A queda das rainhas do norte...

By _BrunaRamalho_

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O Norte, um império sólido, mas amaldiçoado. Atarah é a herdeira de ouro, mas seu trono está ameaçado por uma... More

Mapa
O Norte - Atarah
Melione - Adenna
Tudo ou nada - Atarah
Sangue sobre o mármore - Adenna
A rainha - Atarah
Gelo e fogo - Atarah
Coroa de vidro - rainha Odalis
A assassina - Merle
Um novo dia - Atarah
Sangue e família - Atarah
Vida e morte - Adenna
Fuja das sombras - Merle
Rainha Atarah - Atarah
O renascer - Merle
A peça - Merle
Um novo início - Atarah
Ela está morta - Atarah
Ariella - Merle
Doce veneno - Keir
A melhor rainha - Adenna
Odeio o meu trabalho - Merle
Amadrya - Atarah
A estrela mais brilhante - Merle
Chamas do passado - Atarah
Pequeno lumaréu - Adenna
O veneno do amor - Merle
Terras Férteis - Atarah
Perdão - Adenna
Uma nova rainha - Adenna
Aislinn - Atarah
A deusa - Atarah
Minha primeira morte - Atarah
Um novo começo - Merle
Fim de jogo - Adenna
Bronimir - Merle
Sem destino - Atarah
A rainha está morta - Atarah
Por amor e um rei - Adenna
Selene - Merle
Os mortos - Atarah
Um final definitivo - Atarah
Dezesseis dias - Merle
O traidor - Adenna
A última jogada - Atarah
O peso de uma vida - Merle
Fim de jogo - Atarah
A queda - Adenna
Viva - Merle
O mundo que sobrou - Atarah
A história continua

O preço - Adenna

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By _BrunaRamalho_

Assim que acordei recebi a notícia de que Atarah reabriria a arena que há tantos não era usada. Ela faria a demonstração de seu poder e do que aconteceria com todos aqueles que a subestimassem. Exatamente o que meu pai disse que faria. Queria poder não ir, mas por algum motivo sei que devo comparecer, sei que a princesa conta com isso. Sei que tudo que acontecer lá... Ela colocará a culpa em mim, mas não tenho culpa alguma em sua tirania e total falta de sanidade.

Coloquei um vestido simples, preto fosco sem armação e bem leve. O dia está bem mais frio e cinza do que de costume, o Norte é quente, sempre foi. Então coloquei uma capa por cima. E também, pois não será fácil entrar na arena sem chamar atenção. Atarah tem uma imagem muito mais... Preservada do que eu. Ela é a escolhida pelos deuses, a princesa Atarah. Desde o dia em que nasceu todos sabiam seu nome e mais ou menos como era, mas pouquíssimos a viram. Ninguém realmente a conhece.

Enquanto eu. Surgi do nada, então precisei fazer o meu rosto. Precisei ajudar as pessoas, precisei conversar, precisei criar algo que a princesa tinha sem nem mesmo saber. Hoje se você ouvir o meu nome, sabe quem sou, se me vir tem grandes chances de me reconhecer, pois estou sempre entre as pessoas, mas a princesa não.

Atarah provavelmente será reconhecida não pelo seu rosto, mas pelos seus vestidos, seus guardas, sua postura, seu linguajar. Será percebida de uma forma completamente diferente. Hoje em geral, Melione conhecerá o rosto de sua soberana, mas o resto das terras não fará a menor idéia. O que é bom e ruim ao mesmo tempo. O que mais escuto de Atarah são sobre seus olhos, os olhos de uma deusa. São realmente lindos, mas deve haver outras pessoas com o olhar parecido. Escuto muito sobre seu cabelo cor de lua, mas os cabelos da princesa não são brancos. São de um loiro absurdamente claro, e com fios dourados prateados, mas não é branco.

Parece um detalhe insignificante, mas boa parte das vezes é assim que monarcas se safam. Que conseguem fugir desde a morte até de suas responsabilidades. Quanto menos conhecido o rosto for, mais fácil é de se esconder. Não que Atarah pense em fugir, por que faria tal coisa? Acho que ela preferiria morrer a desertar seu pais, deixar sua coroa.

Assim que sai o quarto já coloquei a touca, estava frio dentro da casa, algo que eu jamais havia vivenciado acontecer, quando sinto alguém puxar minha capa por trás, uma forma de chamar a atenção. Assim que me virei vi Balderik. Ele foi meu primeiro amigo depois de deixar o castelo. Seus pais lideram o movimento rebelde também.

– Aonde vai, Eirian?

Desde os meus doze anos, ou melhor, desde o dia que descobriu meu sobrenome, Balderik me chama por ele. Como se fosse um apelido. Eu odeio, mas é por esse motivo que sempre me chama assim. Enquanto me virava, revirava os olhos. Isso fez com que ele sorrisse.

– Estava indo para a arena.

– Vamos todos juntos.

– Vai como um passarinho ou como um cão?

Meu amigo é um Bruxo de transfiguração, pode se transformar em animais e transformar ou outros. Nada de elementar ele consegue fazer. E nenhuma ilusão. Desta vez quem revirou os olhos foi Balderik. São absurdamente lindos, amarelos e se contrastam contra sua pele negra. É bonito, mas não como Alastair, que parece um deus, mesmo assim, ninguém pode falar que meu amigo é feio, pois todos, inclusive ele, sabem que é mentira.

– Pensei em ir como gato, já que já sou um mesmo não transformado...

– Quer me vender um pouco da sua alto-estima? Acho que você está com muita.

Balderik se aproximou e jogou seu braço sobre mim. E me fez dar a volta no corredor, para seguirmos por aonde ele veio. Rimos um pouco por conta de meu comentário. O Bruxo não é muito mais alto do que eu, no máximo um palmo. E nem é muito forte, mas não é por falta de tentativa.

– Gostou do meu novo perfume? – Perguntou ele já colocando o pescoço na minha cara. – É arruda.

Franzi o nariz por conta do exagero do perfume. Para os Bruxos as essências de algumas flores possuem um efeito no ambiente. Arruda é para purificação, proteção e desobstrução.

– Devo te perguntar o motivo?

– Pela proteção. Pense se algo acontecer com esse meu rostinho lindo? – Disse ele fazendo círculos no ar com a mão, cercando seu rosto. – Seria uma perda para todo o Norte. – Ele cheirou o meu pescoço, fazendo cócegas, que acabou me fazendo rir. – Cravo?

– Claro, adoro o cheiro.

– Você não precisa de nada do que o cravo te oferece.

Revirei os olhos, cravo é prosperidade, abundância e alegria, mas não acredito de verdade no poder das essências. Então dei de ombros.

Não tinha reparado em seu traje totalmente preto. Quando chegamos à escada ele pegou uma capa e um chapéu coco igualmente preto e colocou. Esperei meu amigo terminar de fechar a capa, parecia prestes a ir a um velório, que provavelmente aconteceria após a “apresentação” na arena. Balderik me ofereceu seu braço, o qual aceitei.

Desde nossos quatorze anos escuto que formaríamos um belo casal. Meu amigo gosta de pensar nessa possibilidade impossível. Acho que somos amigos de mais para sermos algo a mais. E ele é um Bruxo, merece alguém que no mínimo tenha poderes. Sei que ele gosta de mim, mas acho que é apenas por ter sido influenciado a isso.

Balderik merece alguém que moveria as estrelas por ele, que o compreendesse, que o fizesse feliz. E eu sinceramente não acredito ser essa pessoa, pois a garota que quiser meu amigo deve ter um fôlego e uma energia que acredito que apenas crianças possuem.

Iríamos para a arena em dois grupos, mas nós decidimos que para chamar menos atenção iríamos voando. Corvos. Levei meses para aprender a voar em todos os tipos de climas e ventos. A transformação é totalmente indolor, hoje em dia, já que ele aprendeu. Balderik só consegue se transformar em criaturas que ele já viu, que consegue mentalizar, nada muito fora da curva. Quem sabe se fosse mais poderoso conseguisse.

Nos despedimos de todos e fomos voando para a arena. Melione inteira parecia caminhar para lá. Meu estômago se embrulhou quando chegamos, ainda faltava algumas horas para o início do que quer que Atarah pretendesse fazer primeiro. Ficamos em um canto com uma boa visão e relativamente próximos do centro da arena, se quisesse pular lá para baixo, era completamente viável, e bem tolo, mas dava. Nos transformamos novamente em nós, e ficamos ali esperando os demais.

Quando o lugar começou a lotar vi Keres acompanhada. Sei que ela gosta de sangue, mas não sabia que gostava de gente. O jovem, um garoto provavelmente um pouco maior do que eu, de cabelos marrons e de mãos furtivas. Saqueava as pessoas enquanto a assassina apenas assistia. Será que ele está sendo obrigado?

Parei de encará-los, não queria chamar atenção, e encarar as pessoas não é o melhor jeito de fazer isso. Um guarda agora levava uma cadeira para o centro da arena, e logo atrás estava uma garota. Me lembro de ter visto ela em diversas reuniões, mas nunca soube seu nome, mas estava infiltrada no castelo. Engoli em seco quando a amarraram na cadeira. Ela nem se quer lutava, estava fisicamente bem, não que isso significasse alguma coisa.

– Aquela é Blyana. Era perdidamente apaixonado por ela.

– Blyana, dama de Atarah?

– Exatamente. Viu aqueles olhos roxos? Pelos deuses. São maravilhosos! E o nariz tortinho dela... – Balderik suspirou. Era... Acho que ainda é perdidamente apaixonado por ela. – Pelo que soube levou um soco do pai, por isso fugiu de Alida.

– Um bom motivo.

– Os reis haviam a convidado para servir no palácio, ela que não era boba, aceitou, mas se encontrou na causa, na nossa causa.

– Como sabe tanto sobre ela?

– Escutei Blyana conversado no centro com uma amiga.

– Você espionou a menina.

– De certa forma, sim. Achei que descobriria algum podre dela, mas acabei apenas ficando ainda mais encantado. Ela é forte. Vai resistir. Tem que resistir.

Quando Atarah entrou me assustei, havia visto todos os nobres caminhando para uma parte privada da arena. Quando entendi o que aconteceria, engoli em seco. Era ela que mataria a jovem. Enquanto a futura rainha caminhava para perto da menina, falava diversas coisas. A principal é que eu não sou uma criança. E as pessoas pagarão pelos meus atos.

Muitos comemoraram. Não posso nunca me esquecer que Atarah é a escolhida dos deuses, e o povo vai apoiá-la concordando ou não. Quando ela começou seu interrogatório não conseguia olhar, apertei a mão de Balderik e desviei o olhar, só escutava os gritos de agonia da rebelde.

Meu olhar parou em Alastair, ele parecia apavorado, seus olhos expressavam isso, mas os demais guardas até pareciam... Gostar da atitude da princesa. O vestido branco dela logo ficou sujo de sangue. O curandeiro parecia não se importar com a atitude da futura rainha, como se fosse algo comum. E isso me assustava mais que a própria Atarah. O quão natural aquela cena de crueldade e violência havia se tornado.

A jovem era a dama da princesa. Ela não foi morta, mas acho que preferiria morrer a ter milhões de cacos de gelo perfurando a minha pele. Estava completamente enjoada, achava que iria vomitar ali mesmo, ou desmaiar. Mas havia acabado, para nós pelo menos. Atarah ainda iria fazer a jovem falar algo.

  Quando levaram Sorin, me senti estranhamente aliviada. Sorin mais que qualquer outro Bruxo merecia morrer. Era um mostro. Ele não apenas ameaçará matar Atarah, mas matava por prazer Fadas, Lobisomens, Ciclopes, ou qualquer criatura que não fosse Bruxa. Crianças. Sorin já havia matado crianças e mandado matar crianças por elas simplesmente serem de outras espécies e não estarem no seu lugar, nas suas terras.

O problema é que aconteceu o contrário do que eu esperava. Atarah perdoou o primo. Dois tiranos. O que poderia esperar? O príncipe abdicou o Leste e o Norte e se jurou ao círculo íntimo da princesa. A rainha do Leste xingou a sobrinha de tudo o que podia, mas Atarah já havia partido, com seu primo e seus guardas, mas a apresentação, o entretenimento sanguinário ainda não havia acabado. Haveria batalhas, as quais meu pai e os demais insistiram para que ficássemos. Aparentemente seriam com rebeldes e outras criaturas.

Vimos às três primeiras apresentações, a primeira simplesmente foi à execução de trinta e cinco Vampiros. Como o dia estava nublado os jogaram vivos ao fogo e depois mataram os sobreviventes com lâminas de Filhos do Dia. Que pelo o que havia escutado era o pior tipo de morte que você poderia dar a qualquer criatura de sangue escuro. Depois vimos os Lobisomens lutando contra Ciclopes, uma luta completamente injusta, mas a terceira foi a mais interessante. Filhos da Noite conta os Filhos da Luz. Dois povos guerreiros. Dois povos que lutariam até a morte ali ou em qualquer lugar. Esses usavam armas de verdade. Seria uma luta mais justa.

Seria.

Se Keres não tivesse pulado para dentro da arena. Ela apareceu no centro em meio da névoa e as estrelas de seu salto de espaço. Todos pararam de falar e começaram a prestar atenção de verdade. Inclusive eu. O garoto que a assassina estava cuidando também desceu. Já havia mais Filhos do Caos, mas agora...

A ruiva fez uma reverência debochada e com um sorriso malicioso sacou suas duas espadas. O menino de cabelos marrons que a acompanhava pegou uma arma maior, uma adaga, mas não exatamente. Não sei explicar, não é o tipo de arma que você compra em qualquer lugar. Principalmente pelos desenhos feitos delicadamente no interior das lâminas. Aquilo era de Keres, pois as espadas que usava possuíam os mesmos desenhos.

No instante em que um guarda soou a corneta ambos os lados correram para se matarem. E Keres se tornou um redemoinho de fumaça de estrelas e névoa, sangue e morte. E todos aqueles que tentavam cruzar o seu caminho se tornaram carniça.

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