Final Chance | Zayn Malik [co...

Autorstwa flighthestars

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Depois de tudo o que tinham passado era hora de todos seguirem em frente. Mera estava de volta aos negócios d... Więcej

I: Exílio
II: Sinta falta em seus ossos
III: Indo a qualquer lugar, menos para casa
V: A luz do dia sempre pertenceu ao Sol
VI: Novos começos sagrados
VII: O diabo está nos detalhes
VIII: O lugar onde caímos
IX: Nós nunca sabemos
X: Apunhalado pelas costas enquanto apertavam sua mão
XI: Um corte realmente profundo
XII: Segure as memórias e elas vão segurar você
XIII: O amor é um segredo que esperamos, sonhamos, e morremos para guardar.
XIV: Te protejo com a minha vida
XV: Através de toda divisão, há um grande nascer do sol
XVI: O caminho até o paraíso atravessa quilômetros de inferno gelado.
XVII: Little darling...
A Primeira Chance

IV: Entre o inferno e o paraíso

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Autorstwa flighthestars

Capítulo IV: Entre o inferno e o paraíso

"Parabéns, Zayn!" 

Aquelas palavras ecoaram na mente dele tão claras que foi como se Yaser estivesse ali, Zayn podia até imaginar o peso da mão do pai sobre um de seus ombros. 

"Parabéns, Zayn!" 

Era só uma feira da escola e Zayn tinha criado uma maquete de um grupo de edifícios sustentados por energia solar em um vilarejo até com um parquinho. Seu tema para aquela feira de projetos era sobre como a vida humana poderia caminhar para um ambiente sustentável e confortável por vontade própria antes que a deterioração da natureza os obrigasse. Ele não era o garoto mais extrovertido da turma, mas conseguiu apresentar seu projeto para todos os professores e no final passou os trabalhos sobre hidroeletricidade com carrinhos de controle remoto e vários outros negócios criativos também e ganhou o troféu. 

Não era ouro de verdade. Tinha o nome da escola em que Zayn se formou e o ano de tal feito também, uma mensagem positiva sobre o futuro e sobre a importância da educação. 

Aquele troféu ganhado por um garoto de 17 anos não se comparava aos outros ao seu lado na mesma prateleira da estante na parede. Um deles era de ouro puro com um suporte de madeira, o nome de Zayn gravado em uma placa de metal, ganhou aquele por um projeto na cidade em um eventos de arquitetos. Outro o parabenizava pela excelência na criatividade empreendedora já que seu trabalho era muito bem reconhecido, já o mais importante levava o nome da organização British Asian Trust e reconhecia os feitos de Zayn como um dos embaixadores. 

Mas nenhum dos troféus em ouro ou prata com seu nome gravado o fazia se lembrar tão bem de como seu pai parecia feliz por ele. 

Quando tinha 17 anos e não sabia de nada, muito menos o que faria pelo resto da vida, seu pai chegou, colocou a mão em seu ombro e se demonstrou feliz pelo filho ter ganhado o prêmio, além de parabenizar Zayn, Yaser também disse: 

"Você vai ser um excelente arquiteto se você quiser se dedicar a isso. Vai vir trabalhar comigo um dia."

E em um segundo Zayn tinha ganhado um rumo, talvez Yaser nem soubesse o tanto que aquele momento tinha sido importante para que Zayn se sentisse seguro em escolher o que fazer na Universidade, ou talvez soubesse, era muito sábio, mas independentemente, tinha mudado a vida de seu filho para sempre. 

Zayn já estava a minutos na frente daquela estante, perdido naquelas lembranças. 

Era duro demais lidar com o fato de que a mão da qual ele se lembrava afagando seu o ombro nunca mais estaria ali novamente. 

— Acho que não deveria tomar esses calmantes pra dormir. Não tantos assim. — Zayn se virou surpreso para trás e encontrou Donna segurando uma caixinha de comprimidos parecendo curiosa e aflita ao mesmo tempo. Estava tão imerso nas próprias lembranças que nem escutou quando ela entrou.

Ele franziu a testa terminando de se virar para a direção dela. 

— Me ajudam, aí quando acordo consigo fazer meu trabalho direito. — Ele disse como se não fosse nada demais, ignorando totalmente a expressão preocupada que ela tinha. 

— Zayn! — Ela o repreendeu dando passos em sua direção pela sala, seu tom era muito chocado. — Você teve mais crises durante essa semana, esses remédios não ajudam com isso, e se você não fizer nada as crises vão continuar e podem ficar piores, sabe disso. 

— Eu não estou louco, não gosto que fale como se eu estivesse! — Ele cerrou os olhos. 

— Não quero dizer isso. Você não está louco, mas vou ter que avisar sua família sobre o que está acontecendo com você, isso é muito sério. 

— Eu não quero que a minha família fique preocupada. Não vai dizer nada, Donna. 

— Você sabe que tem algo de errado. Não é de ferro, Zayn, e agora nem mesmo quer aceitar ajuda, acha que seu pai se orgulharia?

— Não fale do meu pai. — Ele respirou fundo, estava começando a sentir seu coração disparar outra vez, fechou seus punhos apertando as mãos para tentar se concentrar em alguma coisa  

— Nos conhecemos desde o seu primeiro dia aqui. Yaser me contratou pra te ajudar. — Ela se aproximou. 

— Nós trabalhamos muito essa semana toda, só quero dormir em paz, Donna. 

— Você precisa procurar uma terapeuta e um médico pra checar a sua saúde física. 

— Vou pensar no assunto. — Zayn saiu andando pela sala e ela não entendeu para onde ele estava indo com tanta pressa. 

— Está falando sério? — Ela gritou, mas ele já tinha saído. 

Zayn encontraria algo pra fazer, já tinha passado por coisas piores naquela semana como por exemplo o seu depoimento para a investigação do desabamento da construção de sua empresa envolvido e Taylor estava lá, Daria estava lá, o que foi pior porque estava mantendo contato com ela para irem juntos a uma próxima consulta médica para o acompanhamento de sua gravidez e ele tinha que se lembrar que ela era filha do homem que quase tinha arruinado o nome de sua família.  

Ele só precisava ficar sozinho, sabia que não tinha tempo para terapia nenhuma, se sentiria melhor depois de conversar com sua mãe como sempre, além disso poderiam ir juntos ao jantar beneficente a noite. 

Mera, suas irmãs e sua mãe foram todas ao salão juntas, geralmente elas recebiam cabeleireiros e maquiadores em sua própria casa, já tinham pessoas de confiança para isso, mas naquele dia todas decidiram se encontrar em um salão que gostavam para fazer as unhas dos pés e depois das mãos, cada uma com seus penteados diferentes e maquiagens combinando com os vestidos e as jóias que usariam. 

Elas ficaram o dia todo fora e seus vestidos chegaram intactos na casa da família Hall White. Ruby foi para sua casa depois de pegar sua roupa pois iria com seu marido, Chris também era um empresário e tinha seu próprio convite, mas Safira e Mera continuaram na casa com Candice e Hall e foram com a mãe se trocar no quarto ao voltarem do salão. 

O vestido de Safira era de um tom denominado no ateliê como azul caribenho, mas Mera e Safira concordaram que poderia ser facilmente um azul céu, não um azul caribenho, afinal, qual era a diferença do céu de Londres para o céu do caribe, não é mesmo? 

Tudo. 

Já a peça de Mera era longa, mas com uma fenda segurada por pregas no lado direito do quadril deixando grande parte de sua perna a mostra, as costas eram abertas como ela gostava e só uma das mangas era cumprida, o tecido tinha detalhes de flores em um tom off white na barra causando um contraste sutil e alguns cristais na manga, já o sapato dela saiu diretamente de uma caixa Giuseppe Zanotti, tinha uma cobra de ouro pelo na parte do peito de seu pé, era da mesma coleção do sapato que Mera usou no baile da Vanity Fair, poderia usar o mesmo até, mas não se repetia sapatos em eventos assim. 

Mera também tinha separado suas joias, usaria brincos pequenos e singelos de ouro e brilhantes que combinavam com os dois prendedores do penteado no seu cabelo, mas toda a atenção deveria estar voltada para um bracelete de ouro em formato de folhas cravejadas com Esmeraldas em volta do braço nu. 

— Pai, você já está pronto? — Mera desceu as escadas da sala chamando por seu pai para saírem e Hall se levantou do sofá da sala de estar. 

— Estou pronto desde ontem esperando por vocês. 

Ela riu parando no meio da sala. 

— Está linda, Mera. — Ele disse lhe oferecendo seu braço e Mera entrelaçou-o com o seu.  

— Mamãe e Safira já vão descer. — Ela disse enquanto caminhava com ele para fora. 

Todos que chegavam ao salão do jantar próximo a um dos museus de Londres paravam um pouco no tapete azul para fotografarem e ajudarem de certa forma a divulgar o evento e o que ele propunha, atrás das fotos havia o logo das marcas que estavam patrocinando aquilo tudo e o grupo Hall White naquele ano era uma delas, por isso mesmo a presença de toda família era tão importante. 

Todos tiraram fotos, Hall e Candice juntos e depois suas três filhas juntas como faziam desde quando eram pequenas, Ruby com seu vestido vermelho bordô, Safira com o tal azul caribenho e Mera usando branco. 

As joias que usavam combinavam com seus respectivos nomes, Ruby com uma pedra vermelha enorme no dedo indicador em um anel, Safira com brincos que combinavam com o vestido e Mera com seu bracelete de Esmeraldas. 

Dentro do salão o clima era agradável, alguém já tinha pego seus casacos e levado para algum lugar, lá dentro havia aquecedores. As mesas estavam nomeadas e tudo era iluminado por grandes lustres dourados e lâmpadas que imitavam candelabros nas paredes. 

A família Hall White foi guiada até sua mesa, mas até que o jantar fosse servido ainda teriam um tempo para conversar e vagar pelo salão ao com uma música ambiente de piano e cumprimentar colegas e conhecidos, posar para mais fotos, a elite inteira de Londres estava lá. Pessoas que não eram especificamente famosas ao ponto de terem milhões de seguidores na internet, mas que mantinham negócios que geravam milhões por ano, bancos de investimentos, grupos, marcas e empresários. 

Mera ficou sem beber nada porque só estavam servindo champanhe e vinhos, mas na verdade ela não estava muito interessada em beber alguma coisa e sim nas pessoas dali, não conseguia parar de olhar, de procurar, e ainda não estava tão preparada para encontrá-lo. 

Estava em pé com Safira em uma parte do salão, ela segurava sua clutch e encarava a irmã que já estava na terceira taça de champanhe. 

— Devia se segurar um pouco. — Mera riu cutucando Safira com o cotovelo. 

Sua irmã murmurou alguma coisa, mas seus olhos ainda estavam indo atrás de cada pessoa ali, ela nem achava que Zayn poderia de fato comparecer, mas mesmo depois de todos aqueles dias ainda esperava encontrá-lo, se não fosse ali hora ou outra teria que dizer a ele que estava grávida. 

— Vamos voltar pra nossa mesa, quero pegar um desses petiscos de salmão. — Safira murmurou e Mera assentiu. 

Mera ergueu os olhos para dar um passo a frente e sair seguindo sua irmã quando seus olhos se surpreenderam ao ver Trisha parada perto da entrada do salão, Megan apareceu atrás dela e estava linda também, foi o bastante para Mera sentir todos os seus órgãos se revirarem, de repente estava desesperada passando seus olhos pelo salão a procura de Zayn. 

Ela nem sabia o porquê. Ele foi embora da casa naquele dia e a deixou sozinha, a última imagem dele era Zayn deixando a casa em que moravam pela porta lateral.

Não precisou se esforçar muito, depois de ver Trisha e Megan, Zayn apareceu atrás da mãe e da irmã vestido em um terno azul escuro e uma camisa branca branca com uma gravata preta na gola, o cabelo estava crescido, algumas mechas caiam em sua testa, não era mais um topete perfeitamente arrumado. Respirando fundo, Mera podia quase sentir o cheiro do perfume dele como algo muito familiar que ela já conhecia, não qualquer perfume, mas o cheiro da pele e do sabão das roupas limpas quando ela pegava suas camisetas para vestir antes de dormir. 

Zayn cumprimentou algumas pessoas com apertos de mãos e o máximo de um sorriso que ele conseguia fazer, ainda diziam que sentiam muito pela morte de seu pai, e então quando deu o primeiro passo para guiar sua mãe e Megan a mesa seus olhos avistaram Mera também.

Ela sentiu uma tensão por todo o corpo e a primeira coisa na qual pensou foi: "Ele deve me odiar agora".

Estava bem paralisada do outro lado do salão a uns metros de distância e ele ficou da mesma forma até Megan puxá-lo entrelaçando seus braços. 

Seus olhos castanhos doces piscaram enquanto ele seguia a irmã, mas ele acabou virando o rosto outra vez, Zayn só queria vê-la, sua beleza sempre o deixará sem palavras e vestida de branco como estava parecia o mais bonito dos anjos.

Ele sabia que ainda iria encontrá-la muitas vezes, principalmente em eventos como aquele, só não imaginou que fosse doer tanto reviver o momento em que ela não soube responder se queria ficar com ele de uma vez ou não. 
 
— Vem, Mera — Safira tocou o braço dela atraindo de uma vez sua atenção. — anda logo. 

E mera a seguiu até a mesa de sua família tentando se recompor. 

Ela não soube onde era a mesa da família de Zayn, na verdade haviam tantas pessoas ali que eles se perderam facilmente sob seus olhos, mas as mãos ainda estavam formigando pela insegurança que sentia. Tento ser focar no jantar e nos pratos que estavam sendo servidos, mas ela olhava levemente em volta a procura da mesa dele, seus pais não tinham notado e nem suas irmãs, mas Mera sim.

O jantar seguiu e ainda era possível ouvir as vozes de pessoas animadas interagindo entre si, mas mesmo que procurasse, Mera não estava conseguindo encontrar Zayn outra vez, as pessoas já estavam até andando pelo salão e em pé em grupos degustando champanhe e doces gourmet, talvez Zayn não quisesse encontrá-la, mas ele não sabia o que Mera sabia, e sabendo que estava grávida ela não podia deixar de pensar nele. 

Ela sentiu o cheiro de um prato com peixe a sua frente e aqueles temperos fizeram-na ter certeza que vomitaria. Mera sentia náuseas muito fortes em alguns momentos, seguia as recomendações médicas, mas as vezes era inevitável ter nojo de salmão cru. 

— Com licença. — Ela empurrou sua cadeira para trás deixando o guardanapo de tecido leve sobre a mesa enquanto se levantava. — Preciso de um um ar. 

— Está tudo bem? — Sua mãe perguntou preocupada. 

— Está sim, mãe — Mera assentiu. — Só vou tomar um ar, já volto. 

Ela pegou sua clutch de cima da Mesa e se afastou indo para o outro lado, perto de uma das grandes janelas. Ninguém estava exatamente no jardim, fazia frio aquela noite, mas o vento foi bom para que Mera pudesse respirar e se sentir mais aliviada dos enjoos. 

Ela ficou parada ali perto da janela e olhou em volta discretamente, estava incrivelmente agoniada depois de saber que Zayn também estava ali. Será que ele estava daquele jeito também? Será que tinha trago alguém? 

Como se ouvisse seus pensamentos ele passou diante de seus olhos a uns metros, as pessoas estavam mais concentradas no centro do salão, Zayn estava caminhando pela borda, próximo as paredes. 

Mera teve certeza que deveria ir até ele, vê-lo de perto, mas enquanto observava seu jeito de andar desejando estar perto dele, ela percebeu que Zayn caminhava apoiando uma mão na parede, ele parou em algum momento e seu peito subiu e desceu devagar, mas ele continuou agitado caminhando e sumiu no escuro de um corredor atrás de dois pilares de gesso. 

Mera olhou para o caminho que ele tinha feito com os olhos arregalados ali do canto, sem saber se ele estava mesmo agitado ou se desequilibrando talvez, olhou para a direção em que ele tinha vindo e procurou por Megan ou Trisha, estaria ele passando mal? Alguém deveria estar indo atrás dele, mas ninguém parecia notar nem mesmo seu desespero repentino.

Zayn estava certo quando dizia que não gostava tanto assim de comparecer a esses lugares, as pessoas não estavam mais interessadas em ajudar do que estavam em aparecer para as câmeras e sair no jornal na manhã seguinte, era por isso que as vezes julgavam-no como antipático e como uma pessoa arrogante só porque ele não ia na maior parte dos eventos, mas ele sempre fazia doações e destinava parte de seu dinheiro a coisas importantes, mas como não usava tais atos para se promover, então não importava. 

Ninguém apareceu depois que ele sumiu no corredor escuro. Mera quase correu até lá. 

— A nossa mesa é por ali. — Megan entrelaçou seu braço ao de Zayn e caminhou com ele seguindo uma das organizadoras do evento que sabia onde estavam as mesas postas de cada um dos convidados e suas famílias. 

Os olhos dele piscaram várias vezes e ele encarou a irmã seguindo com Megan alguns passos, quando olhou de volta para Mera ela já não estava mais lá. 

O jantar seguiu normalmente, Zayn não deixava de ser gentil e atencioso com as pessoas que vinham falar com ele e com sua família, mas ele ainda achava que aquele não era o melhor momento para estar em um jantar com tantas pessoas, poderia ter feito alguma doação de um jeito diferente, mas estava ali afinal. 

As pessoas a sua volta na mesa conversavam empolgadas sobre algum assunto e ele estava dando só alguns goles em champanhe durante aquele jantar, já tinha participado de coisas assim outras vezes, mas dessa vez ele se sentia mais sozinho do que nunca, principalmente depois de ter visto Mera e de não ter facilidade para encontrá-la de novo no meio de tantas pessoas. Mesmo acabando de beber champanhe sua garganta ficou seca, as vozes ao seu redor foram ficando mais altas até aquela sensação ser ensurdecedora  

Zayn virou de uma vez o resto da bebida de sua taça em um único último gole e juntou suas mãos em cima da mesa, estavam quentes e formigando, ele se odiou naquele momento, sabia o que estava acontecendo e se odiou por não conseguir fazer parar. 

Aquele lugar cheio de pessoas cujo pareciam estar todas olhando para ele, esperando alguma coisa dele, que ele sorrisse e que dissesse que estava bem mesmo não estando, tudo estava deixando-o desconfortável, a sensação de que todos estavam procurando por algo para deixá-lo pior. 

Zayn não conseguiu escutar os próprios pensamentos direito, tudo na sua cabeça estava gritando tão alto e ele pensou "fique quieto, fique quieto" mas não adiantou nada, seu coração estava quase pulando para fora do peito de novo. Ele queria tanto ignorar aquela sensação, mas quando pensava nela como era aí então que sua respiração se perdia em um ritmo acelerado. 

— Querido, o que houve? — Trisha tocou seu braço e Zayn saiu de uma luta interna com sigo mesmo encarando a mãe. — Está tudo bem? 

— Está. — Zayn assentiu depressa, estava passando as mãos pela calça na tentativa de impedi-las de ficarem suadas. — Vou ao banheiro. — Ele afastou a cadeira e deu um beijo no rosto de sua mãe antes de sair. 

Ao andar e se afastar de todas as pessoas, Zayn deu passos mais rápidos ainda, seu corpo estava quente e ele morreria sufocado como em todas as vezes naquela semana, ele puxava profundamente o ar para inspirar, mas nada vinha, mesmo que o ar estivesse em seus pulmões o que ele sentia era que tudo estava preso e quando respirava mais fundo doía. 

Zayn estava afastado das pessoas o bastante para que não notassem que ele estava suando, saiu andando discretamente ao lado de uma parede para ir ao banheiro mais próximo. 

Assim que adentrou um corredor e se afastou um pouco da luz do salão de jantar ele andou mais rápido, sua visão inteira estava turva e a gola da camisa o sufocando enquanto ele tentava puxá-la um pouco do pescoço. 

Nas vezes que sentiu coisas parecidas como aquela na semana ele sempre pensava que seria a última vez, não porque as sensações ruins passariam, mas porque ele morreria. Era isso que ele sentia, que estava morrendo. 

Zayn entrou no banheiro empurrando a porta com força e parou diante do espelho, puxando sua gravata com desespero para afrouxar um pouco, mas ela não saia. Abriu a torneira com as mãos trêmulas e se curvou para jogar um pouco de água no rosto, apoiando as mãos na pia e tentando respirar. 

— Zayn? — Mera chamou do lado de fora do banheiro e ele olhou para a porta sem saber se tinha escutado direito, mas de repente ela estava entrando desesperada. — Vi você andando pelo salão, parecia agoniado. — Mera se aproximou deixando sua clutch em cima da pia e observando-o com um olhar aflito erguendo as mãos para tocar nele. — O que está acontecendo? — Mera apertou o braço dele com desespero, Zayn estava ofegando sem parar como se tivesse acabado de correr muito. — Está passando mal. 

— Eu acho que… — Ele tentou dizer, mas não conseguiu, ele queria tirar aquela gravata e Mera fez isso para ele rapidamente quando viu Zayn puxando-a. — Ansiedade… não consigo… respirar. 

Os olhos dela se arregalaram, ele parecia a beira de um colapso. 

— Você precisa respirar devagar. — Ela mexeu as mãos dizendo em um tom claro para ele, olhando bem no fundo de seus olhos. — Respire devagar, Zayn. 

Ele engoliu seco assentindo, mas nem mesmo conseguia se focar nas palavras, estava quase vomitando. 

Mera passou seus braços em volta do pescoço de Zayn e chegou com seu corpo tão perto do dele que sentiu seu coração batendo contra o próprio peito, ela o apertou com toda força que tinha e respirou fundo, desejando que ajudasse. O abraçou pelas costas também, descendo suas mãos e entrelaçando os braços em volta dele e continuou abraçando o máximo que conseguia, pressionado seus ossos, até que ele fez o mesmo com ela. 

— Está tudo bem. — A voz dela soou como um sussurro e ele fechou os olhos apertando-a de volta com carinho em seus braços. — Está tudo bem, Zayn. — Mera deitou sua cabeça no ombro dele e afagou seu cabelo macio passando seus dedos entre as mechas e ficaria ali o quanto precisasse para vê-lo melhor. 

A respiração dele começou a retomar um ritmo normal e Zayn sentiu um peso saindo de cima do peito, aos poucos conseguiu inspirar profundamente e retomar o controle de sua mente também. 

— Está melhor? Conseguindo respirar? — Mera segurou o rosto dele com as mãos analisando-o assim que se afastou um pouco, o rosto estava molhado e as partes de cabelo próximas a testa também. — É a primeira vez que isso acontece? Consegue falar? Você comeu alguma coisa?

— Mera — Zayn disse em um suspiro surpreso, só o que poderia tirar seu fôlego agora era a beleza dela, seu cabelo estava preso para trás e ele conseguia enxergar cada lindo traço. — Estou bem. — Ele balançou a cabeça e arrumou a postura de recompondo. — Eu…

— Você comeu alguma coisa? — Ela ergueu as sobrancelhas com vontade de tocar o rosto dele mais uma vez. 

— Sim, sim. — Zayn assentiu depressa, estava confuso demais, o que ela fazia ali? Nem a viu chegando, por que ela o seguiria para o banheiro? — Como me encontrou aqui? 

— Estava no meio do salão e te vi, você parecia meio perturbado por alguma coisa, fiquei preocupada. — Ela deu de ombros e Zayn assentiu. — Você parece agitado ainda — Mera estava analisando-o por completo, olhando reitero, o rosto, as mãos. — Por quê? O que houve?

— Acho que vou embora. — Ele se virou de volta para o espelho e passou a mão pela testa molhada. — Tenho que ir pra casa, não estou me sentindo bem. Por favor, avise a minha mãe e a Megan, elas estão aqui na…

— Eu te levo. — Mera segurou o braço dele. — Eu te levo pra casa. 

Suas palavras surpreenderam até mesmo ela própria, mas já tinha dito. O levaria para casa. 

Mera aconselhou Zayn a beber um pouco de água enquanto ela iria esperar por ele na porta do lado de fora e ele pegou água da torneira da pia mesmo e bebeu com as mãos, fechou a gravata de volta e quando saiu do banheiro, Mera estava mesmo lá.

Os dois seguiram mais pelo corredor até chegarem a portas que levavam ao jardim de fora e então deram a volta pelas flores e saíram pelos fundos, eles chamaram um táxi e entraram juntos, Mera estava pronta para dar o endereço da casa de Zayn, mas foi ele que disse um totalmente diferente. 

— É lá que moro agora. — Ele explicou, não tinha forças para dizer que ela deveria ficar ou que não deveria se preocupar com ele, não tinha muitas forças para muitas coisas, então se ela quisesse estar ali, tudo bem. 

Mera assentiu ao que ele foram em silêncio pelo resto do caminho, apenas observando a cidade acesa através do vidro das janelas. 

Quando chegaram na porta de um edifício bem alto, Zayn fez questão de pagar e eles foram recebidos pelos seguranças da entrada abrindo a porta para eles. Mera nunca tinha estado naquele prédio ou naquela rua, era um novo edifício, mas os outros edifícios ao redor continuavam luxuosos. 

— Você acha que precisa de um médico? — Mera perguntou para Zayn já dentro do elevador. 

— Não — Ele balançou a cabeça. — Eu estou bem, foi só um… 

— Um crise de ansiedade. — Ela se virou para ele. — Sei o que é isso, Zayn — tocou seu braço. — Precisa se cuidar. — Os olhos estavam tristes pela situação. 

— Eu me cuido. — Ele também virou o rosto para ela. — Obrigada por ter vindo até aqui, Mera — Zayn disse um pouco surpreso demais, ele piscou algumas vezes para ter certeza de que ela estava ali. 

Estaria ele sonhando por causa dos remédios para dormir que andava tomando? 

— Não está fumando, não é? — Mera perguntou. 

Os dois juntos ali era como se nunca tivessem ficado separados. 

— Não. — Zayn negou. 

A porta do elevador se abriu dentro da sala de estar do apartamento e Zayn foi o primeiro a sair para fora, pararam em uma grande sala de estar, uma das, porque do outro lado havia outras poltronas e mais uma mesa de centro perto das janelas grandes de vidro. 

— Não é culpa do cigarro. — Zayn disse, estava tirando sua gravata outra vez. 

Mera respirou fundo sem vontade de descutir com ele sobre as alterações que a nicotina podia causar no cérebro dele, ao invés disso o que veio a sua mente foi o isqueiro azul que tinha na gaveta ao lado da cama, mas ela não queria correr o risco de avisar e ele querer de volta, era uma das poucas coisas que tinha sobrado para que se lembrasse dele. 

Ela deu alguns passos para fora do elevador e olhou a sala, o apartamento era bonito, os tons escuros na decoração e o vasto espaço, uma escada de madeira e ferro levava para o andar acima e a cozinha também podia ser avistada. 

— Zayn, você está aqui sozinho? — Mera perguntou com o coração apertado e ele se virou para ela. — E se mais uma dessas crises acontecer enquanto você estiver aqui só? 

Ela não fazia nem ideia de como as últimas noites dele estavam sendo, pelo menos em dois dias acordou agitado e suando, como se tivesse tido um pesadelo e depois não conseguia mais pegar no sono, por isso estava tomando um comprimido para dormir toda noite depois do episódio no seu escritório na semana anterior. 

— Eu não estou doente. — Ele disse sério. — Eu sei que essas coisas vão parar. 

— Mas, Zayn… — Mera mordeu os lábios querendo fazer alguma coisa por ele, mas não sabia o que, ela deu um passo até ele e tropeçou em alguma coisa ao lado do sofá. 

Mera olhou para baixo encarando aquele pedaço de tecido lilás com renda e se abaixou para pegar, não poderia ser… poderia?

— Mera — Zayn queria saber que dizer, mas ela já estava segurando a alça daquele sutiã com a ponta dos dedos e uma expressão de nojo num primeiro momento. — Eu não…

— Não precisa dizer nada. — Ela jogou o sutiã em cima do sofá engolindo em seco e apertando com mais força sua clutch na mão direita e depois ergueu seus olhos até ele. — Claro que não está sozinho afinal. — Disse com certo sarcasmo, mas foi um pouco mais dolorido do que isso. 

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