Girls

By mrspronngs

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Marlene gostava de garotas, aquilo era óbvio e todos sabiam. O ponto complicado da equação era que Dorcas não... More

you put your hands under my shirt

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Em 1987, no penúltimo ano de ensino médio de Dorcas Meadowes em Hogwarts, a loira tinha desenvolvido um hábito de observar as pessoas meticulosamente. O costume vinha do fato de não ter muitas amigas, apenas um grupo seleto de amigas que se resumia a Alice Prewett, Emmeline Vance, Lily Evans e Marlene McKinnon, garotas que estavam juntas desde o primeiro ano do ensino médio, quando eram apenas cinco meninas desajustadas numa escola nova e enorme.

Uma grande consequência de seu hábito era que ela acabava descobrindo os segredos das pessoas sem querer.

James Potter era louco por Lily, isso não era segredo para ninguém, mas Dorcas via como Lily segurava o riso quando ele estava por perto e colocava as mãos nos bolsos de sua jaqueta, o que só fazia quando estava nervosa. Ela sabia que o motivo para Emmeline demorar um pouco demais no banheiro era porque ela passava metade do tempo forçando-se a vomitar, ela tinha visto como a loira chegava mais pálida de suas viagens ao banheiro.

Sabia que Alice nutria uma paixão que ela achava ser não-correspondida por Frank Longbottom, passava metade de seu tempo escrevendo as iniciais dele em corações em seus cadernos, e também sabia que o garoto era apaixonado por ela; havia visto como ele suspirava e corava sutilmente sempre que ela passava por perto. Sabia que Sirius Black tinha sido expulso de casa depois que sua mãe super conservadora tinha achado maconha nas suas coisas e que agora ele estava morando com James; havia escutado conversas deles nos corredores na semana do ocorrido.

Mas o segredo que mais lhe intrigava era o de Marlene. Marlene... bem, Dorcas percebia o jeito que ela agia perto delas. Perto de garotas. Percebera como, na primeira vez que todas tinham ido dormir na casa de Lily para uma noite do pijama, o olhar da morena se demorava um pouco demais no decote de Emmeline e nos shorts de Lily. Havia notado como ela sorria de uma maneira diferente quando Heather Fortescue falava com ela durante a aula de cálculo e como, sempre que elas iam à praia, Marlene parecia ficar desconcertada.

Não havia sido nenhuma surpresa para Dorcas, então, quando a bomba estourou no começo daquele ano, um pouco depois do começo das aulas: o pai de Marlene havia expulsado a filha de casa após pegar ela beijando uma garota no porão de casa. Ao contar a história, Marlene disse que não era para ele estar em casa naquele dia e ele as pegou de surpresa. Agora a garota era, assumidamente, a única lésbica em Hogwarts Secondary School, e estava morando com Lily, que tinha uma família acolhedora e com uma mente surpreendentemente aberta para a época.

— Agora nós dois somos fugitivos — Marlene disse para Sirius com uma risada segura depois que ele a procurara pra dizer que sentia muito e que iria continuar sendo amigo dela.

Sim, aquele havia sido um problema real. As quatro continuaram sendo melhores amigas de Marlene, assim como James, Remus e Sirius haviam expressado seu apoio, mas a maioria dos adolescentes da escola viraram as costas para a garota e inventavam as piores história sobre ela, além de chamarem ela por nomes horríveis pelos corredores da escola. Uma vez ela aparecera com um olho roxo e tinha convencido todos que ela apenas havia derrubado algo no rosto, mas Dorcas sabia que não era verdade. Cidades pequenas da Inglaterra nos anos 80 não eram exatamente acolhedores com a comunidade LGBT, mas Marlene não se abalava, apenas xingava as pessoas de volta ou revirava seus olhos, e Dorcas a observava com admiração.

Depois de um tempo, ela também percebeu que Marlene havia mudado sua aparência, talvez para se expressar melhor, talvez para se encaixar à imagem que as pessoas tinham dela e se apropriar dos rótulos ruins. Usava calças jeans folgadas, tênis e camisas xadrez, além de ter cortado os cabelos sozinha um pouco acima do queixo. Dorcas achou que ela tinha ficado muito bonita assim, e se perguntava como sua amiga tinha tanta coragem; nunca conseguiria mudar sua imagem de garota e filha perfeita, que tirava boas notas, se comportava e provavelmente iria para uma universidade muito boa, como Cambridge. Sempre continuaria a usar seus suéteres, óculos e cabelos longos.

Mas ela admirava Marlene por ser como ela era, e não gostava que ninguém a incomodasse por isso, então se aproximou muito mais da morena naquele outono. Marlene pegava café para Dorcas antes da aula no caminho da escola e as duas iam semanalmente para a biblioteca estudar juntas, além de andarem para casa juntas todos os dias já que moravam praticamente na mesma rua. Quase sempre Dorcas convidava Marlene para entrar e as duas passavam horas rindo e conversando sobre coisas bobas na cama dela.

E Dorcas gostava da companhia mais constante da amiga. Gostava de como seus olhos sumiam e sua gengiva aparecia quando ela sorria, das piadas depreciativas e levemente sombrias de Marlene que soavam mais engraçadas que o normal em sua voz doce e fina, dos olhos grandes e castanhos dela, sempre atentos a tudo ao seu redor, de suas respostas inteligentes e provocativas, de como os dedos de Marlene encontravam os seus quando as duas comparavam anotações quando estavam paradas no corredor em frente ao armário de Dorcas. Sempre escutava as histórias dos encontros e saídas secretas que Marlene confiava a ela, sabendo que Dorcas guardava segredos muito bem, e não conseguia evitar a curiosidade que crescia em seu estômago sempre que a morena falava sobre as garotas que beijava. Mas sua curiosidade não tinha a ver com a identidade delas.

— Lene — Dorcas disse em uma tarde de novembro, enquanto as duas estavam deitadas em sua cama, com sua voz tímida e seus olhos curiosos. — Como é a sensação?

— De que? — A morena perguntou de volta, a risada em sua voz ainda morrendo do assunto anterior.

— De... bem, de beijar uma garota — Seu rosto ruborizou e ela evitou olhar para a amiga, que agora não ria mais. — Porque é diferente de beijar garotos?

Marlene passou alguns segundos sem responder, pensativa, e umedeceu os lábios antes de se virar de lado, olhando para Dorcas, e responder.

— Bem... garotas são mais delicadas. Não tem barba nenhuma no caminho e elas são menos apressadas. As mãos delas não têm calos e são macias na sua pele, sabe? E você tem muito mais pra... sentir. Não só ombros e braços musculosos e rudes. — Ela se calou de novo, observando a loira, que encarava o teto sem dizer nada. — Por que a pergunta?

Dorcas virou o rosto para Marlene e deu de ombros, encarando-a de volta.

— Eu só queria saber. Nunca vi muita graça em beijar meninos, nem quando o Tommy Clarke me beijou naquela festa em agosto e... — Ela percebeu que Marlene olhava para seus lábios. — eu fiquei curiosa.

Marlene mordeu o lábio inferior e olhou nos olhos de Dorcas.

— Bem, se você estiver mesmo curiosa eu posso te mostrar.

Ela aproximou um pouco o corpo ao da loira, e Dorcas arquejou levemente e sentiu suas orelhas esquentarem.

— Só... como amigas? — Ela sussurrou, vendo como os fios curtos de Marlene caíam sobre seu rosto.

— Claro — Marlene riu e ajustou sua posição na cama vagarosamente, colocando uma perna de cada lado do corpo de Dorcas e apoiando os cotovelos no colchão. Ela afastou as madeixas encaracoladas e loiras do rosto dela e sorriu. — Só como amigas. — Ela colocou uma das mãos no rosto de Dorcas e sentiu o corpo dela inteiro se enrijecer. — Calma, Dorcas. Relaxa. Tá tudo bem.

Dorcas respirou fundo e observou o rosto alvo de Marlene, contando as sardas suaves que pintavam seu rosto. A morena fechou seus olhos castanhos e ela sentiu sua respiração acelerar, mas quando os lábios dela encontraram os seus, Dorcas pareceu se esquecer de como respirar completamente. Era realmente muito diferente de beijar qualquer garoto. A boca de Marlene era gentil, quente e se movimentava devagar contra a sua, fazendo seu cérebro derreter, então ela chegou à conclusão que a única resposta justa era partir seus lábios para beijá-la mais e colocar suas mãos na cintura da morena em cima de seu corpo.

E Marlene tinha razão. A pele dela era macia, suave, quente; por que tudo em Marlene era quente? As mãos de Dorcas exploraram a cintura e as costas dela inconscientemente, enquanto a de Marlene acariciava seu rosto, seu pescoço, sua nuca, puxava seus cabelos levemente enquanto a beijava, beijava, beijava, sem parar. E Dorcas gostava da sensação e queria mais. Então segurou a cintura de Marlene mais forte e puxou o corpo dela contra si. Marlene interrompeu o beijo com o choque e olhou para a loira com uma pergunta no olhar.

Dorcas, sem fôlego, apenas continuou a beijá-la, e resolveu se arriscar. Colocou uma das mãos dentro da blusa morena e segurou sua cintura, explorando a pele de Marlene, até que encontrou seu sutiã e, nervosa, com os dedos tremendo, acariciou o seio dela por cima do tecido, fazendo um gemido escapar dos lábios de sua amiga. Foi quando a morena interrompeu o beijo e se afastou, de olhos fechados. Dorcas a encarou, confusa, mas Marlene apenas saiu de cima dela, rolou para o lado dela na cama e encarou o teto.

— É assim a sensação de beijar garotas — Ela disse, apenas, e sorriu. — Dorcas, você fez a lição de História que a Profª McGonagall pediu? Fiquei sem saber o que escrever na última pergunta.

E, simples assim, ela mudou de assunto, deixando Dorcas confusa, corada e com um ardor no meio das pernas que nunca havia sentido com nenhum garoto antes. Durante os três dias depois do acontecimento, Marlene nem sequer tocou no assunto, e Dorcas estava começando a ficar irritada. Ela era calada, nunca era a pessoa a puxar assunto nas conversas entre elas, mas no fim da semana, enquanto as duas caminhavam para casa juntas e Marlene dizia algo sobre o filme que tinha assistido com o irmão na noite anterior, Dorcas a interrompeu.

— Nós realmente não vamos falar sobre isso? — Sua voz, que normalmente era delicada, estava decidida quando ela parou de andar e encarou a amiga, já na frente da porta de sua casa. Marlene também parou e olhou para Dorcas, confusa.

— Sobre o quê?

— Sobre o que aconteceu terça-feira, Lene — As orelhas de Dorcas ficaram vermelhas e Marlene deu de ombros, olhando para os lados e evitando o olhar da loira.

— Não sei o que tem pra falar. Você me perguntou como era beijar uma garota, eu te mostrei, pronto.

— Lene — Dorcas deu um passo em direção à morena, se aproximando dela e falando mais baixo. — Foi bom. Eu... gostei — Ela olhou para baixo, suspirando, e Marlene a encarou.

— Tá, eu também gostei. E daí? Por acaso você quer repetir? — Ela brincou, soltando uma risada baixa ao final da frase, mas Dorcas a encarou com seus grandes olhos azuis.

— Sim. Eu... ainda estou curiosa — Ela deu de ombros. Marlene mordeu o lábio, sem desviar o olhar dos olhos de Dorcas.

— Sobre o quê? Eu te disse, eu já te beijei.

— Sobre todo o resto — Dorcas a interrompeu, segurando o braço de Marlene. A morena olhou para a mão de Dorcas e para seu rosto, perigosamente perto do seu próprio. — Eu gostei, e quero saber como é... o resto. Com garotas. — Marlene continuou a encará-la e Dorcas mordeu o lábio. — Minha mãe teve que ir pra Londres pra decorar um casamento lá e só vai voltar amanhã. Entra comigo.

Dorcas mal se reconhecia em suas palavras. Ela normalmente era quieta, não dizia o que queria e apenas aceitava o que estava acontecendo, mas realmente havia gostado do que tinha acontecido com Marlene e queria mais. Então quando Marlene suspirou e segurou sua mão, permitindo que ela a guiasse para dentro, Dorcas sentiu seu estômago se revirar da melhor maneira possível. Ela levou a amiga para dentro de seu quarto, trancou a porta por costume, e virou-se para a morena, que estava colocando a mochila no chão. As duas se encararam em silêncio por alguns segundos até que Marlene sorriu para ela.

— Então. O que você quer saber?

Dorcas corou e tirou sua própria mochila, tirando sua jaqueta junto e colocando as duas no chão.

— Tudo — Ela disse, encarando seu carpete, que repentinamente era muito interessante. — Eu nunca... nunca fiz nada. Com ninguém.

Marlene levantou as sobrancelhas e andou até Dorcas, segurando uma de suas mãos.

— Dorcas, você é virgem?

A loira assentiu quietamente e Marlene mordeu o lábio, apertando a mão dela.

— Então vamos fazer isso devagar, okay?

Dorcas assentiu novamente e olhou para Marlene, que se aproximava dela, e fechou os olhos antes que os lábios morenos da amiga alcançassem os seus. Apenas aquele toque pareceu fazer todas as preocupações dela desaparecerem, principalmente quando as mãos mornas dela seguraram sua cintura com delicadeza e encostou seu corpo ao dela. Dorcas não sabia exatamente o que fazer, mas resolveu colocar os braços ao redor do pescoço da amiga, sentindo os fios leves e finos do cabelo moreno dela entre seus dedos. A sensação era quase familiar.

Marlene a puxou para a cama sem que Dorcas percebesse, então as duas tropeçaram no colchão e caíram deitadas, rindo; Dorcas estava corada e nervosa, e Marlene sorriu para ela, a deitou na cama apropriadamente e colocou seu corpo acima do dela, como havia feito alguns dias antes, mas dessa vez ficou sentada na barriga da loira, sorrindo para ela com as mãos em seus braços.

— Só relaxa, okay? — A voz dela era doce. — E se não gostar de alguma coisa, é só me dizer, não vou ficar chateada. Afinal, somos amigas — Ela piscou para Dorcas, que começou a rir, mas logo parou, sentindo os lábios de Marlene em seu pescoço e as mãos dela em sua cintura.

Fechou os olhos e se permitiu aproveitar cada sensação; os beijos da morena em sua nuca, o jeito que seus lábios e seus dentes puxavam sua pele, como as mãos dela seguravam a barra de sua camisa e a levantavam e abaixavam num ritmo torturante. Ela olhou para Marlene, que a encarava de novo com uma pergunta no olhar. Dorcas assentiu, e a garota levantou a sua blusa lentamente, abaixando o corpo e beijando a pele que era exposta, fazendo ela se arrepiar. Ela permitiu que Marlene tirasse sua blusa e a jogasse no chão, e encarou a amiga nervosa. A morena sentou-se em sua barriga novamente, seu olhar pousado nos seios fartos de Dorcas ainda cobertos. Então ela tirou a própria blusa e Dorcas perdeu a respiração.

Marlene nunca usava sutiã, tinha peitos pequenos e não se incomodava, e Dorcas sentiu sua boca ficar seca ao encarar o corpo seminu dela. O corpo de Marlene era real e imperfeito e tão bonito. Ela observava a loira com paciência e Dorcas subiu as mãos pela cintura da garota, pousando-as em seu peito, explorando a sensação das curvas em suas palmas, experimentando segurar os mamilos dela entre seus dedos e apertá-los, tentando arrancar alguma reação de Marlene, que sorria para ela e mordia os lábios com a sensação. Então ela levou as mãos até as costas de Dorcas e abriu seu sutiã, tirando as mãos dela de seu corpo para que pudesse se livrar da peça.

Dorcas se sentiu exposta, sim, e extremamente desejada ao ver os olhos famintos de Marlene em seu corpo, e nada poderia ter preparado ela para o que ela sentiu quando a garota abaixou o corpo e mordeu um de seus mamilos, beijando, lambendo e devorando seus seios, um de cada vez, sem nenhum aviso prévio. Dorcas não sabia o que fazer com seu corpo, com aquelas sensações novas, e deixava respirações descompassadas e gemidos escaparem de seus lábios enquanto agarrava os cabelos de Marlene, sem querer que ela parasse, mas ao mesmo tempo querendo mais.

— Lene... — Ela murmurou o nome da amiga, que levantou o rosto para ela no mesmo instante.

— O que foi? Você não tá gostando? — Seu tom mostrou preocupação e Dorcas se apressou a negar com a cabeça, acariciando os cabelos da garota.

— Não, não, eu tô sim, muito! Eu só queria... mais — Dorcas corou e esperou que Marlene entendesse.

Ela sorriu de lado e desceu uma de suas mãos até o botão dos jeans da loira, afastando seu corpo mas ainda ficando em cima dela, suas peles se tocando. Dorcas sentia suas pernas tremerem enquanto Marlene descia o zíper de sua calça.

— Você quer mais? — Marlene a encarou, ainda com aquele sorriso no rosto, e Dorcas assentiu, sentindo os dedos dela dentro de suas roupas. — Por quê? Por acaso você tá molhada?

Dorcas não precisou responder. Os dedos de Marlene passearam pela sua pele, confirmando que, sim, ela estava absurdamente molhada, e os olhos de Dorcas foram até o topo de sua cabeça com a sensação, que não era como nada que ela já tinha experimentado antes; já havia se tocado algumas vezes, sim, mas a mão de Marlene nela era algo completamente diferente. O jeito que seus dedos a exploravam, giravam, a acariciavam, e então entravam nela, fazendo ela gemer cada vez mais alto enquanto a morena a encarava era indescritível. A única coisa que Dorcas podia fazer era agarrar seus lençóis, fechar os olhos e aproveitar.

Então Marlene parou e Dorcas a encarou, confusa e quase que impaciente.

— O que— Então ela observou Marlene tirar suas roupas, deixando-a nua, e se posicionar entre suas pernas. Dorcas corou como achava que não era possível antes quando a morena colocou cada mão em seus joelhos e abriu suas pernas, olhando-a como se estivesse estudando cada centímetro de seu íntimo. Então ela abaixou o rosto e a beijou lá e Dorcas quase gritou de prazer.

— Relaxa — Ela lembrou a loira, que sentia a respiração quente dela em sua pele com cada sílaba.

A boca de Marlene era quente e parecia esquentar mais ainda enquanto ela a adorava com seus lábios. Sua língua a explorava, fazia seu corpo inteiro derreter, provocava sensações que Dorcas nunca achou que fosse sentir. Suas pernas tremiam, sua garganta gemia cada vez mais alto sem sua permissão, seu corpo inteiro se mexia, querendo cada vez mais, prendendo Marlene lá, no lugar onde ela mais precisava dela, na posição onde ela fazia Dorcas se sentir no céu. Então quando aquela sensação desconhecida correu o corpo da loira, a de gritar e ver estrelas na frente de seus olhos, ela permitiu que o nome de Marlene escapasse de seus lábios, alto e claro, para que a garota soubesse que era ela que estava fazendo Dorcas se sentir assim pela primeira vez.

Ela ficou deitada, seus olhos fechados, sua respiração inconstante, seu corpo suado, ainda assimilando cada sensação que seu corpo estava sentindo, e foi pega de surpresa quando Marlene a beijou, um gosto salgado em seus lábios que fez Dorcas ficar mais curiosa ainda. Ela abriu os olhos e se deparou com os olhos castanhos e, surpreendentemente, inseguros da amiga.

— Então? — A voz doce de Marlene perguntou cautelosamente. — Você gostou? Foi bom? Porque realmente, tem gente que não gosta e...

— Lene — Dorcas a interrompeu, sorrindo. — Foi muito bom. Eu quero tentar.

Marlene levantou as sobrancelhas.

— Você quer tentar? Tem certeza? Porque...

Sua voz morreu enquanto Dorcas girava seus corpos na cama e tirava o resto das roupas dela, se preparando para fazer Marlene suar em seus lençóis e gemer seu nome sem parar.

E foi assim que Marlene McKinnon se tornou o segredo de Dorcas Meadowes.

Então as duas viviam disso: na escola, olhares furtivos depois das aulas de educação física quando elas tomavam banho e se trocavam nos vestiários femininos, toques que se demoravam um segundo a mais do que deveriam nos corredores, risadas causadas por piadas que só elas entendiam, bilhetes enigmáticos entre as aulas. Na maioria dos dias, tardes de beijos na cama de Dorcas, às vezes noites, quando a mãe dela não estava na cidade. Ocasionalmente, beijos apressados e escondidos nos banheiros quando uma das duas estava impaciente. Mas ela ainda era seu segredo, e Dorcas estava confortável com isso.

Ela não era corajosa como Marlene; não tinha vontade nenhuma de "sair do armário", até porque ela não via razão para isso. Marlene gostava de garotas, aquilo era óbvio e todos sabiam, por isso ela tinha se assumido lésbica para todos. O ponto complicado da equação era que Dorcas não gostava de garotas; ela só gostava de Marlene. Ela não sentia seu corpo esquentar e pedir por toques com mais ninguém, não tinha vontade de beijar nenhuma outra menina nem de ver seus corpos por debaixo de suas roupas. Era apenas Marlene, e era diferente com ela, e ninguém precisava saber.

Então quando Marlene segurava sua mão em cima da mesa na hora do almoço, Dorcas afastava o braço sem olhar para a amiga. Quando elas estavam em festas e a morena colocava o braço ao redor de sua cintura, ela arranjava uma maneira de se desvencilhar. Quando ela percebia que Marlene ia falar sobre o que elas eram, ela mudava de assunto ou a beijava de uma maneira que fazia ela se calar. No fundo, ela sabia que estava apenas adiando a conversa; Marlene era decidida e impaciente, e de uma maneira ou outra, ela iria falar o que estava pensando.

E o fatídico dia chegou, numa tarde ensolarada de março, enquanto as duas estavam deitadas na cama de Dorcas, seus corpos nus e suados entrelaçados no meio dos lençóis, a mão dela desenhando formas na barriga de Marlene com as pontas dos dedos enquanto a outra garota fazia carinhos em seus cachos loiros.

— Dorcas — Marlene a chamou. Sua voz era doce, mas firme, e ela olhava para o teto. — O que a gente tá fazendo?

— Como assim? — Ela respondeu, sua voz quieta. Marlene se ajeitou na cama e a olhou. Seus olhos estavam indecifráveis para Dorcas e era a primeira vez que isso acontecia.

— Dorcas... isso começou porque você estava curiosa, e eu me deixei levar porque, sendo bem sincera, te beijar e transar com você é muito bom — Ela suspirou e a outra garota não conseguiu evitar um sorriso com o comentário. — Mas eu acho que a gente já passou disso há muito tempo. E eu preciso saber, o que é isso pra você? Porque já faz quatro meses e você não me deixa contar pra nenhuma das meninas, apesar da Emmeline já ter visto a gente se beijando no banheiro naquela festa mês passado e a Lily ter perguntado mil vezes dos chupões no seu pescoço. Você não me deixa nem segurar a sua mão e quando a gente chega na sua casa você me come como se não houvesse amanhã e não faz o mínimo sentido.

— Claro que faz! — Dorcas retrucou, sentindo o rosto esquentar e se afastando para olhar para a morena. — Lene, se virem a gente em público, as pessoas vão começar a achar que... que eu... — Ela começou a gaguejar a morena a encarou com as sobrancelha arqueadas.

— O quê? Que você é lésbica que nem eu?

— Bem, sim — Ela suspirou, cobrindo o rosto com uma das mãos.

— Tá, e você é? — Marlene continuou, impaciente. — Porque eu acho que transar com uma menina é uma coisa bem lésbica, não sei você.

— Mas é diferente! — Dorcas soava exasperada e apanhou seus óculos, colocando-os no rosto com pressa. — Eu não gosto de transar com meninas, eu gosto de transar com você. Eu gosto de você.

— Dorcas, não é assim que funciona — Marlene suspirou, cansada, passando uma mão pelos cabelos negros. — É por isso que eu não queria ter começado isso.

Dorcas a encarou, confusa, sentindo uma pontada no peito. Ela se sentou na cama e colocou um suéter que estava jogado no meio dos lençóis.

— Como assim?

Marlene a encarou, um misto de irritação e mágoa em seus olhos.

— Eu não queria começar nada com uma garota que não sabe o que quer e não sabe do que gosta. Principalmente você, Dorcas, porque agora eu tô gostando pra caralho de você e eu sabia que isso ia acontecer, e ninguém pode saber disso porque você se recusa a entender sua sexualidade e assumir até pra si mesma que gosta de meninas, quem dirá pros outros.

— Lene, eu... — Dorcas arfou, sem saber o que dizer. — Eu não sei o que você quer de mim! — Marlene se levantou da cama e começou a se vestir, sem olhar para a loira. — Lene! — Dorcas a chamou, se levantando também e fazendo a garota olhar para ela, sentindo as lágrimas em seus olhos.

— Eu quero alguém que tenha coragem de estar comigo, Dorcas, porque eu passei por muita merda pra me apaixonar por uma pessoa que se recusa a sair do armário, e eu não posso nem quero te forçar a fazer isso fora do seu tempo — A morena a encarou, com seriedade e lágrimas no olhar. — Então não, eu não vou continuar fazendo isso, não importa o quanto eu te ame.

Dorcas sentiu seu coração inflar apenas para logo após ser atingido por mil facas enquanto ela observava Marlene apanhar suas coisas do chão.

— Você me ama? — Ela murmurou, a dor em sua voz fazendo Marlene respirar fundo para que ela não começasse a chorar. Ela olhou para trás e encarou Dorcas.

— Eu vou pra casa.

— Lene... — Antes que ela pudesse terminar sua frase, Marlene saiu e bateu a porta. — Eu também te amo — As palavras escaparam dos lábios de Dorcas em um sussurro para o vazio de seu quarto que refletia muito bem o vazio que de repente preenchia seu peito.

Os próximos dias haviam sido difíceis; o resto de suas amigas não sabia exatamente o que havia acontecido, mas o distanciamento repentino entre Dorcas e Marlene, que estavam mais próximas que nunca nos últimos meses, foi claro e óbvio. Emmeline passou a andar mais com Marlene e, vez ou outra, sorria para Dorcas do outro lado do ginásio na hora do almoço. Alice, por sua vez, estava sempre junto dela, sem fazer nenhuma pergunta, apenas respeitando o tempo e a tristeza da garota.

E Lily, sendo a amiga incrível que era, dividia sua atenção entre as duas amigas e estava determinada a resolver o que quer que tivesse acontecido entre elas, então deu um ultimato para Dorcas duas semanas depois da briga entre ela e Marlene: elas iriam sair para tomar café juntas naquele final de semana, apenas Dorcas e Lily, e iriam conversar. Então Dorcas estava ali, na Florean Fortescue, encarando sua xícara fria e intocada de cappuccino com Lily a sua frente.

— Dorrie — Lily a chamou com sua voz gentil pelo apelido que apenas ela usava. — O que aconteceu entre vocês duas? Vocês estavam mais próximas que qualquer uma de nós.

Dorcas suspirou e se ajeitou em seu lugar, colocando uma mecha de cabelo loiro atrás da própria orelha, mas não conseguiu falar nada. Umedeceu os lábios e continuou a encarar seu café em silêncio.

— Vocês estavam tipo... juntas?

Dorcas levantou o olhar para a ruiva no mesmo momento com as sobrancelhas franzidas.

— Por que você está dizendo isso? Só porque a Lene gosta de garotas? Você sabe que isso não quer dizer nada! — Sua voz soava irritada e Lily a encarou em surpresa, levantando as mãos em defesa.

— Não, não, calma, eu não quis dizer nada! Não é só porque a Marlene é lésbica, Dorcas, é porque eu via algumas coisas... — Ela deu de ombros, observando as reações da amiga. — O jeito que vocês se olhavam às vezes, não sei, e Emme estava muito bêbada mas jura que viu vocês se beijando na festa do Sirius aquele dia e... desculpe, eu não deveria ter assumido nada. — Ela sorriu em um pedido de desculpas, mas Dorcas suspirou e fechou os olhos.

— Você tá certa, Lily. Nós realmente... estávamos juntas, eu acho — Lily a olhou com sobrancelhas levemente erguidas.

— Tipo... namoradas? — Ela disse, cautelosamente.

— Não sei — Dorcas suspirou novamente, apoiando o rosto na mão. — Nós... dormíamos juntas, e... não sei, nunca conversamos sobre isso. — Ela olhou para Lily com um olhar preocupado e triste. — Era tão óbvio assim?

Lily sorriu para a amiga e apertou a mão dela.

— Bem, pra qualquer um que prestasse atenção. Eu nunca tinha visto a Lene olhar pra alguém do jeito que ela olha pra você, e o jeito que ela ria das suas piadas quando normalmente ela tiraria sarro de você por isso... Eu não quis tirar nenhuma conclusão precipitadamente, mas imaginei que talvez algo estivesse acontecendo. — Ela apertou a mão de Dorcas novamente e a olhou. — E o que aconteceu?

Dorcas apertou os olhos e contou tudo para Lily; cada palavra de Marlene, seus questionamentos, e as respostas que ela havia dado. Ao terminar, ela não podia deixar de notar a expressão chocada da sua amiga à sua frente.

— O quê? — Ela questionou, um pouco na defensiva.

— Dorrie... — Lily mordeu o lábio, pensando no que dizer. — Você sabe que ela está meio certa, não sabe? Digo... você já beijou garotos, mas você gostava de fazer isso?

— Bem... não muito — A loira franziu as sobrancelhas para o questionamento da amiga. — Só era, não sei, chato, sem graça.

— E com a Marlene era diferente? — Dorcas assentiu.

— Sim, era... incrível. Só segurar a mão dela era melhor do que qualquer beijo com qualquer garoto. Mas a questão é que... — Ela suspirou de novo, passando uma mão pelos cabelos. — Eu não sinto isso por nenhuma outra garota, só a Lene! Então como eu posso ser... lésbica ou qualquer outra coisa?

Lily soltou uma risada e Dorcas a encarou, confusa, enquanto a ruiva sorria para ela.

— Dorcas, você só querer fazer essas coisas com a Marlene não quer dizer que você não se sinta atraída por outras meninas — Lily explicou como se fosse óbvio. — Só quer dizer que você gosta dela e não quer ficar com mais ninguém. Ou você acha que a obsessão que você teve pela cena da Princesa Leia de biquíni em Retorno do Jedi no nono ano é porque você admira a força dela?

Dorcas sentiu suas orelhas esquentarem e encarou seu café novamente antes de olhar para sua amiga com olhos tristes.

— Mas o que eu vou fazer? Com minha mãe? E na escola?

Lily respirou fundo e segurou as duas mãos da loira.

— Sua mãe te ama muito, e se ela não te aceitar, você pode vir pra minha casa e morar no meu porão com a Marlene por quanto tempo você precisar. E na escola... bem, você vai precisar ser forte se realmente quiser fazer isso. Mas você vai ter eu, Alice, Emme e Marlene, todas ali pra te dar todo o apoio e amor do mundo. Prometo — Lily sorriu para Dorcas, que enxugou os olhos com a manga de seu suéter vermelho e sorriu de volta para ela.

— Eu realmente quero fazer isso — Ela sussurrou.

Então ela o fez. Assim que chegou em casa e olhou para sua mãe, Dorcas começou a chorar copiosamente e disse para ela que gostava de garotas, que queria namorar uma garota em especial e que aquilo não iria mudar. Sua mãe precisou de algum tempo, mas antes que Dorcas fosse dormir, ela entrou em seu quarto e lhe disse que estava tudo bem, e que esperava que as coisas com Marlene se ajeitassem logo.

Na noite seguinte, haveria uma festa na casa de James Potter e Dorcas sabia que Marlene estaria lá. Então ela reuniu toda a coragem que tinha, colocou a roupa que Marlene mais gostava nela e foi até a casa dos Potter com Alice e seu novo namorado, Frank Longbottom. No caminho, contou para os dois que era lésbica e estava indo reconquistar Marlene, e Frank quase ultrapassou um sinal vermelho, mas gaguejou ao dizer que aquilo era admirável e Alice, doce como sempre, a abraçou e disse que esperava que sua história de amor desse certo.

Então Dorcas entrou na casa enorme e cheia de James Potter, observando as pessoas ao seu redor como sempre. Num canto da sala, Lily e o dono da casa estavam atracados aos beijos contra uma parede, sem se importar com o resto do mundo. Sirius Black jogava beer pong na cozinha contra Emmeline, que distraiu o garoto no meio de uma de suas jogadas levantando sua blusa e desconcentrando-o completamente. E, no topo da escada, Marlene McKinnon estava com uma cerveja na mão enquanto olhava para todos na festa, parecendo procurar alguém; então seu olhar encontrou o de Dorcas e ela congelou.

Dorcas respirou fundo. Estava cansada de guardar segredos.

Então a loira largou Alice e Frank na porta, subiu as escadas decididamente, sentindo o olhar de Marlene em si durante todo o trajeto, parou na frente da morena, segurou sua cintura com as duas mãos e a beijou bem ali, para que qualquer um pudesse ver e falar o que quisesse. O corpo da garota, tenso por um segundo, logo desmanchou-se nos braços dela enquanto ela afundava as mãos nos cachos longos de Dorcas. Elas ouviram assobios, risadas e sentiram olhares pesados em suas costas, mas Dorcas ignorou tudo ao olhar nos olhos castanhos de Marlene.

— Lene — Ela começou, antes que a garota pudesse falar qualquer coisa, suas mãos firmes na cintura dela. — Eu gosto de garotas, mas eu gosto principalmente de você. E eu quero ficar com você, ser sua namorada e tudo, eu juro que tenho coragem — Ela corou e engoliu em seco, vendo o sorriso no rosto de Marlene crescer. — E você saiu antes que eu pudesse dizer, mas eu... eu também te amo. E eu quero enfrentar qualquer coisa com você.

Marlene riu e puxou um dos cachos de Dorcas com a ponta dos dedos.

— Que bom que você percebeu tudo isso, sua boba, já não era tempo — Ela a beijou devagar, como se precisasse daquilo para viver. — Hm, minha namorada. Eu gosto do som disso — Então ela aproximou os lábios do ouvido de Dorcas e sussurrou para que apenas ela pudesse ouvir: — O que você acha de nos trancarmos no banheiro por um tempo e celebrar o começo oficial desse relacionamento?

Dorcas riu e beijou Marlene novamente, segurando sua mão e procurando o banheiro mais próximo com ela. O ano era 1988, Dorcas Meadowes estava no final de seu penúltimo ano de ensino médio de Dorcas Meadowes em Hogwarts, e ela tinha desenvolvido o péssimo hábito de beijar Marlene McKinnon durante os últimos meses, e não planejava se livrar daquele hábito tão cedo.

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