A queda das rainhas do norte...

By _BrunaRamalho_

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O Norte, um império sólido, mas amaldiçoado. Atarah é a herdeira de ouro, mas seu trono está ameaçado por uma... More

Mapa
O Norte - Atarah
Melione - Adenna
Tudo ou nada - Atarah
Sangue sobre o mármore - Adenna
A rainha - Atarah
Gelo e fogo - Atarah
Coroa de vidro - rainha Odalis
A assassina - Merle
Um novo dia - Atarah
Sangue e família - Atarah
Vida e morte - Adenna
Fuja das sombras - Merle
O renascer - Merle
O preço - Adenna
A peça - Merle
Um novo início - Atarah
Ela está morta - Atarah
Ariella - Merle
Doce veneno - Keir
A melhor rainha - Adenna
Odeio o meu trabalho - Merle
Amadrya - Atarah
A estrela mais brilhante - Merle
Chamas do passado - Atarah
Pequeno lumaréu - Adenna
O veneno do amor - Merle
Terras Férteis - Atarah
Perdão - Adenna
Uma nova rainha - Adenna
Aislinn - Atarah
A deusa - Atarah
Minha primeira morte - Atarah
Um novo começo - Merle
Fim de jogo - Adenna
Bronimir - Merle
Sem destino - Atarah
A rainha está morta - Atarah
Por amor e um rei - Adenna
Selene - Merle
Os mortos - Atarah
Um final definitivo - Atarah
Dezesseis dias - Merle
O traidor - Adenna
A última jogada - Atarah
O peso de uma vida - Merle
Fim de jogo - Atarah
A queda - Adenna
Viva - Merle
O mundo que sobrou - Atarah
A história continua

Rainha Atarah - Atarah

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By _BrunaRamalho_

Assim que terminei a carta para meu amigo mais antigo, e completamente misterioso, percebi que praticamente estava contando apenas o quanto eu odiava certo homem. Quando reli a carta me senti mal. Preciso falar com o... O... Qual é mesmo o nome dele? Não importa. Preciso me desculpar por ter sido uma completa desnecessária com ele. Admito que peguei pesado.

Ainda faltam algumas horas para a coroação. Assim que abri a porta do escritório percebi que haviam dois guardas, assim que passei por eles retornei parando na frente deles. Preciso encontrar aquele insuportável.

– Qual é o nome do guarda que não larga do meu pé? O de cabelos pretos, levemente bronzeado, olhos prateados...

– Alastair? – Disse o da direita.

Apontei o dedo para o rosto do guarda sorrindo.

– Ele mesmo! Agora me mostrem onde esse guarda está. Precisamos ter uma conversa.

Nunca havia andado tanto pelo castelo na minha vida, não fazia idéia de o quão longe os funcionários dormiam. Quando finalmente paramos em frente a uma porta de pinho já muito gasta pelo tempo. Olhei para ambos.

– Esse é o quarto dele, e como ninguém o viu andando pelo castelo. Ou ele está aí ou saiu do castelo. – Disse um deles.

– Obrigada pela ajuda. Agora podem ir.

Tentei soar o menos grossa possível, mas acho que é um pouco difícil quando se está expulsando as pessoas. Quando fui bater na porta parei centímetros antes. Será que eu devo mesmo me desculpar? Será que devo abrir mão do meu orgulho, mesmo por um momento, será que vai me matar? Eu vou bater. É só bater. No segundo toque ele abriu a bendita porta.

Não sei quem estava mais surpreso, eu ou ele. Alastair, pela minha presença completamente inconveniente, ou eu, pelo seu corpo perfeitamente desenhado. Tentei não deixar meu olhar vacilar para baixo, mas acabou acontecendo rapidamente, para minha sorte ou para o meu azar, ele usava uma toalha. Seus cabelos pretos estavam encharcados e o ar estava úmido e quente dentro de seu quarto. O qual eu não conseguia ver, pois seu corpo enorme atrapalhava e tirava completamente o meu foco do resto. Acabei perdendo as palavras e então ele perguntou.

– Vossa Alteza. O que faz aqui? Pensei que tivesse me dispensado.

– Eu sei... – Mais uma vez meu olhar vacilou, e dessa vez Alastair se encolheu um pouco. Deve ter percebido... Pelos deuses. O que eu estou fazendo aqui?! – Vim aqui me desculpar. Eu errei. Quero recomeçar as coisas. Do jeito certo.

– Isso é ótimo, princesa, mas...

– E agora me desculpo por estar te deixando dessa forma tão... Indefesa e desconcertante. Vou deixar você só.

E com isso sai andando, não sei por quanto tempo ele ainda ficou parado na porta me observando, mas até eu senti o rubor surgir em meu rosto. Caminhei direto para o meu quarto, já que me desculpar levou muito mais tempo que o esperado. Já que tivemos que procurá-lo. Meu vestido será o que minha mãe havia mandado ser feito há meses. Um vestido de casamento.

Como sempre uso branco, cinza claro e prata com pó de ouro, vamos dizer que provavelmente ninguém irá perceber. Duas moças, alguns bons anos mais velhas que eu, arrumaram-me. Amarraram meu cabelo em um rabo alto e me colocaram naquele vestido apertado, nada de tintas no rosto, nada de maquiagem, apenas brilho. Odeio pó branco, faz meu nariz coçar, e me faz espirrar como nunca, igual pó de sujeira.

E eu já sou branca o suficiente. Meu pai falava que deveria usar outras cores de roupas, umas que me destacassem mais, mas eu sou o branco. Essa cor me pertence. Moda, de certa forma, é de uma importância enorme na minha guerra sigilosa com Adenna.

Alguém bateu na minha porta, levantei um pouco o tom de voz para que a pessoa que estivesse do lado de fora ouvisse. E assim meu primo entrou. Estava lindo no terno branco e dourado que arranjei para ele. Não que Sorin já não fosse lindo, poderiam colocar o herdeiro abdicado das Terras do Leste em um saco de batata e continuaria sendo absurdamente atraente.

Uma pena que riquezas e beleza não deixam nossos interiores mais bonitos, e nem nossas atitudes menos deploráveis...

– Está linda, prima. – Começou meu primo enquanto se aproximava. As senhoras que me arrumavam saíram do quarto. – Todos os convidados estão aqui ainda, e todos obviamente confirmaram presença em sua coroação... Meus pais se foram, disseram... Não importa.

Parei de me admirar no espelho e coloquei minha mão no lado direito do rosto de Sorin, tirando sua atenção do chão e trazendo para meus olhos. Seus cabelos são do mesmo tom de dourado que os de minha mãe. Ele é quase um reflexo dela, em aparência. Parecia mais filho dela do que eu. E isso me incômoda um pouco.

– Importa sim. O que aquela cretina disse?

– Ela é minha mãe!

  – Isso não a torna uma pessoa melhor. E como ela criou você. Então. Sim, posso chamá-la de cretina, mas acho que poderia chamá-la de coisas muito piores. Igual como já chamei você. Me perdoe por isso... Agora fale o que ela disse.

  – Isso é uma ordem? Sabe que pode me forçar a falar.

– Não quero te forçar a nada, nunca mais. Já tirei minha coroa do seu alcance e a sua coroa, e peço desculpas por isso também. – Acho que sou boa nessa coisa de pedir perdão.

– Atarah Kalliste pedindo desculpas? Mais de uma vez. Acho que é realmente o fim dos tempos. – Rimos baixinho. – Eu te perdôo, por tudo e para sempre.

Caminhei até minha cama tirando minha mão de seu rosto quente e completamente liso, deve ter feito a barba hoje. Me sentei e aguardei Sorin começar a contar sobre o que minha tia disse. Ele andou de um lado para o outro, e olhou diversas vezes para o teto antes de começar.

– Disse que eu era fraco e incompetente. – Um ótimo começo. – E que se arrependia de ter tido um herdeiro tão fraco, mentalmente falando.

  – Ela quis te chamar de incompetente.

  – Exato... Que nunca serei nada mais que sua vadia, e que quando você cansar de mim, de eu aquecer a sua cama, voltarei rastejando para ela como a criança tola e impertinente que sempre fui. E se fizer tal coisa, minha mãe me matará, com as próprias mãos, pois sou uma vergonha para ela e para todo o Leste.

  Com um sorriso no rosto e toda a calma do mundo disse:

– Vou matá-la. – Simples palavras, mas tão impactantes e de tanta importância. Por que deixamos as palavras ganharem tanto valor?

– Há dois dias você jamais moveria um dedo por mim e agora está disposta a matar uma rainha por ela ter me dito a verdade? Atarah. Sei que falta um pouco de sanidade na sua cabeça recentemente, mas, por favor. Não.

– Sorin, primo. Você é tudo o que eu tenho agora. Tudo e eu...

Estava me levantando quando o herdeiro abdicado do Leste pegou meu rosto com as duas mãos, me fazendo olhar para seus olhos azuis, mas desta vez o olhei de verdade, prestei atenção em cada mísero detalhe deles, do rosto dele. Não sabia o que falar. A segunda vez no dia em que isso acontecia. E eu odeio isso.

– Não mate a minha mãe. Por favor. Saiba que nunca amarei ninguém como eu amo você, Atarah. Não mais. E peço aos deuses que você me ame.

– E eu peço aos deuses que me diga que isso é por conta do juramento.

“Amo você”, essas duas palavras são piores que, “vou matá-lo”, pois o amor não mata, ele te destrói da forma mais lenta e bonita que existe. Duas palavras absurdamente fortes, uma que caiu na rotina e a outra que sempre que dita deixa todos em silêncio.

  Não amo ninguém, aprendi que amar é fraqueza, pois tudo o que o amor te dá, ele te tira na mesma intensidade, mas só que muito mais rápido, como um soco no estômago. E as duas pessoas que amei foram tiradas de mim no mesmo momento, e ainda não consegui catar todos os cacos da minha alma... Então imagine reconstruir.

Levará um tempo. Quando quebramos um vaso leva segundos para ele rachar em mil pedaços, mas consertá-lo... Isso leva um tempo assustador. E acho que é assim que funciona a alma, preciso consertá-la, pois está completamente despedaçada. E as vezes os vasos não tem conserto. Então preciso de tempo... Tempo. Algo que está claramente em falta na minha vida no momento.

– Eu realmente espero que seja, pois eu realmente quero acreditar que não estou apaixonado pela minha prima.

– Sorin. Me. Largue. Agora. – Foi automático, o juramento de círculo íntimo é realmente eficaz. – Pelos deuses nunca mais fale que me ama ou que está apaixonado por mim, pois é mentira. Você não está. E eu não estou apaixonada por você. E nunca estarei. Agora me prometa.

– Eu prometo nunca mais falar tais palavras para você.

– Ótimo, agora vamos, temos que me fazer rainha.

Sorin sorriu para mim. Fingimos esquecer tudo o que foi dito naquele quarto no momento em que ofereci minha mão para meu primo. Então caminhamos juntos para as escadas. Família. O mesmo salão usado para o meu aniversário seria o da minha coroação, ele é grande e aconchegante e será minha nova sala do trono. Eu defini isso. As portas estavam fechadas. Todos estavam a nossa espera. Agora não será mais princesa Atarah, será rainha. E eu gosto disso.

Assim que abriram as portas, ao comando de meu primo, eu entrei, ele não me acompanharia. Todos estavam de pé. Não havia cadeiras, pois as pessoas devem se curvar a mim. Hoje e pelo resto de suas vidas. Alguém tocava o piano, uma música típica da cultura Bruxa, da cultura nobre, apenas um grupo específico aprendia esse tipo de coisa.

Caminhei até onde estava o sacerdote, foram os cinquenta e seis passos mais importantes da minha vida, no mínimo. Sentei-me no trono de mármore de meu pai, é completamente desconfortável, mas é lindo. O velho homem disse algumas coisas na velha língua, mas não consegui entender nada.

A coroa, ela se molda a cabeça de seu remetente, já havia imaginado ela milhares de vezes e, finalmente, finalmente a veria em minha cabeça. Respirei fundo e fechei os olhos e aceitei de bom grado a coroa. Quando senti seu peso em minha cabeça, não apenas o dela, mas o da responsabilidade que a acompanhava. Senti-me completa, finalmente satisfeita e feliz.

Ela deveria ser prateada, para combinar com minhas roupas e deveria haver uma imensa pedra do centro, azul, não um diamante, não um rubi, mas uma pedra de poder, sustentada por mim, que brilharia comigo, na luz ou na escuridão. Fora de minha cabeça ela sumiria. A prata seria moldada em formato de flocos de neve, dos mais diversos tamanhos, e neles haveria diamantes e rubis. Ela deveria ser a mais fina e maravilhosa coroa de todas, pois quando abri os olhos todos estavam com os olhos arregalados.

O sacerdote fez um aceno de que estava tudo certo, com a cabeça, nada de sorrisos e nada de surpresa vindo dele. Então meu primo se aproximou. Carregava a espada de meu pai, que havia sido do pai dele, e assim consecutivamente. Me levantei e ajoelhei-me, era para meu pai estar ali, mas Sorin fazer isso... Tem ainda muito significado para mim. Ter sido entregue pelo meu sangue. Ele analisou a lâmina e enquanto me entregava à espada proferia as palavras que o antigo rei deveria dizer.

– Que a partir de agora, você, Atarah Kalliste, só se curve a sua coroa e a sua espada. Que prefira ver seu reino desabar, pois para o Norte, é tudo ou nada. Rainha de ouro do Norte.

Peguei a arma e voltei ao trono, quando me sentei todos se ajoelharam e o velho que disse pela primeira vez, sua voz era firme e alta para alguém de sua idade.

– Vida longa à rainha ouro do Norte! Vida longa à rainha Atarah! E que seja longo o seu reinado!

E todos repetiram.

– Vida longa à rainha ouro do Norte! Vida longa à rainha Atarah! E que seja longo o seu reinado!

Não contive as lágrimas, foram duas. A espada de minha família descansava em meu colo, uma vez meu pai disse que o mundo está sobre uma lâmina e sem equilíbrio ele cairá, e como rainha agora é minha responsabilidade manter o mundo de pé.

Nunca havia reparado que isso estava escrito na espada, é um lembrete, provavelmente para caso eu tenha que ir para a guerra, equilíbrio. Sorin parou ao lado do trono e colocou a mão em meu ombro direito, seu olhar dizia que estava orgulhoso, olhei para ele e disse baixinho.

– Obrigada.

Ele fez um aceno com a cabeça. Eu iria falar algumas coisas. Precisava falar, e agora palavras não me faltavam.

– Agora eu sou a rainha. E claramente essa não é a melhor circunstância, mas nasci para isso, e minha vida inteira foi baseada para que quando chegasse essa hora, chegasse aqui, nesse dia. Que eu desse o meu melhor. Meus pais me ensinaram isso. E também disseram que medo não mantém impérios, então, eu, Atarah Kalliste deixo claro. Não tenho medo, e meu povo também não precisa ter, pois Adenna pode tentar roubar minha coroa, pode pegar o meu castelo, tudo, mas eu ainda serei a rainha do Norte. Os rebeldes podem trazer a tempestade, pois beberei a água da chuva e dançarei com os relâmpagos, porque não sou apenas uma garotinha, sou Atarah Kalliste, a rainha, e posso ser a pior tormenta que esse mundo conhecerá.

Um pouco agressivo? Sim. Distorci o que a minha mãe havia falado? Completamente, mas tudo atendeu a sua necessidade.

Os nobres em geral gostaram do meu discurso e isso é tudo que eu preciso. Sou a rainha agora, e a única coisa que quero agora é lidar com todos os problemas, e com o alvo que acabei de pintar de vermelho em minhas costas. Se eu morrer o Norte não terá um sucessor, mas... Mas eu ainda posso resolver isso. Sinto que vou me arrepender profundamente... Antes de sair de perto do trono falei, todos me olharam. Engoli em seco e comecei.

– Caso eu morra. Sorin é meu herdeiro a partir de agora, caso não haja tempo de conseguir gerar um... Meu primo assumirá, mas apenas nesse caso específico.

Sorin não pode me matar, e se ele se tornar rei irá proteger meu reino como se fosse dele, não escravizá-lo. Se virar o rei do Norte será porque algo deu muito errado. Que eu não morra. Os cochichos começaram antes mesmo de mim e Sorin deixarmos a sala do trono. Que ótimo!

Que seja longo o meu reinado.

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