𝐩.𝐨.𝐯 𝐫𝐚𝐟𝐚𝐞𝐥
Me levantei com frio pra caramba, e na real, não era pra estar frio. Já eram quase uma da tarde e o sol tava torando do lado de fora, e mesmo assim sentia meu corpo frio, até peguei um moletom. Foi aí que percebi que tava suando, muito.
Tirei minha temperatura com um termômetro, e bom, é, febre. 38,1 graus, tava bem alta e eu sozinho em casa. Que maravilha.
Me joguei na cama pensando se ia fazer live ou não, defitivamente não estava em condição de fazer live, mas o dever chama.
Meu celular vibrou do meu lado enquanto eu fitava o teto com vontade de desistir. Peguei ele relutante pra ver uma mensagem de Eliza. Não vou mentir, foi bom ver ela me mandar mensagem. Não conversamos a um tempo e eu já tava preocupado.
Eliza ♡
|Ei, Rafa
|Tava pensando, a gente
precisa por o papo em dia,
topa sair?
Você
Amas sair? Que preguiça
Além disso tô com febre
Sei lá, cola aqui ou eu
vou aí
Eliza ♡
|Claro! Adoraria te ver
|Além disso, vou levar
umas coisinhas pra fazer
algo gostoso
Você
Falando assim até parece
minha mãe
Mas olha, hoje eu acordei
passando mal, então
pode ser outro dia?
Eliza ♡
|Que??? Claro que não guri
|Vou ir aí agora te fazer uma
canja daquelas
....
Tão insistente, mas não poderia negar uma coisa dessas. A comida dela era a melhor de todas sem dúvida nenhuma. Me acomodei em frente à TV com uma coberta e café esperando a Eliza bater na campainha, e nem demorou. Uma hora talvez? Ela apareceu com algumas sacolas na mão, ingredientes hmmm.
─ A que devo essa honra? ─ Perguntei sorrindo fitando a garota na porta do apartamento.
─ Você deve... ─ Ela se interrompeu descendo o olhar para as sacolas. ─ 25 reais e 70 centavos. ─ Ela sorriu de canto entrando enquanto eu a acompanhava até a cozinha, mesmo que já soubesse onde ficava.
─ Eai, como você tá? Muita febre?
─ 38, mas nada que eu não aguente.
─ Não precisa tentar ser durão, euem. ─ Ela se sentou ao meu lado botando a mão na minha testa, me senti com 10 anos de novo.
─ Você não precisa agir que nem minha mãe Liza.
─ Mas não é isso que as amigas fazem? Agora fica quieto que você tá ardendo de febre.
Emburrei no meu canto observando Eliza na cozinha. Quantas pessoas podiam ter a sorte de ter uma amiga ganhadora do masterchef, hum hum?
─ Mas ei, e você, como tá levando o término?
─ Levando bem eu acho, agora posso me concentrar em ser melhor chef.
─ Melhor ainda? Acho difícil viu.
─ Sempre da pra melhorar, e falando nisso, você só vai fazer live se ficar melhor! ─ Enquanto ela falava suas mãos corriam pelas sacolas no balcão e habilmente ela ajeitava as coisas na panela.
─ Nem morto, eu vou abrir live até com 39 de febre, e isso é inegociável!
─ Ficou maluco? Se você entrar ao vivo com febre vamos fazer live juntos de novo!
─ Eu tinha planejado o domingo indie hoje... Mas ok, se você quiser participar não tem problema.
─ Se você não melhorar, eu participo. Aposto até que o pessoal tá com saudades da tia Eliza.
─ Sério mesmo agora, tem certeza que você só tem 25 anos? ─ A idade de uma mulher, ahh assunto complicado.
─ Claro que sim. ─ Ela ligou o fogo e não deu nem um minuto o aroma da comida já contaminava o apartamento. ─ E eu quero ver você limpando o prato.
─ Tem certeza mesmo que você não é minha avó?
─ Tem certeza mesmo que quer minha comida? ─ Ela se virou se apoiando no balcão enquanto me olhava com um sorrisinho.
─ Já calei a boca.
Ambos conversamos por uns minutos até ela se virar pro fogão de novo.
─ Então... quando eu vou aprender a cozinhar assim?
─ Do jeito que você é desastrado? Hm, nunca?
─ Como assim? Eu sou a pessoa mais aprendizavel que você vai conhecer!
─ Cooom certeza, melhor aprender gramática primeiro.
Eliza riu colocando a comida no prato e me servindo em seguida, e ela se sentou e esperou meu veredito.
─ O que? É sério? Isso definitivamente tá bom. Não precisa que eu diga.
─ Então come oras, e depois vai me dizer de todo jeito.
Revirei meus olhos com um sorriso fazendo como Liza tinha pedido, botei pa dentro.
E advinha??? Tava ótima, nenhuma surpresa eu acho, quer dizer, alguém tinha dúvidas?
─ Hm... Eu não sei, tem um gosto esquisito. Parece velho, aqui, experimenta. ─ Estendi a colher pra Eliza que parecia confusa, ela pegou todo o conteúdo do talher. Demorou bastante pra engolir, então acho que tava analisando cada detalhezinho.
─ Não tô vendo nada de errado aqui, deve ser sua febre maluca afetando sua língua.
─ Eu tô tirando onda com você, não pode nem brincar mais? ─ Ela me respondeu não com palavras, mas sim com um olhar tão cínico que eu senti o sarcasmo.
─ A minha comida não é feita pra tiração de onda engraçadinho.
Ela pegou meu prato assim que terminei e levou até a pia, Eliza definitivamente parecia uma mãe protetora, talvez fosse por isso que me sentia tão confortável perto dela.
─ Ei, vou abrir a live ok? Acho que mesmo não estando tão bem consigo fazer isso.
─ Você é teimoso, não vou discutir, mas se você desmaiar não tenho carro pra um hospital.
─ Você vai estar aqui pra ser meu príncipe.
Me levantei acenando de costas pra Eliza indo até o quarto, nem comentei com ela mas a pressão caiu de leve aqui. Fiquei tonto.
Ela limpou a cozinha enquanto eu resolvia as coisas pra iniciar com a stream. Quem diria, ter alguém em casa comigo é até bom né.
─ Seguinte chat, eu tô com febre hoje. Então, lembram da Eliza? Aquela da live de... Um ano atrás?
Sorri movendo a cadeira pro lado, exibindo a garota ao fundo que acenou vividamente pra cam, e logo depois pulou na minha cama.
─ Ela tá aqui de penetra hoje, a gente não organizou nada. Então ela vai ficar ali na cama esperando eu desmaiar pra me levar pro hospital.
─ Isso mesmo! Não se preocupem que ele não vai morrer!
Sua voz abafada do fundo do quarto veio até o mic, e claro, o chat flodou coração.
A stream correu bem, tonturas aqui e ali e minha mente me interrompendo no meio das frases. Eliza ficou no telefone conversando com sei lá quem e as vezes dava uns pitaco sobre uma ou duas coisas que eu falava, no final de tudo quando ela me ouviu dizendo que iria fechar a live ela se aproximou me abraçando pelas costas enquanto eu me despedia do chat.
─ Gente, agradeçam a Eliza por cuidar de mim. E até segunda chat.
Alguns minutos depois fechei a live de vez a live dando lugar ao Rafael agora, ele olhou pra ele e bocejou.
─ Vai dormir aqui por acaso? ─ brinquei mas logo me arrependi vendo que Eliza pensava sobre o assunto. ─ Não não não, aqui nem tem cama.
─ Mas eu nem disse nada? Além disso eu tenho trabalho amanhã, nem todo mundo pode ficar sentando pra ganhar dinheiro sabia?
Eliza balançou a cabeça enquanto fazia algo quase como um bico, não durou muito já que ela riu e foi até a cozinha pegar suas coisas pra sair e eu segui ela.
─ Rafa, o que tu sabe muito bem que eu não sou super da internet e tal, só mais do insta mesmo, né?
─ Sim, sim, claro. O que houve, tá com problemas no telefone?
─ Não, na verdade eu queria saber o que significa todas aquelas letras do chat seu, negócio esquisito.
─ Aquilo lá? ─ Esbocei um sorriso rindo dela. ─ São os emojis da twitch. Todas as "palavras" esquisitas eram isso. ─ Balancei meus dedos fazendo aspas com as mãos.
─ PogU, cellfofo, e até celleliza? ─ Ela virou curiosa com um sorriso de canto. ─ Tu fez um emoji meu?
─ Ah isso daí é coisa de fanfic, sabe? Aquele povo é meio doido.
─ Fanfic? Do que se trata?
─ Uma história inventada por fãs, geralmente de um casal que não existe e etc. No caso o casal dessas histórias sou eu e você. Geralmente é mais putaria que história, mas enfim.
─ Então somos um casal? ─ Ela parecia confusa, era fofo.
─ Nas histórias, tem umas até assustadoras, credo.
─ E se a gente namorasse mesmo, eles iam parar de fazer?
A pergunta me pegou de surpresa, a bomba que ela larga no meu colo, meus Deus. Apesar de não parecer nada que ela quis dizer o que eu quis entender.
─ Não? Na verdade devia ficar só pior.
─ Então fica longe de mim em! ─ Eliza riu brincando e sorrindo enquanto ajeitava a bolsa e ia até a porta.
Eu acompanhei Liza até a porta sem ficar muito tonto nenhuma vez, então acho que minha febre já tava nos trinques. Ela se virou e me deu um sorriso e logo depois colocou a mão na minha testa.
─ Ótimo, teimoso. Já tá quase bem, não ta fervendo que nem antes. Vê se dorme cedo e nada de sair de casa!
Assenti sorrindo enquanto cruzava os braços fitando Eliza.
─ Quando vai parar de me tratar que nem criança?
─ Quando você começar a se priorizar antes de priorizar seus subs. "Gostaro"?
Levantei os braços como se pedisse calma, não era mentira e não tinha contra argumento pra isso.
─ Certo certo, um dia eu faço isso. ─ Sorri com lábios colados e o silêncio tomou conta por um tempo. ─ Então, até depois Liz.
Ela me acenou e se despediu com um beijo na bochecha. Voltei pra dentro de casa trancando a porta e me jogando na cama, talvez ela estivesse certa e eu precisasse de um tempo pra mim. Pelo menos um pausa dessa correria de live, com o rpg mal tive tempo de dormir com ideias pipocando aqui e ali.
Abro meu telefone pra me livrar das notificações, odeio deixar tudo fechado.
₀₀.₅₅
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³⁰ ᵈᵉ ᵃᵍᵒˢᵗᵒ
Calango raw
|ai Rafael
Você
???
Calango raw
|Mount chamou pra ir numa
baladinha esse fim de semana
|Topas?
Você
Como negar?
perguntou na hora certa
tava precisando distrair
Vamos de baladinha!
Calango raw
|E vai chamar quem?
Você
E eu preciso?
Calango raw
|Precisa
|Vamos em pares
pra lá
Você
Até sábado eu decido então
Mas n vou perder essa
Calango raw
|Te vejo lá em