23:26 PM
- O quê? O que você disse? - em choque, balbucio.
Meu corpo treme em espectativa e minha mente ainda mantém-se em estado de desorientação. Alex fez isso? Ele mentiu para mim? Para nós? É quase impossível que isso seja verdade. O Alexander? O cara mais legal e engraçado e fofo do mundo inteiro? Não pode ser verdade. William deve estar mentindo, não é mesmo? Alex nunca faria isso. Eu quase riu só em pensar na hipótese.
- Por que você tá rindo? - William chama a minha atenção.
Ponho os meus olhos sobre ele outra vez. Eu estou rindo? Nem percebo. É que tudo parece estranho demais, impossível demais... Alexander Mendez nunca faria isso, não é? Pode ser que sim. Ninguém conhece direito as pessoas, Angelina. Dessa vez não é nenhuma das minhas versões que opna. É apenas a minha própria constatação. Na verdade, as minhas versões estão caladas há bastante tempo. Parecem querer me dar espaço. Eu agradeço por isso. Tê-las apenas observando tudo é melhor do que ouvi-las me ditando ordens.
- O Alex nunca faria isso. É o Alex. - riu novamente.
Mas William ainda está sério. Permanece sério enquanto me encara. Os olhos castanhos focados sobre mim.
- Ele me disse que tu gostava dele.
- O quê? - eu quase grito. Contudo, recomponho-me e prossigo: - Isso é mentira. Uma grande mentira. Por que ele diria isso? Lembra que eu te falei que foi ele que começou a gostar de mim? Até se afastou por isso.
Lembrar do término da nossa amizade traz um aperto ao meu peito. Apesar do tempo, ainda dói um pouco. Acredito que términos de amizade sejam bem mais dolorosos do que términos de namoro. A tristeza, às vezes, vem em dobro. Para mim pelo menos foi o que aconteceu. Quer dizer, eu não saberia dizer naquela época se isso era verdade ou não. Até porque, naquela época, eu ainda não tinha enfrentado algo que chegasse perto de um relacionamento amoroso sério.
- Eu sei. Isso me surpreendeu. - ele diz - Por que eu sempre achei que fosse acontecer algo entre voces,isso é, depois que ele me falou isso. Mas quando você me disse que a amizade de vocês tinha acabado por causa de uma investida dele, isso me surpreendeu, Angelina. Eu quase não acreditei. Só não perguntei nada por que nao somos tão próximos. Eu não podia simplesmente perguntar do nada sobre isso.
Eu o entendo. É claro, faz todo o sentindo. Estou mordendo os lábios novamente. As Angelina na minha mente tentam me dizer algo, mas eu as afasto para bem longe. Vejo-as de longe protestando.
- Então... sese não fosse esse mal entendido... eu... quer dizer... nós...
- Sim. Isso mesmo. - ele confirma.
- Isso foi tão errado. - o óbvio cruza os meus pensamentos e escapa de minha boca.
- Em todos os níveis.
Silêncio.
- Você... ficou muito tempo me esperando? - aussueo baixinho.
Por que pergunto isso? Eu não sei. Mas é algo que me dá curiosidade. É quase impossível que eu não faça a pergunta. Então a faço.
William passa as mãos pelo cabelo. Então, sorri. Há um clima estranho entre nós. Sinto-me como se tivesse voltado no tempo.
- Sim, o começo da festa inteira, Angelina.
- Foi o momento em que eu permaneci com Alex.
Ele parece se aborrecer por alguns instantes. Mas depois se recompõe rapidamente.
- E você?
- Sim. Por tempo o suficiente para quase entrar em pânico. - nós sorrimos. O quão rápido uma conversa tensa pode mudar para uma mais amena? Então, tão rápido quanto se torna mais calma, se transforma novamente em um momento tenso. - Quando eu sai eu te vi com... Bem, eu não sei quem ela era.
William e uma garota que eu não conhecia, perto do pátio, aos beijos. Corações quebrando em vários de pedacinhos. O meu coração.
- Sinto muito. - há verdade em sua fala. Não duvido que ele realmente esteja sendo verdadeiro. - Eu fiquei chateado. Acabei fazendo algo que não sentia vontade.
- Você podia ter ido até mim e perguntado cara à cara, William. Me dito a verdade frente a frente. - disparo.
- Você também. - ele rebate. - Nós dois erramos, Angelina.
Eu concordo com um aceno de cabeça. Sei que é verdade. Mas a imagem William e a garota desconhecida. Sua mão percorrendo a cintura dela e agarrando o seu cabelo não sai da minha mente. Um sorriso escapando dos lábios dela entre os beijos. Coração se quebrando por inteiro.
Silêncio.
- Eu lembro o que eu ia te dizer naquele dia. - William diz,chamando a minha atenção para ele novamente. Sorri, recordando: - Eu tava muito nervoso. Eu nunca fui de ficar nervoso com quase nada. Você me deixava nervoso, Angelina.
Meu rosto inteiro queima frente à sua declaração. A imagem dele com a garota ainda invade a minha mente, mas começa a tornar-se apenas uma lembrança de algo ruim.
- "Oi, eu... eu sou o William. Não sei se tu me conhece ou se sabe o meu nome... - ele começo, eu riu enquanto William tenta não morrer de vergonha - Eu acho que sinto alguma coisa por ti. Acho não, tenho certeza. É isso." Desculpa,eu nunca fui bom em declarações.
Dessa vez, meu riso é ainda mais frouxo.
- Eu achei uma boa declaração.
- Sério? - me olha em dúvida.
- Não.
Rimos. Outra vez, mais trocas de olhares. Ele se aproxima, sem se mostrar acanhado. Vejo nele receio, mas, ainda assim, quando ele chega perto demais o que vence é a vontade latente que cruza os seus olhos. Eles brilham em excitação.
- Se o Alex não tivesse feito...
- Vamos combinar uma coisa? - ele pergunta. Eu concordo. - Esquecer isso não parece uma boa opção?
Sim, parece. Eu assinto.
- Então vamos começar de novo. - ele diz. Isso me deixa curiosa e um riso involuntário cruza os meus lábios. - Oi, me chamo William, tenho duas gatas e sou apaixonado por música.
Riu outra vez, apertando a mão que ele me estende. Ela é quente e sinto os seus dedos machucados. Talvez seja devido a sua rotina intensa com a guitarra.
- Oi, William. Me chamo Angelina. Tenho um gatinho apenas e sou apaixonada por literatura, principalmente por poesia.
- É um prazer te conhecer, Angelina.
- É um prazer te conhecer também, William.
Rimos outra vez.
- Qual o nome das tuas gatinhas? - eu pergunto, enxerida.
Mas ele não parece ouvir. Solta a minha mão e, no minuto seguinte, ele está ainda mais perto. Seus olhos não vacilam de encontro aos meus. Eletricidade,é o que há neles. Elétricidade é o que perpassa em meu corpo inteiro, além da empolgação. Me beije, meu subconsciente incita,mas os meus lábios não esboçam nenhuma palavra.
- Foi assim que você imaginou que seria? - ele pergunta.
Eu discordo, ele arquea a sobrancelha, para logo depois abrir um sorriso gostoso quando eu anuncio:
- Não, isso aqui é bem melhor.
- Eu concordo. - ele diz. - E eu vou te beijar agora.
Eu não discordo e nem penso mais em nada. Meus lábios entreabertos o respondem. Me beije agora, então. E ele me beija. E é melhor do que o anterior. Há uma explosão acontecendo dentro de mim nesse exato momento.
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bjxs,
Triz