DEZOITO
S.M.
— A gente precisa trancar isso. — Olho pra Stiles, ainda não conseguia acreditar no que ela havia me contado, era tudo novo pra mim, nem imaginava que seria tão difícil pra ela também. Stiles me encara, não estávamos ali por muito tempo, e depois de ver o Alpha acabar com a raça de Derek, não planejava ficar aqui por mais tempo.
— Parece que eu tenho a chave? — Respiro fundo, precisávamos fazer alguma coisa logo.
— Pega algo, sei lá. — Ela me encara com raiva, respirando fundo. — Qualquer coisa, Sti. — Ela para de segurar, se levantando, ela olha pela janela da porta, observando algo. Me levanto para a janela também, procurando algum sinal do Alpha, nenhum, viro meu olhar para onde Stiles estava olhando, o cortador de corrente ainda estava no chão, onde a mesma tinha deixado, ela tinha aquele olhar, o olhar de "se eu não voltar, não comete o mesmo erro que eu", respiro fundo, olhando pra ela em desespero. — Não, não, Stiles.
— Sim. — Ela abre a porta que estava segurando, saindo calmamente para fora, meu coração acelera, não podia deixar nada acontecer com ela. Quando ela se abaixa pra pegar o cortador, vejo o Alpha sair de trás do seu jipe, ela não parecia ter visto, começo a bater na porta chamando sua atenção, já que a mesma volta seu olhar para mim. — Volta! Volta! STILES! — Ela me olha estranho, voltando seu olhar para o jipe, vendo a besta se aproximar da mesma, ela levanta rapidamente, correndo de volta para a porta, e voltamos para a etapa de segurar a porta com as nossas vidas.
Com o cortador de correntes em mãos, Stiles o coloca entre as duas alças que abrem a porta. Seguramos a porta por um tempo, e quando não sentimos nenhum movimento nela, nos levantamos até a altura da janela da porta novamente, o Alpha não estava mais a vista.
— Onde ele tá? — Stiles puxa a lanterna da minha mão, acendendo ela e mirando pela janela. — Onde ele foi? — Respirando fundo, nos afastamos da porta, eu sentia que meu coração ia saltar pela minha boca a qualquer instante, olho para Stiles, que parecia nervosa, mas tentando manter a calma. — A porta não vai aguentar, vai?
— Provavelmente não. — Nos viramos para o corredor, assim quando entramos da última vez, estava tudo escuro, ficamos em silêncio apenas encarando o vazio, quando ouvimos um uivo, nos entreolhamos rapidamente, começando a correr pra onde tínhamos ouvido, uma das salas de aula.
A sala estava vazia também, provavelmente igual o resto da escola. Entramos rapidamente na sala, puxando a mesa do professor para segurar a porta. Stiles manda a gente parar, respirando fundo.
— A porta não vai aguentar. — Ela me olha preocupada, era óbvio que ela não iria aguentar um ataque direto dele.
— Eu sei. — Ela apoia os braços na mesa, me encarando séria.
— Odeio o seu chefe.
— O quê? — Pergunto olhando a mesma confusa, ela bufa, revirando os olhos.
— Deaton, o Alpha? — Ela respira fundo, ela acreditava na teoria do Derek? Se bem que era nossa única opção agora. — O seu chefe.
— Não.
— Sim, louco, lobisomem e assassino. — Ela diz me encarando, ainda estávamos nos apoiando na mesa, discutindo algo estúpido.
— Ele não pode ser.
— Fala sério! — Ela revira os olhos de novo, me encarando. — Ele desaparece e logo depois aparece aquela coisa que mata o Derek e joga ele dez metros no ar. Não acha coincidência?
— Não acho.
— Scott, ele matou o Derek. — Ela diz firme, ela parecia com raiva, e eu não conseguia culpar ela.
— Não, o Derek não pode morrer. — Ela bufa zangada, desviando o olhar ela continua.
— Saiu sangue pela boca dele, certo? — Ela bate de leve na mesa. — Com certeza não foi uma lesão qualquer. E eu nem te conto como as minhas costas estão queimando agora. — Ela aponta pra mim e depois pra ela. — Ele morreu e somos os próximos.
— Certo, só... — Começo encarando a mesa. — O que vamos fazer?
— Vamos até o meu carro, e damos o fora daqui. — Ela responde depois de um tempo curto pensando. — E você... Você vai pensar em largar o seu emprego, beleza? — Ela se aproxima da janela, procurando algum sinal dele, enquanto eu tento abrir as janelas, poderíamos sair por ali. — Scott, elas não abrem. — Sti segura minhas mãos, impedindo que eu continuasse. — Para controlar a temperatura, sabe?
— Vamos quebrar elas então. — Ela nega com a cabeça rapidamente.
— Iria fazer muito barulho.
— Então, temos que correr muito rápido. — Ela me olha, como se eu fosse maluco, desvio meu olhar até seu jipe, pra ter certeza que não teríamos que correr muito, volto a olhar para ela. — Muito rápido. — Olho novamente para o jipe, mas assim que meus olhos pousam no carro azul claro, vejo que o capô dele estava destruído, o que era estranho, porque não estava desse jeito antes de entrarmos. — Stiles, o que tem de errado com o seu carro?
— Como assim? Não tem nada de errado com ele. — Permaneço olhando para o jipe, tinha sim, algo de errado.
— Tá amassado.
— Amassado? — Ela segura meus ombros, ficando na ponta dos pés para ver por cima do meu ombro.
— Sim, muito amassado.
— Mas que... — O vidro atrás de nós quebra, o que faz com que cacos de vidro caíam sobre nós, nos abaixamos, olhando o objeto que foi arremessado contra o vidro. Era a bateria, a bateria do jipe dela. — Essa é a minha bateria. — Ela começa a se levantar, mas eu impeço ela.
— Não!
— Temos que sair.
— Ele pode estar lá fora. — Digo rapidamente, ela me olha torto.
— Ele tá lá fora. — Ela mira a lanterna sobre a bateria, indicando o que ela queria dizer.
— Só, deixa eu dar uma olhada. — Me levanto para olhar a janela, sendo seguido pela mesma, olho para todos os lugares, e nada.
— Viu algo?
— Não. — Ela fica meio abaixada e em silêncio.
— Podemos sair?
— Podemos. — Saímos da sala de aula, pisando nos cacos de vidro, quando estamos no corredor novamente, puxo ela pra irmos pela outra porta. — Por aqui. — Ela me impede, me segurando. — O quê?
— Melhor um caminho sem janelas. — Bufo sem paciência, só queria sair daqui.
— Todas as salas têm janelas.
— Okay, então, um caminho com menos janelas. — Respiro fundo, sabia de um lugar com poucas janelas.
— O vestiário.
— Okay. — Ela me puxa, e começamos a caminhar para lá. Assim que entramos, ela fecha a porta e me segue para o meio dos armários.
— Chama o sue pai. — Ela olha pra mim, pensando sobre a possibilidade.
— E vou dizer o quê?
— Eu não sei, qualquer coisa. — Qualquer coisa menos, porque invadimos a escola nesse horário. — Vazamento de gás, fogo, tanto faz. Se aquilo ver os carros da polícia, vai embora.
— E se não? E se ele quiser matar os policiais, incluindo o meu pai? — Ela pergunta rapidamente me olhando com raiva.
— Eles têm armas.
— É, e o Derek teve que ser acertado com uma bala de acônito, pra só assim ser parado, esqueceu? — Ela desvia o olhar, respirando fundo.
— Eles... Eles têm... — Ela me olha novamente. — Temos que achar uma saída e sair correndo.
— Não tem nada perto por quilômetros.
— E o carro do Derek? — Ela pensa sobre a possibilidade, concordando com a cabeça.
— Podemos usar ele. — Ela me olha com um olhar sarcástico. — Pegamos a chave do corpo dele e depois roubamos o carro.
— E ele.
— Tudo bem, tanto faz. — Nos aproximamos da porta do vestiário, certos de que esse plano funcionaria, mas antes de Stiles abrir a porta, eu ouvi algo, o que me fez impedir a mesma. — O quê?
— Acho que ouvi algo.
— Tipo o quê? — Ela diz em desespero.
— Fica quieta! — Começamos a nos afastar da porta, e eu vejo a lanterna apontada pra mesma, puxo sua mão para tampar a luz, e ela deixa a lanterna encostada no corpo. — Se esconde. — Digo, e a mesma começa a abrir um armário qualquer, o que me desespera um pouco. — Não, não, Stiles. Não.
Em pouco tempo, a mesma já estava lá dentro, ignorando o que eu falei. Sem pensar duas vezes, entro no armário na frente do dela, ficando em silêncio, a maçaneta abre, e logo ouvíamos a porta fechar, não sabia o que esperar, mas sabia que se fosse o Alpha, estávamos mortos.
Tento permanecer em silêncio, apenas sentindo meu coração bater, muito forte. Quando meu armário é aberto, me deparo com o zelador, que começa a gritar, fazendo com que Stiles saia do armário dela, e manda ele ficar quieto, assim como eu faço.
— Merda. — Ele diz, segurando o peito.
— Se acalma. — Digo em desespero, ele tinha que parar de gritar.
— Calma nada, o que estão tentando fazer, me matar?! — Ele segura nossos ombros, tentando nos empurrar. — Vocês dois, saiam daqui.
— Só me escuta, tá bom? — Stiles tenta, e ele ignora.
— Não. Deem o fora daqui. — Ele me puxa, me empurrando pra saída, e faz a mesma coisa com Stiles. Ele nos empurra para o corredor, onde Stiles tenta novamente.
— Só me deixa explicar.
— Cala a boca e vai. — Ele aponta pra saída, e nós seguimos com o olhar, e em questão de segundos, o mesmo é puxado pro vestiário, e a porta se fecha. Tudo que consigo processar, é Stiles segurando meu braço com medo, e o zelador batendo na janela da porta, e sangue, muito sangue.
Olho para Stiles, que estava em choque. Solto seu aperto de mim, indo até a porta e tentando abrir, precisávamos ajudar ele, rápido. Ele permanecia gritando, e eu não conseguia abrir a porta, até que Stiles me puxa e me arrasta pelo corredor. Saímos correndo, e consigo ouvir algo caindo, como se fosse a porta do vestiário, mas isso não nos para.
Quando corremos para outra saída, vemos que estamos trancados. O Alpha colocou uma caçamba de lixo na porta, impossibilitando que consigamos empurrar a porta e sair. Stiles me olha depois de eu colocar a cabeça para dentro.
— Ele colocou na frente da porta pra nos trancar aqui. — Ela ainda segurava a porta, em choque. — Vamos, me ajuda. — Ela continua jogando o corpo na porta, tentando empurrar a lixeira.
— Para! — Seguro ela, puxando para o corredor novamente, precisávamos achar um lugar para ficar.
— Não vou morrer aqui. — Ela diz me acompanhando. — Não vou morrer na escola.
— Não vamos morrer. — Digo firme, e ela se desespera enquanto anda.
— O que ele tá fazendo? — Olho pra ela, e ela parecia a beira de surtar por causa da situação. — O que ele quer?
— Eu! — Digo alto, o que faz ela ficar quieta. — Ele é mais forte com uma alcateia.
— Ótimo. Um lobisomem psicótico que quer um lobo, que é um adolescente ainda. — Ela respira fundo, ligando a lanterna de novo. — Muito poético.
Olho pela janela do corredor, parando Stiles. Ela me olha confusa, mas meus olhos estavam focados no lobo gigante em cima do telhado, do outro lado. Stiles vê ele também, e em questão de segundos, ele começa a correr pelo telhado em nossa direção. O que nos faz correr para o final do corredor.
Ouvíamos o vidro quebrar atrás de nós, significando que ele entrou no corredor. Viramos à direita em uma porta, a porta que levava para a escadaria, descemos as escadas correndo, e abrindo a porta, dando no corredor debaixo, precisávamos sair logo.
A.A.
Estava em frente de casa, já tinha passado uma hora do horário que combinei com Scott, e nada dele. Nenhuma notícia, nenhuma mensagem, nada. Não conseguia acreditar que ele me deu um bolo, meu celular toca em minha mão, e eu vejo que era Lydia ligando, atendo a chamada colocando o celular na orelha.
— Lydia disse que estamos indo te buscar. — A voz de Jackson toma a chamada, me surpreendendo, já que esperava a voz de Lydia.
— Por favor, não venham. — Digo lentamente, tenho esperanças de que meu namorado viria ainda. — Ele tá a caminho. Ele só tá apenas. — Olho o horário no meu celular, 20h56. — 26 minutos atrasado.
— Ouviu isso? — A voz de Lydia assume do outro lado. — Começa com: "Só 26 minutos atrasado", um mês depois é: "Ele só me bate quando bebe". De um para o outro é um passo, Allison.
— Vamos te buscar. — Ouço a voz de Jackson depois da dela, e mesmo negando, vejo o carro dele se aproximando. — Tarde demais. — Me aproximo da janela do motorista, vendo Jackson abaixar a mesma. — Lydia sempre consegue o que quer. Entra aí, veremos se ele tá em casa. — Recebo uma mensagem de texto de Scott, e vejo Lydia se inclinar em Jackson pra falar comigo.
— É ele com uma ótima explicação do porquê está atrasado? — Nego com a cabeça olhando a mensagem.
— Não exatamente. — Jackson saí do carro, empurrando o banco para frente para que eu entrasse atrás.
Jackson dirigiu rápido, em questão de minutos, estávamos na escola. Scott havia me mandado uma mensagem dizendo para encontrá-lo na escola, urgente. Eu não sabia o que estava acontecendo, muito menos sabia o que ele fazia às 21h na escola em uma segunda feira. Jackson saiu do carro novamente, para que eu pudesse sair também.
— O que ele tá fazendo aqui? — Ouço Jackson perguntar enquanto saio, meu celular estava comigo, na mensagem dele, não tinha parado de olhar ela o caminho todo.
— Só sei isso. — Digo estendendo o celular em sua direção, Lydia que ainda estava no carro, se inclina no banco do motorista e nos olha.
— As portas são trancadas de noite. — Olho em direção do prédio, vendo o carro de sua melhor amiga parado em uma das vagas, e um carro preto logo atrás, e no prédio da escola, uma porta totalmente aberta.
— Aquela tá aberta. — Saio de perto da Porsche indo em direção da porta aberta, sendo segurada por um cortador de corrente.
— Não precisa que eu diga o óbvio, né? — Jackson diz, me seguindo.
— Que parece que ele invadiu a escola? — Olho torto pra ele, que apenas concorda com a cabeça. — Não, é óbvio.
— Quer que eu vá com você? — Ele pergunta, e eu nego rapidamente com a cabeça, não precisava me preocupar com ele também.
— Não, tá de boa.
— Ei, Allison... — Encaro ele, não entendendo o que ele queria. Ele ficou quieto por um tempo, como se quisesse pedir que eu tomasse cuidado, o que não era a personalidade dele em nenhum momento, dou um sorriso irônico com isso.
— Parece que vai dizer "tenha cuidado". — Ele tira uma lanterna do bolso, acendendo e estendendo pra mim.
— Eu vou. — Ele tem um sorriso amigável, nem parecia que a última vez que o vi ele estava todo suado parecendo que tinha se drogado, o que me assustou muito, porque ele nunca falou comigo daquele jeito. Pego a lanterna de sua mão, ainda sorriso. — O quê?
— Nunca vi esse seu lado preocupado.
— Bom, eu tô preocupado.
— É uma boa visão de você. — Ele sorri um pouco, miro a lanterna no meu rosto, fazendo com que a luz fique sobre ele, igual nos filmes de terror. — Não se preocupa. Volto logo.
— Tudo bem. — Desligo a lanterna, indo em direção da porta, hora de encontrar Scott.