Dirty Laundry ✅

By ohlulis

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Nina Houston-Löwe tinha uma grande meta para seu semestre na Oak: se tornar a melhor no seu curso e voltar pa... More

intro
google.com/oak
prólogo
1. there's a new girl in town
2. starboy
3. big three
4. cool kids
5. don't call me angel
6. so much that we could've said, so much that we never said
7. i guess i'm lying cause i wanna
8. i got issues, but you got 'em too
10. make it two and we got a deal
11. i say don't let me go and you say why can't we be friends?
12. guess nothing in life's a mistake cause all wrong turns lead to you
13. it's just medicine
14. your right is wrong... but love never leaves a heart where it found it
15. another love
16. dry your smoke-stung eyes so you can see the light
17. if i knew how to hold you i would
18. i'm so into you i can barely breathe
19. are you scared of what's to come?
20. tell me I've been lied to, cryin' isn't like you pt. 1
21. tell me I've been lied to, cryin' isn't like you pt. 2
22. it's like I'm fighting behind these walls and hiding through metaphors
23. are you going to age without mistakes?
24. don't you dare look out your window, darling, everything's on fire
25. where do we go? tell me my fortune, give me your hope
26. oh you're in my veins and i cannot get you out
27. and now, it's time to leave and turn to dust
epílogo

9. momma, I'm so sorry, I'm not sober anymore and daddy, please forgive me

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By ohlulis

O 'Bid day', ou dia das apostas, era realmente um grande evento. Marcava o fim da semana de recrutamento e o momento que finalmente todas as mensagens eram enviadas e a lista das novas integrantes das quatro irmandades da Oak University eram anexadas no quadro de avisos do campus.

O lugar ficava lotado em uma mistura de veteranos, calouros e curiosos de plantão que se acumulavam entre as casas para conhecer, e se informar, de quem as ocuparia pelo ano. Tinha música alta, tinta das cores das casas sendo espalhada por todo lugar e venda de bebidas que já funcionava como uma forma de arrecadação para os fundos das irmandades.

Nina era apenas mais uma das pessoas que animadamente aproveitavam aquele dia, mas, assim como as escolhidas, ela já estava vestida com uma camisa customizada com as cores que defenderia pelo semestre.

— Não acredito que você é uma Kappa Gamma agora!

Olivia estava tão animada que não se importou em abraçar Houston com força, mesmo que a alemã estivesse coberta em glitter pegajoso azul. Mas até Claire, que ainda achava a escolha de participar de uma irmandade um grande erro, estava feliz por Nina, sorrindo sem mostrar os dentes enquanto a observava, entre as outras centenas de pessoas que se aglomeravam no campus.

— Nem eu! — Nina sorriu, balançando os seus cabelos claros de um lado para o outro quando dava pulinhos de animação. — Era minha primeira escolha.

Tinha recebido dois nãos da Delta Phi e da Zeta Tau, o que era esperado já que Nina não era uma estrela no campus nem tinha talento algum para artes. Um 'talvez' da Pi Beta e um grande 'sim' da Kappa Gamma, que foi suficiente para fazê-la desistir da nova visita à primeira e começar a organizar as coisas do seu quarto em caixas para se mudar oficialmente para a casa das Kappas no campus.

Tudo já estava no seu lugar e ela até já tinha ganhado uma colega de quarto nova, Ainsley Smith, que era muito mais simpática do que a que tinha quando estava nos dormitórios.

Aquele clichê universitário americano realmente tinha animado Nina. Ela sabia que nem tudo seria divertido, mas já estava ansiosa pras reuniões semanais que teriam dentro da casa KKG e de finalmente fazer parte de alguma coisa.

Dentro da enorme casa de três andares, ela não se sentia como uma invasora. Ninguém mais parecia olhá-la de canto de olho ou comentar qualquer coisa rude na sua frente, como se ela não pudesse entender o idioma. A proibição de Remi parecia ter ficado para trás junto com os holofotes que antes pareciam segui-la por todo o campus.

A fase de vitrine de petshop tinha passado, como Claire tinha dito que aconteceria.

— 2020 é realmente o ano do fim mundo! — a voz de Nate chegou às três antes que elas pudessem vê-lo, mas no instante seguinte o jogador já estava ao lado de Claire, sorrindo em direção a irmã. — Primeiro, sua presença no open-house. Agora, no bid day. É um semestre estranho.

— Eu estou aqui para apoiar minha amiga — Claire se explicou, mas fez menção de rolar os olhos assim que Nate a olhou com presunção, a abraçando na sequência. — E outra, você é calouro, Nate, eu tive um primeiro ano animado antes de você chegar na Oak. Não deveria estar no treino?

— Eu estou no treino, irmãzinha, nós só resolvemos fazer as corridas de aquecimento pelo campus para... Você sabe...

Todas as três rolaram os olhos nesse momento. Era óbvio que o lugar também estaria lotado de atletas que fariam de tudo para se mostrar para as calouras e futuras pretendentes.

Era clichê, mas funcionava perfeitamente, como as meninas puderam perceber pelos olhares que acompanharam Nate Duncan assim que ele se juntou a elas.

— Dar as boas vindas as novas integrantes das irmandades, sabemos — Liv que continuou a frase de Nate, suspirando. — Nem um pouco surpresa.

— Não foi minha ideia — o jogador se defendeu, dando de ombros. — Ei, Nina. Você é uma Kappa Gamma? Parabéns!

— Obrigada Nate — a alemã respondeu, deixando um sorriso escapar dos seus lábios na direção dele.

Ela não tinha tido muito contato com Nate desde que tinha chegado em Silvermount, mas ele era definitivamente alguém agradável para se manter por perto. Ele sempre parecia pronto para oferecer um ombro amigo para quem precisasse e um abraço confortante se necessário.

Conseguia observar essa característica em Claire também e imaginou que essa só era mais uma coisa que os dois irmãos tinham em comum. Apesar de ser bem mais fechada do que o irmão, ela conseguia ver Clair defender com unhas perfeitamente pintadas e dentes alguém que gostava.

E era tão inacreditável pensar que ela tinha inimizade com alguém dentro do campus...

Mas Remi estava aí para provar seu ponto.

Mein Gott, eu estou tão cansada — Nina apoiou as mãos nos joelhos assim que Nate voltou ao seu treino depois de alguma conversa furada, levantando a cabeça para que pudesse olhar para as amigas. — Não tive muito tempo para dormir essa semana. Fiz o teste para ser monitora de Econ121 na terça, fui ao clube de debates, tentei correr no parque e...

— Como você consegue, Nina? — Claire a interrompeu, entregando uma garrafa d'água para a alemã. — Não dizem que a melhor forma de absorver conteúdo é dormindo?

Nina sorriu, desconversando ao dar de ombros antes de tomar um gole de água. Nos últimos dias, ela estava precisando da ajuda das pílulas azuis que escondia na última gaveta do seu guarda-roupa, atrás dos seus pijamas mais antigos que sabia que era um lugar que ninguém nunca procuraria.

Apesar de ter dito que não voltaria a usar o Adderall, Nina estava novamente se acostumando com o efeito que aquele remédio tinha no seu organismo. Era como se ela pudesse correr uma maratona de 42km e estudar todo o seu livro de 1923 páginas de microeconomia, tudo na mesma noite. Nada era capaz de tirar seu foco, nem mesmo o barulho alto dos corredores do dormitório ao final da tarde, quando a maioria das meninas voltava das aulas.

Mas ela tinha uma boa noção do efeitos adversos que o uso do medicamento tinha. Não deveria estar nem utilizando, na verdade, já que ele era receitado para pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção ou narcolepsia, e ela não se enquadrava em nenhuma das duas categorias.

Não era grande segredo, porém, que o comércio daquele tipo de estimulante era comum dentro dos corredores das melhores universidades do mundo. Capaz de causar uma alta dependência, não eram singulares os casos de pessoas que começaram com um comprimido e acabaram internados depois de uma alta dose de Adderall.

Nina sabia disso. Ela tinha visto as estatísticas, lia artigos e conhecia todas as consequências.

E, ainda, chamaria aquele frasco laranja de remédio de seu melhor amigo nos últimos dias.

— O que é isso que você está segurando, Liv? — Nina questionou, ignorando a última pergunta de Clair e tentando não olhar para seu rosto, na esperança que ela não tivesse percebido.

Olivia precisou seguir o olhar de Nina para saber do que ela falava, entregando um dos panfletos que segurava para a alemã, que o leu com atenção.

— Eu faço parte de um grupo que promove a participação feminina nos esportes da Oak, e nós conseguimos formar clubes de mais três esse ano. Eles exigem menos do que um time profissional como hóquei ou futebol, mas são reconhecidos da mesma forma como oficiais — a mais alta das três explicou, abraçando os folhetos enquanto falava. — Não estamos tendo muito interesse, mas é o folheto das inscrições para o clube de pingue-pong, canoagem e patinação artística.

— Espera — Nina murmurou mais para si mesmo do que para a amiga, arqueando as sobrancelhas em sua direção. — Então você está dizendo que ainda há esperanças de estar em um time da Oak? Eu achei que eles só trabalhassem com profissionais...

— É, mas os clubes de esporte funcionam diferente. Eles treinam em várias categorias e alguns começam do básico, para que um dia se torne tão grande e reconhecido como os outros.

Claire e Liv perceberam que uma luz se acendeu nos olhos de Nina a medida que ela parecia compreender o que a amiga falava. Achava que a questão do esporte, algo que certamente teria um peso enorme para o prêmio de formação com mérito que a Oak distribuía, era uma luta vencida.

Nunca conseguiria entrar em um time profissional. Desconfiava que o gene para esportes não tinha ficado com ela, apesar do talento do pai.

Mas um clube de esporte? Aquela parecia uma boa.

— Acho que vou tentar — falou, por fim, encarando os olhares de incredulidade das duas amigas. — O que? Eu fiz ballet até os dezenove anos. Talvez eu tenha alguma chance na patinação artística.

— Por que você se esforça tanto em tarefas extracurriculares, Nina? — Claire perguntou de uma vez, assistindo-a dar de ombros antes de responder.

— Eu estou tentando ganhar o prêmio de formação com mérito esse semestre, na verdade — explicou, percebendo um sinal de surpresa no rosto de Claire antes de enfiar o panfleto dobrado no bolso do seu short. — Sei que eles levam mais em conta que apenas as notas, então estou tentando conseguir pontos a mais com atividades extras. A única coisa que falta é um esporte.

— Bem, os esportes femininos não conseguem tanta atenção quanto os masculinos, mas eu acredito que estamos no caminho — Liv concordou, sorrindo. — E você tem chance, sim. Eles praticamente só exigem uma boa patinação no teste inicial.

Não sabia se podia se enquadrar, mas tinha praticamente quatro semanas até o teste, como estava anunciado no panfleto. Talvez ela pudesse relembrar velhos costumes ao fazer uma visita à pista de patinação da Oak naquele fim de semana.

E uma vez que uma ideia estava na cabeça de Nina Houston-Löwe...

— Mas ei, Nina, não crie muitas expectativas. Eles não costumam ser muito parciais com esse prêmio — Claire a tirou dos devaneios, suspirando profundamente.

Houston questionou a amiga sobre isso e, mesmo contra a sua vontade, ela contou que dois anos antes tinha ficado em segundo lugar mesmo tendo plena certeza que Remi Vince não tinha conseguido acumular tantas tarefas como ela. Esporte valia muito, e ele era capitão do time de hóquei, mas ela tinha feito tarefas extras o suficiente para conseguir equilibrar isso.

Era óbvio que eles iriam escolher dar o prêmio para o filho do Reitor do que para ela.

— O pai de Remi Vince é Reitor na Oak? — Nina estava surpresa com a informação, arqueando suas sobrancelhas angulosas quando a amiga assentiu.

Um arrepio correu por toda a extensão da sua coluna. Apenas uma cena veio em sua cabeça enquanto ela continuava a encarar Claire e Liv, como esperasse que elas falassem que aquela era só mais uma brincadeira: a do seu pai, sentado no canto da sua cama com um sorriso terno no rosto, usando seu tom mais calmo e afetuoso de voz para tranquilizá-la um dia depois de ter recebido a aprovação para cursar o período em Silvermount. Marco passava os dedos pelos cabelos loiros tão parecidos com os seus da filha, enquanto apertava o celular com força com a outra mão. Precisou de alguns instantes antes de falar de uma vez: 'eu estava com o reitor da Oak no telefone. Ele queria saber sobre seu... caso ano passado. Tudo está onde deveria agora'.

Ela se lembrava de ter se sentido extremamente grata por tê-lo como pai naquele dia. Outro não teria a mesma paciência, ou o mesmo cuidado, que Marco Löwe teve ao se afastar por três meses do trabalho que exercia como treinador de futebol depois da sua filha mais velha, sua prinzessin, ter sido encontrada inconsciente no chão do banheiro de uma festa.

Onde deveria estar era quase um código para escondido e esquecido longe dos jornais e dos olhos públicos. Foi o que Marco conseguiu fazer assim que aconteceu, por isso ninguém nem suspeitava que a belíssima Houston-Löwe mais durona tinha seus próprios demônios e um passado. Uma overdose por mais de trinta comprimidos de Adderall misturados com álcool que a rendeu quatro semanas de internação e três meses em um clínica de recuperação, mas tudo tinha sido abafado pelos advogados da família.

Desde que tinha acontecido, aquele era um assunto sensível. Marco e Cami sabiam que tinham que falar sobre vez ou outra, apenas para se certificar que não aconteceria novamente, mas a simples menção do assunto trazia lágrimas aos dois. Principalmente a Cami.

Era a noite que ela nunca conseguiria esquecer: um telefonema do hospital da cidade no meio da noite. Saiu às pressas com as mãos trêmulas, dirigindo sem nenhuma precaução em direção ao endereço que fora passado, tentando inutilmente falar com Marco que estava fora em um jogo. Chegar na recepção do hospital, ser levada para uma sala cheio de máquinas, fios e equipamentos e encontrar sua pequena, sua Nina, sua Prinzessin, no meio daquelas máquinas, fios e equipamentos, dependendo deles para sobreviver. Foram três semanas em coma. Três semanas que ela não saiu do pé da cama da sua filha, chorando copiosamente dia após dia, questionando-se sem parar: como não percebi, como não percebi, como não percebi.

Marco se afastou do trabalho para ficar ao seu lado, mas ele não tinha passado pelo trauma de ser o primeiro a vê-la. Seria uma cena que Cami nunca esqueceria e que o ex-jogador de futebol nunca se perdoaria por não ter estado ao lado da sua esposa.

Foram semanas de agonia. Os jornais fuçavam. Queriam saber porque Camille e Marco Löwe entravam sem parar no hospital. Uma história foi criada, Nina estava em Bournemouth com a família materna. Alguém estava mal, pressumiram, mas o nome da primogênita nunca foi citado. Queriam saber porquê Marco Löwe estava afastado. Queriam saber porquê Camille Houston-Löwe estava mais magra. Queriam saber porquê os cinco — Lukas, Leon, Henrik, Libby e Nina, supostamente —, tinham sido enviados para passar as férias na Inglaterra.

Fizeram um belíssimo trabalho para esconder tudo e, em um mês, todos estavam de volta a Dortmund para receber Nina em casa. Muito mais magra do que antes, com olheiras profundas debaixo dos olhos e sentindo-se envergonhada por tudo o que fizera a família passar.

Tudo por aquele medicamento que, quando estava sob seus efeitos, Nina sentia-se invencível. A melhor pessoa do mundo, a mais inteligente em um raio de duzentos quilômetros. Era capaz de ler trezentas páginas e correr uma maratona ao mesmo tempo. Ela nunca tinha fome. Ela nunca tinha sono. Ela nunca achou que seria um problema até começar com os ataques de pânicos. Nunca achou que seria um problema até começar a sentir sua consciência se esvair, trancada em um banheiro em um festa de final de período, encarando-se no espelho enquanto sentia que a pessoa que estava do outro lado não era ela. Não poderia ser. Não poderia ser.

Era a última coisa que se lembrava. Depois, a queda. Três semanas mais tarde acordou de um coma induzido e sua primeira imagem era dos olhos vermelhos da sua mãe e das olheiras arroxeadas nos olhos do seu pai. Pior do qualquer outra situação que os dois passaram juntos. A dor de quase perder sua filha não era nem um milésimo das outras que Marco já tinha enfrentado na sua vida. Podiam quebrar os ligamentos do seu tornozelo milhares de vezes se quisessem. Mas não suportaria ver Nina passar por tudo aquilo de novo.

'Está tudo bem. Você vai ficar bem, prinzessin'.

A voz do seu pai era tão alta que até agora Nina acreditava que podia escutá-la.

'Ninguém sabe. Ninguém nunca saberá'.

Remi Vince sabia. Nina conseguia ver, agora, que Remi sempre soube.

— Por que você não levou isso até o conselho? — perguntou, piscando várias vezes para colocar seu pensamento de volta na situação ao seu redor. Estava fazendo aquilo de novo, deixando sua mente se borbulhar em lembranças e segredos, colocando-se em seu limite. Juro que isso não se repetiria. — Toda a situação com o prêmio.

— Não ia dar em nada, Nina. É apenas como as coisas funcionam.

Nina não teria o sangue frio de Claire se estivesse em seu lugar, fazendo a confusão que fosse necessária para que o resultado certo fosse divulgado. Não duvidava nem um pouco que Claire Duncan tinha se saído bem melhor que Remi, já que ela era, sem exageros, conhecida por ser uma das pessoas mais agradáveis e dedicadas da Oak.

Tudo o que Remi não parecia ser.

Claire Duncan até já tinha saído em um vídeo com muitos views no Youtube, um vlog de 72 perguntas à estudantes das maiores universidades do país. Sem surpresa nenhuma que ela tinha sido escolhida para representar a Oak e motivo também de várias pessoas conhecê-la antes mesmo da primeira semana de aula.

— É por isso que vocês não se dão bem?

— Uma parte disso, sim... Já teve um tempo que nossa relação era menos...

Ela parou de falar, balançando as tranças que prendiam seus cabelos escuros de um lado para o outro enquanto negava com a cabeça. Não era um assunto que ela gostava de comentar e era muito grata que, apesar dos corredores da Oak terem ouvidos, tinha ficado para trás. Um brinde a Remi por isso.

A alguns passos de distância, o time de hóquei também fazia o seu aquecimento usual que costumava acontecer no ginásio no campus. E não foi difícil para Remi e Leo, que corriam alguns passos na frente do resto dos jogadores, perceber a presença das três paradas na frente da casa da Kappa Gamma.

A surpresa de ver Claire junto de outras garotas da irmandade fez com que Remi parasse de supetão, chocando com o corpo de Leo assim que o segundo, muito ocupado olhando para a mesma direção que o capitão, não percebeu que ele tinha ficado imóvel.

— Houston é uma Kappa Gamma agora? — Leo pensou alto, juntando as sobrancelhas enquanto a assistia sorrir enquanto conversava com as amigas. — Faz sentido...

Ela certamente tinha a determinação para estar naquela irmandade. Mas não era exatamente isso que Hawkins pensava enquanto ainda a encarava, parecendo tão mais leve do que todas as vezes que ele tinha cruzado seu caminho depois do open-house.

Nina ficava bem assim, Leo pensou. Com um sorriso no rosto enquanto Claire falava alguma coisa e Liv ria também, junto às duas.

— O que infernos Claire faz com ela ali?

Remi não deu a mínima para que o que Leo tinha dito. Enquanto ele continuava a encarar Nina, Remi só conseguia perceber Claire porque esse era um dos efeitos que a irmã de Nate tinha quando estava em algum lugar.

Ou, ao menos, era assim que ele se sentia sempre que estava ao seu redor.

Como se ele precisasse dar atenção a ela e como se nada fosse mais interessante que a mulher que ostentava um sorriso bonito e uma atitude que fazia todos os olhares se prenderem em sua direção.

Tinha sido assim quando eles se conheceram.

— Elas são amigas — Hawkins disse como se fosse óbvio. — Eu achei que você soubesse disso.

— É, Claire deixou meio óbvio quando me chamou de otário depois do open-house — Remi murmurou, estreitando as sobrancelhas assim que desviou a atenção para Leo. — Espera, você está interessado na alemã?

— Eu não acho que esteja interessado... — respondeu, mas seu tom não era nada confiante e Remi percebeu isso, deixando um sorriso escapar pelos seus lábios. — Ela sempre foi simpática comigo até você... Você sabe, toda aquela cena idiota na festa.

Leo teve que mencionar isso, já que ainda não tinha tido uma oportunidade real de chamar atenção de Remi por aquele dia, depois que Nina tinha esfregado em sua cara o quanto aquilo foi babaca.

— É, não foi meu melhor momento — Remi murmurou e Leo sabia que esse era o mais próximo de 'ok, eu fui um otário' que conseguiria tirar dele.

— Nem perto — concordou, desviando mais uma vez o olhar para onde as meninas estavam. — Na verdade, a única outra vez que eu te vi com tanta raiva foi quando você e a Claire...

— Cale a boca, Leo — o capitão o interrompeu desesperado, olhando discretamente por cima do seu ombro só para ter certeza que não havia ninguém por perto. — Você sabe que não falamos sobre isso. Se o Nate...

— É, eu sei, desculpe. Só veio na minha cabeça.

Remi suspirou, empurrando as lembranças para um lugar seguro onde ele não precisasse se recordar delas com frequência.

— Ei, não mude de assunto. Se você está interessado nela, deveria fazer alguma coisa. Você é como um Golden Retriever, Leo. Todo mundo gosta de você.

— Aparentemente, Nina Houston é alérgica a cachorros, então. Ou eu, sei lá, comi a meia favorita dela — Leo murmurou em resposta, mas seu olhar voltou mais uma vez para onde a alemã estava. — Ela fez algo legal por mim na aula de Econ121, eu provavelmente já estaria ferrado se não fosse por ela. Mas eu não sei, Remi. Ás vezes tenho a impressão que deveria correr para o lado contrário toda vez que a vejo.

Esse era o sentimento, mesmo que a todo momento parecesse que ele estivesse fazendo o contrário.

— Besteira — Remi respondeu, dando de ombros, seguindo o olhar de Leo até as meninas. — É como se você sempre corresse para longe quando essas coisas acontecem com você. Às vezes vale a pena fazer o contrário.

A fala de Remi ficou no ar por algum tempo e Leo sabia que não havia muito mais a ser dito. Era verdade.

Ele gostava do seguro, do certo. Só gostava de jogar quando conhecia as cartas, e, bem diferente do amigo, apenas se arriscava quando tinha certeza que não iria perder.

Jogar qualquer coisa com Nina se parecia bem como uma derrota. Não importava qual fosse a disputa ou as regras que estivessem valendo. Ele tinha a impressão que sempre estaria perdendo se fosse ela do outro lado.

— E, de qualquer forma, minha atenção esse semestre é toda do hóquei — Leo falou, dando de ombros assim que Remi reprimiu uma risada ao olhá-lo. — Eu estou falando sério. Hóquei e uma matéria estúpida que eu preciso de média para me formar. Meu Deus, eu faria qualquer coisa pela minha aprovação em Econ121 esse semestre. O que? Eu posso ser muito focado quando eu quero.

Leo rolou os olhos assim que percebeu que Vince dava risada, bufando irritado.

— Então comece a correr de volta para a Arena, seu babaca. Se continuar encarando a alemã assim, Löwe vai ser a única coisa que você vai ter em mente pelo resto do semestre.

Eu nem tinha expectativas de revelar o segredo da Nina nesse capítulo mas hoje enquanto estava fazendo a revisão resolvi adicioná-lo (até porque ainda tem tanta coisa para acontecer que se não começarmos a desvendar os mistérios, tudo vai se embolar lá na frente). E vi também que vocês estavam comentando muito sobre isso e fiquei animada para dividir com vocês. Espero que tenha atendido as expectativas e que o trechinho da família Houston-Löwe tenha trazido muitos sentimentos pra vocês (eu escrevo todas as partes deles com meus divertidamente tudo em surto!!!). Teremos muitos mais momentos assim.
Pesquisei, li e estudei bastante para inserir o vício da Nina na história. Ela é uma das personagens mais complexas que já escrevi e não seria justo que ela não tivesse seus defeitos. Quis trazer a questão do abuso e a dependência de drogas (sejam elas legais - como o Adderall nos EUA e a Ritalina no BR, que são medicamentos vendidos com receita -, ou ilegais) para a história porque sei que é algo que existe e assombra muitos estudantes dentro das universidades. Não é e nunca foi meu intuito romantizar isso, por isso estou tomando cuidado de frisar em todo capítulo que o uso indevido desses medicamentos estimulantes causa dependência e diversos efeitos adversos. Se você usa esses medicamentos e tem prescrição para isso (porque sim, algumas pessoas realmente precisam disso), é importante ser acompanhada de perto pelo seu médico/psiquiatra. Caso contrário, não caiam na conversinha de que 'usa uma vez só, só para conseguir estudar em paz' porque é um caminho bem sombrio. 
Enfim, só queria deixar isso escrito porque me sinto na obrigação por estar trazendo um tema assim para a história. De resto, quero agradecer a todo o carinho ❤ Surto com todos os comentários e fico no céu ao ver que estão gostando de Leo, Nina e de DL. 
E, aproveitando a deixa, o que vocês acham que irá rolar nos próximos capítulos? Já deixei umas dicas soltas nesse, viu?
SERÁ QUE VEM AÍ?

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