir pelo simples fato de que seu cérebro não quer cooperar com você.

— Lua? Tudo bem? – Ouço a voz de Bianca bem ao longe, sinto meu corpo um pouco leve. É uma sensação tipo aquela que você sente quando está quase bêbada, ou então quando fuma maconha. É como flutuar sem sair do chão. — Amor? Fala comigo pelo amor de Deus.

Sinto uma pressão em meus ombros, tento abri-los para olhar minha esposa e pedir por ajuda. Mas tudo que sinto é a escuridão tomando conta de tudo, e então simplesmente não me lembro de nada mais.

Corro pelos corredores desesperada. Minha mente é uma eterna confusão, tento achar algum lugar para me esconder. Ela não pode me encontrar, por que ela fica me perseguindo? Tudo bem que ela já fazia isso antes, mas parece que agora é muito mais do que antes. Chega a ser assustador.

Olho para os lados, algumas pessoas passam pelo corredor, nem parecem me notar aqui. Menos mal, não quero ter que ficar me explicando para ninguém. Devo estar com a aparência de uma louca que está fugindo de alguém mais louca ainda. Para onde ir agora?

O banheiro, sim!

Corro pelos corredores, adentro o banheiro feminino e vou até a última cabine. Meu coração bate tão acelerado que ouço as batidas dele em meus ouvidos. Okay, Rafaella. Respiro fundo algumas vezes para me acalmar e conseguir pensar com clareza. Daqui a pouco o sinal bate, posso esperar todos irem embora para ir também. Onde está Dinah quando preciso daquela idiota?

— Okay, Boca Rosa agora nos conte. O que você fez com a Kalimann?

— Eu já disse, nada.

Oh não. Isso só pode ser algum castigo. Eu corri a escola toda dela e ela me aparece justamente aqui?

— Vamos fingir que acreditamos.

E não somente ela como todo o bando de estúpidas.

— Vocês podem não acreditar, mas eu realmente não fiz nada com ela. Não entendo porque ela fica correndo de mim.

Bianca parece frustrada, mas que se dane. O que aconteceu no vestiário foi um erro que eu jamais cometerei nessa vida outra vez.

— Claro, porque ela é uma doida que não consegue ficar perto de você. Oh, espera... Isso é verdade.

Eu já disse que odeio essas vadias?

— Olha dentro dos meus olhos e me responde; Bianca: Vocês transaram? Você comeu a garota ela não gostou e agora está te evitando?

Tudo ficou em silêncio, era possível ouvir somente as respirações delas. Se Bianca disser que sim, eu saio dessa cabine e arrasto a cara dela no chão.

— Eu vou dizer bem devagar, eu não fiz nada disso com ela. Nós só nos beijamos.

— Se beijaram? Você beija tão mal assim, Andrade?

As três idiotas começaram a rir.

— Você sabe muito bem que eu não beijo mal, Dona Venturotti.

— É eu sei.

Que nojo. Sério que vou ter que ficar ouvindo sobre as aventuras dela com essas vadias?

— Eu aposto cinquenta reais que até a semana que vem você consegue foder a missionaria Kalimann.

Como é que é?

— Eu dobro a aposta.

— Vocês duas não prestam.

— E então, Bianca? Vai amarelar? Achei que você não fosse uma frouxa.

— Nunca, ouviu bem? Nunca mais me chame de frouxa na sua vida.

— Essa sim é minha garota.

Ouço o som da porta sendo aberta e as vozes dela somem. Estou incrédula, então é isso? Ela vai tentar algo comigo por causa de uma maldita aposta?

Eu sempre soube que não deveria ter me deixado envolver por essa imbecil.

-

Abro os olhos assustada, estou ofegante. Coloco a mão sobre meu pescoço, sinto minha garganta seca. Que porra foi essa?

— Meu Deus, amor. – Olho para o lado, deparando-me com uma Bianca completamente vermelha e com o olhar desesperado. — Estava quase te levando ao hospital. Está tudo bem?

— Eu... Não sei.

Pego o copo de água que ela me estende, o liquido gelado escorre por minha garganta, aos poucos saciando minha sede. Minha mente está um pouco confusa, tenho certeza que tive uma lembrança. E preferia mil vezes esquecê-la.

— Eu fiquei desesperada. – Solta uma risada nervosa. Termino de beber minha água e entrego o copo a ela. — Nós estávamos conversando e você de repente apagou do nada.

— Você apostou com as suas amigas que iria conseguir me levar para a cama?

Bianca abre e fecha a boca algumas vezes, sua testa franzida e o olhar perdido. Confusa. Mantenho meu olhar sério. Tenho certeza que aquele tinha sido o motivo para o qual eu a evitei mais do que evitava antes.

Eu não posso acreditar que ela era dessa forma. Quero dizer, ela parecia ser. Mas agora que a conheço, não consigo vê-la como cafajeste.

— Não.

— Não? Engraçado, eu acabei de me lembrar de uma conversa sua com a Bia Venturotti e a Andreza, lembra?

— Oh... – Senta na cama, o lábio inferior preso entre seus dentes. Estudo todas as suas reações, e não gosto nada do jeito dela no momento. — Eu me lembro disso.

— Eu achei que você gostasse de mim naquela época.

— E eu gostava, por Deus, eu juro. – Passa uma mão por seus cabelos, jogando-os para trás. — Eu não concordei com a aposta.

— Mas também não negou.

— Mas eu não disse que faria aquilo, além do mais eu dei o seu espaço. Eu queria uma chance com você, não forcei nada.

— Só que você não disse que não faria, suas amigas riram e zombaram de mim, como se eu fosse qualquer uma e você não fez nada.

— Espera. Você está brigando comigo por uma coisa idiota que aconteceu há quatorze anos? Sério?

Ela parece incrédula, mas a única pessoa que pode estar assim sou eu. Eu me sinto como se tivesse voltado no tempo, devo ter me sentido suja por ter beijado ela. Da mesma forma que estou me sentindo agora.

— Como você pôde não defender a honra de uma garota que você "gostava"?

— Espera aí, pode tirando essas aspas e parando com essa ironia. Eu errei sim em não ter defendido você quando elas falaram aquilo, mas eu te respeitei de todas formas possíveis. E defendi você em outras ocasiões, okay? Nunca deixei ninguém faltar com o respeito com você, mesmo quando você me ignorava.

Olho desconfiada para ela, mas, vejo a verdade em seu olhar. É obvio que Bianca não era canalha, como pude pensar isso dela? E ela tem razão, aconteceu há quatorze anos, eu não deveria me sentir tão abalada. Mas tente se pôr no meu lugar, eu não conheço a vida que tive. Claro que me sinto desapontada e triste por ela não ter me defendido no passado.

— Eu juro pela minha vida que nunca faltei com o respeito em relação a você, e espero que se lembre disso. Sempre soube os seus limites e nunca forcei nada, e acredite. Foi difícil ficar quase dois anos sem nada mais que mãos bobas.

— Quase dois anos?

— Sim. Eu demorei um ano para ganhar sua confiança e conseguir você para mim, depois tivemos mais um ano de relacionamento até finalmente termos nossa primeira vez.

— Eu quero tanto me lembrar da primeira vez que senti você.

Confesso um pouco tímida. Será que algum dia eu perderei essa timidez com ela? Talvez eu só precise me acostumar.

— Você vai se lembrar, Lua. – Senta ao meu lado e entrelaça nossas mãos. — Tenho que dizer, foi incrível. E valeu muito a pena ter ficado dois anos esperando acontecer.

Puxo-a para mais perto, Bianca separa minhas pernas e se coloca sobre mim. Abraço seu pescoço, os dedos afagando seus cabelos. Ela me olha diretamente nos olhos antes de se abaixar e tomar meus lábios com os seus. Abro um pouco a boca para encaixar com a dela, logo damos início a um beijo lento, sensual. Suas mãos tocam minha cintura, ela as coloca por debaixo de minha blusa. Os dedos gelados em contato com minha pele quente me faz sentir um arrepio gostoso. Bianca prende meu lábio inferior entre seus dentes e o suga, esse ato faz eu sentir uma pontada direto na boceta.

A boca dessa mulher é um pecado.

— Mamãe?

Separamos nossas bocas ao ouvir a voz de nosso filho seguida de batidas leves na porta. Sorrio para ela, que tem um pequeno bico em seus lábios. A beijo uma última vez e jogo-a para o lado.

— Pode entrar filho.

A porta é aberta, por ela um Gabriel sonolento vestindo um pijama de bichinhos passa. Mesmo visivelmente frustrada, Bianca levanta da cama e pega o pequeno no colo, o gira para logo depois jogá-lo na cama. Ele ri e pede por mais, acabo rindo das brincadeiras dos dois.

O passado não é tão importante, gosto desse meu futuro. Estou mais do que satisfeita com ele.

Bianca Andrade-Kalimann Point Of View

Dou um beijo na testa do meu filho, que já dorme profundamente agarrado em seu leão de pelúcia. Apago as luzes do quarto, deixo apenas uma pequena luz ligada na tomada perto da porta. Ele odeia acordar no escuro, e caso ele acorde de madrugada não quero que ele acorde assustado. Olho uma última vez para o pequeno anjo dormindo.

Fecho a porta devagar, estico bem os braços e ouço os ossos da minha coluna estalando. Não foi nada confortável ficar minutos na mesma posição com uma criança pesada no colo, mas vale á pena. Adentro meu quarto e vejo Rafaella distraída comendo uma maçã e lendo um livro, sorrio para a imagem fofa dela entretida na leitura. O biquinho em seus lábios e a testa franzida, o modo como ela resmunga consigo mesma. Deuses! Ela é perfeita, e eu sou estupidamente apaixonada por ela. Completamente, por cada detalhe.

Desde a primeira vez que a vi naquele corredor da British School, toda cheirosa, parecia uma daquelas garotas estudiosas, mas não usava óculos enormes. Quando ela começou a gritar comigo por ter derrubado os livros dela, eu só conseguia pensar em como eu gostaria de beijar os lábios dela. Tão carnudos e atrativos, eu pensei que deveria ser uma delicia chupar eles e pegar naquele cabelo dela. Por tanto tempo eu desejei poder ter aquilo, que quando tive a primeira vez nem consegui aproveitar. Mas graças ao destino, aqui estamos nós duas. Ela é minha esposa agora, mãe do meu filho. E a mulher da minha vida.

— Vê se não deixa calcinha pendurada no banheiro, ou eu vou começar a tacar elas lá no quintal.

É impossível não rir dessa fala dela. Rafaella tem falado para eu não fazer isso á semanas, mas me dá preguiça de pendurar as calcinhas. Às vezes faço para irritar ela, confesso(...)

Após terminar meu banho, saio do banheiro enrolada na toalha. Rafaella continua lendo aquele livro, a maçã já acabou. Parece bastante entretida na leitura, mas eu quero que ela preste atenção em mim. Só preciso de uma idéia.

Já sei!

Volto para o banheiro e pego um frasco de hidratante. Lembro bem que ela adorava esse em especial, um que comprei de uma moça que foi na BRB uma vez. É de morango, bastante cheiroso. Mantive contato com ela apenas para conseguir mais dele. E claro, queria agradar minha esposa.

Rafaella continua distraída com seu livro, sorrio maliciosa enquanto caminho em direção a cama. Me sento na beirada da mesma, de costas para ela. Coloco um pé apoiado no colchão e coloco um pouco do creme em minha mão, esfrego uma na outra e depois passo em minha pele. O aroma adocicado de morango começa a tomar conta do ambiente, é realmente cheiroso. Aliso devagar meu tornozelo, passo para os pés, depois subo e vou até a coxa.

— Que cheiro gostoso. – Ouço-a comentar e inspirar com força em seguida, seguro meu sorriso de satisfação e continuo passando o creme. — O que é? Frutas vermelhas?

— Morango. - Mantenho a voz no tom normal, coloco mais creme em minha mão e repito o mesmo processo na minha outra perna. — Pode passar nas minhas costas?

Olho por cima do ombro e balanço o frasco de creme, Rafaella demora alguns segundos para responder, parece hipnotizada com algo. Sorrio de lado, ela fecha o livro e o coloca sobre a mesa de cabeceira. Solto um pouco a toalha e deixo-a deslizar pelo meu corpo até parar em meu quadril. O colchão se movimenta atrás de mim, Rafaella pega o frasco da minha mão e senta atrás de mim.

— Quer uma massagem também?

Meus pelos se arrepiam um pouco com a voz dela soando baixa em minha orelha. Fecho os olhos e respiro fundo, maldita! Ela não pode simplesmente virar o jogo, e o pior, sem perceber. Apenas aceno com a cabeça. Segundos depois sinto o contato de suas mãos quentes cobertas pelo creme gelado em minha pele, suspiro. Impossível não gemer quando ela começa a apertar meus ombros e girar os polegares, tocando os pontos certos. Rafaella sempre foi ótima com as mãos e os dedos, eu bem sei disso.

— Ah, aperta mais aí, amor. Isso, bem aí.

Ela faz um pouco mais de pressão no local onde pedi, estou perdida em meio aqueles toques tão experientes. Quem diria, huh? Eu comecei querendo provocar ela e agora ela quem me tem na mão. Irônico, não?

Rafaella coloca um pouco mais de creme em suas mãos e volta a massagear meus ombros, aos poucos vai descendo. Eu apenas suspiro e guio-a para os locais onde mais preciso daquelas mãos. Rafaella atende a todos meus pedidos, e supera minhas expectativas. Como sempre, devo dizer.

— Se sente mais relaxada?

— Muito mais.

E fodidamente molhada também.

Rafaella termina a massagem e depois deposita um delicado beijo em minha nuca. Derreto-me com isso, mesmo quando estamos em um momento tão sexual quanto esse, ainda assim eu consigo me apaixonar mais por essa mulher. Também, como eu não poderia? Ela é incrível. Muito mais do que eu esperava ter na minha vida, e mais do que eu sempre achei merecer.

Ela se afasta de mim dando espaço para eu me levantar. Mas eu ainda a quero. Portanto, apenas termino de tirar minha toalha e me deito na cama. Enfio-me debaixo das cobertas, solto meus cabelos e deito de costas para Rafaella. Mas então resolvo virar de frente para ela, aquelas esmeraldas me fitavam com aquele brilho tão conhecido por mim. Bom, não fui a única que ficou excitada.

— Boa noite, amor.

Sorrio de forma doce para ela, Rafaella pisca algumas vezes. Seguro a risada, pareço ter deixado ela bem surpresa. Continuo olhando para seu rosto, sua feição parece mudar aos poucos. Comemoro internamente por estar conseguindo o que quero. Vejo a mandíbula dela ser contraída, suas narinas inflam e de repente seu olhar torna-se algo como um predador em busca de sua presa. Engulo em seco, minha boceta latejando por ela de forma dolorosa.

Com um puxão só, Rafaella descobre meu corpo nu. O cobertor para em meus pés, ergo uma sobrancelha surpresa. Ela sorri, o brilho de desejo em seu olhar me deixa ainda mais ansiosa para senti-la. Seus olhos percorrem todo meu corpo, nossos abajures estão acesos, portanto ela consegue ter uma visão privilegiada de mim.

Estou prestes a chamar ela, mas me surpreendendo mais uma vez, Rafaella paira sobre mim, suas pernas afastando as minhas. Sua mão direita desliza em minha barriga, meus músculos se contraem. Foco meu olhar em seu rosto, Rafaella parece concentrada em me tocar. Ela morde o lábio inferior com força, sinto sua mão tomar posse de meu seio esquerdo, ela o aperta. Suspiro rendida, eu sou toda dela. Quero que ela faça comigo o que quiser.

— Gostosa.

É o que saí de seus lábios em forma de sussurro antes dela se inclinar e tomar meus lábios com os seus. Suspiro sob seus lábios. Sinto a língua dela ser forçada para dentro de minha boca, dou passagem para ela. Rafaella aperta meu peito outra vez, dessa vez não impeço meu gemido de sair. Minha esposa solta um pequeno rosnado, diz algo que não consigo entender. Suga meu lábio inferior e dá início a um beijo voraz. Tento acompanhar seu ritmo, sua mão continua a massagear meu seio com força. Minha boceta está ainda mais molhada. Sua outra mão chega até meu outro seio, ela também o aperta com força.

Se eu soubesse que minhas provocações ainda causavam esse efeito nela, já teria feito algo assim muito antes.

Com uma última mordida em meus lábios, Rafaella migra para meu queixo. Distribui beijos molhados por toda a extensão da minha mandíbula, de um lado ao outro. Depois desce para o meu pescoço, prende um pouco da minha pele entre seus dentes e chupa com força. Meu quadril se ergue do colchão, um gemido agoniado escapa de minha boca. Rafaella sorri sobre minha pele, seus dentes roçam minha jugular. Algo molhado toca a região, deduzo ser sua língua.

Olho para baixo apenas para quase morrer quando a vejo segurar meu seio direito com firmeza e em seguida o abocanhar. Jogo a cabeça para trás, minha mão automaticamente vai parar em seus cabelos, pressiono sua cabeça contra meu peito. Rafaella começa a chupar meu peito, sua língua toca de leve meu mamilo sensível. Retorço-me sobre a cama, meu quadril se movendo sozinho.

Quero aliviar a pressão em minha boceta, quero gozar para ela.

Rafaella puxa a cabeça para trás, fazendo um alto som de estalar ecoar pelo quarto. Seus dedos apertam meu mamilo, ela o torce entre seus dedos. Minha barriga se contrai, mordo o lábio para não gemer muito alto o nome dela. Rafaella volta a colocar metade de meu seio em sua boca, dessa vez sua língua faz movimentos rápidos sobre o mamilo maltratado pelos seus dedos.

Inferno de boca maravilhosa!

Ela solta meu seio direito e com pequenas mordidas em minha pele migra para o esquerdo. Olho para seu rosto, e quando ela levanta o olhar, um arrepio sobe por minha espinha. Rafaella sorri antes de colocar metade de sua língua para fora, aos poucos ela toca meu mamilo. Prendo a respiração, ela começa a girar a língua em torno do bico sensível de forma lenta, bem devagar. Jogando-me no espaço, minha excitação já escorre para o lençol da cama.

Acho que fiquei tanto tempo sem os toques dela que agora me sinto sensível ao mínimo toque.

Sua boca se fecha em meu mamilo, ela o suga delicadamente. Sem desviar os olhos dos meus. Estou ofegando, meus pulmões ardem de tanto que forço para buscar ar. Ela fecha os olhos e geme ao abocanhar boa parte de meu seio, quando ela começa a solta-lo, seus dentes raspam em minha pele. Curvo a coluna, minha cabeça é jogada para trás e um alto gemido, seguido do nome dela ecoa pelo quarto. Meus dedos apertam com extrema força seus cabelos, quase posso sentir alguns fios sendo arrancados. Mas ela parece não se importar, continua me maltratando com essa boca maravilhosa.

Rafaella finalmente se dá por satisfeita e retira a boca de meus seios, começa a migrar os beijos em direção a minha barriga. Passa a ponta da língua por baixo dos meus peitos. Arfo ao senti-la morder minha barriga, logo depois lamber a região. Nem parece que até pouco tempo ela ficava insegura no sexo, nada parece ter mudado. Rafaella continua com essa confiança e atitude.

Eu gosto disso.

Suas mãos alisam por debaixo de minhas coxas, ela ergue minhas pernas um pouco e as separa, deixando-me exposta. Seus beijos são depositados em meu púbis, onde tem uma fina linha de pelos. Rafaella vai até minha virilha, primeiro beija e chupa a esquerda, com certeza deixando uma marca. Depois vai até a direita e faz o mesmo. Levo minhas mãos até meus peitos e os aperto, com a intenção de aliviar meu tesão. Meus mamilos estão sensíveis, tanto pelos toques dela quanto pela forma que ela os maltratou antes.

 Não enrola não, para de me torturar. Por favor, amor. – Estou praticamente implorando, um sorriso surge em seus lábios. — Me chupa gostoso. Deixa eu gozar para você na sua boca, deixa.

E não preciso dizer mais nada para que ela faça o que eu quero. Sem qualquer timidez, Rafaella deposita um leve beijo em meu clitóris e depois o lambe, desce até minha entrada e volta para o nervo já bem rígido. Minhas pernas tremem, Rafaella volta descer sua boca e sinto-a sugar a excitação que escorre para fora de minha boceta. Ela fecha os olhos momentaneamente, parece apreciar meu gosto. Quando os abre, vejo ainda mais fome e desejo do que antes.

— Que delícia. – Sussurra e dá uma única chupada no meu clitóris, meu estômago revira e minhas paredes se fecham contra o nada. — Você é uma delícia, amor.

E volta a me lamber, de cima para baixo, de baixo para cima. Sua língua se move com extrema rapidez, de um lado para o outro, em círculos. Em momento algum ela ameaça me penetrar, talvez por eu não poder ter relações sexuais ainda. E isso é uma droga, porque quero tanto sentir os dedos dela me fodendo outra vez. Rafaella se concentrar em meu clitóris, o provoca com a ponta da língua, depois com os lábios como se estivesse o mordendo. Seus olhos voltam a focar em meu rosto no mesmo instante que ela dá início a um beijo de língua em minha boceta, fazendo questão de usar bastante a língua.

Começo a gemer o nome dela sem parar. Peço para ela me chupar mais forte, para não parar. Movo meu quadril sem parar, em movimentos circulares e vez ou outra de forma irregular. Sinto aquela tão conhecida sensação começar a se concentrar na entrada de meu sexo. Seguro com as duas mãos nos cabelos de Rafaella e começo a me esfregar em seu rosto. Ela me chupa e lambe como se estivesse desesperada para me fazer gozar logo. Não demora muito para que meu corpo comece a tremer e eu derrame meu gozo em seus lábios. Rafaella suga tudo que eu lhe dou, não para de me lamber nem mesmo depois que meu corpo para de tremer.

— Deixa só eu recuperar o movimento dos meus braços e pernas que eu vou te recompensar.

Ela acaba rindo de minha fala ofegante. Sobe em cima de mim outra vez e me puxa para um beijo lento dessa vez. Envolvo seu pescoço com meus braços e pressiono-a contra mim. Suas mãos acariciam a lateral de meu corpo, continuamos nos beijando devagar. Seus lábios parecem fazer carinhos nos meus, meu gosto em sua boca apenas deixa o beijo mais gostoso.

— Eu vou te chupar sempre que eu puder agora. Por que eu demorei tanto para fazer isso?

— Gostou mesmo, não é?

— Eu amei, e eu quero mais.

[...]

Depois de me fazer gozar em sua boca outra vez, e eu ter feito o mesmo com ela. Decidimos sair um pouco do quarto e ir comer alguma coisa, sexo sempre dá bastante fome. Fomos de braços dados, trocando carinhos e alguns beijos enquanto descíamos as escadas.

— O quer comer?

— Você. – Responde de imediato, olho para ela e nego com a cabeça. Um sorriso em meus lábios. — Pensando bem, um queijo quente agora seria maravilhoso.

— E não quer me comer mais? – Entro em sua brincadeira, seguro sua cintura e a pressiono contra um dos balcões. Rafaella sorri com a língua entre os dentes e nega com a cabeça. — Ah, é? Então tudo bem.

— Estou brincando, você eu deixo para depois. Agora eu preciso me alimentar mesmo, parece que tem um monstrinho faminto dentro da minha barriga.

— Quem disse que não tem?

Ela me dá um tapinha no ombro e eu rio. Seguro em sua cintura e dou impulso para que ela sente no balcão. Dou-lhe um rápido beijo e me afasto dela para ir pegar as coisas e preparar queijo quente para nós duas.

— Amor, faz um suco de laranja também?

— Faço sim.

Tiro as coisas da geladeira e coloca-as sobre a bancada. Enquanto preparo nossos sanduíches. Rafaella e eu conversamos sobre coisas banais e também sobre as reformas que pretendemos fazer em nossa casa. Eu senti tanta saudade de poder conversar com ela assim, nós não tínhamos muitos momentos como esse há alguns meses atrás. Quando não estávamos discutindo, estávamos sem nos falar ou trepando pela casa. Não que o sexo fosse ruim, mas somente ele não serve para sustentar uma relação. Ainda mais um casamento de anos como o nosso.

Eu cheguei a pensar de verdade que não tínhamos mais futuro, pensei que a perderia para sempre. Tentava reverter a situação de todas as formas, mas tudo parecia uma grande merda. Quanto mais tentávamos arrumar, mais bagunçado ficava. Talvez essa perda de memória dela tenha uma razão, talvez tivesse que acontecer isso para que tudo entre nós duas voltasse ao normal. No caso melhorou, porque é como se estivéssemos nos conhecendo pela primeira vez. Como se o amor adolescente tivesse voltado.

E eu gosto disso, me sinto mais apaixonada por ela a cada dia que passa.

E eu que pensei que não era mais apaixonada por ela. Que burra eu fui.

— Hm, nós temos que voltar com as minhas aulas de direção. Não tem como você ficar sempre a disposição para me levar nos lugares. E acho que isso pode ser bom até mesmo para a minha memória.

— É verdade. Mas eu gosto de te servir como chofer. – Brinco, ela sorri. Mordo um pedaço do pão que ela me dá na boca e depois bebo um pouco do suco. Estamos as duas na cozinha ainda, ela sentada na bancada e eu entre suas pernas comendo tudo que ela me dá na boca. — Podemos fazer isso nos dias que você não dá aula de dança. Daqui a pouco o carinha volta a estudar, teremos mais tempo livre.

— É uma ótima idéia.

Ficamos em silêncio comendo, vez ou outra eu roubo um beijo dela. Ela finge estar emburrada e me empurra, alegando que está comendo. Mas o sorriso em seu rosto contraria suas atitudes. É tão bom me sentir como uma adolescente que ama pela primeira vez, é essa sensação que ela me passa.

— Eu estou precisando comprar umas roupas novas, tenho a impressão que as minhas estão ficando menores.

— Você está engordando, amor.

Dá de ombros como se tivesse dito algo irrelevante. Olho para ela incrédula. Rafaella sorri, morde um pedaço do pão em sua mão e depois bebe um pouco de suco. Como ela ousa?

— Está me chamando de gorda? – Me faço de ofendida, ela concorda com a cabeça.

— Mas não fica com essa cara, você continua gostosa.

Pisca para mim e antes que eu possa abrir a boca para retrucar aquilo, ela enfia um pedaço de pão em minha boca. Mastigo sem tirar meus olhos dos dela. Rafaella está segurando o riso, reviro os olhos.

— Você é uma idiota.

— Eu sei. Mas você adora essa idiota.

— Eu amo.

Seus olhos brilham, ela segura em meu queixo e me dá um beijo rápido. Depois que terminamos de comer, Rafaella fica encarregada de lavar a louça enquanto eu guardo as coisas. Pego-a no colo e dessa forma subo as escadas, mesmo ela reclamando que era pesada ou que eu iria deixá-la cair no chão.

— Esqueci de te perguntar uma coisa.

Ouço Rafaella  dizer após eu ligar o ar-condicionado. Arrumo a barra da blusa do Botafogo que estou usando e volto para a cama. Subo de joelhos na cama e me arrasto até pairar sobre ela, mais precisamente entre suas pernas.

— Perguntar o que?

— É que, eu estava trocando de roupa um dia desses e vi uma coisa no closet.

Junto as sobrancelhas, curiosa pela sua timidez repentina. É possível ver as bochechas dela coradas.

— Que coisa?

— Uma caixa. – Sussurra e desvia o olhar do meu.

— Que caixa? – Sussurro de volta.

— Com umas coisas dentro.

— Rafaella, vá direto ao ponto.

— Nós costumávamos usar brinquedos eróticos durante o sexo?

Oh... Okay, isso é surpreendente. E eu não faço idéia do que ela está falando.

— Como?

— Você ouviu, não me faça repetir de novo.

Resmunga sem jeito. Estudo sua expressão, ela não parece estar brincando.

— Eu não faço idéia do que você está falando, amor. Juro.

— O que?

— Estou falando sério. – Ela me olha desconfiada, mas ao ver que estou sendo sincera, o rosto dela se torna confuso. — Onde está essa caixa?

— Na prateleira de cima na minha parte.

Levanto-me da cama em um salto. Estou mais curiosa do que nunca, até porque nós nunca usamos algo além do que um pequeno chicote e algemas uma vez quando estávamos comemorando nosso aniversário de casamento. Abro o closet e acendo a luz, fico na ponta dos pés para encontrar a tal caixa que Rafaella disse, e não demoro muito a achá-la. Não é que tem uma caixa aqui mesmo?

Volto para o quarto com a caixa em minhas mãos, vou até a cama e me sento perto de Rafaella. Abro a tal caixa misteriosa e quando tenho visão das coisas lá dentro, meu queixo cai incrédulo. Puta merda!

— Mas o que... – Pego o chicote e o analiso, acabo rindo. Quem colocou isso ali? — Ouch! Isso dói.

Reclamo de dor ao dar uma chicotada na palma de minha mão, essa porra realmente doeu. Rafaella ri de mim, então por vingança dou uma chicotada em suas pernas.

— Filha da puta! – Pega o chicote de minha mão e devolve a chicotada, é minha vez de gemer de dor. — Essa porra arde.

— Realmente. Tem que gostar muito de apanhar para usar isso aí. – Ela deixa o chicote de lado na cama. Volto a olhar dentro da caixa. — Uh, olha só que legal. – Tiro as bolinhas de silicone de dentro da caixa. — Esferas anais.

— O que?

— Esferas anais, amor. Servem para enfiar dentro do seu c-

— Eu entendi, eu entendi. – Coloca as mãos sobre minha boca. — E eu inocente achando que era algum colar doido.

— Você inocente? – Jogo a cabeça para trás e gargalho. — Não pareceu ser inocente quando estava me chupando alguns minutos atrás.

— Cala a boca. – Olha para a caixa e retira algo de lá. — Isso aqui é engraçado, parece um cogumelo.

— Você sabe o que é isso, né? – Nega com a cabeça, brincando com o objeto. — Um plug anal.

Sua boca se abre e ela deixa o plug prateado cair no colchão.

— Só tem coisa para sexo anal dentro dessa caixa?

— Não sei. – Dou de ombros e continuo olhando, vejo alguns cremes e géis eróticos. E por fim. — Essa aqui é interessante.

— Eu fiquei curiosa para saber como se usa.

Ela comenta enquanto nós duas analisamos o dildo em minhas mãos. Desvio o olhar para ela e um sorriso malicioso surge em meus lábios.

— É simples. Uma parte fica dentro de mim e a outra dentro de você, é como se fosse um strap on, só que sem a cinta. – Ela faz uma careta engraçada que me faz rir. — Quer experimentar, amor?

— Não, talvez outro dia.

— Eu vou te cobrar isso. – Ela me mostra a língua. — Mas de onde vieram essas coisas? Que eu saiba não comprei nada disso, só se você tiver ido a um sex shop e não tiver me contado.

— Nem vou me dar o trabalho de responder isso.

Olho dentro da caixa para ver se tem algum bilhete ou número que possa me dizer de quem é. Mas não encontro nada, até que olho na tampa da caixa algo escrito. Curiosa, pego e leio de perto.

— Acho que já sei de onde veio isso. – Rafaella olha para mim e se inclina para poder ler. — "Aproveitem bastante o presente, MG"

— Não entendi.

— MG, amor. Manoella Gavassi, conhece alguma?

— Por que eu não estou surpresa mesmo?

Guardo as coisas de volta na caixa e coloco-a no chão ao lado da cama. Volto para debaixo das cobertas e abraço Rafaella por trás. Trocamos um "boa noite" e enfio meu rosto em meio aos seus cabelos para dormir sentindo seu cheiro.

Eu tinha certeza de duas coisas: Rafaella iria brigar com Manoella pelo presente dela, e eu definitivamente irei usar tudo naquela caixa com Rafaella.

Não se recusa um presente, certo? 

[--]

23 de Fevereiro de 2021

Bianca Andrade-Kalimann Point Of View.

Com uma mão em meu queixo, observo as fotos para a nova campanha da Boca Rosa Beauty a minha frente. São fotos das modelos usando o novo batom, para serem utilizadas em empenas nos prédios. Rafaella esta me ajudando, disse que eu não preciso ficar olhando para as "modelos bonitona" o tempo todo.

E por falar em BRB. Preciso contar a Rafaella sobre a noticia que recebi. Irei receber um prêmio por ficar no Top 5 dos melhores CEO's da Forbes, e a premiação vai ser em Dubai. É incrível, não é? Porém, minha esposa e meu filho não poderão me acompanhar. Ela está cada vez mais empenhada com o centro cultural e suas aulas de dança, e Gabriel voltou às aulas.

Não quero passar uma semana longe deles. Mas não irei mandar alguém receber um premio que eu trabalhei muito para conquistar.

— Tia Bia!

Salto ao ouvir aquele grito animado, meu coração acelera no peito e levo uma mão até o lado esquerdo. Giro em meus calcanhares a tempo de ver uma Manu sorridente colocar o pequeno Toni no chão. Ele vem correndo em minha direção com os braços abertos, ajoelho-me no chão para recebê-lo.

— Que abraço gostoso. – Murmuro contra seu pescoço, o apertando contra mim. Sinto seu delicioso aroma invadir minhas narinas. — Está cheiroso.

— Passei o perfume que a senhora me deu.

Sorrio mais ainda, beijo o topo de sua cabeça e o giro, ganhando uma alta risada troca. Seguro meu sobrinho no ar e faço careta para ele, depois o abaixo e o mantenho em meus braços. Olho para a mulher parada a poucos metros de distância. Um sorriso está enfeitando seus lábios, o brilho em seu olhar revela tudo que preciso saber.

— Você que induziu ele a me assustar não foi? – Manu se finge de ofendida e levanta as mãos. Meus olhos descem até sua barriga; agora bem mais visível que antes. — Eu sei que sim, sua pu-

— Olha essa boca suja perto dos meus filhos.

Repreende-me e eu pressiono os lábios. Manu sorri ao chegar perto de mim, viro o corpo para poder abraçar ela sem ter Toni entre nós duas. Antes de se afastar totalmente, ela crava os dentes em minha bochecha, fazendo-me grunhir de dor.

— Aí, Manoella!

— Desculpa, senti desejo de morder você.

Olho-a de forma severa e ameaço ir a sua direção, Manu cruza os braços e sorri debochada. Mas antes que eu possa dar um tapa nessa idiota; a voz de Toni me distraí. Opto por dar atenção ao meu sobrinho, cuidaria dela depois.

****

Manu, Toni e eu estamos lanchando em frente a empresa, abriu uma lanchonete nova que é maravilhosa. Conversamos e brincamos o tempo inteiro. Não tem nada melhor que passar um tempo com quem a gente gosta, ainda mais sendo minha cunhada e meu sobrinho. Eu amo esses dois, eu estava lá ao lado dela quando Toni nasceu.

De alguma forma, em algum momento, a aproximação dela e Mari fizeram com que nós duas nos aproximássemos também. E claro, ser apaixonada pela melhor amiga dela ajudou, e muito. Manu sempre foi como a âncora do meu relacionamento com Rafaella. Se não fosse por ela talvez eu nunca tivesse tido coragem de me declarar, ou talvez nós duas nunca tivéssemos nos acertado. Mas não é somente isso. Ela se tornou alguém que eu posso desabafar, já que Flay viaja muito por causa da carreira dela, então eu encontrei na minha cunhada um porto seguro.

Hoje em dia nos tratamos como irmãs, sei que posso contar com ela sempre, assim como ela sabe que pode contar comigo. Mesmo quando ela implica comigo ou vice versa, é tudo algo saudável que serve apenas para fortalecer nossa amizade. Já tivemos algumas brigas, idiotas e outras realmente séries. Mas nunca conseguimos ficar mais que 1 semana sem nos falarmos. Não vivo sem essa criatura.

Ela é como a junção da minha mãe e da Flay, que são as duas pessoas as quais eu sempre procurei para pedir conselhos, ou colo. Sou muito grata por Manu existir na minha vida, porque ela é uma das melhores pessoas que eu conheço. E ela sempre me ajuda a procurar o caminho certo a seguir.

Decidi levar os dois para casa, já que Mari tinha deixado Manu na empresa antes de ir resolver alguma coisa no escritório. Toni pareceu cansado demais para conversar, o caminho todo ficou encolhido no banco de trás. Deve estar com sono. Já Manu não parou de falar e batucar os dedos no painel do carro um segundo sequer. Eu a conheço o suficiente para saber que ela está nervosa com algo.

— Você vai me contar o que tem de errado ou eu vou ter que arrancar isso de você com um big sundae?

Desvio o olhar para ela antes de virar em uma rua. Manu me olha sem entender por alguns segundos, mas logo sua expressão suaviza e ela sorri. Seu rosto está um pouco mais cheio por causa da gravidez. Ela parece como uma criança que comeu muitos doces.

— Contar o que? – Se faz de desentendida.

Está aí uma coisa que Rafaella e ela têm em comum: o cinismo. Eu odeio quando as duas fazem isso, e geralmente elas conseguem convencer as pessoas. Mas não a mim, são anos de convivência.

— O motivo da sua inquietação, e nem adianta tentar me enganar. Eu te conheço.

Entro na rua de sua casa, tem poucos carros na rua. Vejo algumas crianças correndo pelas calçadas, ainda está cedo. Ao meu lado Manu está quieta, talvez debatendo consigo mesma se fala ou não.

— Temos que conversar sobre uma coisa.

— Parece sério.

— E é sério, muito. – Solta um longo suspiro. — Vamos colocar o Toni na cama e aí poderemos conversar lá em casa.

Concordo com a cabeça. Finalmente paro em frente à casa de Manu e Mari, desço primeiro do carro e abro a porta de trás. Pego Toni no colo e fecho a porta. Peço que Manu pegue minha chave e tranque o carro. Caminho com o pequeno em direção a casa e espero Manu para destrancar a porta.

***

Fecho a porta do quarto do pequeno com cuidado para não acordá-lo. Passo as mãos em meus cabelos e os prendo de qualquer jeito. Ando pelo corredor até alcançar a sala de estar, onde Manu me espera sentada no sofá. Vou até ela e sento-me ao seu lado.

— E então?

— O que nós vamos conversar é algo sério, e eu preciso que você não surte ou algo assim. Tudo bem?

— Você está me deixando preocupada.

Ela esboça um sorriso, coloca uma mão em meu joelho e alisa a região. Como se quisesse me acalmar antes mesmo de me contar. O silêncio pela casa só parece aumentar minha tensão.

— Bianca, eu me casei com a Andrade errada, eu estou apaixonada por você.

__

É ofical! Podem ligar para Cleitinho e avisar que a casa caiu e aproveitem e surtem também por que eu to surtando até agora! 

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