VINTE E DOIS
S.S.
Depois do episódio do episódio do ataque de pânico, Scott e eu conseguimos voltar pra sala e terminar a prova. Claro, tivemos que explicar algumas coisas para o senhor Harris, fizemos a prova em praticamente 25 minutos com o professor olhando pra gente como se soubesse cada um dos nossos segredos.
Agora tínhamos treino, e devo dizer, não estava nada afim de ouvir as escolhas do treinador sobre quem são os novos titulares. Entrar no time era fácil, o treinador precisava de otários que não conseguiam pegar a bola, mas fossem menos inúteis que alguns jogadores, e desde que eles começaram a aceitar os times mistos, eu tenho sorte de ainda ser parte do time só ficando no banco.
— Certo, gênios, escutem. — Me sento ao lado de Scott, vendo os meninos e as meninas trajados com o uniforme se reunirem próximo do treinador. — Devido à recente epidemia de conjuntivite... Obrigado, Greenberg. — Vejo Jackson cruzar os braços ao seu lado, o que me faz revirar os olhos, enquanto arrumo as proteções do joelho. — As seguintes pessoas serão titulares experimentais, com ênfase no "experimental". — Opa! Experimental já tava mais do que ótimo pra mim, se eu tiver conseguido, é claro. Olho pra Scott, um pouco animada e esperançosa, e o mesmo praticamente não tá nem aí. — Rodriguez. — A menina com a camisa de número 18 sorri, sendo parabenizada por algumas pessoas do time. — Bem vinda aos titulares. Taylor, e... — Ignoro as parabenizações e me foco apenas no treinador lendo o papel. — Pelo amor de Deus. Não consigo ler minha própria letra. O que é isso, um "S"? — Vai, um S, por favor, um S. — Não, não é um "S". — Ah merda, bom, de volta pro banco. — É um... "B". É definitivamente um "B". — Volto a encarar o chão, não acredito que vou passar mais uma temporada no banco. — Rodriguez, Taylor e... Hm... Bilinski. — Olho pra cima, me levantando rapidamente e comemorando em voz alta, Jackson me fuzilava como se eu tivesse batido na mãe dele, Danny sussurrava com outro jogador, enquanto o resto do time estava dividido entre me parabenizar e me olhar torto, eu não jogava bem, então, era de se entender. — BILINSKI! — Fico em silêncio, voltando meu olhar para o treinador.
— Sim?
— Cala a boca!
— Sim, senhor. — Vejo Jackson rir com Danny e o jogador do lado, e volto a me sentar com Scott, que ainda não disse uma palavra, bom, até agora.
— Stiles. — Olho ele quase que querendo matar ele, treinador pode ter errado a escrita, mas ainda seria eu uma das titulares experimentais, e ele não podia estragar isso lembrando meu nome, e lembrando o treinador o quanto eu sou ruim em Lacrosse.
— É Biles. — Ele me olha torto. — Me chama assim, ou eu juro que te mato.
— Mais uma coisa. — Scott não diz nada, então volto meu olhar pra pessoa que estava de fato falando algo, o treinador. — De agora em diante, imediatamente, vamos mudar para co-capitães. Parabéns, McCall. — Olho Scott com um sorriso imenso, dia de sorte hoje.
— O quê? — Jackson pergunta, encarando o treinador Finstock.
— Como assim "o quê"? — Ele dobra o papel em mãos, se virando pra Whittemore, que não estava nada contente. — Jackson, isso não tira o seu mérito. É para combinar forças separadas em uma unidade. Isso é sobre pegar a sua unidade, a unidade do McCall, e daí fazemos uma grande unidade. — Dou um sorriso irônico na direção do Jackson, ele quis se livrar da gente desde os eventos com o Alpha. — McCall, é você e Jackson, agora. Todos os outros... Traseiros no campo! — Me levanto rapidamente, seguindo Scott, que levantou super rápido e foi andando sem expressão nenhuma, estranho.
— Cara, dá pra acreditar? — Estávamos indo em direção da saída que ia pro campo. — Você é capitão. Eu sou titular. — Scott fica em silêncio, e apenas me dá o bastão dele pra segurar, enquanto ele coloca o colete branco com seu número, respiro fundo no corredor, olhando os outros jogadores, eles pareciam animados, me viro novamente pra Scott estendendo o bastão. — Não tá surtando? Eu tô surtando.
— Por quê? — Olho torto para o mesmo, segurando firme a mochila com equipamentos. — É só um título idiota. Dava praticamente pra sentir o cheiro da inveja.
— Peraí. — Seguro o mesmo, o impedindo de continuar. — Sentiu cheiro de inveja?
— Sim, é como se a lua cheia amplificasse tudo dez vezes. — Bizarro, mas maneiro.
— Consegue sentir algo tipo... Sei lá, se alguém demonstra que gosta de outra pessoa? — Pergunto pensando em Lydia, todo esse negócio com o Derek me deixou muito confusa, me fez questionar muitas coisas, não que eu gostasse dele, mas estar conectada com alguém nesse sentido, faz você questionar seus sentimentos por outra pessoa.
— O que quer dizer com isso? — Reviro os olhos, encarando a menina na saída falando com uma amiga enquanto os jogadores saem. — Tá falando da Lydia?
— O quê? Não. — Volto meu olhar para Scott, fingindo não entender. — Tô falando em geral, consegue determinar isso?
— Da Lydia por você? — Encaro ele, respirando fundo.
— É, da Lydia por mim. — Desvio o olhar. — Olha, preciso saber se tenho chance com ela. Sou obcecada por ela desde a terceira série. — Não que eu tenha certeza agora.
— Por que não pergunta? — Dou risada com isso, como se ele tivesse me contado a melhor piada do mundo, volto meu olhar pra ele, e o mesmo ainda estava sério.
— Para evitar uma humilhação completa. Obrigado, Scott. — Respiro fundo, olhando pra ele com os melhores olhos pidões. — Por favor, pode apenas perguntar se ela gosta de mim? Sei lá, ver se o batimento dela aumenta, se feromônios vem à tona.
— Tá bem. — Ele começa a andar sem falar mais nada, respiro fundo, sentindo meu coração acelerar quando ele se aproxima da mesma, eu amo esse menino.
Quando os dois se afastam dali, vou em direção ao campo. Querendo ou não, ainda tinha o treino. Fiquei nas arquibancadas esperando Scott, e o treinador não havia iniciado o treino, o que deu tempo pro meu melhor amigo chegar no campo e se sentar ao meu lado na arquibancada. Respiro fundo, esperando um pouco, e então, me viro pra ele animada.
— E aí, como foi? — Ele começa a arrumar a rede do bastão dele, me olhando sem entender.
— O quê?
— Como assim? — Pergunto. — Você perguntou pra ela? Ela disse algo? Que gosta de mim? — Ele fica em silêncio, isso não é bom sinal. — Ou deu a entender isso?
— É. — Olho pra ele sem acreditar. — Ela gosta de você. — Uou, eu não esperava isso. — Na verdade, ela tá na sua.
— Legal... — Digo ficando em silêncio, era realmente muito legal, mas me deixava ainda mais confusa, mas bom, Derek tinha morrido né, então, investir na Lydia seria bom, mas ela ainda era namorada de Jackson...
Tento tirar minha cabeça disso, ficando em linha com os outros jogadores. Treinaríamos lances, Scott estava na minha frente, e não havia falado mais nada, ele estava estranho, e isso já tinha passado do limite "estar assim por causa do término", eu acreditava que era a lua cheia deixando ele três vezes mais estranho.
— Scott? Você tá bem? — Pergunto, vendo o mesmo pegar a bola de Lacrosse do chão. — Foram notícias boas, mas ainda faltam 7 horas até a lua cheia. — O treinador apita, indicando que Scott tinha que ir, não demorou muito pro número 5 e a número 18 derrubarem ele no chão. Vejo o treinador se aproximar do menino caído no chão, rindo dele.
— Tem gente que não gostou da sua nova posição, McCall. — Ele vira em direção da fila de novo, me encarando. — Quem é o próximo? Vamos. — Eu encaro o treinador, vendo Scott se levantar rapidamente. — Algum problema, Bilinski?
— Não. — Scott começa a se aproximar da linha.
— Certo então. Sua vez, garotona. — Quando vou pegar a bola no chão, Scott empurra o bastão de Lacrosse sobre meu tronco. — Isso, McCall! — Ele se vira para as bolas novamente, pegando uma. — Esse é o espírito. Precisa merecer. Mereça, McCall! — Quando Scott começa a correr, eu percebo que não era mais ele, e sim o lobo assumindo. Ele empurra Rodriguez para o chão, e logo depois derruba o número 5, por fim, ele se aproxima do gol, batendo o bastão no capacete do Danny, o que fazia ele marcar o ponto.
— Danny! — Praticamente todos os jogadores corriam para Danny caído no chão, faço o mesmo e corro até lá, ele tinha sangue saindo do nariz.
— Não tínhamos batido tão forte.
— Você tá bem, Danny? — Ouço a voz de Jackson, tiro meu capacete, olhando meu melhor amigo parado no campo, sem o capacete, me aproximo do mesmo.
— Mano, que merda você tá fazendo?
— Ele tem o dobro do meu tamanho. — Encaro ele séria, não acreditando no que ele tava falando. Sigo os paramédicos que trabalhavam na escola, se aproximarem de Danny e pedirem espaço.
— É, mas todo mundo gosta do Danny. — Ele me olha como se não fosse nada o que ele acabou de fazer. — Agora todos eles vão te odiar.
— Não me importo. — Quando ele vira as costas pra mim, eu nem tento seguir ele, volto até onde os jogadores estão, me aproximando de Jackson, que olhava Danny, fico em silêncio quando Lydia chega.
— Ele tá bem? — Jackson concorda com a cabeça.
— Parece que é só o nariz sangrando. — Jackson olha pra ela, e de repente começa a encarar seu rosto.
— O quê?
— Seu batom. — Olhando para o rosto de Lydia, percebo que ele tá manchado, e isso nunca acontece, é Lydia Martin que estamos falando. Ela desvia o olhar, pegando um espelho na bolsa.
— Como será que ficou assim? — Ela diz rindo, e limpa rapidamente.
— É, como será? — Encaro Danny, voltando meu olhar pra Lydia, agora eu entendi tudo, ele não perguntou se a Lydia gostava de mim, eles provavelmente se beijaram, o que causou o batom manchado dela. Era tudo a lua cheia, ele estava negando, mas agora era isso, tinha 7 horas pra impedir que ele matasse alguém.