VINTE E NOVE
Terceira Pessoa
— Olá. — Scott encara o homem por algum tempo, nervoso, ele tenta fechar a porta o mais rápido possível, apenas pra ser impedido por Peter. — Sério? Bater a porta na minha cara? Qual é, Scott. Pense por um segundo.
— Vou contar pra ela. — O adolescente finalmente diz, encarando o Alpha nervoso.
— Que eu estava catatônico com queimaduras cobrindo meu rosto? Boa sorte com isso. — Peter responde sem se preocupar com as ameaças.
— Se machucar ela, ou mesmo tocar nela...
— Se me permite interromper sua lista das 5 coisas mais ameaçadoras, por um momento, tente lembrar que estive em coma por 6 anos. — Scott encara o mesmo com raiva, nervoso até. — Não acha que eu gostaria de jantar com uma linda mulher?
— Apenas meio segundo. — Melissa diz, passando pelos dois e caminhando pra outra parte da casa. — Desculpa.
— Ou talvez, acha que vim com uma ideia. — Peter continua depois que Melissa se afasta. — De como seria fácil convencer você a ser parte da alcateia. Se sua mãe também for. — Isso faz os olhos de Scott se arregalarem e Peter finalmente adentrar a casa. — Precisa entender quão mais poderosos somos juntos. Você, Derek e eu. Já temos um conectado por um vínculo poderoso, adicionando isso, seríamos os mais poderosos. — Em sua mente, Scott via sua melhor amiga, e se questionava, como o Alpha soube desse fato tão rápido. — Sabia que algumas das mais bem sucedidas operações militares na Segunda Guerra Mundial foram os ataques dos submarinos alemães? — Scott encara ele, permanecendo em silêncio, Peter já tinha ameaçado sua mãe e Stiles, ele estava jogando um jogo que Scott não tinha certeza se ganharia. — Sabe do que os chamavam? Alcateias de lobos. Sabia disso? Ou será que você tá indo mal em história?
— Sei que os alemães perderam a guerra. — Scott fala em um tom sério, o que faz Peter rir e depois sorrir.
— Acho que vai descobrir que a maioria dos historiadores diria que foi uma falha de liderança. — Melissa McCall voltava a se aproximar da porta. — E acredite, não temos esse problema aqui.
— Tô pronta. Desculpe de novo. — Ela fica em frente aos dois, olhando para seu filho, Peter sorri pra ela, estendendo o braço, Melissa aceita, entrelaçando o seu ali e ficando ao lado de Peter.
— Mãe... — Scott diz desesperado quando os dois estão prestes a sair da casa.
— Pois não, querido? — Scott encara ela nervoso, e sua mãe se torna impaciente com a demora.
— Divirta-se. — Ela concorda com a cabeça sorrindo, quando os dois começam a andar, Scott se apressa e fecha a porta, correndo de volta para seu quarto, onde Allison ainda o esperava pra falar com ele. — Eu preciso sair, é bem rápido eu juro. — Allison parecia desanimada quando ouviu isso, ela precisava conversar sobre suas inseguranças a cerca de sua família, e sabia que ele seria a única pessoa que não julgaria ela. — Se ficar aí, juro que já volto. Só tenho que... — Scott anda pelo quarto, procurando alguma coisa. — Não faria isso se não fosse super importante. — Na última procurada, ele achou suas chaves.
— Tudo bem. — Allison diz devagar, ela parecia triste.
— Não. — Scott se senta na cama ao seu lado. — Quero conversar com você. Não há nada que eu queira fazer mais. — Ele olhou com carinho pra menina, ficando em silêncio um pouco. — Pode ficar aqui, por favor? Volto logo. — Allison concorda com a cabeça. — Obrigado. — Scott se levanta rapidamente, correndo para sair da casa, ele sabia o que precisava fazer.
Quando Scott saiu de casa, ele pegou o telefone. Discando o número de Stiles, ele espera impaciente enquanto ele ouve os toques da chamada. A primeira tentativa da ligação não deu certo, e a segunda vez que ele ligou, demorou, mas sua amiga atendeu.
— Alô?
— Stiles, preciso de ajuda. — Scott diz apressado.
— Tô bem também, valeu. — A voz de Stiles parecia cansada, mas Scott sabia que sua melhor amiga não estava dormindo naquele horário. — Do que você precisa?
— A gente precisa parar um encontro da minha mãe.
— Scott, eu achei que isso fosse vida ou morte.
— Stiles, vem logo. — Scott diz impaciente. — É sério.
— Chego aí em 5. — Com isso, a ligação terminou e Scott se afastou um pouco da casa ficando próximo de seu carro. Quando Stiles chegou, ela olhava ele estranho. — Olha, eu sei que eu topo quase qualquer loucura sua, mas não acha que estragar um encontro da sua mãe, seja um pouco além da conta?
— É com o Peter. — Os olhos de Stiles praticamente se arregalam, e ela respira fundo. — A gente precisa parar ele, ele tá ameaçando praticamente todo mundo com quem eu me importo.
— Onde eles tão agora?
— Não sei. — Scott abre a porta de seu carro. — É por isso que vamos descobrir.
Stiles liga pro celular de Scott no momento que ele acelera o carro. Ela seguia ele com o jipe, enquanto atualizava ele do que tinha descoberto com seu pai. Peter estava matando todos os culpados do incêndio, e a garota achava que pra matar a última pessoa envolvida, ele precisaria de mais ajuda, por isso recrutava Scott e Derek.
Quando Stiles e Scott acham Melissa, eles bolam o primeiro plano possível. Scott para seu carro um pouco mais atrás, mandando Stiles bater no deles, e impedir que o encontro acontecesse de fato. Stilinski ainda se sentia desconfortável interrompendo o encontro de Melissa, mesmo que fosse com Peter, ela sentia que a mulher precisava de algo assim depois de tanto tempo.
— Me desculpa, bebê. — Ela sussurra depois que Scott desliga a ligação, ela falava com o carro, já que sabia que se amassasse ela teria que arrumar ele depois. Ela respira fundo, vendo o carro parar no sinal vermelho, bater desse jeito faria ela parecer uma criança dirigindo, mas ela não se arrepende quando o seu carro bate na traseira do outro.
— Tá brincando comigo? STILES! — Melissa grita saindo do carro, Stiles respira fundo, saindo de seu carro, fingindo ter se machucado, algumas pessoas saiam de seu carro pra ver o que tinha acontecido.
— Senhor McCall?
— SIM! — A mais velha grita, olhando para Stiles sem acreditar. Stiles fecha a porta do jipe, vendo Peter sair do carro, ela volta seu olhar para a mulher que era praticamente sua segunda mãe.
— Meu Deus, que loucura. — Ela sorri sem graça. — Coincidência, não? — As duas começam a conversar, e era praticamente Melissa gritando com ela, Peter se vira pra rua, falando aparentemente sozinho, mas ele sabia que Scott o escutava.
— Bela jogada, Scott. — Scott se escondia atrás de um carro, olhando a situação, ele estava feliz que tinha livrado sua mãe. — Bela jogada.
— Eu não sei o que aconteceu. — Peter volta seu olhar para a parceira de seu sobrinho. — Vocês saíram do nada.
— Saímos do nada? — Melissa olha a garota sem acreditar, mas Peter apenas sorria na situação, para salvar um de seus peões, Scott colocou um de seus bispos em perigo. — Estávamos estacionados perto da calçada.
— Mas que loucura, não é? — Stiles fala se fingindo, mas fica um pouco nervosa quando vê Peter se aproximar dos dois. — Sabe, deveríamos chamar a polícia para fazerem um relatório de acidente.
— Não será necessário. — Peter retruca, fazendo Stiles ficar mais nervosa.
— Tem certeza? — Stiles pergunta com um sorriso torto. — Acho que sinto umas pontadas.
— Pontadas? — Melissa pergunta incrédula. — Você que bateu em nós.
— Sei lá... — Ela nota Peter se afastar delas mais uma vez. — Tem algo errado com meu pescoço.
— Sei que tá por aí, Scott. — Peter volta a falar sozinho na rua, sabendo bem que seu Beta o ouvia. — Tô impressionado. Pena que a maioria dos adolescentes não são espertos. Como aquele no time de Lacrosse... — Scott sente seu coração acelerar, quando ouve Peter falar isso. — Jackson. Acha que sabe tudo sobre nós. Sabe o que dizem, conhecimento é poder. Bom, não no caso dele.
— Jackson... — Scott sussurra pra si mesmo. — Não.
Scott corre da cena do acidente, deixando Stiles ali. Acreditava que Peter não faria nada com ela, mas sabia que em algum lugar por aí, Derek tinha Jackson, e provavelmente não era pra nada de bom. O lugar mais óbvio que Scott pensa em correr, é a antiga casa dos Hale nas reservas, ele não demora muito pra chegar lá, e rapidamente ele entra pela parte traseira, em uma janela no segundo andar.
— Não, por favor. Por favor, não. — Ele ouve a voz de Jackson no andar debaixo, ele se esconde, ouvindo a conversa dos dois. — Eu fico quieto e nunca mais digo nada. Vou deixar Scott pra lá. Não pode fazer isso! Por favor! — Pela voz de Jackson, Scott imaginava que ele estava chorando, provavelmente de medo, Derek o arrastou até aqui, e planejava matar ele, Scott também estaria assustadíssimo na situação. — Por favor... Não mereço isso.
— Acho que merece. — Ele ouve a voz de Derek.
— Não! — Jackson diz desesperado.
— Olha em volta! — Derek grita. — Não deveria ter alguém aqui tentando salvar você?! Não tem ninguém aqui. — Scott sabia que boa parte de Jackson estar sozinho agora, vinha dele mesmo, já que suas atitudes já afastaram muitas pessoas, como sua namorada, ou ex amiga Stiles. — Tem um porquê. Ninguém liga pra você dirigindo um carro caro, nem por ter um cabelo perfeito e NINGUÉM se importa por ser o capitão do time de Lacrosse.
— Com licença. — Scott fala, saindo do local que se escondia ouvindo tudo que estava acontecendo. — Co-Capitão. — Os dois olham pra Scott, e o mesmo dá um sorriso, pulando escada abaixo, pousando em frente de Jackson, quando McCall olha para o mesmo, sua forma de lobisomem já estava a mostra, o que assustou um pouco Jackson, Derek também já estava preparado para uma luta, já estando na sua forma também.
— SAÍ! — Derek grita, sua voz era grossa e Scott não se mexeu nenhum pouco.
— Não.
— Ótimo, vou te matar também. — Antes mesmo de começarem a lutar, os dois escutam o som de uma flecha sendo atirada, Derek sabia muito bem o que era, ele vira em desespero para Scott gritando. — CUBRA OS OLHOS! — Scott não teve tempo de reagir, e a flecha atingiu, uma flecha com uma luz forte, que cegava os lobisomens temporariamente, Jackson consegue correr e deixar os dois ali.
Scott permanece parado na frente da porta vermelha detonada. É quando ele sente uma dor imensa na barriga, e ele sabe que levou um tiro dos caçadores, ele luta com suas pernas pra sair da frente da porta, ele já não assumia mais sua forma de lobisomem, e Derek o observava com cuidado, pensando em formas de como ajudar ele.
Derek não sabia ao certo porque queria ajudar Scott. Dentro dele, ele sabia que minutos atrás ele queria matar o menino, mas agora, algo o impedia de deixar o garoto ali, ele pensou que podia ser o vínculo, e tentou se convencer de que essa era a única opção plausível para simpatizar com o garoto e arriscar sua vida para salvá-lo.
— Scott! VAI! — Quando o garoto não se mexe, Derek respira fundo, andando agachado até ele, ele ajuda o garoto a se levantar e empurra ele em direção da saída traseira. — CORRA! — Derek vai até a porta detonada de sua antiga casa, respira fundo, e espera que valha a pena ouvir o vínculo, ele abre a porta, rugindo para os caçadores.
Na casa de Scott, Allison ainda estava no quarto do menino, esperando ele voltar. Ela respira fundo, levantando da cama, ela anda em círculos pelo quarto e então seu celular apita em sua mão, uma mensagem de sua tia, Allison sabia que precisava ir embora. "k.a. — precisamos conversar". Mesmo com a mensagem, Allison se senta no chão do quarto, pretendendo esperar mais um pouco, já eram 9:11 da noite.
Nas reservas depois de sair da casa queimada. Scott tinha dificuldade pra andar, e em questão de segundos, ele cai no chão, segurando o local onde a bala atingiu, ele sabia que era um tipo diferente de bala, uma semelhante se não a mesma que Derek foi atingido aquele dia.
— Allison... — Ele já estava deitado no chão, suando frio, e já acreditava que morreria ali. Alguns segundos depois, o menino estava sendo carregado por alguém que conhecia bem, seu chefe, Alan Deaton.
Alan carregou o menino até sua clínica veterinária. Tentou tranquilizar o menino ao máximo ele, enquanto tirava a bala de sua barriga, depois ele limpava o ferimento, enquanto o menino ainda estava desacordado, sem se preocupar que enquanto ele estava ali, na sua casa, sua ex namorada finalmente saia de lá, indo falar com sua tia. Quando Scott acorda no meio da limpeza, ele tossia muito e Deaton começa a falar com ele.
— Eu não me levantaria, ainda. — Scott olhava em volta, tentando focar sua visão.
— Onde estou?
— Você tá bem. — Deaton respira fundo, continuando a limpeza do ferimento, sem olhar mais pra Scott. — E eu tô te dando algo que deverá aumentar o processo de cicatrização. — Scott olha pro ferimento, depois volta seu olhar para Deaton.
— Mas você é um veterinário.
— Isso é verdade. — A visão de Scott desfoca novamente. — E 90% do meu tempo cuido, principalmente, de cães e gatos.
— Principalmente?
— Principalmente. — Ele sorri pra Scott, que volta a desmaiar.
De outra visão, Allison tinha ido até o local que sua tia tinha mandado. Era uma espécie de bunker no subsolo, ela entrou e sentiu a corrente fria o que fez seu coração acelerar, por que ela queria conversar? Por que tinha que ser em um lugar como esse? Ela seguia sua tia, que finalmente parava em uma porta de correr que estava fechada.
— Vamos começar com o básico. — Ela segura o puxador da porta, olhando pra sua sobrinha. — Sabe que toda família tem um segredo? — Allison olha pra ela com medo, não respondendo. — O nosso é um pouco diferente. — Kate puxa a porta, dando espaço pra sua sobrinha dar uma olhada no que tinha dentro da sala.
Kate entra primeiro, enquanto Allison apenas olha de começo. Aos poucos, Allison entra, observando com cuidado o homem preso ali, ela não conseguia ver direito, sua tia se aproxima de uma lanterna de chão ligando ela, revelando Derek Hale, de uma maneira que ela nunca tinha visto antes, ele ruge pra Kate com raiva, o que faz Allison quase parar de respirar, um pouco nervosa.
— Ele não é lindo? — Kate pergunta olhando pra sua sobrinha, e Derek, seja lá o que ele era para Allison, continuava rugindo.