" Você é o som de uma música e eu não consigo te tirar da minha cabeça
Você é a calma na tempestade, você é a voz dizendo "volte para cama"
Me diga, eu estou na sua cabeça como pelo menos, metade da frequência você está na minha? "
Finneas / Lost my mind
Boa Leitura.
ANNA
Duas semanas passaram-se e minha convivência com Jungkook apenas aumentava.
Vez ou outra ficávamos juntos nos intervalos, e mesmo que eu já tenha o apresentado a Miranda e Taehyung, ele provavelmente prefere manter alguma distância. Diferente de seus amigos que pouco tempo os conhece e já os adora muito.
Ponderei que talvez Jungkook se sentisse intimidado de alguma forma, mas não. As poucas conversas que teve com eles foram civilizadamente adequadas e até mesmo descontraídas, porém as vezes é nítido que ele não queria estar ali presente.
Após aquela conversa ele não tentou me beijar novamente e nem eu perguntei sobre o ocorrido.
Era como se tivéssemos apagado momentaneamente o assunto.
- Podemos começar com essas perguntas e depois essas, devagar iremos nos aprofundando. - Ele dizia enquanto marcava as perguntas com os marcadores. - Acho bom começar com perguntas leves como, "qual era seu brinquedo favorito quando criança?" - Descontraiu rindo devagar. -
- Sim, eu achei uma boa ideia. - Afirmei, um pouco incomodada com o celular que não parava de notificar mensagens. - É... eu estava pensando. - Antes que eu completasse ele interrompeu. -
- Não pense, apenas diga. - Suspirou baixo quando tampou os marcadores. -
- Talvez seja melhor fazer o trabalho mês que vem. - Eu disse simplista. -
- Eu concordo. - Respondeu de imediato. - Agora por favor, veja logo as 36 mensagens, eu não aguento mais esse som irritante.
- Você contou? - Perguntei confusa, franzindo os celhos e rindo. -
- Bom, é uma mania feia que tenho. - Contou dando de ombros. -
- Você me surpreende tanto. - Eu disse por fim pegando o celular. - Deve ser o Kim. - Sugeri dando um sorriso pequeno. -
- Tenho certeza que sim, ele sempre está por perto. - Desviou o olhar para algum ponto aleatório, e mesmo que tentasse disfarçar foi impossível não o ver revirar os olhos. -
Após ver algumas mensagens desnecessárias de Taehyung sendo afobado pela minha demora em responder-ló, apenas uma me chamou atenção.
Tae
- Miranda quer ir fazer compras, quando terminar de resolver as coisas com Jungkook nos procure no estacionamento 👍
17h47
Eu apenas visualizei e fui na conversa de Miranda ver o que a mesma queria.
Miranda
- Eu quero comprar algumas roupas, você vai demorar muito?😑
17h20
- Se estiver beijando o JK, não tem problema, vamos apenas Taehyung e eu😎
- Mas por favor! Só fiquem nos beijos❌👶
17h50
- Miranda, estamos debatendo sobre o trabalho, eu já estou indo!
- Não seja ridícula, aaaaa droga!! eu não posso rir
17h50
Após isso, novamente meu olhar se encontrou com o seu, esperando que eu dissesse algo.
- Não era nada importante. - Tentei soar tranquila. - Aonde estávamos? - Me referi ao trabalho exposto encima da mesa a nossa frente. -
- Nos já terminamos. - Suspirou simultâneamente esfregando as mãos no rosto. - Vá encontrar seus amigos.
- Nós vamos acompanhar Miranda a fazer algumas compras, você não quer vim? - Perguntei-lhe quando ele já estava de pé. -
Antes de me responder, primeiro organizou os livros e pegou o trabalho o analisando pela quarta vez desde que estamos aqui.
- Não. - Respondeu baixo. -
- Bom, pensei que pudesse ser legal. - Dei de ombros, sem esperar alguma resposta em troca, enquanto me levantava. - Não tem problema, vamos embora. - Eu disse me afastando, indo em direção a saída. -
Pouco tempo depois ele começou a me seguir, fomos em direção ao estacionamento sem pressa alguma e sem dizer algo.
Taehyung e Miranda nos esperava enfrente ao carro do mesmo, eles falavam algo que não pude ouvir por estar longe, mas eu com certeza poderia entender as caras e bocas que Taehyung fazia, ele estava incrédulo com algo.
- O que aconteceu, Kim? - Perguntei quando estava perto o suficiente para ouvir-ló. -
- Amanhã apresentaremos uma peça cinematográfica, está incrível. - Se animou a dizer. -
- Vocês estavam discutindo? Taehyung estava assim ó. - Tentei ao máximo imitar-ló, mas é impossível, Taehyung é único e impagável com suas caretas. - Na verdade ele estava pior que isso.
- Estávamos ensaiando a peça para o próximo mês, eu deveria estar assim. - Corrigiu levando os lábios para baixo e fechando os olhos com força enquanto suspirava sentindo alguma dor. - Mostre para Anna como irá fazer, Miranda. - Pediu dando atenção a mesma. -
Miranda o olhou triste, com os celhos franzidos e engolindo seco, fechou os olhos com força e suspirou derrotada.
- General. - Ela disse baixo passando as mãos no rosto de Taehyung enquanto ambos se olhavam, abraçaram-se vagarosamente. -
- Fique por perto, eu ainda te quero. - Ele atuou acariciando os cabelos de Miranda que por fim riu, Taehyung logo se juntando a ela. - Está ótimo.
- É uma peça dramática? - Perguntei. -
- É quase isso. - Miranda disse soltando ele. - E onde está Jungkook? - Olhou ao redor, procurando. -
- Bem ali. - Eu disse gesticulando para frente, aonde ele estava, de costas para nós mexendo em algo no porta-malas. -
- Hey, Jungkook! - Miranda o chamou, ele rapidamente olhou para trás. - Para onde está indo?
- Para minha casa. - Ele disse um tanto alto, mas não gritou. -
- Não não! Acompanha a gente. - Exigiu. -
Jungkook apenas me olhou, por demorados segundos, e gesticulou para o carro.
- Vai com ele, Taehyung e eu iremos lhe encontrar lá. - Ela disse abrindo a porta do carro prestes a entrar. -
Por algum tempo olhei Taehyung que apenas sorriu pequeno e assentiu, logo depois abrindo a porta do motorista.
Após ir até Jungkook, antes de abrir a porta do carro, novamente o olhei.
- Quer me dizer algo? - Perguntou indo até a porta do carona, aonde eu estava parada. -
- Está indo por você ou para agradar?
- Tenha certeza que não é por mim. - Ele disse, aproximando-se mais de mim. -
E quando pensei que faria algo para sentir-mos novamente o calor um do outro, ele apenas abriu a porta numa forma gentil.
Dentro do carro novamente o silêncio surgiu, mas não propositalmente, ambos não tinham o que dizer.
Apesar de estarmos quase sempre juntos, as vezes o silêncio era a nossa melhor opção.
Porém neste curto período eu apreciei o que estava presente.
O carro bem limpo, com cheiro suave de alguma flor, os botões em sequência e um coelhinho pendurado no retrovisor.
- Você gosta de coelhos? - Perguntei virando um pouco para lhe olhar melhor. -
Dirigia concentrado, com a mão bonita apertando vez ou outra o volante, pulsando levemente suas veias.
- Há uma história por trás disso. - Ele contou, tocando o objeto. - Não o enfeite, o coelho em sí. - Sorrio bonito quando parou a fala por alguns segundos. - Eu gosto sim, muito.
- Entendi. - Após dizer isso eu pretendia virar novamente para frente, mas optei em continuar assim, o apreciando. -
- Eu sempre quis ter um, mas infelizmente eu não posso devido a alergia. - Contou simplista. - Minha segunda opção seria um cachorro, mas optei pelo gato, por ser independente e também porque passo a maioria do tempo fora de casa.
- É uma pena, eu lhe daria um coelho hoje mesmo. - Eu disse o vendo dar um sorriso de orelha a orelha. -
O melhor e mais sincero sorriso que ele já havia dado.
- Você pode me presentear com um coelho, mas saiba que também irá me matar com isso. - Soou divertido e exagerado. - O gato também não gostaria de me compartilhar com outro animal, seria uma verdadeira guerra dominar ambos.
- Ele parece mesmo ser enciumado. - Eu disse avistando o carro de Taehyung parando. - Pelo visto já chegamos.
Após todo o procedimento de estacionar, sair do carro, entre outros, andamos pelas ruas parando vez ou outra nas lojas.
Taehyung se distanciou junto a Miranda caminhando nas sessões mais distantes.
Novamente estava apenas Jungkook e eu.
- Você não é do tipo que usa essas roupas. - Questionei o vendo pegar um conjunto de frio maior que ele da cor cinza. -
- Na verdade, não são para mim. - Afirmou, andando devagar enquanto via as outras peças. - Isso aqui é. - Pegou uma jaqueta pesada de couro. - Você não vai comprar nada?
- Não, eu só vim acompanhar-lá mesmo. - Eu disse observando algumas roupas a frente. -
- Mas e se eu quiser lhe dar um presente agora? - Perguntou, sorrindo ladinho. - Você deixa?
- Você não deixou eu lhe dar um coelho. - Afirmei, o vendo rir. -
- Meu presente não lhe trará consequências, mas o seu iria. - Ele puxou meu braço para que andássemos até outra sessão, a sessão das jóias. -
- Foi bom saber disso, será o que farei quando você cometer algum erro. - Brinquei, levando o indicador em sua bochecha. -
- A... - Suspirou simultâneamente serrando os olhos. - Garota atrevida.
Eu apenas ergui uma de minhas sobrancelhas com um sorriso nos lábios, logo depois voltando a andar junto com o mesmo.
Jungkook parou enfrente a uma prateleira aleatória, focando o olhar apenas em uma pulseira de ouro, com pedras de Jade.
- O que houve? - Perguntei, desviando o olhar da pulseira e o direcionando a ele. -
- Não é nada. - Ele disse apressado piscando os olhos com força. - Eu lembrei da minha mãe, ela usava uma pulseira como esta, foi apenas uma lembrança. - Garantiu andando um pouco mais até parar perto de alguns colares. - Você não respondeu a minha pergunta.
- Faça tudo que quiser. - Eu disse sem a mínima consciência daquilo, hipnotizada pelo seu corpo que estava apenas de costas para mim. -
Céus, ele é lindo de todos os ângulos possíveis.
- Não, eu acho que não posso fazer tudo o que eu quero. - Afirmou me fazendo despertar do transe momentâneo. - Mas eu quero que aceite isso. - Exigiu apontando para um colar de ouro, delicado e com pedras de safira. - Apenas se quiser e se sentir confortável.
- É lindo. - Eu disse encantada, olhando o colar por trás do vidro. -
Jungkook gesticulou para que o atendente pegasse o colar enquanto colocava suas compras em qualquer canto, e de imediato o pagando também porque tinha a certeza de que o levaria.
Após aproximar-se de mim, com cuidado levou meus cabelos para o lado esquerdo e encaixou o objeto em meu pescoço, o prendeu e deslizou ambas mãos de meus ombros até chegar em minhas palmas, me causando leves arrepios.
Me virou e por algum tempo apreciou o colar justo depositado ali, o tocou para só depois tocar a minha bochecha, a acariciando com o polegar.
Antes que fizesse algo a mais ambos ouviram uma voz familiar.
Jungkook apenas sorriu para mim e depois sumiu de minha vista, provavelmente indo pagar as roupas que ele levaria.
- Ele ia te beijar e eu interrompi, me perdoa. - Miranda suplicou, choramingando. -
- Não, ele não ia. - Neguei dando um sorriso fraco. - Ele não faria isso em uma loja lotada como está aqui.
- Mostra que ele é sensato, ninguém deveria ficar se comendo em público. - Ela contestou usando seu típico vocabulário. - É nojento.
- E Taehyung?
- Está terminando de pagar as minhas compras. - Ela disse penteando os cabelos para trás. - Com o meu cartão antes que tire conclusões precipitadas. - Se apressou em dizer antes que eu perguntasse algo. -
- Dá última vez você explorou o Tae, literalmente. - Afirmei relembrando. - Ele gastou muito dinheiro com você.
- Foi ele quem se ofereceu, achou que eu recusaria? - Contestou. -
- Você é interesseira demais, Miranda. - Eu disse rindo. -
- Taehyung estaria pobre se eu realmente fosse assim. - Afirmou rindo. - E olha que somos apenas bons amigos.
- Eu nunca perguntei, mas sempre tive está dúvida. - Ponderei. - Sente algo por ele?
- Sim, apego, gratidão, raiva, estresse, você quer mais? - Perguntou se fazendo de boba. -
- Me referi a outro tipo de sentimento, Miranda.
- Eu não vou mentir e dizer que Taehyung não me atrai, aquele homem é o próprio pecado em pessoa. - Confirmou dando um sorriso ladinho. - Mas eu nunca me envolveria com ele, não me perdoaria nunca se o deixasse triste. - Completou. - Ele não merece.
- Nem eu lhe perdoaria. - Eu disse. - Taehyung é super transparente comigo, caso sentisse algo por você ele me avisaria.
- E você? Contou sobre o Jungkook a ele?
- Eu não tive oportunidade, e também não sei qual será a reação dele quando ouvir minhas suposições. - Eu disse saindo daquela multidão junto a Miranda. - E menos ainda quando ouvir minhas escolhas.
- Eu sei, ele não olhará Jungkook com os mesmos olhos. - Afirmou. - Na verdade eles nem são próximos como Taehyung está sendo do Jin e Joon.
- Eu irei comprovar minhas suposições de uma forma errada. - Afirmei vendo Jungkook retornar a nós. - Mas é uma chance que eu não posso desperdiçar.
- Se eu não fosse sua melhor amiga e confiasse em você cegamente, eu lhe acharia uma louca por supor tudo isso dele. - Se referiu ao Jungkook enquanto o via voltando em nossa direção. - Ele não demostra ser absolutamente nada do que você diz.
- Eu demorei muito? - Perguntou já próximo de nós, ajeitando as sacolas nas mãos. -
- Bom, eu não tenho o costume de contar os minutos e segundos, mas eu acho que não. - Eu disse divertida o olhando sorrir. -
- Foram exatamente vinte minutos e zero segundos. - Ponderou olhando o relógio depositado no pulso esquerdo. -
- Meu Deus, homem! - Miranda exclamou, negando com a cabeça. - Você é sinistro.
- E Kim Taehyung, onde está? - Ele perguntou novamente ajeitando as sacolas que pareciam pesadas. -
- Bem aqui. - Taehyung se pronunciou vindo por trás de Jungkook. -
Jungkook o olhou por um tempo e ergueu uma das sobrancelhas, mas Taehyung provavelmente não viu por estar conversando de cabeça abaixada com Miranda.
Um sinal mínimo de Jungkook como erguer a sobrancelha, trincar o maxilar, olhar profundamente nos olhos, gesticular, engolir em seco, estalar os dedos repetidamente e apertar o próprio braço para desfazer alguma raiva, diziam todas as palavras que eram impossíveis sair por sua boca.
E são seus sinais, seus botões automáticos que me fazem ter a certeza de tudo sobre você.
- Bom, vamos comer algo? - Taehyung perguntou pouco tempo após colocar as compras de Miranda no porta-malas e deixá-lo aberto. - Eu estou com tanta fome.
- E me diz quando você não está? - Miranda questionou franzindo levemente as sobrancelhas. - Jungkook me ajuda aqui. - Pediu ajeitando as sacolas. -
Após Jungkook se afastar e ir de encontro com Miranda, Taehyung se aproximou de mim e de imediato olhou para o colar depositado em meu pescoço.
- Jungkook lhe deu isso? - Perguntou baixo desta vez me olhando, assenti apenas uma vez em resposta. - Precisa me dizer algo, não é?
- Sim, mas... - Suspirei antes de dar continuidade. - Você precisa ser paciente.
- Tempo é a única coisa que não me importa no momento, o que importa é conversarmos. - Orientou tocando a ponta do meu nariz. - Faremos isso quando você se sentir bem.
- Obrigada, Tae. - Agradeci com um sorriso doce se formando em meus lábios logo após sentir seus braços me envolvendo. -
- Está tudo bem. - Ele disse se afastando apenas o suficiente para me ver e mostrar um sorriso confortador. - Agora vamos, eu realmente estou com fome. - Soltou uma risada depositando um beijo forte e exagerado em minha testa. -
- Ei Taehyung! Você quer ir comer hoje ou amanhã? - Miranda perguntou fechando o porta-malas. - Já são quase dez da noite.
- Não imaginei que iríamos demorar tanto assim. - Jungkook se pronunciou. - Peço desculpas mas eu preciso voltar para casa.
- Porquê? - Miranda questionou. -
- Meu gato precisa tomar o medicamento as onze horas. - Respondeu de imediato. -
- Bom, se não tem outra saída, está tudo bem. - Miranda compreendeu. - Quem sabe na próxima.
- Sim, quem sabe. - Ele respondeu se recompondo para caminhar até seu carro. -
- Eu posso ir com você? Também tenho um compromisso. - Eu disse um pouco apressada, recebendo o olhar franzido e desentendido de Miranda.-
- Pode, claro. - Ele disse aproximando-se de Taehyung e Miranda para se despedir. - A gente se vê pessoal.
- Vão com cuidado. - Taehyung pediu indo em direção ao próprio carro após desperdice de Jungkook com um aperto de mãos. - Me mande mensagem depois dizendo que já chegou. - Pediu a mim, eu apenas assenti rápido. -
Novamente dentro do carro dizemos poucas coisas, ele contava dá vez em que chorou com um filme romântico.
Jungkook as vezes é tão aleatório.
Após chegarmos no prédio, em seu andar, usei a péssima desculpa de querer vê-lo dar o medicamento ao gato.
Ele não acreditou, chegou a rir até, mas concordou.
- Você gosta de animais? - Perguntou enquanto pegava um spray, provavelmente o remédio. -
- Sim, eu já quis ter um coala. - Confessei rindo. - Mas não seria bom tê-lo e deixá-lo aqui, sozinho.
- Eu não deveria ficar surpreso. - Ele disse enquanto batia em uma das coxas, o gato extremamente obediente como era, deitou-se ali imediatamente. - Namjoon já quis ter um caranguejo. - Contou simplista mas ele não conseguiu conter uma risada. -
- Eu nunca vou entender como você faz isso. - Me referi ao gato que após hesitar algumas vezes, finalmente aceitou o remédio. -
- É normal. - Ele disse pegando o gato no colo como um bebê e o acariciando. - Eles entendem rápido. - Deu um sorriso quando avistou o gato com os olhos fechados. -
- Seus pais moram aqui? - Eu perguntei o vendo dar um beijo no gato e colocá-lo novamente no sofá. -
Jungkook demorou um pouco para responder.
- Moram em minha cidade natal. - Respondeu simplista. - Busan.
- Você não os vê a muito tempo? - Perguntei me afastando um pouco do gato que se aproximou enquanto arranhava o assento do sofá. -
- Fique ai. - Ordenou ao gato. - Não seja mal criado.
- Responde a minha pergunta. - Pedi levantando sem desviar nossos olhares. -
- Sim, faz três anos. - Ele respondeu me surpreendendo. -
- Vocês não tem uma convivência boa, certo? - Perguntei o vendo desviar o olhar para um ponto aleatório. - Eu não vi nenhuma foto...
- Está novamente começando com o maldito interrogatório, Anna! - Repreendeu se alterando um pouco. -
- Eu nunca lhe obriguei a responder minhas perguntas, responda se quiser, Jungkook. - Respondi também com alguma firmeza. -
Respondê-lo com algum receio, incerteza, murmurar ou ansiar, eram o que ele precisava para impor e ter o controle, seja do corpo ou da mente.
- Ouça. - Suspirou. - Eu não preciso deles. - Se empenhou em afirmar. - E não quero que pergunte o motivo de estarmos distanciados. - Repreendeu como de costume. -
Jungkook se torna forte, firme e repreensivo para não demostrar alguma tristeza, talvez algum medo.
- Tudo bem. - Respondi dando um sorriso fraco. - Porquê? - Toquei o colar depositado em meu pescoço. -
- Porque eu lhe dei ou porque safiras? - Perguntou, calmo desta vez. -
- Ambos.
- Você fica ainda mais bonita usando um presente meu. - Afirmou sorrindo, aproximando o corpo do meu, tocando a minha pele com o próprio rosto. -
Involuntariamente parada eu apenas respirava com alguma dificuldade perante aos seus mínimos toques, sentia minhas pernas fracas sem motivo algum, meu coração desregulado como se esperasse por algo.
A capacidade que tenho em descobrir sobre você, torna-se uma intensidade no momento em que me toca, e eu poderia ceder aqui, agora.
Jungkook sabia exatamente como me envolver, e ele sabia disso.
Foi então que ele apenas beijou o encontro de meu maxilar com meu ouvido, se afastou apenas o suficiente para me olhar novamente e retornou a falar.
- Safiras tem um tom de azul único e inconfundível. - Explicou ajeitando o colar em meu pescoço. - Na antiguidade chamavam a safira de "pedra da sabedoria", ela fortalece a mente... - Ele contou depositando um selar demorado em minha testa, logo após juntando a sua, mantendo seus olhos fechados. - e o coração. - Tocou pouco acima dos meus seios, subindo a mão para minha nuca quando deu continuidade. - Controla as emoções e é específica para alguém que tenha a mente aberta. - Sorrio fraco quando parou a fala por alguns segundos. - Alguém como você.
- Porque faz isso, Jungkook? - Perguntei com alguma dificuldade por sentir sua respiração ansiosa se abalar contra a minha bochecha. -
- O que? - Questionou. -
Seus lábios estavam tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes dos meus.
Eu sentia os poucos centímetros nos afastando.
- Fica irritado e depois faz isso? - Questionei. - Me envolve tão intensamente.
- Como eu disse, eu te quero muito. - Confessou baixinho, com a voz rouca. - Mas eu não posso fazer isso agora. - Completou, me afastando devagar. -
- Você não pode me beijar? - Perguntei sentindo suas mãos me soltarem. -
- Mas eu não quero só beijar você. - Confessou me deixando sem resposta por algum tempo. -
- Já está tarde, eu tenho que ir. - Eu disse a primeira coisa que veio a mente, finalmente saindo pela porta. -
- Descanse. - Pediu. -
Eu apenas assenti e caminhei até o elevador.
Em minha casa eu não pensava em outra coisa a não ser no que ouve poucos minutos atrás.
Jungkook me deixava tão vulnerável em seus braços, ele definitivamente conseguiria tudo o que quisesse apenas tocando o meu corpo, eu cederia sem pensar uma vez sequer.
Mas há outro lado, o que eu pretendo descobrir.
O erro de Jungkook foi ter me levado naquele penhasco, porque foi lá que ele apertou o gatilho, me mostrou que ele seria muito além do que os olhos podem ver.
.
.
.
.
.
A estrelinha.⭐