A queda das rainhas do norte...

By _BrunaRamalho_

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O Norte, um império sólido, mas amaldiçoado. Atarah é a herdeira de ouro, mas seu trono está ameaçado por uma... More

Mapa
O Norte - Atarah
Melione - Adenna
Tudo ou nada - Atarah
Sangue sobre o mármore - Adenna
A rainha - Atarah
Gelo e fogo - Atarah
Coroa de vidro - rainha Odalis
A assassina - Merle
Um novo dia - Atarah
Sangue e família - Atarah
Vida e morte - Adenna
Fuja das sombras - Merle
Rainha Atarah - Atarah
O renascer - Merle
O preço - Adenna
A peça - Merle
Um novo início - Atarah
Ariella - Merle
Doce veneno - Keir
A melhor rainha - Adenna
Odeio o meu trabalho - Merle
Amadrya - Atarah
A estrela mais brilhante - Merle
Chamas do passado - Atarah
Pequeno lumaréu - Adenna
O veneno do amor - Merle
Terras Férteis - Atarah
Perdão - Adenna
Uma nova rainha - Adenna
Aislinn - Atarah
A deusa - Atarah
Minha primeira morte - Atarah
Um novo começo - Merle
Fim de jogo - Adenna
Bronimir - Merle
Sem destino - Atarah
A rainha está morta - Atarah
Por amor e um rei - Adenna
Selene - Merle
Os mortos - Atarah
Um final definitivo - Atarah
Dezesseis dias - Merle
O traidor - Adenna
A última jogada - Atarah
O peso de uma vida - Merle
Fim de jogo - Atarah
A queda - Adenna
Viva - Merle
O mundo que sobrou - Atarah
A história continua

Ela está morta - Atarah

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By _BrunaRamalho_

No meu sonho estava em um belo campo, nada parecido com o Norte ou as terras em geral, estava de pijama e o vento soprava meus cabelos, o sol brilhava, mas não era quente, na verdade o dia não tinha calor ou frio, nem se quer uma briza mais gelada, nada. Vi uma mulher vindo, ela me era familiar, era minha mãe.

O mato estava alto e com seu vestido pesado não deveria estar fácil se movimentar, caminhei até ela, mas quando tentei tocá-la não consegui, era como se a rainha não estivesse ali. Abaixei a cabeça para olhar minhas mãos em sinal de desapontamento, quando levantei o olhar, minha mãe sorria, e então começou a caminhar em frente, para lugar nenhum, já que não havia nada em lugar algum mesmo.

- Sei que tem perguntas, mas, eu sou apenas um sonho. Uma lembrança.

Corri para alcançá-la, ela andava tão rápido. Quando cheguei começamos a caminhar juntas.

- Eu sei.

- Atarah, você anda solitária, sempre andou. Isso não te incomoda?

- É melhor ficar só quando se é um perigo para os outros. Se você está aqui tem alguma coisa que, inconscientemente, eu queria me avisar. Então diga-me de uma vez.

Odalis respirou fundo em tom de decepção, mas disse sem perder mais tempo.

- Atarah, querida, todos temos luz e trevas, mas o que importa é o lado para o qual decidimos agir. Não seja aquilo que esperam de você.

- Serei aquilo que precisar ser para sobreviver... Eu estou com... Com tanto medo, mãe.

- Eu sei, mas medo do que? Você, minha filha, é muito mais forte do que acredita, de muitas formas diferentes. Saiba. O final só chegará quando você decidir que acabou. E você decidirá o fim, apenas você.

- O fim de que?

- Da sua história, o destino está escrito, mas você decide como e quando ele acontecerá. Seu destino não necessariamente significa seu fim. E espero que esteja ciente disso.

- Devo estar, já que estou fazendo você afirmar isso em meu sonho.

- Adeus, querida.

E com isso, acordei, já estava de manhã, os convidados em geral já haviam ido embora há seis dias. Hoje completa uma semana que sou rainha, e uma semana que torturamos a infeliz da minha dama nas masmorras. Ela não fala, a poção fez com que ela não pudesse mentir, mas não a impede de não querer não responder as perguntas. Ela ainda está sendo interrogada nas masmorras, mas imagino que estejam pegando um pouco mais leve com ela... Por enquanto.

Alastair está sendo uma boa companhia, pelo que escutei, todas as noites ele deixa o castelo, aposto que possui uma amante, já que quando perguntei o guarda ficou visivelmente nervoso. Hoje em dia posso dizer que somos amigos. E gosto disso.

Sorin irá tomar o café da manhã comigo, e partirá para Brielle, pois a Grã-Duquesa Anne estará o aguardando, a expectativa de tempo de viajem é de nove a doze dias, e não esperamos que ele se atrasasse, o convite foi feito pela mulher, e estou verdadeiramente curiosa para saber o motivo. Deixei as empregadas me arrumarem, nada de mais, vestido branco sem armação, leve, com pó de ouro, minha coroa e algumas tranças.

Decidi que preciso ficar fora do palácio, pelo menos por alguns minutos, não tive tempo para nada nesses últimos dias. Agora entendo porque os reis se casam, é coisa de mais para se fazer sozinha. E eu ainda estou tendo o meu primo para me ajudar, já que ele era um príncipe é totalmente capacitado para fazer o que faço, mas ele irá partir hoje. Não sei como farei a partir de agora.

No pátio, que um dia Adenna incendiou, estava posta uma pequena mesa redonda coberta por uma toalha branca, sobre ela diversas comidas. O clima estava ótimo. Sorin já estava à mesa, e bebia vinho, quando me viu ergueu a taça e fez uma reverência com a cabeça enquanto sorria. Retribui o sorriso e me sentei na cadeira a sua frente, ele servia uma taça para mim enquanto falava.

- Você está péssima, parece que não dorme bem há dias. Posso não ir a Brielle e te ajudar...

- Esqueça Sorin, você vai. - Bebi um gole do vinho e peguei uma torrada. - Preciso de um tempo para mim. Eu sei. Preciso de alguém para me ajudar. Quero fazer algo a não ser ler leis e resolver problemas do meu povo, ou ficar controlando a causa rebelde de forma sutil. Não estou mais pensando direito.

- Sua magia... Eu estou a sentindo, você não a soltou a semana toda, sabe que será um estouro, não sabe? Precisa sair. Vá caçar. Deixe o conselho fazer o trabalho deles uma vez. Não deixa os coitados nem escolherem o próprio almoço.

- Não confio neles.

- Prima, você não confia em ninguém.

- Pode me culpar?

Ele balançava a taça em círculos, fazendo o vinho criar um pequeno redemoinho com o líquido, enquanto pensava.

- Como você dizia?

- Se quiser confiar em alguém, confie apenas em si mesmo, ou no seu círculo íntimo, o resto irá tentar te trair.

- Exatamente. Quem você acha que pode estar te traindo?

- Todos menos você... Que situação deplorável essa minha.

- Essa nossa. Estamos no mesmo barco, se você cair, eu caio com você.

- Mas é apenas levantarmos de novo. E cairmos de novo. E levantarmos novamente. Família é isso, não é?

- Pode ser para os outros, acredito que se cairmos é porque estaremos mortos.

- Bom ponto.

Continuamos conversando por mais dez minutos até eu ter que voltar a minha rotina exaustiva, me despedi, e Sorin partiu. Tinha reuniões pelo resto do dia, seis. Entrei na sala e vi minha cadeira, ninguém havia chegado ainda. Não posso fazer isso novamente. Acho que minha magia vai me devorar viva se não a liberar. Não posso desmarcar tudo, mas as duas primeiras são menos importantes.

As cancelei e fui para a arena, é o único lugar próximo o suficiente para libertar a magia sem ferir ninguém. Avisei meus guardas de onde estaria, mas apenas isso, e eles avisariam o conselho. Não acho que eles devem ter gostado da notícia, muito menos por ela ter sido passada por meros guardas, e não por mim, mas esse seria um luxo que, no momento, me imagino incapaz de realizar.

Assim que entrei me vi sozinha, a areia estava limpa, havia chovido todos os dias durante todos os finais de tarde, o sol podia brilhar, mas não estava aquecendo, Melione nunca foi tão fria. E imagino que a culpa seja minha. O príncipe das Terras Capitais finalmente desistiu de ter a minha mão, mas aceitou bem a ideia de sermos amigos. Fui direta na última carta, e ele entendeu. O que foi bom. Bronimir não é exatamente o tipo de pessoa que eu gostaria de ter ao meu lado, principalmente agora que vários escândalos estão vindo à tona. E seu nome está envolvido em quase todos.

Esfreguei as mãos, uma na outra, e as fui afastando quando uma bola de neve, gelo e magia fluorescente azul crescia. Quando ela ficou praticamente do meu tamanho a empurrei para o céu, seu peso era insignificante, isso fez com que ela fosse para o alto, chegou perto das nuvens e explodiu, soltando uma enorme onda de vento, poder e luz. Fiz isso quatro vezes, acho que era o suficiente para eu ficar os próximos três dias me recuperando, aquilo era muito, muito mais que qualquer Bruxo deveria carregar. Engoli em seco, estava exausta, mas era como se um peso sobre meus ombros tivesse diminuído. O gelo e a neve viravam água antes de atingir o chão, estava tudo molhado pela cidade, meio que eu havia feito chover.

Participei das outras quatro reuniões, a última foi a mais interessante.

- Muitas pessoas do Oeste da cidade estão se juntando a causa rebelde, não possuem nem mais medo de admitir isso. - Disse um dos membros do conselho.

- Por que estão se juntando? E admitindo? - Perguntou Alastair, eu o convidei para ser parte do conselho, sua opinião não influência em nada nas votações, mas ele costuma falar pelo povo. Algo que acho bonitinho.

- Estão passando frio, Melione sofreu com essa mudança repentina de temperatura... - Todos olharam para mim com olhares acusativos, mas eles esperam que eu faça o que? Mude o tempo? Quem me dera se eu soubesse como.

- É uma parte mais precária da cidade, e andam causando muitos problemas. - Respondeu outro. - Acho que querem chamar atenção.

Fiquei um tempo em silêncio, estava pensando, estou cansada dessas pessoas, a semana toda ficaram me causando problemas. Me endireitei na cadeira da ponta da mesa, e quando comecei a falar todos se calaram. Sou a única mulher nessa sala, e isso me incomoda, mas acho que o que mais incomoda, para eles, sou eu ter a opinião final. Se não concordo não acontece. Simples. E eu adoro saber que eles odeiam isso, mas nem ficarão por muito mais tempo com esses cargos, quero energia feminina nessas reuniões.

Quero pessoas que quando ficarem irritadas não dêem soquinhos na mesa, ou gritem. As mulheres do Norte são as que claramente mais possuem voz nas Terras Bruxas, graças a minha mãe, mas isso é uma luta que eu estou assumindo, e que deve prevalecer. Quero entrar nessa sala algum dia e ter o mesmo número de homens e mulheres. Quero que vejam que eu e todas as outras somos mais que rostos bonitos e reprodutoras. E eles verão, com certeza irão ver.

- Se eles estão com frio vamos aquecer as casas deles. - Disse sorrindo. Alastair parecia surpreso com a minha bondade, e o conselho... Diria que um pouco impressionados e decepcionados. Mas eu ainda não havia acabado. Enquanto me levantava terminei de dizer o que faríamos. - Vamos queimá-las, quero ver se Adenna fará algo. Se estão ao lado dela, que dependam dela. E não de mim. Quero todas as propriedades dos rebeldes do Oeste em chamas até o ápice da noite.

Isso fez o conselho sorrir, uma tirana, se é isso que eles acham que eu sou, realmente não me importo de entrar no papel. A reunião acabou. Temos que avisar os guardas para cumprirem seu novo afazer. Alastair parecia verdadeiramente assustado, não saí da sala e nem ele, sei que queria falar comigo sobre minha decisão. Me sentei novamente, mas desta vez de uma forma muito mais informal. O guarda não se sentou, estava andando de um lado para o outro enquanto falava. Nervosismo era uma palavra muito forte para o que ele parecia expressar.

- Como pode? Achei que tinha mudado. Que... Que não era mais um monstro. Lá vivem crianças, famílias. Você vai tirar tudo deles. Tem noção disso? Isso é uma declaração de guerra! E sem dúvida irá fazer os rebeldes ganharem mais apoiadores.

- Alastair. É tudo apenas um jogo. E tenho total noção do que faço. Estou no controle da situação.

- Um jogo que segundo você, eu nunca serei capaz de compreender. Atarah, mas isso não é um jogo. Isso são vidas.

- Acho que subestima um pouco a minha inteligência, Alastair, o que sem dúvida alguma é uma imença tolice. Tenho total consciência do meu ato, apenas... Não se intrometa.

Assim eu o deixei sozinho e fui trocar de roupa, tenho um passeio com um nobre da cidade, e olha! Vamos passar próximos do incêndio. Vou começar uma guerra, mas estou armada. Meu conhecimento é minha maior arma neste momento. E considero que estou formidavelmente muito bem armada.

Assim que me troquei fui falar com os guardas que participariam dessa missão, nada de armaduras, nada que mostrasse que eu estava por trás dessa trágica situação. O homem que me levaria para o passeio estava ciente de tudo. Quando estávamos para sair os guardas já haviam partido.

Não falamos nada de importante, economia, e pragas. Melione é linda durante a noite, e hoje pela primeira vez em um bom tempo a cidade não estava muito úmida, mesmo com a minha chuva repentina. Alastair saiu logo atrás de mim, não foi acompanhado, ele sabia que estava tramando algo, mas não sabia o que. E eu não deixaria que o guarda atrapalhasse tudo. Sempre querendo salvar as pessoas...

Quando o incêndio chegou ao nível que eu desejava, corri, havia várias pessoas tentando ajudar, mas nenhuma teria magia o suficiente para apagar aquelas chamas. O vestido que usava era curto e leve, foi fácil chegar lá correndo. Meu colega nobre segurou Alastair com magia, ele é um Bruxo de encantamento, o encantou para que não pudesse se mexer. O homem fez um gesto de aprovação com a cabeça e então comecei minha atuação.

- Pelos deuses! O que está havendo? - Não perguntei a ninguém especificamente.

As pessoas pareciam surpresas com a minha presença, precisaria me explicar antes, senão não obteria uma resposta.

- Vim passear, estava em um encontro quando vi as chamas e a fumaça.

- Não sabemos Alteza. O fogo está ficando mais forte. Precisamos de ajuda! - Disse um homem, ele começou falando comigo e terminou avisando a todos, avisando o óbvio.

Enquanto me aproximava do fogo via as pessoas parando para ver o que raios estava fazendo. E quando comecei a congelar e a molhar tudo, soprei as chamas para o centro evitando que o fogo se alastrasse mais. Levei minutos para apagar tudo. Eu salvei o dia. As pessoas me aplaudiram e me agradeceram, mas eu ainda não havia acabado.

- Isso que aconteceu foi péssimo. Todas as famílias que perderam as casas. Saibam que são muito bem-vindas ao castelo. Iremos ajudar a restaurar tudo que foi perdido. Estou aqui para ajudar, a manter a ordem, e juro que tentarei fazer isso até o meu último suspiro. Começaremos a procurar o motivo do início do incêndio. Amanhã.

Me aproximei de Alastair e do nobre, dei um meio sorriso, algumas pessoas ainda se aproximaram para me agradecer e para me dizer que não achavam que eu seria esse tipo de rainha. Uma que se importa com todos da sociedade. Com um sorriso no rosto aceitei todos os elogios. Caminhei na frente, o guarda ainda não havia dito uma única palavra, o nobre fez apenas um único comentário.

- Poder, beleza e inteligência. Existe combinação melhor?

Olhei para trás, mas não diminui o ritmo dos passos, dei um sorriso largo e falei:

- Obrigada, mas é isso que devemos fazer. Boas rainhas devem ajudar seu povo sempre que algo sair do controle. Eu devo sempre estar no controle.

Alastair parecia verdadeiramente furioso, tão furioso que nem falava. Eu sei que fui genial, tudo tem um custo, e estava disposta a pagar. Assim que chagamos ao castelo, me despedi do nobre e fui para o meu quarto, ainda não durmo na suíte real. Ela é dos meus pais. Mesmo com eles estando mortos. Não me despedi do guarda, já que ele passou reto por mim, e batendo o pé. Revirei os olhos, mas não estava interessada em brigar.

Apenas me atirei na cama e esperei as empregadas terminarem de preparar meu banho e de trazerem o meu jantar. Hoje foi um dia vencido.

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