A queda das rainhas do norte...

By _BrunaRamalho_

5K 496 211

O Norte, um império sólido, mas amaldiçoado. Atarah é a herdeira de ouro, mas seu trono está ameaçado por uma... More

Mapa
O Norte - Atarah
Melione - Adenna
Tudo ou nada - Atarah
Sangue sobre o mármore - Adenna
A rainha - Atarah
Gelo e fogo - Atarah
Coroa de vidro - rainha Odalis
A assassina - Merle
Um novo dia - Atarah
Sangue e família - Atarah
Vida e morte - Adenna
Fuja das sombras - Merle
Rainha Atarah - Atarah
O renascer - Merle
O preço - Adenna
A peça - Merle
Ela está morta - Atarah
Ariella - Merle
Doce veneno - Keir
A melhor rainha - Adenna
Odeio o meu trabalho - Merle
Amadrya - Atarah
A estrela mais brilhante - Merle
Chamas do passado - Atarah
Pequeno lumaréu - Adenna
O veneno do amor - Merle
Terras Férteis - Atarah
Perdão - Adenna
Uma nova rainha - Adenna
Aislinn - Atarah
A deusa - Atarah
Minha primeira morte - Atarah
Um novo começo - Merle
Fim de jogo - Adenna
Bronimir - Merle
Sem destino - Atarah
A rainha está morta - Atarah
Por amor e um rei - Adenna
Selene - Merle
Os mortos - Atarah
Um final definitivo - Atarah
Dezesseis dias - Merle
O traidor - Adenna
A última jogada - Atarah
O peso de uma vida - Merle
Fim de jogo - Atarah
A queda - Adenna
Viva - Merle
O mundo que sobrou - Atarah
A história continua

Um novo início - Atarah

62 9 1
By _BrunaRamalho_

Após a minha coroação deixei Sorin com uma missão simples, conseguir informações com Blyana, minha dama. Caminhei só para o único lugar que me sentia em paz nesse castelo. Preciso de silêncio, preciso parar por alguns segundos. Então fui para o ateliê, o meu ateliê. Ele muda conforme o meu humor. É uma sala bem interessante. Bem grande também.

Assim que entrei, caminhei até a tela branca, puxei um banquinho de madeira completamente manchado por diversas tintas. Peguei uma palheta e coloquei diversos tons. A sala estava fria e bem iluminada. Não sabia o que iria pintar, mas quando encostei o pincel na tela e comecei a fazer uma floresta coberta por neve, corvos começaram a surgir em meu ateliê, mas nunca chegavam perto de mim. Continuei pintando mesmo com o barulho dos pássaros, a cada detalhe que adicionava a tela mais agitados os corvos ficavam e maior ficava o número deles.

Fiquei horas lá, cada pinheiro, cada lobo escondido entre eles, estava completamente detalhado, e a garota... Eu. A preza, estava no centro da tela. Agachada, derrotada. Me afastei da pintura para vez o que havia feito. Derrubei a palheta e os corvos começaram a granar mais alto. Agora eles me irritavam e voavam mais próximos de mim.

Quando um passou perto do meu ombro foi à gota d’água, abri as duas mãos e isso foi o suficiente para eu congelá-los, todos os animais caíram congelados no chão, alguns quebraram, mas de qualquer forma, estavam mortos. Eu caí de joelhos e chorei, não apenas pela vida desses animais. Que eu nem sei dizer se são reais. E que diferença faz? Sou uma assassina do mesmo jeito, sou um monstro. Chorei, pois realmente não sei o que fazer, estou só. É uma questão de tempo até eu me destruir. Não sou tão forte quanto finjo ser. Acho que me perdi no personagem há um tempo, mas agora “Atarah, a garota que tinha sangue frio como gelo e um coração de pedra” está morta, junto com seus pais, junto com seus sonhos, com suas ambições, junto de sua esperança.

Não tive tempo de me recompor, não tive nem tempo de escutar a porta sendo aberta. Será que eu estava gritando enquanto chorava? Alastair entrou no ateliê com os olhos arregalados e com a mão no cabo da espada. Não é todo dia que se vê vários corvos mortos entorno de uma rainha, ainda mais uma que está no chão chorando. Respirei fundo e limpei o rosto, me levantei sozinha. O guarda nem tentou se aproximar de mim. E realmente foi melhor assim, mesmo eu cobiçando tanto um contado físico neste momento. Será que ele é real? É óbvio que ele é real, abriu a porta.

– Vossa Alteza... – Tentou começar ele baixinho, mas se interrompeu enquanto eu passava.

Caminhei sem rumo pelos corredores, preciso ficar só, preciso fugir. Não quero que ninguém me veja assim. Não quero parecer fraca. Não quero que o guarda me veja assim.

  Alastair deve ter entrado no ateliê, pois apareceu atrás de mim apenas depois. E eu já estava um pouco melhor. Não estava mais vermelha e inchada. Escutei o guarda me chamar, não uma vez, mas várias. Desde pelo meu nome até pelo meu título. Parei apenas quando não sabia mais para onde correr.

  Parei em uma sacada, uma que dava a mais pela vista da cidade, que já estava completamente escura, mas brilhava pelas luzes de diversas casas e comércios. Pensei em me jogar apenas para evitar uma conversa, realmente pensei, mas não acho que seria capaz de tal ato.

– Atarah! Pare de fugir.

– Pare de me dar ordens! – Não chore. Pelos deuses não chore.

– Vamos conversar. Direito. Dentro do castelo. Em um lugar mais privado. Um lugar onde as paredes não tenham ouvidos. Por favor.

Passei as mãos nos braços, o ar da varanda estava realmente muito frio. Concordei com a cabeça e entrei novamente, passamos pelos corredores, eu o segui. Estava indo para o escritório. Maldição. Odeio aquele lugar.  Mesmo assim entrei quando Alastair me deu espaço para passar na sua frente. Me sentei no chão perto da lareira que jamais vi apagada. Escutei o guarda fechar a porta e escutei seus passos, ele se sentou ao meu lado, a uma distância respeitosa. Ficamos em silêncio por um longo tempo, apreciando as chamas, vermelhas e amarelas, que aqueciam o ambiente. O Bruxo parecia muito concentrado nelas, mas então começou.

– Me perdoe por não poder comparecer a sua coroação, estava resolvendo... Algo.

– É de qual área, Alastair? – Não olharia para ele, não agora.

– Abjuração, como você. Controlo o fogo, em geral.

– No dia em que meus pais... Foram mortos. Foi você que colocou aquele escudo entorno de mim, não foi? – Ele acenou com a cabeça. – Por quê?

– Você estava em um momento frágil, e... E eu senti que precisava fazer aquilo, que precisava proteger você.

– Sua magia era um nada naquele momento. Igual a minha. Poderia ter mantido ela para você, e se mantido forte e bem o suficiente para não ficar... No mínimo dolorido. Eu fiquei o dia todo sentindo dor de cabeça e nas costas, além do cansaço...

– Valia apena. Valia por você. Atarah, você precisava se sentir segura.

Alastair dizia tudo com tanta calma, e me olhava de um jeito tão... Eu estava me sentindo segura ali. Pela primeira vez eu olhei para ele.

– Obrigada. Por tudo. Eu sei que não sou a pessoa mais fácil, e nem tento ser, mas... Tem sido um dia difícil.

– Eu sei. Quer contar sobre o ateliê?

– Está disposto a ouvir?

Nunca vi Alastair sorrir, e nem vi, mas acho que ele ficou feliz por eu estar disposta a contar tudo o que aconteceu durante o dia, e explicar, ou tentar explicar a pintura. Não chorei, nem me senti mal, foi como se tivesse tirado um enorme peso das costas. Contei como me sentia. Era tão estranho, sentimos tudo, mas não sabemos com que palavras explicar nada.

– Realmente, Vossa Alteza...

– Não me chame assim. Sou Atarah. Apenas Atarah.

Ele me olhou como se tivesse acabado de dizer o maior absurdo do mundo, e continuou como se eu não tivesse dito absolutamente nada.

– O fardo da realeza. Ele realmente não é para todos.

– Minha mãe costumava dizer que a felicidade é algo que as rainhas não costumam ter, e que deveria me acostumar. Não entendia o porquê ela dizia isso. Será que ela não era feliz?

– Acho que seus pais tinham medo de algo. Sabe do que seria?

– O Norte sempre teve muitos inimigos, mas nunca nenhum que eu imagino que meus pais temessem.

– O que você teme, Atarah?

Ri com a pergunta. Tudo seria uma boa resposta. Não existe mais nada nesse mundo que seja seguro. Eu mesma não sou segura para mim. A que ponto chegamos... A que ponto cheguei.

– Isso não é da sua conta... Mas vamos dizer que eu imagino ter poder para destruir o Norte sozinha, o que temer então?

Não fiquei mais tempo, me levantei o mais rápido que consegui e caminhei até a porta, fiquei horas ali. E isso não era o que eu deveria estar fazendo, tenho assuntos para resolver. Muitos, mas não foi uma perda de tempo... Meu encontro com Alastair foi uma reunião, uma que foi um pouco mais longa do que o planejado, mesmo assim, ela me fez bem.

– Temer a si mesma deve ser algo realmente difícil.

Ignorei seu comentário e fechei a porta o deixando sozinho, precisava encontrar Sorin, tenho que perguntar o que ele conseguiu de informações, preciso de uma vantagem. Estou desesperada por uma. Nunca havia ido até as masmorras, é o típico lugar o qual acho que irei frequentar com uma maior frequência, que é algo que me incomoda. Além do fato de ser muito, mas muito distante de tudo do castelo.

Assim que cheguei naquela parte suja e escura, segui o som dos gritos. Sorin ainda estava ali, bem que os guardas me avisaram. Outros me disseram que a garota é forte, mas que iria ceder mais cedo ou mais tarde.

Assim que entrei na pequena sala de pedra, estava meu primo de pé coberto de sangue e minha antiga dama amarrada em uma cadeira, ela também estava coberta. Seu rosto estava quase irreconhecível e o cheiro acobreado que infestava o ar me dava dor de cabeça, mais dor de cabeça. Blyana tentou se ajeitar na cadeira, mas não obteve sucesso. Seus olhos expressavam o seu medo por mim. Melhor assim.

– O que conseguiu? – Perguntei enquanto andava até Sorin.

– Nada de útil. A desgraçada cospe sempre a poção da verdade. Então temos que resolver do jeito antigo.

– Deixe comigo.

Sorri para meu primo, um sorriso cruel. Chamei dois guardas para segurar a mulher e para trazerem o líquido. Fiz um funil de gelo e o enfiei em sua boca. O cano chegava até a sua garganta. Ela ficaria sem ar, mas iria beber. Só se conseguisse vomitar iria se livrar do efeito.

Após ter ajudado já estava passando mal por conta do cheiro, a luz baixa também estava me incomodando. Despedi-me de Sorin e fui embora, e disse que esperava que amanhã recebesse informações úteis. Subi para o castelo e fui direto para o meu quarto, nele um banho quente já me aguardava. Coloquei minha camisola branca e dormi como uma pedra.

Continue Reading

You'll Also Like

172K 10.1K 107
.. vem descrever essa história comigo. (Autora nota) Uma coisa mas não menos importante Essa história não haverá muito hot, eu quero ficar mais no f...
291K 35.8K 46
Após vários dias em coma, Malu acorda em uma cama de hospital, sem lembrar nada sobre seu passado. Sua única companhia - além de colegas de quarto es...
12.6M 215K 39
• Best-seller • Sucesso nacional e internacional • E-book e Físico. Amy Carter , morava com seu pai numa pequena cidade dos Estados Unidos chamada...
46.5K 5K 17
Livro vencedor da categoria mistério do #GoldWinners. Faltando duas semanas para o término das aulas, um grupo de amigos se vêem em uma situação de r...