For Every Chance

By AllMeryt

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Lan Zhan sentiu uma parte de si mesmo morrer junto com o seu amor naquela noite.... o mundo era cinza e perde... More

The Malice of the Past
Pumping Adrenaline
Inevitable Things
Reality and Hallucination
Not Necessary
Moments of Hope
Almost Everything in Place
Say My Name
One Mile at a Time
Leave in the Past
Perhaps it Can Flourish in Winter.
"The Dead Don't Tell Stories."
"Blood Doesn't Define Loyalty"

Honest Feelings

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By AllMeryt

Lan Zhan tem lembranças desagradáveis de tempos onde seu amor estava morto... Wei Ying finalmente precisa encarar as consequências de suas escolhas e ambos tem uma conversa necessária.
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Lan WangJi se sentia cansado às vezes… havia momentos em que ele queria simplesmente deitar e dormir e esperar que tudo tenha sido um pesadelo e que ainda eram tempos bonitos de quando era apenas Wei Ying e ele, namorando em cada canto do apartamento dele ou indo a encontros, correndo em ruas abandonadas, pistas de aeroportos ou... Simplesmente tendo um tempo a sós na garagem do mais novo.

Mesmo ele sentindo saudades nada disso voltaria, e agora ele estava na frente do espelho, encarando o reflexo de trinta e oito anos e procurando qualquer defeito em sua aparência, mas não encontrou e isso não era uma novidade.

Ele mantinha o cabelo preso em um coque arrumado, duas mechas caídas na laterais de seu rosto, sua faixa pendia amarrada em seu pescoço como um colar, exposto para qualquer um vê sobre um suéter azul pastel de gola alta, a calça apertando as coxas sem restringir seus movimentos e botas de cano curto. O toque final foi um blazer alguns tons mais escuros que a blusa, lhe dando espaço para esconder Bichen, uma pistola de 40 mm personalizada, seu cano feito de prata e punho entalhado com dois caracteres correspondentes em chinês.

 Chenqing era um peso agradável no coldre gêmeo, ele nunca viajava sem ela… era uma lembrança de quem ele perdeu, mas agora ele recuperou e era hora da pistola sombria retornar ao verdadeiro dono.

 Era uma tradição das famílias do submundo nomearem suas armas, isso indicava que eles estavam devotos a proteger seus irmãos e aliados, matar e morrer por eles. Lan Zhan aprendeu com o tempo que não considerava todos seus irmãos e que seus aliados não fariam o mesmo por ele, confiança era uma coisa delicada e que poderia custar seu pescoço.

 Bem, bem… essa não era a representação original do mundo do crime?

Antes:

 Seus olhos estavam fixos no lado de fora da janela, ele podia perceber uma luz ou outra, uma pessoa ou outra… mas a sua atenção não se fixava em nada. Ele não se importava com nada ali. Nada. Nem mesmo quando um pensamento vago de que tudo parecia cinza e frio passou por sua mente.

 O mundo perdeu a cor vibrante que era Wei Ying.

 O mundo poderia explodir e se foder que ele não se importaria.

 Os hematomas em sua costa doíam, ele podia sentir os ferimentos causados pelo açoite arderem, mesmo com o bálsamo… céus, até seu ombro deslocado e costelas trincadas faziam um ponto com ele. Ele se sentia como um boneco de ventríloquo que teve as cordas cortadas.

 No entanto, nada disso doía mais do que seu coração, sangrando pela perda de uma amor. Quebrado de um modo que ele não sabia como ainda estava vivo.

  Ele foi punido por ficar ao lado do homem que amava e ele não conseguia se arrepender de nada. Wei Ying não matou todas aquelas pessoas, não as inocentes, ele acreditava em Wei Ying. Seu Wei Ying… Seu sorridente sol.

 Na verdade ele não se sentia vivo, na verdade ele se sentia submerso, como se estivesse embaixo da água espinhosa e glacial, dormente e simplesmente dormente. 

— WangJi? — Ele escutou seu irmão o chamar, o carro parado… a quanto tempo eles estavam parados? — Você não precisa fazer nada nisso sozinho, você sabe, não sabe? — Silêncio. O que ele sabia? — Eu posso ficar com a-Yuan enquanto você se recupera, o tio não vai se importar, ele…

 A menção do seu filho o trouxe de volta… e não da melhor maneira. Aquele sentimento de estar submerso trocado por estar no alto de uma montanha e poder gritar. Céus… e ele queria botar para fora, porque era muito, tudo era muito e ele poderia explodir.

Lan zhan não quer XiChen em nem um lugar perto de seu filho, do filho de Wei Ying… 

 XiChen fez parte do assassinato de Wei Ying, mesmo que indiretamente. 

 XiChen. Seu irmão. Esse homem ao seu lado, que o encarava com olhos cheios de preocupação e astúcia, não fez nada para impedir.

 XiChen que acredita, como os outros, que Wei Ying fez todas aquelas coisas.

 XiChen que queria matar seu a-Yuan junto com os outros Wens, inocentes.

— Eu não quero você perto do meu filho! — Sentenciou sem pena nem uma do olhar de choque que cruzou o rosto do mais velho.

— WangJi… você vai precisar de…

— Ajuda? — Completou, mordaz. Oh cara, ele não se sentia nem um pouco abalado pelo recuo magoado do irmão. Quem estava mais machucado ali? XiChen que não era. — Não precisamos da sua ajuda. Eu posso criar meu filho sozinho!

 Sozinho… isso era tão errado. Ele não deveria estar sozinho… a-Yuan não deveria ter apenas um pai.

— Seus ferimentos… Olha irmão, eu sei que é um momento difícil, mas saiba que estou do seu lado, não sou seu inimigo.

— Você não é? — Ele riu, ele nunca ria muito, ele sempre reservou isso para Wei Ying e a-Yuan… mas agora, rir era como se ele quisesse esfaquear alguém.— Então quem é? Wei Ying? O pai do meu filho? Ele está morto porra!— Lan XiChen ficou congelado.— Você não é meu inimigo? Então porque você simplesmente ficou parado quando mataram todos aqueles inocentes? Você não é meu inimigo? — Sua garganta doía já, mas ele não conseguiu parar. — Você quer ajudar? Deveria ter feito isso antes de fazer meu a-Yuan órfão! Se você queria me ajudar, deveria ter feito isso quando Wei Ying estava vivo!

Lan Zhan não esperou uma resposta antes de sair do carro, não se importando em fechar a porta. Seu corpo ferido o suficiente para que fosse um milagre ele conseguir cambalear pelo saguão do prédio sem cair. 

Ele ignorou tudo e a todos. Ele precisava chegar ao seu filho. 

Ele precisava chegar a a-Yuan. Ele precisava chegar ao filho deles.

Ele não pôde proteger Wei Ying, então ele faria isso com Yuan.

Quando ele chegou ao apartamento, encontrou a babá já arrumando as coisas para sair. Lan Zhan não queria saber como ela sabia que o trabalho estava terminado e nem se importava… seu foco era o quarto do filho.

 Wen Yuan…

Não. Lan Yuan dormia pacificamente na cama infantil, intocado pelo caos que era o mundo lá fora. Intocado pelo luto. Apenas… apenas sendo a criança que ele deveria ser.

Lan Zhan tinha lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto quando se infiltrou na cama do filho, não tirando os sapatos ou se importando em proteger o ombro deslocado. Ele envolveu o corpo pequeno do menino em um abraço, respirando fundo.

 Seu filho tinha cheiro do shampoo suave de erva doce. diferente do apimentando de canela de Wei Ying. Mas mesmo assim era tão reconfortante.

— A-Die? — Ele escutou a voz sonolenta e infantil do filho o chamar. Por um momento, Lan Zhan só conseguiu o apertar mais contra si, mas não o suficiente para machucar, pelo menos ele esperava. 

— Eu estou aqui. — Sussurrou em resposta, tentando ignorar, com sucesso, a sensação do seu próprio sangue enxarcando as bandagens. — Eu estou aqui e… e vou... proteger... você.

— A-Die? E A-Niang? — Perguntou inocentemente. — Xian-Gege estava chorando… e disse que o coração dele estava dodói. — Ele ainda não soube o que responder. O coração dele também estava doendo. — Você pode proteger a-Niang também? Beijar para passar?

 Não. Ele não podia. Não mais.

Atualmente:

 Lan Zhan abandonou a lembrança sombria quando encontrou seu filho na sala do apartamento que ele havia alugado em Nova York, um lugar grande o bastante para três pessoas morarem confortavelmente. Shizui era um garoto comportado na maioria das vezes, quando não se sentia inspirado em fazer qualquer outra coisa que envolvesse constante movimento e pensamento rápido… então o olhar desfocado do filho para a TV desligada foi a primeira dica de que algo estava o incomodando.

— A-Yuan?— Perguntou, suas sobrancelhas se contraindo minimamente. — Você está bem?

— Sim. — A mentira óbvia foi a segunda dica, a hesitação flagrante foi a terceira. Lan Zhan conhecia meias verdades quando via uma e ele sabia que Yuan aprendeu com ele, mas seu Shizui seguiu depois de Wei Ying sobre não conseguir mentir, não para ele.

— Shizui? — Questionou, se sentando ao lado do filho no sofá de couro preto, os olhos acastanhados do mais novo o encarando depois de alguns segundos, curiosos, hesitantes. Ele conhecia aquele olhar, o mesmo olhar que o mesmo tinha quando tinha dúvidas e não sabia se ele responderia. — Pergunte.

—Hum… — O mais jovem piscou algumas vezes e torceu os dedos no colo antes de suspirar e relaxar. — Quem é Mo XuanYu? Porque o senhor saiu puxando ele em Nevada? Não que o senhor não pudesse, q-quer dizer… eu apenas...— Yuan parou.

— Prossiga. — Lan Zhan instigou, pacientemente, ele não tinha dúvidas de que havia mais do que aquilo.

— Eu tive que pesquisar sobre ele. Espero que não se importe. — Shizui desviou o olhar, um rubor subindo as bochechas macias.

— Não me importo, é bom que tenha curiosidade. — Assentiu, abrindo brecha para o filho continuar. — O que encontrou?

—Mo XuanYu foi um homem de vinte e três anos, que deu entrada no hospital em coma e mal vivo depois de um acidente de carro… e permaneceu assim por… por treze anos. — Lan Zhan tremeu com a informação, ele viu pessoalmente o acidente, ele lembra como o carro de Wei Ying ficou… ele estar vivo foi um milagre. — Mas, a-Die, XuanYu nunca existiu antes desses treze anos… e pai? Quem é esse homem? Eu nunca vi o senhor tão afetado por alguém, não desde… desde...— Shizui travou, mas conseguiu dizer, mais baixo e inseguro, mas disse. — Desde a-Niang.

— Hum. — Lan Zhan desviou o olhar, parando na mesinha de centro, onde havia um vaso de porcelana cheio de pequenos crisântemos roxos. — Porque é Wei Ying. Seu a-Niang está vivo, filho.

— A-Niang está… vivo?— Yuan balbuciou e o coração de Lan Zhan se apertou e instintivamente ele se aproximou mais do filho, mas quem iniciou o abraço foi o mais novo, vulnerável como se o mesmo voltasse a ter cinco anos, depois que voltou da escola chorando, por não ter uma mãe como todas as outras crianças. 

— Sim, Shizui. — Confirmou, alisando a costa do filho. — Wei Ying está vivo, nosso Wei Ying está vivo.

—Mas porque… ele me viu, porque… p-porque ele não me reconheceu? Porque ele não voltou para nós? Ele não se lembra?

— Eu não sei. —Respondeu, não era uma mentira, mas não era uma verdade. Wei Ying sabia sim quem Shizui era, ou pelo menos desconfiava. Wei Ying lembrava… mas Lan Zhan não sabia o porquê o mesmo não ter procurado por eles. Ele desconfiava apenas e esperava que estivesse errado. — Vou encontrar com ele hoje, preciso de respostas que apenas ele pode dar. Preciso de Wei Ying aqui novamente, do nosso lado… de onde ele foi arrancado de nós.

— A-Die… Os outros… eles não vão aceitar. —Shizui comentou, um pouco mais composto, mas o abalo ainda na voz. — Eles vão tentar matar a mamãe.

—Não vou deixar. — Taxou, decidido. —Nem que para isso eu tenha que matar todos e queimar famílias até o chão.

 Hanguang-Jun nunca destruiu famílias… ele apenas sumiu com um ou outro, o último que Shizui teve conhecimento foi o líder da máfia Ouyang, pai de um de seus amigos, que apareceu morto, tragicamente escorregou e bateu a cabeça contra a banheira, nu e sem nem uma dignidade.

 Um acidente. Shizui não lamentava e com certeza ZiZhen também não, não quando o pai lhe tratava como uma merda. Seu amigo era um bom garoto, com o coração grande demais para seu próprio bem as vezes.

— Eu posso ir com você?— Perguntou, esperançoso. Ele mal podia esperar para ver sua mãe novamente, ele tinha fotos de Wei Wuxian, seu pai sempre fez questão de contar histórias sobre ele, histórias reais do Patriarca Yiling e não a mentira que as máfias contavam entre si.

Histórias de um namorado amoroso e um pai dedicado.

Histórias de A-Yuan sendo plantado como um rabanete.

Histórias de Xian-Gege brincando com ele nos ombros.

Histórias onde Wei Wuxian o contava histórias sobre coelhos antes de dormir… histórias onde o Patriarca Yiling lutou para proteger a família dele de homens maus.

— Sim. — Lan Zhan assentiu, se levantando. — Mas fique no carro até que eu chame… pegue sua arma também, mas você conhece as regras.

— Sim. — O mais novo assentiu, também se pondo de pé, ansioso. — Saque a arma apenas se estiver disposto a atirar, eu sei.

— Correto. — Hanguang-Jun confirmou, não conseguindo evitar um leve erguer de lábios com a expressão ansiosa do seu Shizui. — Vamos lá… Wei Ying está esperando por nós.

**

WuXian esfregou o pano encardido nas mãos na esperança de que a graxa diminuísse pelo menos um pouco, ele não saberia dizer se ajudou ou não… suas mãos ainda estavam pretas. Frustrado ele foi para a pia, abandonando a peça de motor que ele lubrificava para um Spider 1967. 

Ele estava no meio do processo de esfregar as mãos com o mesmo sabão que ele usava para limpar os carros quando alguém entrou, fazendo-o olhar por cima do ombro, alarmado, antes de relaxar e ver o dono Opala SS que ele esteve trabalhando nos últimos dias.

— Uau… — O recém chegado ofegou, surpreso, os olhos fixos no carro antigo. —… eu pensei que eu tinha pedido apenas uma reparação e não para trocar de carro.

— Não se preocupe com isso, é o mesmo carro, apenas mais bem cuidado. — Wei Ying provocou, enxaguando as mãos antes de fechar a torneira e às balançar e ele finalmente se voltar completamente para o homem loiro, os olhos azuis bebê do outro brilhavam para o automóvel.

— Muito bem cuidado!— O outro concordou, tocando a pintura vermelha com reverência antes de olhar para ele, finalmente. — Quando meu amigo recomendou esse lugar, eu duvidei por um momento, mas fico feliz por ter escutado ele.

— Fico feliz que tenha aceitado vir nesse "lugar"— Comentou, erguendo uma sobrancelha antes de ignorar a própria impaciência. Não era hora de se estressar e sim simplesmente pegar o dinheiro e mandar o cara sair. Veja bem, ele gostava da oficina dele e ele trabalhou duro pra transformar ela em um lugar amplo o suficiente para quatro carros, seu próprio Stygian protegido por uma lona preta, mesas de trabalho e todo um bom equipamento. "Esse lugar" é algo dele.— Eu retoquei a pintura desse senhor e tirei os amassados da porta do passageiro. — Começou a explicar assim que chegou perto o suficiente, destravando o capô antes de o levantar, exibindo um preciosidade brilhante de peças novas e limpas. — Tive desentupir e limpar o motor, que era o problema inicial, troquei as peças necessária para que ele pudesse rodar sem parecer um gato sufocado. — Ele apontou para o filtro. — Isso estava sujo o suficiente para parecer um esgoto, troquei por novos assim como a junta do cabeçote, que estava queimada. — Ele franziu o cenho, olhando brevemente para o cliente. —Você não deveria forçar seu carro assim, não sei o que você faz, mas não esqueça de alimentar a água do motor, ainda mais para um ancião desses. Verifique o nível de óleo e sempre ponha um de qualidade, ou então vai continuar com a mesma merda rangente e vai acabar entupindo o motor mais uma vez.

— Parece estar tudo certo. — O loiro comentou. — Posso testar o som do motor?

 E por um acaso o outro sabia distinguir o som de um bom motor depois da merda que fez com o próprio carro?

— Claro. — Wei Ying sorriu como um profissional, recuando para o balcão, se curvando um pouco sobre ele para pegar a chave na única gaveta dali, revirando algumas pequenas peças de metal antes de encontrar o chaveiro do carro e puxou a chave. — Aqui está. — Disse, virando para o homem e notando que o mesmo já o encarava e mostrou a chave antes de a jogar no ar para ele pegar e se encostou no balcão, cruzando os braços à frente do corpo.

 Seu cliente apenas sorriu de canto antes de destrancar o Opala e se sentar no banco do motorista, enfiando a chave na ignição.

 Wei Ying fechou os olhos por um momento, apreciando o som do motor, um sorriso satisfeito pintando seus lábios quando o mesmo parece rosnar, alto, mas sem nenhuma falha, o normal do modelo. Mais um trabalho bem feito, como sempre.

 Reparar carros e motos sempre foi um hobbie para ele, desde que quando ele foi adotado pelos Jiangs quando mais novo, sua preferência sempre foi carros, no entanto... motos eram tão mais práticas.

— XuanYu? Quanto eu devo a você? — Seu cliente perguntou, o carro já desligado mais uma vez. Vergonhosamente Wei Ying tinha que admitir que tinha se desligado um pouco no momento… isso acontecia cada vez mais, um pensamento aleatório do passado, uma lembrança.

Sua alma gêmea e seu filho aparecendo na américa e o reconhecendo.

Bem, merda, o destino sabia ser foda não é?

— Um momento. — Ele se voltou para o balcão mais uma vez, pegando o bloco de orçamento que ele sempre deixava ali e pegou a folha que ele já havia destacado e estava imprensada entre as outras. — Pegue. — Ele estendeu a folha. Wei Ying internamente se deleitou com o engasgo do loiro ao ver o preço… sinceramente, nem era tão alto assim, apenas quatro mil e cem dólares e isso era bem barato para as peças de um carro tão bom.

— Tudo isso?

— Bem, sim. Algum problema? — Perguntou em seu melhor tom profissional. — É um preço justo por toda a limpeza, reparo e as peças novas, fora a pintura.

— Tem como ter um desconto? — O mais novo, provavelmente, levando em conta a carinha de bebê do mesmo.

— Sinto muito, mas isso já é um desconto, eu preciso ter como manter os negócio. — Wei Ying encolheu os ombros com falsa culpa. Bem… ele consegue mais dinheiro do que isso se ganhar uma corrida, mas quem está contando?

— E se sairmos para um café? — Tentou. — Um jantar talvez?

— Um jantar de quatro mil dólares? — Ele riu, não acreditando no atrevimento. — Vamos lá cara, você está vestindo Gucci da cabeça aos pés, você pode muito bem pagar pelo trabalho feito no seu carro.

— Claro que vou pagar! — O loiro disse, crispando os lábios, não gostando muito do inicio da rejeição. — Mas não é apenas por isso… você é muito bonito, toda essa… — Ele indicou seu corpo de cima a baixo e Wei Ying fez careta, sabendo que vestia os mesmo jeans puídos que usava para trabalhar, botas de combate e blusa de mangas arregaçadas que usou no trabalho do dia anterior.—… beleza bruta faz coisas com um cara como eu.

— Grosseiro. — Retrucou, não gostando nem um pouco do rumo que aquilo tomou. Santos céus, ele tinha coisas melhores para fazer. — Vou ter que recusar, então se você puder me pagar agora  e sair eu ficaria agradecido.

— Porque não pode? Me dê apenas uma chance, sim? — O homem piscou os olhos azuis em sua direção. Ele era realmente alguém bonito, Wei Ying não é cego. Mas ele nunca teve a capacidade de se interessar por alguém que não fosse Lan Zhan desde os tempos da faculdade.

 Isso faz o que? Dezessete? Dezoitos anos já?

— Porque ele já tem namorado. 

 O destino era uma cadela, isso era óbvio. 

 Santo Hanguang-Jun e seu tempo perfeito para fazer entradas, pensou, ainda parado em seu lugar, mas dessa vez seus olhos estavam fixos na divindade de jade, que caminhava até eles com passos controlados, como se fosse o dono do lugar.

 Dizer que Wei Ying não se arriscou olhar Lan WangJi de cima abaixo era uma mentira absoluta, mas quem poderia o culpar? Treze anos se passaram e o seu, ex, namorado continuava um deus.

 Espere… Lan Zhan estava na sua oficina.

 Lan Zhan estava na sua oficina… oh porra! Wei Ying se sentiu feliz por ainda estar encostado no balcão, porque ele sentiu seus joelhos enfraqueceram um pouco. Lan Zhan estava ali, seu namorado, seu amor… o mesmo homem que ele considera seu amigo, amante, parceiro de crime e vida, pai do seu filho e alma gêmea.

— V-Você demorou, Lan Zhan. — Ele conseguiu dizer, a hesitação em sua voz foi o mais normal que ele conseguiu parecer. Wei Ying não se enganou achando que o Lan não iria o procurar depois de Nevada, isso não seria seu Lan Zhan. Isso não quer dizer que ele se sentisse preparado, porque, infernos, ele se afundou em qualquer coisa que pudesse ocupar sua mente e o cansar ao ponto dele ficar desossado como um morto no fim do dia.

— Peço perdão. — Lan Zhan disse, sua voz alta apenas o suficiente para que eles escutasse, elegante, aveludada… o fantasma de um “Wei Ying” sendo sussurrado depois das duas palavras.

Isso era surreal. 

Ele poderia acreditar que estava sonhando se não soubesse que Lan Zhan era perfeito demais para qualquer sonho… ele podia sentir a dor da saudade se alastrar por seu peito, fugindo do lugar onde tentou manter trancado desde que acordou.

Wei Ying voltou a ser Wei Ying.

Wei Ying de Lan Zhan.

— Lan Zhan. — Sussurrou, seus lábios tremendo levemente, seus olhos fixos no dourado âmbar de Lan WangJi.

— Wei Ying. — O mais velho chamou, como uma carícia, estendendo uma mão para tocar seu rosto. Um toque leve, como uma pluma. Cuidadoso o suficiente para Wei WuXian se sentir como algo frágil. — Senti saudades.

— Eu também. Eu também! — Desabafou, quebrando o espaço entre eles para abraçar, finalmente envolver seu Lan Zhan em seus braços depois de treze anos. Se aquilo fosse um sonho… era cruel. O cheiro de sândalo o fez enterrar o rosto no pescoço alvo do mais alto. Lan Zhan, Lan Zhan, Lan Zhan…

— Meu Wei Ying.

 Ele não soube dizer por quanto momento eles ficaram assim… mas Wei Ying sentiu como se tivesse levado um choque ao notar que seu cliente ainda estava ali. Ele pulou para trás, procurando pelo loiro, apenas para encontrar o nada, o Opala SS faltando.

— Mas que…? — Ele ficou confuso. O cara o roubou? — Lan Zhan? 

— Ele foi quando você se distraiu. — WangJi respondeu, estendendo um retângulo branco. — Fiz ele assinar isso então…

— Lan Zhan… — Ele tremeu, rindo nervosamente, pegando o cheque. Quatro mil e Cem escrito em uma caligrafia apressada e uma assinatura completa no fim. Conte com Lan Zhna para ser um bastardo rápido nos negócios. — Você mal chegou na minha vida mais uma vez e quase me faz ser roubado por um PlayBoy.

— Para início de conversa… deveríamos conversar sobre o motivo de eu ter estado fora da sua vida. — Lan Zhan disse. Não havia nem um tom acusatório na sua voz, seu olhar era quente como o sol, acolhedor, não irritado. 

— Isso são palavras demais para você. — Wei Ying não conseguiu não provocar o outro ao tentar mascarar o próprio nervosismo, e falhando.— Você mudou... Mas muitas coisas mudaram.

— Faz muito tempo. — Lan Zhan concordou, afastando o mais novo apenas o suficiente para que pudesse olhar a expressão chorosa de seu Wei Ying. Os traços de seu amor estavam mais fortes, mais maduros... Mas eram os mesmos olhos, a mesma alma, a mesma pessoa, mas com cicatrizes de um passado que nenhum dos dois pôde evitar. Lan Zhan mesmo tinha suas próprias cicatrizes, físicas e mentais. Wei Wuxian era um homem amoroso e que valorizava a família, isso fazia dele o homem mais lindo para ele e o único. — Você é ainda mais lindo.

— Lan Zhan! — Wei Ying ofegou, sentindo o rubor esquentar seu rosto e ele desviou o olhar. — Você não deve falar coisas assim para um homem como eu, você vai acabar sendo responsável por eu ter um ataque cardíaco.

— Não vou. Você é forte. — O de olhos âmbar retrucou, os cantos dos lábios se erguendo em um sorriso sincero. — Você sempre foi.

 Wei Ying sabia que ele não estava falando apenas sobre seu pequeno drama. 

— As vezes eu não me sinto forte Lan Zhan. — Disse, ainda não olhando para sua alma gêmea, havia uma mancha no chão que parecia ter a forma de um... Coelho? Não, orelhas muito curtas, um cão?

 Isso é lamentável.

— Mas você é. — Lan Zhan guiou seu rosto até que estivessem se encarando novamente. Wei Ying queria que encontrar raiva nos olhos quentes de seu amor... Ele queria, mas sabia que não encontraria.

— Eu me sinto um covarde por ter preferido morrer aquela noite. Mas as vezes não… eu… — Ele respirou, tentando pôr as palavras para fora. — Vocês vivos e seguros era tudo o que eu posso desejar.

— Eu mal me senti vivo por treze anos. — Lan Zhan enrijeceu. — Eu poderia ter me matado… céus, eu quis.

— Lan Zhan…

— Não. Deixe eu falar. — Interrompeu, mas sem o soltar. — Wei Ying, eu desejei ter ido com você… mas eu tinha nosso filho, nosso a-Yuan, ele me manteve vivo, ele era um presente seu, ele é nosso. — As palavras foram cuspidas como se fossem necessárias para viver. Elas eram, de certo modo. — Eu não pude proteger você, mas eu podia fazer isso por ele, então eu fiz, por treze anos, cada problema que eu não conseguia levar eu me perguntava o que você faria. — Wei Ying chorou. Lan Zhan estava chorando também. — Eu tive pesadelos que nosso filho teve que presenciar. Eu pensei em desistir… eu me vinguei de quase todos… eu… treze anos Wei Ying, a treze anos parte da minha alma morreu com você naquela montanha. — O mais velho fungou e o coração de Wei Ying foi triturado. Ele odiava saber que Lan Zhan sofreu e ele ter sido o responsável. — Mas v-você está vivo e eu só sei pensar que eu tenho uma segunda chance de ter meu amor novamente e nosso filho terá os dois pais. Eu não estou com raiva de você… Wei Ying ainda é Wei Ying e não importa o motivo de você não ter se importado em nos procurar, eu ainda te amo.

— Porra La-Lan Zhan! — Ele ofegou antes de rir… aquela era uma declaração. Lan WangJi estava se declarando de novo e ele se sentia tão preparado quanto a primeira vez deles. — Você sabe como deixar um cara sem palavras. — Ele se afastou um pouco, buscando apoio no balcão, era distante o suficiente para ele tentar reorganizar sua mente… já que estavam pondo tantos sentimentos naquela conversa, no meio da oficina dele. Lan Zhan pareceu entender, porque permaneceu no mesmo lugar. — Eu não procurei você por todo esse tempo porque eu realmente morri para o mundo, eu estava em coma, foi apenas nesse último ano que acordei e eu parecia um bebê aprendendo a andar…

— Hum. — Lan Zhan grunhiu em resposta, mas ele sabia que era apenas um sinal de que Wei Ying poderia continuar, ele estava sendo ouvido e não iria a lugar nenhum.

— Quando finalmente eu era um humano funcional mais uma vez eu… eu estava com medo de voltar, mesmo sabendo que poderia voltar.

— Porque medo? — Seu amor instigou, sentindo aquela sensação de proteção incendiar suas veias lentamente ao olhar aqueles olhos cheios de insegurança. Wei Ying sempre pensava demais em todas as possibilidades… esse era seu pior inimigo às vezes.

— Porque? Eles me usaram como bode expiatório Lan Zhan… um cordeiro de sacrifício. — Respondeu, balançando a cabeça em negação, os olhos se tornando perdidos. WangJi odiava isso. — Eles mataram Yanli. Mataram os Wens… quase mataram nosso filho Lan Zhan! Nossos filho! Ele era um bebê, uma criança! — Sua voz aumentava a cada sentença antes de finalmente perceber e continuar… fúnebre. — Eles mataram Wen Qing, Wen Ning… eles… — O Wei desabou, as lágrimas apenas aumentando porque, de repente, era demais. Wei Ying não tentou afastar o namorado quando braços fortes o puxaram para um abraço. — Lan Zhan… — Sussurrou, a voz embargada. — Você e a-Yuan ficara-m melhor sem mim… sem alvos presos nas costas.

— Essa não era uma escolha apenas sua a fazer. — Lan zhan sussurrou em resposta, seus olhos fechados e nariz enterrado nos fios curtos e escuros do homem em seus braços. Cheirava a canela e a gasolina. 

— Mas você teria se sacrificado para me salvar, ou morreria junto… eu não queria isso. — Wei Ying tentou se afastar, mas o aperto era de aço. — Lan Zhan, como nosso filho ficaria? Órfão mais uma vez? — Não havia resposta para isso, nenhum dos dois suportava o cenário… mas ambos também sabiam que teriam morrido lado a lado.— Oh meu amor…

— Você sabe que eu teria te seguido para o outro lado. — O mais velho manteve os olhos fechados, não querendo chorar mais, mas libertou o amante.— É tão… único ter você novamente.

— Eu também te amo. — Foi a vez de Wuxian acaricia o rosto marcado por lágrimas de seu homem de jade. — E dói… dói não poder voltar a sua vida.

— Você pode. Você deve! — Olhos âmbar o queimaram. — Eu não vou deixar você novamente, não vou abandonar você.

Wei Ying sabia disso, sabia do peso de cada palavras.

Isso não quer dizer que ele estava pronto.

— Eu preciso de uma bebida. — Sentenciou, tentando, e falhando, se recuperar. — Me acompanha? Eu moro no andar de cima. — Havia algo na expressão de jade que fez Wei Ying ponderar as próximas palavras… ele não estava pronto para deixar ir também. — Mas se você não quiser também está tudo…

— Shizui está aqui!— Ele jogou, como se tivesse medo que entendesse errado.

 O patriarca Yiling congelou. 

— A-Yuan… está aqui? — Perguntou, já sentindo a nova rodada de lágrimas queimando atrás de suas retinas. A confirmação veio de um aceno calmo e decidido de seu Lan Zhan.

 Mas também vieram pela voz de uma terceira pessoa.

— A-Niang?

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